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[After Action Report] Os Pioneiros do Cosmos - Uma História Alternativa da Terra

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Fala, galera! Sou novo por aqui, acompanho o fórum há um bom tempo, mas até então como visitante. Eu frequentava alguns fóruns da gringa que possuíam seções dedicadas ao que eles chamam de "After Action Report". Basicamente é um relato ou história criada pelo usuário em cima de alguma partida de algum jogo. E o jogo que eu escolhi é um jogo espacial do gênero 4X chamado "Stellaris", da Paradox Interactive.

Bem, sobre este AAR, a temática é provocativa e certamente distópica. Escrevi um AAR similar em um fórum BR de games grand strategy que eu participava há alguns anos. Não quero atrair nenhum hate, é só história alternativa no estilo "What if". Obviamente esse AAR bebe de uma série de referências de filmes e livros distópicos.Se essa seção for indevida para esse tipo de postagem, já peço desculpas, mas como é uma fusão de estilo narrativo e games, achei que caberia aqui. Então aqui vai...

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SUMÁRIO

Prólogo - Parte Um​
--- Post duplo é unido automaticamente: ---

Prólogo - Parte Um
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Nunca saberemos o momento o qual o primeiro homem olhou para o céu noturno e imaginou o seu lugar entre as estrelas. Quando isso aconteceu, sua curiosidade certamente superou o medo que sentia pelo que não entendia. Mas sabemos que quando voltou os olhos para baixo, o que viu certamente lhe deve ter causado maior medo: a luta desigual pela sobrevivência... O opróbrio da violência e a competição desenfreada dos seres humanos sobre si próprios.
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Durante séculos, os governos das sociedades humanas lutaram entre si, buscando glórias infames e aspirando a inúmeras vaidades. Reis, imperadores, conquistadores… Todos buscando a glória individual à custa da vida de milhões. Mas ao longo do tempo só houve uma luta justa: a luta incansável dos oprimidos contra os seus opressores. Quando parecia não haver esperança para o espírito humano, surgiu um bastião dos desejos do povo... Pessoas comuns, lutando pelo pão, pela paz e pela terra. Foi assim que surgiu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nascida no meio da luta, a União Soviética triunfou heroicamente mesmo na Grande Guerra Patriótica, também conhecida como Segunda Guerra Mundial, em 1945, libertando a Europa da perfídia, do genocídio e da ganância.

Quando o mundo finalmente ficou em paz, a perfídia capitalista tentou impor a sua vontade às nações livres. Incitou a chamada Guerra Fria, que se opôs não apenas a duas ideologias ou a dois governos… Opôs-se a dois projectos de humanidade. Os povos socialistas da Europa e da Ásia acreditavam que o progresso humano deveria basear-se na coletividade laboriosa e não na individualidade gananciosa.

Através dos esforços genuínos e pioneiros de homens comuns – como um engenheiro chamado Sergei Korolev – o povo soviético alcançou um sucesso histórico: em 1957, enviou o primeiro artefacto humano para o espaço – o satélite Sputnik. Três anos depois, sob a direção corajosa do nascente programa espacial, o piloto e cosmonauta Yuri Gagarin se tornaria o primeiro ser humano a entrar no Cosmos.
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A bordo da Vostok 1, Gagarin orbitou a Terra em 12 de abril de 1961, durante 108 minutos.

O pioneirismo soviético deu a partida uma era de progresso tecnológico para a humanidade. Suas conquistas geraram uma onda de comemorações em muitos países. Ao mesmo tempo, despertou inveja e arrogância em alguns outros. Nos Estados Unidos, a grande potência capitalista, surgiu a ideia da “corrida espacial”. Mas como poderia ser uma corrida se a União Soviética estava tão à frente dos seus homólogos capitalistas?

Os Estados Unidos não ficariam inertes e aceleraram os seus esforços. As suas missões Apollo tiveram sucesso na circunavegação do satélite da Terra, mas a própria URSS tinha os seus planos. Mesmo a morte de Korolev em 1966 e algumas falhas técnicas não impediram novos marcos soviéticos na exploração cósmica. Através dos esforços de engenheiros como Vladimir Chelomei e Valentin Glushko, em sistemas de propulsão e foguetes aprimorados, o primeiro cosmonauta conseguiu pousar na Lua em 1º de maio de 1969.
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Ao descer do módulo lunar 7K-OK no Oceanus Procellarum, o cosmonauta Alexei Leonov pronunciou as seguintes palavras:
“Dou este passo pelo meu país, pelo meu povo e pelo modo de vida Marxista-Leninista, sabendo que hoje é apenas um pequeno passo numa jornada que nos levará a todos às estrelas!”
Logo depois, a bandeira soviética seria hasteada sobre a superfície da Lua, em 1º de maio de 1969.

O pouso na Lua levou ao auge da liderança soviética em escala global. Os nomes desses heróis pioneiros ficariam marcados nos umbrais da História da Humanidade. A Era do Progresso Cósmico parecia emergir firmemente diante dos olhos de mais de quatro bilhões de seres humanos. Seriam planejadas missões conjuntas entre a União Soviética e outros países socialistas. Mas depois da crise dos mísseis cubanos, a União Soviética também precisava de uma vitória política e obteve-a: em 1973, um golpe fracassado no Chile trouxe aquele país para a esfera do socialismo. Em 1976, ocorreu um golpe igualmente fracassado na Argentina.

A prisão dos conspiradores golpistas no Chile e na Argentina expôs uma complexa operação americana para apoiar governos militares na América do Sul. Juntamente com os escândalos de corrupção, o cenário enfraqueceu a liderança dos Estados Unidos no bloco capitalista. Os fracassos científicos e políticos americanos levaram a uma crise interna nos Estados Unidos durante a década de 1970. A sua população estava dividida entre o apoio a novos esforços e o clamor pela suspensão de gastos “inúteis” e pelo envolvimento em guerras e interferências externas. Os motins civis eram frequentes, à medida que problemas como a pobreza crescente e a escassez de empregos não eram resolvidos.

A tragédia capitalista atingiu um novo nível com a catástrofe nuclear de Three Mile Island em 1979. Uma falha de arrefecimento num dos reactores nucleares levou a uma reacção de fusão do núcleo que também desmoronou outro. As forças dos EUA tentaram conter o desastre durante dias e, ao mesmo tempo, ajudar milhares de pessoas afetadas pelas consequências nucleares. As correntes atmosféricas espalham partículas nocivas por uma parte considerável da América do Norte. Uma zona de exclusão num raio de oitenta quilómetros do marco zero teve de ser criada no Nordeste dos EUA. Centenas de milhares de pessoas tiveram de ser permanentemente transferidas das suas casas para regiões seguras e as cidades na zona quente foram declaradas inabitáveis.
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Os testes oficiais indicaram que o gado e as culturas agrícolas foram expostos até ao Meio-Oeste. O medo e a desinformação levaram a uma corrida aos mercados e aos bancos. A fuga maciça de pessoas para áreas não afectadas teria de ser controlada pela Guarda Nacional em certos estados do Leste dos EUA. Os planos federais para reassentar refugiados em áreas não afetadas na Costa Oeste e mais ao sul foram contestados por alguns estados, que fecharam as fronteiras estaduais mesmo contra as ordens de Washington.

A turbulência social e política que durou uma década e a catástrofe nuclear foram suficientes para criar um estado de exceção decretado pelo governo, cada vez mais autoritário. Grupos civis reagiram violentamente e o país foi dividido ao meio. Vários episódios de oposição entre forças estaduais e federais foram o ponto de ignição de uma guerra civil em 1982, em três frentes: uma grande frente formada por forças governamentais e duas frentes separatistas independentes uma da outra - uma formada por uma coalizão de estados autodeterministas alimentada por ex-veteranos do Vietnã e desertores das Forças Armadas dos EUA e outro grupo formado por autonomistas de esquerda ligados a movimentos anti-racistas. A guerra urbana tornou-se rotina para os americanos.

À medida que a situação social e política americana se deteriorava, na União Soviética e noutros países socialistas, os avanços científicos, como os primeiros computadores pessoais e a melhoria gradual das condições sociais e económicas, alimentadas pelas crescentes exportações para a Europa, reforçaram a confiança no ideal socialista. . Por sua vez, a Europa viu-se privada do apoio americano e ficou dividida. Por um lado, uma onda autoritária entre os britânicos procurou afirmar o seu país, direcionando esforços para apoiar financeiramente e enviar forças militares ao enfraquecido governo dos Estados Unidos. Por outro lado, uma aproximação entre França e Itália e o bloco comunista, após eleições vencidas pela esquerda francesa e italiana.

Face à Segunda Guerra Civil Americana, o receio de que as armas nucleares pudessem ser utilizadas por forças radicais levou o governo americano a tentar recuperar manualmente todo o seu arsenal para regiões seguras através de operações de elite. Uma dessas missões acabou falhando e um dos mísseis foi roubado. Semanas depois, o dispositivo foi detonado como uma bomba suja que devastou Chicago.

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Rumores apontavam para um ataque soviético, mas nenhum lançamento foi detectado por nenhuma das potências mundiais, e Moscovo agiu rapidamente para tranquilizar o mundo do seu não envolvimento. Contudo, a CIA sabia claramente que a ação era orquestrada pelos autodeterministas e vozes acusatórias pareciam tresloucadas. A situação começou a implodir a NATO em 1983, com a saída imediata da França e da Itália face a uma ameaça directa do outro lado do Atlântico. Concomitantemente, as delegações diplomáticas das Nações Unidas baseadas nos EUA foram transferidas para a Europa. Os EUA e o Reino Unido tentaram vetar a ação, mas o clima de insegurança e violência acabou isolando-os internacionalmente. Isto levou à retirada de ambos os países do mecanismo internacional e à dissolução da NATO, em 1984.

O evento forçou uma reaproximação entre a República Popular da China e a União Soviética. Durante essa década, ambas as nações trabalharam activamente para fornecer apoio militar aos autonomistas de esquerda americanos através de alguns países latino-americanos, que foram, sem dúvida, apoiados nas suas revoluções socialistas. Este cenário revolucionário abalou não só a América Latina, mas também a África. No final da década de 1980, um regime totalitário no Reino Unido chegou definitivamente ao poder, mantendo uma monarquia fantoche e encerrando o seu envolvimento na Segunda Guerra Civil Americana.
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Com o lema “Faça a Grã-Bretanha prevalecer novamente”, os radicais tomaram o poder nas Ilhas Britânicas, nos anos 80
Em 1987, após alguns acidentes e atrasos no Programa Espacial Soviético, a URSS e a República Popular da China anunciaram a conclusão de uma estação cosmonáutica permanente conjunta na órbita da Terra, no 70º aniversário da Revolução Russa. Embora a tecnologia fosse principalmente soviética, os investimentos foram conjuntos. Pequim e Moscovo estavam a trabalhar activamente para acelerar o nascente programa espacial da China, bem como para fortalecer outros laços tecnológicos e políticos. Nesse mesmo ano, nasceu o Tratado de Cooperação Socialista Internacional para a Ciência, o Desenvolvimento e a Assistência Mútua, suplantando o antigo Tratado de Varsóvia de 1955. China, Itália e França foram signatários conjuntos da URSS e dezenas de nações alinhadas com a causa socialista.

Após anos de guerra civil, a outrora poderosa Marinha e Força Aérea dos EUA estavam literalmente ultrapassadas. Os custos operacionais e as necessidades práticas limitaram a renovação dos arsenais. Entretanto, as forças autodeterministas perderam terreno para as frentes autonomistas de esquerda nos EUA. À medida que muitos destes estados autodeterministas procuravam formas de abolir os direitos civis, tanto quanto o governo federal, os operários fabris e os trabalhadores manuais apoiavam cada vez mais o movimento esquerdista. Em 1990, já não existiam três frentes, mas duas: federalistas e autonomistas. Alguns estados autodeterministas capitularam perante o governo central sob o "Medo Vermelho".

Os autonomistas, por sua vez, abandonaram a sua postura descentralizada e assumiram uma organização mais centralizada em torno do Partido Comunista dos EUA, que viu a sua energia renovada com o apoio da classe trabalhadora e das superpotências socialistas. Uma ação decisiva no Centro-Oeste americano culminou na tomada de áreas de lançamento balístico e um cessar-fogo seria assinado dias depois, em fevereiro de 1991. O país foi dividido geograficamente ao meio com a criação da República dos Estados Socialistas Unidos da América, com capital em Los Angeles. Os focos de resistência anticomunista foram eliminados em toda a Costa Oeste e no Texas nos anos seguintes, enquanto os remanescentes Estados Unidos suportavam a destruição de sua economia e uma profunda crise social após anos de conflito.
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Unidade do 387º Batalhão de Milícia Popular na ocupação de Kansas City, Missouri, em janeiro de 1991.

CONTINUA...
 
Última edição:
Prólogo - Parte Dois
Durante os anos 1990, o capitalismo iniciou sua agonizante e inevitável queda. Em 1992, o grande símbolo da Guerra Fria - o Muro de Berlim - construído nos anos iniciais daquele conflito foi desmontado. Atendendo aos clamores da população da República Federal da Alemanha - a Alemanha Ocidental - que temia um retorno de um regime totalitário uma vez que seu país estava sendo tomado por ameaças e grupos extremistas de influência anglo-americana, o governo da República Democrática Alemã conduziu um processo de reunificação do país. Na parte ocidental daquele país, o desemprego, a corrupção e crise econômica dilaceravam sua sociedade durante toda a década anterior. Naquele ano protestos haviam tomado conta de toda a RFA e da porção ocidental de Berlim, clamando pela reunificação e o fim da desordem.
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Sob os olhares atentos da população de Berlim Ocidental, o governo socialista iniciou o desmonte do Muro de Berlim.
Países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Brasil e Austrália ficaram isolados internacionalmente, em face de governos autoritários e militares que os controlavam. Enquanto isso em vários países que antes se posicionaram como não-alinhados, revoluções e conflitos tornavam o ideal socialista a ordem hegemônica em todo o mundo às vésperas do século XXI. Somente a Índia e sua gigantesca população seguiam uma terceira via de desenvolvimento independnete. Liderados pelos esforços ativos da União Soviética e da República Popular da China, o bloco comunista injetou bilhõe de rublos soviéticos em ajuda internacional para conduzir os países em seu desenvolvimento econômico planificado.

É também nesta década que emerge de forma definitiva a Rede Global de Informações Computadorizadas - do russo Global'naya komp'yuterizirovannaya informatsionnaya set' ou GLOKOM. A Glokom era uma evolução dos sistemas computacionais soviéticos e chineses, que permitiu o surgimento de um ambiente virtual que operava em escala global por meio de protocolos automatizados. Pela primeira vez os meios computacionais eram totalmente integrados sob o aspecto civil, permitindo um uso pessoal para os cidadãos desses países e gerenciadas por Gabinetes Estatais de Informação. Era uma das metas do Tratado de Cooperação Socialista Internacional para a Ciência, o Desenvolvimento e a Assistência Mútua assinado na década anterior.

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Apelidado de "esfinge", modelos de computador de tecnologia sino-soviética como este se multiplicaram por todo mundo nos anos 90
Em 1999, o progresso no Cosmos atingia uma nova marca: a inauguração de uma base permanente em solo lunar. Desde os anos 1970, as missões lunares soviéticas haviam explorado largamente a superfície do satélite terrestre, e nos anos 1980, a cooperação chinesa permitira o envio de maquinário para a instalação de uma estrutura permanente. A estação cosmonática foi batizada de "Zvezda" - Estrela, em russo - e seria operada conjuntamente por chineses e soviéticos como forma fomento à ocupação humana permanente no Cosmos.
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A estação Zvezda seria utilizada como base de lançamento para às futuras missões tripuladas à Marte

O programa cosmonáutico e outros avanços na exploração do Sistema Solar traziam à tona o vigor de exploração das décadas anteriores, muito ofuscadas pelos eventos históricos na América. Nos redutos capitalistas, as elites burguesas estrangularam a qualidade de vida da população mais pobre, e isso já fomentava novas reações violentas contra o autoritarismo. Britânicos e americanos conduziam uma exploração desenfreadas de recursos econômicos no Brasil e na Austrália, como forma de obter os insumos vitais de que tanto necessitavam suas indústrias. Os governos desses países por sua vez, trocavam commodities agrícolas e minerais por componentes eletrônicos desenvolvidos como cópias dos dispositivos sino-soviéticos até a primeira década do século XXI.

Mas essa exploração capitalista desenfreada teve um alto preço: a devastação das florestas tropicais na América Latina, em busca de novas terras cultiváveis, acabou desencadeando, em 2007, o surgimento de uma nova doença: a febre hemorrágica da Amazônia. Surgido na região da Amazônia, um novo vírus contaminou o gado bovino nos pastos na região do Norte daquele país e logo contaminou seres humanos por meio do consumo de proteína animal. Inicialmente o governo local escondeu a informação do mundo, pois houve demora no reconhecimento de uma nova doença. Mas após uma mutação, o vírus se transformou em síndrome gripal entre seres humanos e saiu do controle. A doença se espalhou rápido pelo país, embora o governo oficialmente não reconhecia a epidemia como um problema.

Não demoraria muito até que toda a região fosse afetada em questão de semanas e com alta taxa de mortalidade. Mesmo com controles de viagens e os postos de checagem nas fronteiras dos países socialistas, não demorou até que a doença alcançasse a Europa, a África e Ásia. Por longos seis anos, as únicas medidas existentes eram o isolamento de casos, confinamento de bairros ou mesmo cidades inteiras, principalmente na República da China. O vírus possuía uma capacidade de mutação maior que a Influenza, e isso dificultou os esforços no desenvolvimento de uma vacina viável.

Durante aqueles anos, a Grã-Bretanha havia adotado uma política extremista de extermínio dos contaminados, que por um tempo surtiu um certo efeito, até que o Primeiro-Ministro em pessoa foi acometido pela doença e morreu. Já os EUA, zonas de quarentena foram criadas e somente pioraram as condições de vida em um país autoritário que nunca se recuperara de seus desastres nucleares e vivia sob o medo de um governo autoritário. O incansável esforço internacional socialista levou ao surgimento de uma vacina experimental no ano de 2013, anunciada por pesquisadores chineses e soviéticos. No mesmo ano, uma vacina foi igualmente anunciada pelos EUA, mas sua eficácia era baixa. União Soviética e China ofereceram doses aos países capitalistas, mas não foram aceitas em quase nenhum deles. Somente a Índia aceitou a ajuda, uma vez que variantes locais fizeram as mortes atingir o patamar das dezenas de milhões.
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A doença devastou a Índia, onde as condições sanitárias precárias dificultavam qualquer medida de contenção

O combalido governo dos Estados Unidos acusavam os socialistas de terem desenvolvido o vírus e o implantarem na América de forma deliberada. As acusações vazias não tinham apelo nem mesmo entre sua população, a qual precisou pagar para receber uma dose de uma vacina pouco eficaz. Novos protestos irromperam e o governo agiu com violência para conter os distúrbios. Àquela altura, o Exército dos EUA era uma vaga lembrança do que fora no passado e não passava de uma força conscrita e mal paga. Não demoraria até que um golpe movido por alas descontentes pusesse fim a vida de um dos Comandantes que governavam o país, e tentassem criar um governo provisório. Isso foi a gota d'água para que a revolta da população contra os militares fugisse ao controle, e pessoas em toda a Costa Leste pegassem e armas para assumir o controle de cidades.

Sob o apoio interno considerável, a República dos Estados Socialistas Unidos da América enviou destacamentos que cruzaram as fronteiras desguarnecidas no Meio Oeste, apoiados por milícias de cidadãos. Apelidados de "batalhões médicos", os militares socialistas tomaram o controle gradual dos Estados Unidos, prestando ajuda médica e imediatamente estabelecendo postos de vacinação para a população. As forças armadas dos EUA nada fizeram contra seus compatriotas, uma vez que a mobilização popular e as deserções praticamente esvaziaram as fileiras do Exército. Muitos empresários burgueses organizaram fugas para a Inglaterra ou para a Índia, mas o novo governo socialista os declarou criminosos de guerra, por terem apoiado todas as atrocidades perpetradas por décadas contra a classe trabalhadora.

Em 2014, chegava ao fim aos desmandos da elite burguesa americana, e instaurava-se a União dos Estados Socialistas da América, reunificando o país. Movimento semelhante ocorreria na Grã-Bretanha, com o enfraquecimento do totalitarismo que vigorava por lá e uma revolução popular que levou à derrocada do regime autoritário nos anos seguintes. Durante a primeira metade do século XXI, o mundo caminhava para uma etapa de progresso social e estabilidade jamais vista. Superando as crises do capitalismo e acabando com as desigualdades abismais, o socialismo finalmente conduzia um novo capítulo na Históra Humana. Em 2020, os primeiros cosmonautas pisaram pela primeira vez no planeta vermelho.
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Cosmonauta Konstantin Titov, na região de Valles Marineris, em 25 de outubro de 2020.

Antes sinônimo de destruição, a tão temida tecnologia de fissão nuclear foi orientada para o progresso coletivo e isso revolucionou os voos tripulados ao Cosmos, permitindo transpor grandes distâncias em poucos meses. Isso permitiu a de exploração dos longínquos corpos celestes do Sistema Solar. A imensidão do Cinturão de Asteróides, as atmosferas do Gigantes Gasosos e as congelantes superfícies das Luas Jovianas permearam a Era da Exploração do Cosmos Profundo durante a segunda metade do Século XXI. Mesmo com certas divergências, soviéticos e chineses iniciaram a exploração de recursos naturais em outros corpos celeste, o que permitiu um alívio para os recursos terrestres e o surgimento de uma mentalidade conservacionista que freou o aquecimento global.

Um novo organismo internacional que suplantava a velha Organização das Nações Unidas, nascia e com adesãoquase irrestrita: o Diretório Global de Cooperação Socialista para a Ciência, Economia, Cultura e Desenvolvimento Humano.
Por mais que ressurgências capitalistas como a Contrarrevolução Sulista Americana de 2049 e a insurreição religiosa indiana Satyameva Jayate de 2112 ameaçassem perturbar a paz global, já no Século XXII as fronteiras políticas começavam a não mais fazer sentido. A credibilidade da comunidade científica começou a se misturar nos círculos puramente políticos nos inúmeros Partidos Comunistas em todo o mundo. Uma conciliação global plena dos interesses científicos e políticos socialistas começou a caminhar, e, em 2117, no bicentenário da Revolução Russa, representantes de todas as nações socialistas assinaram a carta de fundação da União Socialista da Terra.
Nesta mesma época, experimentos comprovaram conceitos físicos teorizados desde o século XX, como os táquions e a matéria escura, em plataformas experimentais localizadas fora da influência gravitacional, nos limites da Nuvem de Oort. Porém, o mais surpreendente foi a comprovação da existência de um plano dimensional paralelo ao espaço-tempo, logo alcunhado de “Hipercosmos”, em meados do século XXII. Partículas e até massa poderiam ser aceleradas por meio desse plano, permitindo a superação de distâncias estelares em questão de meses. Não demorou mais do que três décadas para a criação da primeira propulsão experimental e do envio das primeiras sondas em direção aos sistemas estelares vizinhos.
Pelo esforço coletivo e de pioneiros do Cosmos, as estrelas estavam ao alcance. O sonho lúcido do primeiro dos homens é agora uma realidade para toda a humanidade…

FIM DO PRÓLOGO
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Bom, Stellaris é um jogo espacial 4X (explorar, expandir, extrair e exterminar). Não é focado tanto em gráficos, mas sim em estratégia e gerenciamento. Eu escolhi uma espécie mainstream como a espécie humana e um sistema como o "Sol", mas o jogador pode escolher diferentes raças sencientes desde mamíferos, humanóides e reptilianos a seres litóides a base de silício. Você pode moldar os "traits" da sua espécie, o mundo natal, o modelo de sistema solar inicial, o tipo de governo, a aparência do governante e suas naves. A partir daí você escolhe o tipo e tamanho de Galáxia, quantidade de impérios desenvolvidos e raças antigas (impérios caídos). Até o fim do jogo você lidar com várias mecânicas aleatórias e tenta sobreviver ou se tornar a força galáctica dominante. Existem muitos mods que transformam o jogo em uma versão de Star Wars ou Star Trek. Eu estou jogando sem mods, só as DLCs lançadas até dezembro de 2023.
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O jogo é cheio de eventos e anomalias que tornam o jogo constantemente inesperado. Basicamente você pode transformar a Galáxia conforme sua capacidade e sua vontade.

Capítulo I - O primeiro passo


Durante o século XXII, o mundo testemunhou a definitiva revolução de toda a História Humana: a despeito das diferenças culturais e crenças, pela primeira vez a fragmentação global foi extinta. Com a unificação em andamento, o antigo sistema socialista baseado nas experiências políticas soviética e chinesa foi gradualmente substituído por uma concepção movida pelo progresso da Ciência a fim de estabelecer a igualdade socialista. A causa socialista científica trouxe novos ideais à espécie humana, quanto às necessidades de conservação ambiental do planeta e um crescimento econômico e social equilibrado. Por mais de um século, o Diretório de Cooperação Internacional Socialista para a Ciência ganhou importância, e em 2199, foi transformado em um mecanismo político e científico sob o nome de Diretório-Geral da União Socialista da Terra.
As primeiras eleições gerais nas quais delegados representantes de todas as seções nacionais participaram tiveram êxito, após anos de discussões políticas e regulamentações globais. Um proeminente cientista do Programa de Física Quântica Experimental do Universidade Estatal de Nova Moscou - Boris Zhivenkov - foi eleito para um mandato de vinte anos. A própria carreira de Zhivenkov havia sido marcada por saltos, pois saira de um laboratório na Terra para ser o cientista mais jovem a trabalhar pessoalmente na Estação Mineradora na órbita do planetóide Makemake - a mais longíqua estrutura permanente já construída pela Humanidade. Sua viagem a Makemake havia sido noticiada internacionalmente e lhe dera a visibilidade política adequada para sua campanha.
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Assumiu com a promessa de iniciar um novo capítulo da História Humana no Cosmos, mas sem esquecer os desafios que ainda persistiam na Terra. O russo seria o primeiro Diretor-Geral da União Socialista da Terra, atuando como líder do Estado Global. Já no governo puramente civil do Governo-Geral da Terra, exercendo a função de chefe de governo, estava o Ministro de Estado Qiang He, que entraria no terceiro ano de seu mandato. Seu apoio a candidatura de Zhivenkov também se mostrou fundamental para as eleições de 2199. He vinha de uma família chinesa ligada há décadas aos circuitos políticos supranacionais, sendo seu predecessor o seu próprio tio - Xian He. A associação de um cientista de fora dos circuitos políticos a uma família com tradição política poderia criar uma situação de tutela política, não fosse o espírito idealista do novo governante, que o fez destacar perante outros nomes mais tradicionais.

Obviamente, He buscava no novo líder o apoio para o fortalecimento de sua própria concepção de estabilidade política. A administração de seu tio havia enfrentado desafios maiores que o esperado. No primeiro mandato havia enfrentado o caos global causado pela proximidade do asteróide Satis. Descoberto tardiamente, determinou-se que entraria em rota de colisão com o Oceano Pacífico. O impacto geraria tsunamis devastadores para América, Ásia e Oceania. O então governador solicitou que a maior cosmonave já projetada e que estava em construção na órbita da Terra fosse enviada para tentar abater ou desviar a rota de Satis.

A missão teve um sucesso parcial e conseguiu alterar a rota do asteróide, mas não a ponto de tirá-lo da colisão com o planeta. O impacto não seria mais no Oceano Pacífico Central e sim na região pouco habitada de Alberta, no norte do Canadá. Os rumores de um risco de extinção ou de alteração climáticas causaram um êxodo em massa na América do Norte. Provocou distúrbios sem precedentes em toda a América do Norte, afetando a gigantesca megalópole Boston-Washington. Os tumultos generalizados quase puseram fim à República Administrativa Socialista da América, não fosse a hábil intervenção pelo Governo-Geral daquela época.
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Apesar das dificuldades causadas pelo impacto, a conclusão da primeira etapa do projeto de engenharia ambiental "Saara Verde" revigorava os ânimos da civilização: uma superprodução de alimentos em regiões que antes eram parte do Deserto do Saara. Era um ambicioso projeto que perduraria por gerações, a fim de restaurar as condições climáticas e bióticas do norte do continente africano anteriores à intensa desertificação dos últimos sete milênios. Quando terminado, três gigantescas áreas lacustres ressurgiriam, trazendo consigo pastagens, savanas e florestas, impactando no clima global como um todo.
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Concepção artística do Projeto "Saara Verde", idealizado pelo professor pesquisador espanhol Izquierdo Fuentes, em fins do século XXI

O desenvolvimento sustentável era um desafio, pois, a despeito da mentalidade conservacionista diligentemente instigada por décadas, a Terra ainda lidava com os fantasmas da poluição industrial criada desde o século XVIII. Grandes megalópoles e megacidades deveriam coexistir com biomas com alto grau de preservação. Os investimentos em tecnologias limpas era uma prioridade não apenas para o novo Diretor-Geral, mas para todas as esferas científicas e técnicas. A mineração no Cinturão de Asteróides e outros planetas do Sistema Solar deveria prover os recursos e matérias-primas essenciais, sem promover novas degradações na Terra. No ano de 2200, a população da Terra havia atingido a incrível marca de 32 bilhões de habitantes, e continuava em um espantoso ritmo de crescimento. Qualquer estimativa dos séculos anteriores apontaria que o planeta teria colapsado na metade dessa cifra. Todavia, isso não ocorreu.

O aprimoramento das tecnologias estruturais permitiram a construção de edificações cada vez mais altas, ampliando a disponibilidade moradias de forma sem precedentes. Os resíduos e rejeitos não-recicláveis das áreas urbanas agora eram transportados para fora do planeta por meio da tecnologia cosmonáutica. Materiais radioativos da fissão nuclear das grandes plantas industriais em todo mundo não eram mais depositados no subsolo, e sim remetidos a alguma lua vulcânica dos Gigantes Gasosos. A energia nuclear havia substituído todas as matrizes termoelétricas poluentes. A própria fissão nuclear tinha seus dias contados, com projetos e designs de reatores experimentais estáveis a base de fusão nuclear.
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No Século XXI, as sondas Voyager enviadas pelos Estados Unidos e as sondas Tsiolkovsky enviadas pela União Soviética chegaram o meio interestelar na primeira metade daquele século. Um artefato do Século XX levara quatro décadas, mas, no século XXII, um artefato moderno lançado da Terra levaria apenas três meses para alcançar a mesma região. Não fosse pelo fim do contato com as sondas, sua posição seria conhecida e poderiam ser recuperadas. Novas sondas dotadas com a fissão nuclear haviam sido lançadas em fins do século XXI a fim de alcançar os sistemas estelares mais próximos do Sol, entre eles, Alpha Centauri, Barnard e Sirius. Nenhuma delas chegara lá ainda, mas captavam informações mais detalhadas do qualquer observatório dentro do Sistema Solar, e foram decisivas para confirmar que haviam mundos habitáveis de fato.

Somente quando o "Hipercosmos" foi descoberto e estudado na segunda metade do século XXII é que uma nova janela de oportunidades se abriu. Sondas não tripuladas foram equipadas com propulsões experimentais foram produzidas e lançadas a partir do Cinturão de Kuiper. As primeiras sondas foram desintegradas por erros gravimétricos causados pelo efeito gravitacional do Sol sobre a propulsão experimental. Foi necessário lançar os equipamentos muito além do Cinturão da Kuiper, além Heliosfera e fora de qualquer interação do campo gravitacional de nossa estrela. A partir daí, os resultados foram mais promissores, e as falhas foram ocasionadas por superaquecimentos não previstos e blindagens defeituosas. O desafio seria estabelecer uma comunicação viável com tais sondas.

A despeito dos perigos e em vista dos potenciais promissores, o cientista-chefe do Programa de Exploração do Cosmos Profundo - o indiano Rajesh Patel - . obteve a autorização necessária para orientar pessoalmente a construção de uma gigantesca nave científica. O projeto existia há pelo menos cinco anos, e, enquanto as eleições do Diretório-Geral ainda ocorriam, a nave foi finalizada. Tão logo Boris Zhivenkov assumiu como Diretor-Geral, determinou o batismo: "Korolev". Era uma homenagem ao pioneiro engenheiro-chefe do programa espacial da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, atual Região Administrativa Soviética Central, terra natal de Zhivenkov. Diferente de qualquer outra nave anterior, todo o projeto era baseado na propulsão hipercósmica. Patel solicitou ao Diretor-Geral a capitânia da nave.
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A 15 de fevereiro de 2200, após uma viagem de quase dois meses aos limites do Sistema Solar, a nave Korolev atingiu o escape gravitacional do Sol no vazio insterestelar. O motor de propulsão hipercósmica tinha suas limitações: além de obrigatoriamente precisar ser acionado fora do campo gravitacional do Sol, exigia uma quantidade gigantesca de energia obtida por fissão. Para alcançar a potência adequada a fim de fazer um artefato gigatesco como a Korolev romper o espaço-tempo e calcular a "hiper-rota" em uma precisão de metros a anos-luz de distâncias do ponto alvo, dias foram necessários para que o supercomputador de bordo fizesse todos os cálculos e o reator carregasse à potência máxima.

Com dias de atraso até alcançar o longíquo ponto do Cosmos além do Sistema Solar onde estava a Korolev, o Diretor-Geral Boris Zhivenkov havia feito um célebre discurso para o mundo. Um trecho parafraseava as palavras do cosmonauta pioneiro Alexei Leonov, o primeiro homem na Lua:

- … Um dia nossos pioneiros deram os primeiros passos de uma jornada até as estrelas. Hoje, a heroica tripulação da nave científica Sergei Korolev se prepara para caminhar rumo às estrelas e cumprir esta jornada iniciada há dois séculos! Pelo esforço coletivo de um mundo socialista, esses heróis corajosos chegaram no ponto mais distante da Terra… Mas saibam que não irão sozinhos! Levam consigo nossa gratidão por tão destemida coragem e todos os sonhos e esperanças da Humanidade!

A emissão da cálida luz azulada dos exaustores de radiação da nave marcava o salto para Alpha Centauri!
 
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