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Ao pessoal que é novato na área, nos desculpem, mas não faço reviews mostrando a caixa (algo que sinceramente, pouco interessa) ou falando o que está lá escrito. Minhas reviews fazem comparações com vários produtos e tem propósito didático, comprando ou não o produto, o que mais interessa é que você aprenda coisas novas com a review.
Introdução
"Teclado Mecânico Chinês da Aliexpress que não usa Cherry".
É interessante analisar essa frase e ver como o mercado está se desenvolvendo e mudando.
Se você me falasse essa frase em 2012 ou 2013, eu faria você correr destes teclados como o diabo foge da cruz. Pois caramba, estes teclados eram muito mal feitos.
Um dos mais populares, era o Newmen GM10 (na imagem acima), o qual tinha diversas variantes vendidas por marcas diferentes, incluindo a Zalman. Chegou ao Brasil com o nome Zalman K500G e é um dos piores teclados mecânicos já feitos.
Em 2014 começaram surgir modelos mais enfeitados, tal como este teclado da Lbots, porém ainda com alguns problemas, especialmente devido aos switches Kailh, que era a principal marca disponível para estas fabricantes.
Em 2014:
Deixou de ser um sinônimo de "Lixo" e virou indicador de teclados de baixa qualidade, o que já era um bom avanço.
Porém, marcas que faziam componentes para mouses, tal como a Gaote, Gateron, Trantek e outras começaram ver que havia espaço para fazer seus próprios switches e entregar um nível de qualidade superior ao da Kailh.
Isso, aliado ao fato de uma empresa chinesa ter se especializado em fazer keycaps ABS Double-Shot por um preço baixo e em grande quantia, acabou gerando uma revolução no mercado chinês de teclados mecânicos, com ótimos teclados como o E-Element 87 surgindo no mercado:
E a partir de 2015:
Virou sinônimo para teclados com boa qualidade e ótimo Custo x Benefício.
Mas, a história não para por aí. Empresas chinesas também buscaram trazer tecnologias como RGB para valores inimagináveis para marcas grandes, tanto que em 2016 o Motospeed CK104 simplesmente inundou o mercado.
E onde entra o Redragon Kumara K552 nesta história? Bom, ele nada mais é do que uma versão menos enfeitada do E-Element 87 e é um exemplo do que o mercado chinês tem para entregar em termos de Qualidade com Custo x Benefício:
Então vamos começar a análise.
Construção Externa
Embora pareça que o Redragon K552 tenha uma capa frontal, este tem apenas uma capa traseira que fora um pouco alongada e possui um design estilo "Teclas Flutuantes" assim como vários outros teclados.
Na parte inferior do Redragon Kumara K552 encontramos uma quantia irrisória de borracha para manter o teclado no lugar: dois minúsculos pés de borracha, que nem aparecem direito na imagem:
Felizmente, para manter o teclado em uma altura mais elevada, há pés emborrachados:
O Redragon Kumara K552 não tem nada impressionante em sua Construção Externa, mas isso não é necessariamente ruim, para um teclado de apenas US$ 40 ou R$ 300, o nível é exatamente o esperado.
Ele é um dos teclados mecânicos mais leves que tive a oportunidade de testar, o que pode ser interessante para algumas pessoas.
Construção Interna e Switch
O Redragon Kumara K552 supostamente é fabricado pela própria Redragon, que de acordo com a mesma, seria uma OEM (Original Equipment Manufacturer) de equipamentos.
O interessante porém, é que a Redragon na verdade é uma empresa que faz parte de um grupo de várias outras, incluindo:
O que significa que o Redragon Kumara K552 é irmão do E-Element Z77 e de vários outros teclados vistos na Aliexpress e outras páginas.
Mas enfim, vamos depenar este teclado.
Ao abrir o Redragon Kumara K552, a primeira coisa que chama a atenção é a quantia de resina que fora aplicada sobre a sua PCB:
Já vi teclados com resina antes, mas nunca nessa quantia. A resina fica ainda mais evidente e acaba gerando fotos terríveis, quando utilizado o Flash da câmera contra ela:
A função da resina é proteger a PCB contra efeitos do tempo e do clima, porém, nada que uma PCB Double-Sided de boa qualidade também não consiga fazer.
Na verdade, a utilização exagerada de resina pela marca, possivelmente é para dar embasamento a uma das afirmações de sua caixa:
Porém, se assim for, tenho um aviso: Redragon, vocês taparam a cara e deixaram a bunda à mostra.
Confesso que a resina pode até dar um pouco de resistência contra água na PCB, porém tem algo que ela não protege: os switches.
Logo, a afirmação que este teclado teria algum nível de resistência contra líquidos de qualquer tipo, é mentira. Felizmente, a marca já se propôs a remover esta descrição e outro erro de sua caixa após eu entrar em contato e expor estes.
Voltemos então à análise. A solda dos componentes do Redragon Kumara K552 é razoavelmente boa, não encontrei pontos de falhas, mas também não é o mesmo nível que vemos em alguns teclados topo de linha:
É bem visível na construção do Redragon Kumara K552 que o mesmo tentou baratear o máximo possível o seu custo de produção: uma PCB Single-Sided, uma controladora bem barata soldada na placa e protegida apenas por epoxy:
Também, é possível ver a entrada do cabo USB, este que pode ser trocado em caso de defeito.
Enfim, este teclado está bem abaixo do nível que vi nos últimos teclados como o CM Storm Novatouch e o Ducky One DK1508S, mas ele tem uma boa desculpa: custa 1/3 do preço.
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Normalmente eu não falo sobre switches em análises de teclados mecânicos pois muitos estão disponíveis em diversas variantes.
Mas, o Redragon K552 além de não usar Cherry MX, tem apenas um modelo de switch: Outemu Blue
Embora muitas pessoas pensem que exista a empresa "Outemu", na verdade este é apenas um nome utilizado pela real fabricante do switch: a Gaote.
A Gaote é uma empresa Taiwanesa de componentes eletrônicos fundada em 2004. Deste tempo até agora, ela conseguiu parcela considerável de participação em componentes secundários para mouses sob os nomes "OTM" e "Pi", onde é considerada uma boa marca, assim como a sua concorrente Trantek (TTC).
A Gaote é uma das principais empresas que fazem hoje clones de switches Cherry, tendo um Controle de Qualidade superior ao da Kailhua, Greetech e várias outras concorrentes, além de possuir diversas modificações dos switches Cherry.
O diferencial da Gaote, é que ela possui mais experiência com switches para teclados mecânicos do que suas concorrentes, além de ser uma empresa realmente focada em trazer aos clientes qualidade e um preço competitivo.
Desde 2013, a Gaote já produzia em conjunto com a Matias, os switches Matias Click e Matias Quiet, além de ter linhas próprias e fazer remarcações, como os Noppoo Switches.
O que realmente está separando a Gaote do restante das concorrentes, é o seu crescimento. Ela é uma empresa começou fazer clones Cherry em 2015 e agora em 2016 boa parte dos teclados mais populares do mercado utilizam switches dela.
Isto se deve ao fato da Gaote ter produzido um lote monstruoso de switches Outemu Blue e ofertado estes por um preço ridiculamente baixo, o que acabou inundando o mercado com estes switches:
Claro, houveram outros fatores:
Enfim, os switches Outemu são switches de boa qualidade e são bons concorrentes aos Cherry MX. O grande problema atualmente é que 99% dos teclados com switches Outemu estão usando apenas Outemu Blue.
Agora, sobre a Outemu Blue em específico, esta é a minha opinião:
E realmente gostei muito da resposta dos switches Outemu Blue, embora não recomendo eles para vários ambientes, pois o barulho é simplesmente violento.
A Redragon em sua página compara a Outemu Blue com a Cherry MX Green:
Eu, que tenho estes dois switches, só tenho a dizer: apaga isso, Redragon.
A resistência dos switches Cherry MX Green é bem superior aos switches Outemu Blue e os mesmos não são recomendados para jogos exatamente por isso.
A Redragon está perdendo clientes pois a descrição de que o Outemu Blue seria similar à Cherry MX Green, acaba assustando algumas pessoas. A única semelhança entre ambos, é que os dois fazem um pouco mais barulho que a MX Blue.
Keycaps
Primeiro de tudo, keycaps são aquele pedaço de plástico com algo escrito em cima que popularmente chamamos de "teclas", embora "teclas" é um termo um pouco vago, pois pode-se referir tanto ao plástico com algo escrito em cima (keycap) quanto ao mecanismo que existe embaixo delas (switch).
Avaliar a qualidade de keycaps consiste em analisar duas coisas: O Material e a Inscrição (ou pintura).
É importante avaliar o Material pois ninguém que comprar um teclado de R$ 700 como o Logitech G710+ e teclas começarem rachar durante o uso, de tão mal feitas que são:
E ninguém quer comprar um teclado de US$ 120 como aconteceu nos primeiros lotes do Mionix Zibal 60, cuja pintura era mal feita ao ponto de desgastar com alguns meses:
Normalmente, keycaps são produzidas pela OEM do teclado, salvo algumas exceções onde o serviço é terceirizado.
Porém, na maioria dos teclados chineses que estão aparecendo no mercado, este serviço realmente é terceirizado, o que acaba facilitando o lançamento de teclados mecânicos por marcas que antes não teriam capacidade para criar um.
Desconheço o nome desta fabricante de keycaps, mas as keycaps do Redragon K552 são as mesmas que usadas por grande maioria dos teclados chineses lançados após 2015, é a terceira da imagem abaixo.
E o mais impressionante das keycaps de teclados "baratos" como o Redragon K552, Motospeed CK104, CK108 e uma centena de outros, é que elas são melhores do que teclados do dobro do preço.
Tenho que parabenizar esta fabricante chinesa cujo nome desconheço, pois as keycaps que estão produzindo, são muito superiores às porcarias usadas pela Solid Year (usadas pela Corsair, CM Storm, Roccat, Logitech...) e iOne (usadas pela Razer, Tesoro, Sentey...)
Mas o melhor de tudo, é que além de estarem presentes em teclados de baixo custo, elas são muito baratas para comprar separadamente, custando apenas 10 dólares, enquanto conjuntos de concorrentes custam entre 50~100 dólares:
http://www.ebay.com/itm/Black-Doubleshot-Translucent-ABS-Backlit-104-KeyCap-for-Cherry-MX-Keyboard/281920871175?_trksid=p2045573.c100033.m2042&_trkparms=aid=111001&algo=REC.SEED&ao=1&asc=20131017132637&meid=59b352a111b74108b0ab600f568ec0f2&pid=100033&rk=2&rkt=2&sd=351335878462
Então se você tem um teclado mecânico ANSI (Americano), realmente recomendo encomendar um kit desses. O único problema destas keycaps, é que a fonte delas é de fato feia. Mas, para algo tão barato assim, nem dá pra reclamar tanto.
Todavia, a Redragon, assim como várias outras marcas, possuem efeitos de iluminação e recursos adicionais em seus teclados, estes que não estão nas keycaps desta fabricante.
Por isto, estes são acrescentados posteriormente através da impressão via Laser com infill branco:
Isto, faz com que várias teclas do teclado tenham impressões diferentes e que seus recursos adicionais não sejam visíveis no escuro:
Além disso, tenho total certeza de que este Infill Branco irá desgastar em vários casos e pode até sumir completamente em algumas teclas, em especial no WASD após algum tempo de uso, removendo ou apagando quase totalmente as setas que estão inscritas neste.
LEDs
O Redragon Kumara K552 é curioso pelo seguinte fato: é o primeiro teclado com uma única cor que vejo utilizando LEDs SMD.
LEDs SMD são LEDs minúsculos, mas que produzem menos calor que LEDs 3mm comuns vistos em outros teclados mecânicos single-color e normalmente estão presentes apenas em teclados mecânicos RGB
LEDs SMD não são comuns pois maioria dos switches do mercado são incompatíveis com estes, por não serem transparentes. Porém, o Outemu Blue é, o que possibilita esta utilização.
LEDs SMD podem ter um brilho mais forte e durabilidade superior à maioria dos LEDs 3mm usados em outros teclados mecânicos, em especial os LEDs vagabundos da Solid Year. Agora, isso aplica-se ao Redragon Kumara K552?
Infelizmente, só o tempo irá dizer, já vi um caso de defeito em um teclado da marca, embora o problema foi em seu sistema elétrico, pois afetou todos os LEDs simultaneamente:
Pelo que eu saiba, este é um caso único e a garantia cobriu o problema. Provavelmente, foi algum problema de solda e não nos LEDs em sí.
Enfim, pelo pouco que eu vi, sinceramente já coloco mais confiança nos LEDs do Redragon Kumara K552 do que nos LEDs do CM Quick Fire TK e outros teclados da Solid Year...
Conclusão
O Redragon Kumara K552 é o resultado de uma revolução no mercado de Teclados Mecânicos Chineses: um teclado mecânico iluminado de US$ 40 com boa qualidade, algo que em 2013 seria inimaginável e se tornou possível em 2015.
Ele é um teclado bem simples, tem alguns recursos, mas não possui RGB como alguns outros e nem um visual agressivo, mas tem um excelente diferencial: é bom e barato, tanto que prefiro mil vezes utilizar ele do que a cópia muito mal feita do Corsair Vengeance K70 RGB que é o Redragon Yama.
No Brasil, o Redragon Kumara K552 está disponível na faixa entre R$ 320~360. Claro, não é tão barato quanto US$ 40, mas infelizmente comercializar produtos de forma Legal no Brasil acaba gerando estas diferenças de preços.
Devido à boa recepção que o público Brasileiro deu a este teclado, gerando um bom fluxo de vendas, a Redragon já me informou que até o final do ano estará disponibilizando o Redragon Kumara K552 e o Redragon Karura K502 no layout ABNT2 com preço similar ao da versão Americana.
Para quem não gosta do fato do Redragon Kumara K552 ter um layout reduzido sem o numérico, existe o Redragon Vara, que é basicamente o mesmo teclado mas com numérico e sendo um pouquinho mais caro, embora este não terá versão ABNT2 por enquanto.
Minha principal crítica que eu tenho atualmente ao Redragon Kumara K552, é o fato que infelizmente este não esteja disponível em outras variantes além de Outemu Blue. Mas, quem sabe no futuro teremos outros modelos?
Pontos Positivos:
- Boa Construção Externa.
- Boa Construção Interna.
- Excelente Custo x Benefício.
- Excelentes Keycaps com impressão Double-Shot.
- Switches Outemu Blue de ótima qualidade.
Pontos Negativos:
- Disponível apenas em Outemu Blue.
- Funções e controle de iluminação impressos via Laser com Infill Branco, sendo bem inferior em qualidade à impressão original das keycaps.
Nota Final: 9/10
PS:
Aos desavisados que não entenderem como este teclado tem a mesma nota que o Corsair Gaming Strafe RGB e superior a outros teclados com mais recursos do que ele:
As minhas notas são feitas analisando o nível de qualidade do teclado, o quão bem seus recursos foram implementados e o Custo x Benefício do mesmo.
Se ele custasse US$ 120 / R$ 700, não teria a mesma nota e eu poderia até reclamar pela falta de iluminação RGB, mas não é o caso.
O Redragon Kumara K552 tem um nível de qualidade excelente para um teclado de apenas US$ 40 ou R$ 320, o que justifica a nota 9/10.
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