Aproveitando uma pergunta que apareceu no post original: "alguém é obrigado a ver (a Globo/a TV)?"
Falando de uma perspectiva extremamente limitada e pessoal da minha experiência morando fora do Brasil, a resposta é: "sim, assistir a TV, no Brasil, é obrigatório para evitar um ostracismo social".
Qualquer lugar que se vá no Brasil, a TV é sempre o maior (senão o único) assunto que se tem: o episódio da novela, o que passou no Fantástico, os gols da rodada, as gafes da Ana Maria Braga. pelo que tenho visto, agora os seriados estão ficando mais populares, então pode inclui-los aí também. No restaurante da empresa onde eu tabalhava, tinha uma TV que ficava ligada no hora do almoço, com o som alto o suficiente para todo mundo poder acompanhar a mesa redonda discutindo diariamente sobre futebol e outros esportes. A forma mais barata de se ter acesso à cultura no Brasil é através da TV - sem saber, muitas pessoas tiveram contato, ainda que distorcido, com Machado de Assis, Eça de Queiroz, Monteiro Lobato e até Shakespeare, na literatura. Na música, o impacto é ainda maior, mesmo que as músicas conhecidas sejam apenas "a música do iogurte", "a música da Margarina", "a música da Faber-Castell".
Falando em divulgação de conhecimento e notícias, a TV é uma ferramenta importante num país de níveis absurdos de analfabetismo - e a passividade imposta pela TV casa perfeitamente com os problemas causados com o analfabetismo funcional. E nem vou entrar no mérito da TV como símbolo de status social.
Fora do Brasil, até hoje, mesmo morando fora do Brasil há quase 10 anos, eu tenho dificuldade em dizer quais são os canais de TV aqui fora ou quais são os programas que as pessoas assistem. Em muitas casas, sequer há uma televisão na sala em posição privilegiada como é padrão em qualquer casa, de qualquer nível social, no Brasil. Nas conversas em almoço ou casuais em encontros, eu nunca ouvi nenhum comentário a respeito do programa da noite passada ou de alguma notícia de jornal (exceto quando esta é de um jornal impresso)... futebol, que são uma grande paixão nos dois países que morei, é discutido somente durante a partida ou quando algo muito impressionando aconteceu durante o jogo - nada próximo às discussões intermináveis nas mesas redondas exibidas em pelo menos uns 4 canais diferentes.
Isso quer dizer que eles não assistem TV? Em muitos casos, sim, eles realmente não se interessam tanto pela TV (eu tenho muita dificuldade em assistir meus seriados, por exemplo, porque eles simplesmente não passam em lugar nenhum), mas na maioria das vezes, é porque muitas outras coisas ocupam os temas das conversas: viagens, festivais de música (especialmente no verão), política e, ultimamente, como era de se esperar, COVID.
No Brasil, falar sobre política sem ter alguma reportagem do Jornal Nacional como base, dificilmente desperta qualquer interesse, e, provavelmente a conversa se afundará em frases únicas de qualquer clichê batido. Então, sim, no Brasil, especialmente por pressão social, as pessoas são obrigadas a ver TV e, sendo a Globo a maior emissora do país, é natural que ela seja o alvo direto de críticas - isso não exime as outras de qualquer responsabilidade, mas o impacto delas é bem menor.
Falando de uma perspectiva extremamente limitada e pessoal da minha experiência morando fora do Brasil, a resposta é: "sim, assistir a TV, no Brasil, é obrigatório para evitar um ostracismo social".
Qualquer lugar que se vá no Brasil, a TV é sempre o maior (senão o único) assunto que se tem: o episódio da novela, o que passou no Fantástico, os gols da rodada, as gafes da Ana Maria Braga. pelo que tenho visto, agora os seriados estão ficando mais populares, então pode inclui-los aí também. No restaurante da empresa onde eu tabalhava, tinha uma TV que ficava ligada no hora do almoço, com o som alto o suficiente para todo mundo poder acompanhar a mesa redonda discutindo diariamente sobre futebol e outros esportes. A forma mais barata de se ter acesso à cultura no Brasil é através da TV - sem saber, muitas pessoas tiveram contato, ainda que distorcido, com Machado de Assis, Eça de Queiroz, Monteiro Lobato e até Shakespeare, na literatura. Na música, o impacto é ainda maior, mesmo que as músicas conhecidas sejam apenas "a música do iogurte", "a música da Margarina", "a música da Faber-Castell".
Falando em divulgação de conhecimento e notícias, a TV é uma ferramenta importante num país de níveis absurdos de analfabetismo - e a passividade imposta pela TV casa perfeitamente com os problemas causados com o analfabetismo funcional. E nem vou entrar no mérito da TV como símbolo de status social.
Fora do Brasil, até hoje, mesmo morando fora do Brasil há quase 10 anos, eu tenho dificuldade em dizer quais são os canais de TV aqui fora ou quais são os programas que as pessoas assistem. Em muitas casas, sequer há uma televisão na sala em posição privilegiada como é padrão em qualquer casa, de qualquer nível social, no Brasil. Nas conversas em almoço ou casuais em encontros, eu nunca ouvi nenhum comentário a respeito do programa da noite passada ou de alguma notícia de jornal (exceto quando esta é de um jornal impresso)... futebol, que são uma grande paixão nos dois países que morei, é discutido somente durante a partida ou quando algo muito impressionando aconteceu durante o jogo - nada próximo às discussões intermináveis nas mesas redondas exibidas em pelo menos uns 4 canais diferentes.
Isso quer dizer que eles não assistem TV? Em muitos casos, sim, eles realmente não se interessam tanto pela TV (eu tenho muita dificuldade em assistir meus seriados, por exemplo, porque eles simplesmente não passam em lugar nenhum), mas na maioria das vezes, é porque muitas outras coisas ocupam os temas das conversas: viagens, festivais de música (especialmente no verão), política e, ultimamente, como era de se esperar, COVID.
No Brasil, falar sobre política sem ter alguma reportagem do Jornal Nacional como base, dificilmente desperta qualquer interesse, e, provavelmente a conversa se afundará em frases únicas de qualquer clichê batido. Então, sim, no Brasil, especialmente por pressão social, as pessoas são obrigadas a ver TV e, sendo a Globo a maior emissora do país, é natural que ela seja o alvo direto de críticas - isso não exime as outras de qualquer responsabilidade, mas o impacto delas é bem menor.