Começa a ressaca épica da China

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IN OMNIA PARATUS
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1. A Bolha de crédito da China finalmente estourou. O mercado imobiliário está balançando descontroladamente. É difícil obter bons dados na China, mas algo está errado quando o site de imóveis Homelink relata que o preço das casas novas em Pequim despencou em novembro em relação ao mês anterior. Se isto é remotamente verdade, o calibrado pouso suave que as autoridades chinesas pretendiam está indo muito errado e os riscos girando fora de controle.

2. Os investidores estão subestimando maciçamente o risco de uma aterragem forçada na China, e certamente de outros BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China). Os BRICs estão caindo como tijolos (bric em inglês) e as crises são o home-blown, causado por seus próprios ciclos de altos e baixos de crédito. Acho que é altamente provável que a China vá desvalorizar o yen no próximo ano, arriscando uma guerra comercial.

3. A economia está totalmente fora dos eixos. O consumo caiu de 48pc para 36pc do PIB desde a década de 1990. O investimento subiu para 50pc do PIB. Isso está fora das cartas, mesmo para os padrões do Japão, Coréia ou Taiwan. Nada assim tem sido visto antes em tempos modernos. A Fitch Ratings afirmou que a China é viciada em crédito, mas com cada vez menos vontade para cada dose. Um dólar extra em empréstimos aumentou o PIB em 0,77 dólares em 2007. Agora em 2011 são $ 0,44. “A realidade é que hoje a economia da China exige um financiamento significativamente maior para atingir o mesmo nível de crescimento, como no passado”, disse o analista chinês Charlene Chu.

4. Professor Patrick Chovanec da Tsinghua de Pequim School of Economics, disse que a desaceleração do mercado imobiliário China começou em agosto, quando as empresas de construção informaram que os estoques não vendidos atingiram US $ 50 bilhões. Isso já se transformou em “uma espiral descendente de expectativas”. Uma queima de estoques está em curso. Enquanto isso, a desaceleração está se infiltrando no núcleo das indústrias. A produção de aço tem fraquejado.

5. Pequim foi capaz de contrariar a crise global em 2008-2009 com o desencadeamento de crédito, agindo como um amortecedor para o mundo inteiro. É duvidoso que Pequim pode repetir este truque pela segunda vez.

6. Mark Williams da Capital Economics disse que a grande esperança era que a China usasse sua farra de crédito após 2008, para ganhar tempo, mudando os crônicos sobre-investimento para o crescimento do consumo. “Isso não saiu conforme o planejado. Na verdade, a China enfrenta uma ressaca de desalavancagem épica, como o resto de nós”.


FONTE: A. Evans – Editor de Negócios Internacionais – The Telegraph, 15.12, via Ex-Blog do Cesar Maia
 
Interessante. Queria ver isso acontecendo aqui também, só que de uma forma geral, pra vê se o povo acorda e passa a reivindicar mudanças efetivas em nosso país.
 
Será que estamos diante de uma nova super crise de 29?:nooo::nooo::nooo:
 
Efeito China... Uma hora sabia que o gás iria acabar.
 
Crise na China + Europa + EUA ao mesmo tempo... Se realmente acontecer tudo isso se preparem, porque o resto do mundo vai junto.
 
E assim cai o captalismo?? :hmm::nooo:
 
Crise na China + Europa + EUA ao mesmo tempo... Se realmente acontecer tudo isso se preparem, porque o resto do mundo vai junto.
Como somos sortudos, iremos pegar 3 crises de uma vez :haha::haha: Cair pode cair, o problema é levantar depois...
 
Não quero contrariar, mas só causar reflexões:

a empresa da minha família aumento suas exportações para a China de 2010 para 2011 em 177%

e as expectativas devido aos contratos fechados no final desse ano é mais que dobrar as exportações.

o produto em questão é granito, diretamente ligado a construção civil.

por isso entro em questão: o que realmente ACONTECE com a economia CHINESA?

se quebrar fu... eu, vc e o resto do planeta.
 
Pessoal falando no fim do capitalismo, pff, ainda falta MUITO para o fim desse sistema econômico. E acho que alguns não fazem ideia do que isso seria, passar de um sistema à outro é uma fuzarca gigantesca. A Rússia já passou por um caos "pulando" o capitalismo, imaginem então o fim do capitalismo, sendo que ainda não existe nenhum outro modelo plausível de execução.
 
Tá certo, agora expliquem para o ignorante: A crise chega com toda força no Brasil, mas e aí, em que isso afeta o seu "João" que trabalha na padaria e recebe R$1.500? Ou o seu "Pedro" que se aposentou e agora só quer saber de comer, dormir e pescar?
 
Última edição:
Tá certo, agora expliquem para o ignorante: A crise chega com toda força no Brasil, mas e aí, em que isso afeta o seu "João" que trabalha na padaria e recebe R$1.500? Ou o seu "Pedro" que se aposentou e agora só quer saber de comer, dormir e pescar?

"Seu Pedro", que comprava sua vara e linha "made in china" a um preço bom vai acabar obrigado a comprar uma similar nacional por causa dum protecionismo absurdo do governo, diminuindo assim a variedade e forçando-o a aceitar o preço que lhe for imposto, o churras que ele comia todo fim de semana vai ter triplicado de valor pois, como as regiões exportadoras de carne perderam seu mercado premium (lembrem-se de que as carnes TOP vão todas pra EU e USA) provavelmente pararam de produzir e foram pra outro ramo.

"João" vai ter que conviver pagando 4 reais o litro da gasolina, pois além do Brasil AINDA não ser auto suficiente nosso petróleo é refinado em sua maioria no exterior, provavlemente terá menos peças de reposição pro seu carro/maquinário, pois as multis tendem em momentos de crise a voltarem ao seus próprios mercados, será massacrado pela concorrencia, pois a "industria alimentícia" é uma das poucas que não podem parar mesmo em momentos de crise, então, pra onde vão todos aqueles operários demitidos, mineradores e ex-funcionários de multis??

A inflação provavelmente explodiria, teriamos escasses de produtos industrializados, materiais como aço, circuitos encareceriam, o preço das construções também (lembre-se que as mineradoras quase pararam suas atividades, então, quanto estaria custando o cimento, argila???).

Essa interdependência é problemática, se as grandes pontas de consumo caem, o mercado como um todo entra em colapso. Cessando o consumo nos USA, diminui a necessidade Chinesa por Minério de Ferro, que acarreta na queda das exportações Brasileiras, tornando a área menos atrativa a investimentos, o que diminui as contratações e diminui o consumo local, ferrando o sistema. :haha:

Esses cenários "apocalípticos" estão nos beirando, espero que os próximos anos, continuemos podendo desfrutar desse sistema, entretanto, continuo crendo que, o pensamento "exportando, eu gero empregos e com isso contribuo pro meu país" mude pra algo como "servindo meu país com o melhor que eu posso, contribuo para o mesmo e consigo criar excedentes exportáveis, aumentando os empregos" (não sei se eu consegui me explicar neste ultimo comentário).
 
Sério mesmo que vocês não sabem o que se passa no mundo em que estão vivendo?
O que vai acontecer logo e já tem tantos sinais que se torna impossível não notar, mesmo tendo sido alienado por toda sua vida, pela maioria pesada das fontes de educação, da mídia etc?

Para começo de conversa, nós não estamos sobre um capitalismo, o atual arranjo econômico mundial é melhor definido como capitalismo-estatal-social-democrata. (social = socialismo = planejamento central - isso não é bom, causa muita DESGRAÇA). A China comunista e os seus campos de morte
Recentemente, uma histeria desproporcional foi gerada por causa de notícias sobre alguns produtos chineses que passaram por um fraco controle de qualidade. Algumas comidas de gato estavam envenenadas. Algumas baterias de celulares tinham explodido. Alguns xaropes contra tosse continham alguma coisa que deixava as pessoas doentes. Isso entre outras coisas. Como resposta a tudo isso, o governo chinês chegou até a executar o chefe responsável pelo departamento de controle de qualidade de alimentos e de segurança de produtos, Zheng Xiaoyu.
Como é esquisito esse último ponto! No Ocidente, há muito tempo já abandonamos a idéia de que as pessoas supostamente devem executar com competência suas tarefas e, principalmente, que elas devem ser pessoalmente responsabilizadas caso falhem nessa função.

O que é mais notável em todas essas críticas é o quão isoladas e limitadas elas parecem ser quando se pensa na história recente da China. E esse é um assunto profundamente doloroso, horrível em seus detalhes, mas altamente elucidativo e útil para nos ajudar a entender a política - e que também põe em perspectiva as notícias sobre esses recentes problemas na China. É um escândalo, de fato, que poucos ocidentais sequer estejam informados — ou, se estão, não estão conscientes - sobre a sanguinolenta realidade que predominou na China entre os anos de 1949 e 1976, os anos da ditadura comunista de Mao Tse-Tung. (Ou Mao Zédong).

Quantos morreram como resultado das perseguições e das políticas de Mao? Será que você se importaria em adivinhar? Muitas pessoas ao longo dos anos tentaram. Mas elas sempre acabavam subestimando os números. Porém, à medida que mais dados foram aparecendo durante as décadas de 80 e 90, e os especialistas foram se dedicando mais intensamente às investigações e estimativas, os números foram se tornando cada vez mais confiáveis. Mas, ainda assim, eles permanecem imprecisos. Qual a margem de erro com a qual estamos lidando? Ela pode ser, por baixo, de 40 milhões; mas também pode ser de 100 milhões ou mais. Para o Grande Salto para Frente, de 1959 a 1961, o número de mortos varia entre 20 milhões e 75 milhões. No período anterior foi de 20 milhões. No período posterior, dezenas de milhões a mais.

Estudiosos da área de homicídio em massa dizem que a maioria de nós não é capaz de imaginar 100 mortos ou 1000. E acima disso, tudo vira apenas estatística: os números passam a não ter qualquer sentido conceitual para nós, e a coisa se torna um simples jogo numérico que nos desvia do horror em si. Há um limite de informações horríveis que nosso cérebro pode absorver, um limite de quanto sangue podemos imaginar. No entanto, há um motivo maior pelo qual o experimento comunista chinês permanece um fato oculto: ele apresenta um argumento forte e decisivo contra o poder do estado, de maneira ainda mais conspícua que os casos da Rússia e da Alemanha do século XX.

Esse horror já podia ser pressagiado quando uma guerra civil se seguiu à Segunda Guerra Mundial. Depois de nove milhões de mortos, os comunistas emergiram vitoriosos em 1949, tendo Mao como o soberano. Assim, a terra de Lao-Tzu (rima, ritmo, paz), do Taoísmo (compaixão, moderação, humildade) e do Confucionismo (piedade, harmonia social, progresso individual) foi confiscada pela importação da mais esquisita matéria-prima jamais conhecida pelos chineses: o marxismo alemão importado via Rússia. Era uma ideologia que negava toda a lógica, toda a experiência, todas as leis econômicas, todos os direitos de propriedade, e todos os limites sobre o poder do estado, alegando que todas essas noções eram meros preconceitos burgueses, e que tudo o que era necessário para se transformar a sociedade era um núcleo composto por poucas pessoas com todo o poder para modificar todas as coisas.

É realmente bizarro pensar nisso: a China, dentre todos os lugares, com pôsteres de Marx e Lênin, e sendo governada por uma ideologia ditatorial, extorsiva e homicida, que só chegou ao fim em 1976. A transformação ocorrida nos últimos 25 anos foi tão espetacular que alguém dificilmente saberia que tudo isso já aconteceu, exceto pelo fato de o Partido Comunista ainda estar no poder, conquanto já tenha dispensado a parte comunista.

O experimento começou da maneira mais sanguinolenta possível, após a Segunda Guerra, quando todos os olhos do Ocidente estavam voltados para assuntos internos; e, quando havia alguma preocupação externa, ela estava na Rússia. Os "mocinhos" haviam vencido a guerra na China — ou assim fomos levados a crer, na época em que o comunismo era a moda mundial.

A comunização da China se deu seguindo os três estágios usuais: expurgos, planejamentos e, por fim, a procura por bodes expiatórios. Primeiro ocorreram os expurgos - também conhecidos como "purificação" -, para que o comunismo pudesse ser implantado. Havia guerrilhas a serem mortas e terras a serem nacionalizadas. As igrejas tinham que ser destruídas. Os contra-revolucionários tinham que ser suprimidos. A violência começou no campo e depois se espalhou para as cidades. Todos os camponeses foram primeiramente divididos em quatro classes que eram consideradas politicamente aceitáveis: pobres, semi-pobres, médios, e ricos. Todos os outros eram considerados latifundiários e, assim, marcados para ser eliminados. Se nenhum latifundiário fosse encontrado, os "ricos" eram então incluídos nesse grupo. A classe demonizada era desentocada em uma série de "encontros da amargura" — que ocorriam em nível nacional — nos quais as pessoas delatavam seus vizinhos que possuíssem propriedades e que fossem politicamente desleais. Aqueles assim considerados eram imediatamente executados junto com quem quer que tivesse simpatias por eles.

A regra era que deveria haver ao menos uma pessoa morta por vilarejo. O número de mortos está estimado entre um milhão e cinco milhões. Além disso, entre quatro e seis milhões de proprietários de terra foram trucidados pelo simples crime de ser donos de capital. Se alguém fosse suspeito de estar escondendo alguma riqueza, ele ou ela seria torturado com ferro quente até confessar. As famílias dos mortos eram também torturadas e os túmulos de seus predecessores eram saqueados e pilhados. O que acontecia com a terra? Esta era dividida em minúsculos lotes e distribuída entre os camponeses remanescentes.

A campanha então se dirigiu para as cidades. As motivações políticas eram o principal incentivo, mas havia também o desejo de se fazer controles comportamentais. Qualquer um suspeito de envolvimento com prostituição, jogatina, sonegação, mentiras, tráfico de ópio, ou suspeito de contar segredos de estado, era executado sob a acusação de "bandido". Estimativas oficiais colocam o número de mortos em dois milhões, sendo que outros dois milhões foram morrer nas prisões. Comitês residenciais formados por pessoas leais ao estado vigiavam cada movimento. Qualquer visita noturna era imediatamente reportada, e todos os envolvidos eram presos ou assassinados. As celas das prisões iam ficando cada vez menores, chegando a um ponto em que uma pessoa vivia em um espaço de aproximadamente 35 centímetros. Alguns prisioneiros faziam trabalho forçado até morrer, e qualquer um que se envolvesse em alguma revolta era agrupado com seus colaboradores e todos eram queimados.

Havia indústrias nas cidades, mas aqueles que eram seus proprietários e gerentes eram submetidos a restrições cada vez mais apertadas: transparência forçada, escrutínio constante, impostos escorchantes, além de sofrerem todos os tipos de pressão para oferecer seus negócios à coletivização. Houve muitos suicídios entre os pequenos e médios empresários que perceberam para onde tudo estava indo. Ajuntar-se ao partido adiava apenas temporariamente a morte, já que em 1955 começou a campanha contra os contra-revolucionários escondidos dentro do próprio partido. Havia um princípio de que um em cada dez membros do partido era um traidor secreto.

Quando os rios de sangue haviam atingido seu ápice, Mao criou a Campanha das Cem Flores, durante dois meses de 1957, sendo o legado desta a frase que frequentemente se ouve: "Deixemos que cem flores desabrochem!" As pessoas foram encorajadas a falar abertamente e mostrar seu ponto de vista, uma oportunidade muito tentadora para os intelectuais. Mas essa liberalização durou pouco. Na verdade, foi tudo uma tramóia. Todos aqueles que falaram contra o que estava acontecendo na China foram ajuntados e aprisionados, talvez entre 400.000 e 700.000 pessoas, incluindo dez por cento das classes mais educadas. Outras eram rotuladas de direitistas e sujeitadas a interrogatório e reeducação; outras eram expulsas de suas casas e isoladas.

Mas isso não foi nada comparado à fase dois, que se tornou uma das maiores catástrofes da história do planejamento central. Após a coletivização das terras, Mao decidiu ir mais a fundo e passou a ditar aos camponeses o que eles deveriam plantar, como eles deveriam plantar, para onde eles deveriam mandar a colheita, e até mesmo se - ao invés de ter de plantar qualquer coisa - eles deveriam ser arrastados para as indústrias. Essa etapa se tornaria o Grande Salto para Frente, que acabou por gerar a escassez mais mortal da história. Os camponeses foram ajuntados em grupos de milhares e forçados a dividir todas as coisas. Todos os grupos deveriam ser auto-suficientes. As metas de produção foram aumentadas para níveis nunca antes imaginados.

Centenas de milhares de pessoas foram deslocadas de onde a produção era alta para onde ela era baixa, como um meio de impulsionar a produção. Elas também foram deslocadas da agricultura para a indústria. Houve uma campanha maciça para se coletar ferramentas e transformá-las em habilidade industrial. Como maneira de demonstrar esperança para o futuro, os coletivizados eram encorajados a fazer enormes banquetes e a comer de tudo, principalmente carne. Esse era um modo de mostrar a crença de que a colheita do ano seguinte seria ainda mais farta.

Mao tinha essa idéia de que ele sabia como cultivar os grãos. Ele proclamou que "as sementes são mais felizes quando cultivadas juntas" - e então as sementes foram semeadas em densidades de cinco a dez vezes maiores do que a normal. As plantas morreram, o solo secou, e o sal subiu à superfície. Para impedir que os pássaros comessem os grãos, os pardais foram exterminados, o que aumentou imensamente o número de parasitas. Erosões e enchentes se tornaram endêmicas. Plantações de chá foram transformadas em plantações de arroz, sob o argumento de que o chá estava em decadência e era coisa de capitalista. Equipamentos hidráulicos construídos para servir às novas fazendas coletivas não funcionavam e não tinham peças para reposição. Isso levou Mao a colocar nova ênfase na indústria, que surgiu forçadamente nas mesmas áreas da agricultura, levando a um caos ainda maior. Os trabalhadores eram arrastados de um setor para outro, e cortes obrigatórios em alguns setores eram compensados com um aumento obrigatório das quotas em outros setores.

Em 1957, o desastre estava por todos os lados. Os trabalhadores estavam tão enfraquecidos que eram incapazes até mesmo de colher suas escassas safras; e assim eles morriam, vendo o arroz apodrecer. As indústrias se avolumavam, mas não produziam nada de útil. A resposta do governo foi dizer às pessoas que gorduras e proteínas eram desnecessárias. Mas a fome não podia ser negada. O preço do arroz subiu de 20 a 30 vezes no mercado negro. Como as trocas foram proibidas entre os grupos coletivistas (você sabe, a tal da auto-suficiência), milhões ficaram à míngua. Já em 1960, a taxa de mortalidade pulou de 15 por cento para 68 por cento, e a taxa de natalidade despencou. Quem quer que fosse pego estocando grãos era fuzilado. Camponeses flagrados com a menor quantia imaginável eram aprisionados. Fogueiras foram banidas. Funerais foram proibidos, pois eram considerados esbanjadores.

Aldeões que tentavam fugir dos campos para as cidades eram fuzilados nos portões. Os mortos de fome atingiam 50 por cento em alguns vilarejos. Os sobreviventes ferviam grama e cascas de árvore para fazer sopa, enquanto outros vagueavam pelas estradas à procura de comida. Algumas vezes eles se bandeavam e atacavam casas, procurando por restos do milho que era servido ao gado. As mulheres eram incapazes de engravidar devido à desnutrição. Pessoas nos campos de trabalho forçado foram usadas em experimentos com comidas, provocando doenças e mortes.

Mas isso ainda era pouco. Em 1968, um membro da Guarda Vermelha, de 18 anos, chamado Wei Jingsheng, encontrou refúgio em uma família de um vilarejo em Anhui, e ali ele viveu para escrever o que ele viu:

"Caminhávamos juntos ao longo do vilarejo. . . Diante de meus olhos, entre as ervas daninhas, surgiu uma das cenas que já me haviam contado: um dos banquetes no qual as famílias trocam suas crianças para poder comê-las. Eu podia vislumbrar claramente a angústia nos rostos das famílias enquanto elas mastigavam a carne dos filhos dos amigos. As crianças que estavam caçando borboletas em um campo próximo pareciam ser a reencarnação das crianças devoradas por seus pais. O que fez com que aquelas pessoas tivessem de engolir aquela carne humana, entre lágrimas e aflições - carne essa que elas jamais se imaginaram provando, mesmo em seus piores pesadelos?"

O autor dessa passagem foi preso como traidor, mas seu status o protegeu da morte, e ele foi finalmente solto em 1997.

Quantas pessoas morreram durante a fome de 1959-1961? A menor estimativa é de 20 milhões. A maior, de 43 milhões. Finalmente, em 1961 o governo cedeu e permitiu alguma importação de comida, mas foi pouco e já era tarde. Foi permitido a alguns camponeses voltar a plantar em sua própria terra. Surgiram algumas oficinas particulares. Alguns mercados foram permitidos. Finalmente, a fome começou a diminuir e a produção começou a crescer.

Mas então veio a terceira etapa: achar os bodes expiatórios. O que havia causado toda a calamidade? A resposta oficial era qualquer coisa, menos o comunismo; qualquer coisa, menos Mao. E então a captura de pessoas por motivos puramente políticos começou novamente — e aqui chegamos ao núcleo da Revolução Cultural. Milhares de campos e centros de detenção foram abertos. As pessoas que eram mandadas para lá, morriam lá. Na prisão, utilizava-se das desculpas mais fracas possíveis para se eliminar alguém - tudo para haver sobras alimentícias, uma vez que os prisioneiros eram um fardo para o sistema, de acordo com o pensamento de quem estava no comando. Esse sistema penal, o maior já construído, era organizado em um estilo militar, com alguns campos mantendo por volta de 50.000 pessoas.

Havia um critério para se aprisionar alguém: os indivíduos eram abordados aleatoriamente e recebiam ordens de prisão de maneira indiscriminada. Isso acontecia com ampla freqüência. Todos tinham que carregar consigo uma cópia do Pequeno Livro Vermelho, de Mao. Questionar a razão da prisão era em si uma evidência de deslealdade, já que o estado era infalível. Uma vez preso, o caminho mais seguro era a confissão instantânea. Os guardas eram proibidos de usar de violência aberta, de modo que assim os interrogatórios durassem centenas de horas, o que frequentemente fazia com que os prisioneiros morressem durante o processo. Aqueles que tivessem seus nomes citados durante uma confissão eram então caçados e recolhidos. Após ter passado por esse processo, você era mandado para um campo de trabalhos forçados, onde seria avaliado de acordo com o número de horas que seria capaz de trabalhar com pouca comida. Você não poderia comer carne nem qualquer tipo de açúcar ou azeite. Os prisioneiros passariam então a ser controlados pela racionalização do pouco da comida que tinham.

A fase final dessa incrível litania de criminalidade durou o período de 1966 até 1976, durante o qual o número de mortos caiu dramaticamente, variando "apenas" entre um milhão e três milhões. O governo, agora cansado e nos primeiros estágios da desmoralização, começou a perder o controle, primeiro dentro dos campos de trabalhos forçados, e então na zona rural. E foi esse enfraquecimento que levou ao período final, e de certa forma o mais cruel, da história comunista da China.

Os primeiros estágios da rebelião ocorreram da única maneira permissível: as pessoas começaram a criticar o governo por ser muito frouxo e muito descompromissado com o ideal comunista. Ironicamente, isso começou a surgir exatamente no momento em que a moderação se tornou manifesta na Rússia. Os neo-revolucionários da Guarda Vermelha começaram a criticar os comunistas chineses como sendo "reformistas a la Khrushchev". Como um escritor apontou, a guarda "se levantou contra seu próprio governo com o intuito de defendê-lo".

Durante esse período, o culto à personalidade de Mao chegou ao seu ápice, com o Pequeno Livro Vermelho atingindo um prestígio mítico. Os Guardas Vermelhos perambulavam pelo país tentando expurgar Quatro Coisas Antiquadas: idéias, cultura, costumes e hábitos. Os templos remanescentes foram obstruídos. Óperas tradicionais foram banidas, tendo a Ópera de Beijing todos os seus vestuários e cenários queimados. Monges foram expulsos. O calendário foi modificado. Todo o cristianismo foi banido. Animais de estimação como pássaros e gatos foram proibidos. Humilhação era a palavra de ordem.

Assim foi o Terror Vermelho: em sua capital, ocorreram 1.700 mortes e 84.000 pessoas fugiram. Em outras cidades, como Xangai, os números eram ainda piores. Começou uma limpeza maciça dentro do partido, com centenas de milhares presos e muitos assassinados. Artistas, escritores, professores, técnicos: todos eram alvos. Massacres organizados ocorriam em comunidades seguidas, com Mao aprovando cada passo como meio de eliminar cada possível rival político. Mas, interiormente, o governo estava se fragmentando e rachando, mesmo que externamente ele tivesse se tornado ainda mais brutal e totalitário.

Finalmente, em 1976, Mao morreu. Em poucos meses, seus conselheiros mais próximos foram todos encarcerados. A reforma começou lenta a princípio, mas depois atingiu uma velocidade assustadora. As liberdades civis foram restauradas (comparativamente) e as reabilitações começaram. Os torturadores foram processados. Os controles econômicos foram gradualmente relaxados. A economia, por virtude da iniciativa humana e da iniciativa econômica privada, se transformou.

Tendo lido tudo isso, você agora faz parte da minúscula elite de pessoas que sabem alguma coisa sobre o maior campo de morte da história do mundo, que foi no que a China se transformou entre 1949 e 1976 — um experimento de controle total, algo que jamais se viu na história. Muitas pessoas hoje sabem mais sobre as baterias de celulares chinesas que explodem do que sobre as centenas de milhões de mortos e a inenarrável quantidade de sofrimento ocorrida sob o comunismo.

Quando você ouvir sobre produtos de baixa qualidade vindos da China, ou sobre trigo insuficientemente processado, imagine milhões sofrendo de uma fome dantesca, com pais trocando seus filhos para comê-los e, assim, permanecerem vivos. Não me diga que aprendemos alguma coisa com a história. Sequer conhecemos a história o suficiente para aprender algo com ela.
Não é o capitalismo que irá ruir, o capitalismo é a geração/produção de riqueza, se ele ruir, estamos literalmente mortos por inanição.

Capitalismo - a grande invenção da humanidade
A era das trevas, a era da veneração do estado - isto é, a era sangrenta do comunismo, do nacional socialismo, do fascismo e do planejamento central - infelizmente não ficou restrita apenas aos livros de história. Os últimos acontecimentos mundiais mostram que a liberdade e o bem-estar da humanidade estão sob sério risco de voltar a ser massacradas pelos governos. E o que é pior: dessa vez, planeja-se um massacre coordenado em escala mundial.

Nunca foi tão necessário conscientizar as pessoas da realidade e reafirmar nossa lealdade à liberdade humana, que é a base da prosperidade e da própria civilização. Para isso, é necessário o repúdio geral e incondicional a toda força ideológica que se opõe a isso.

Os primeiros ataques empreendidos pelos inimigos da liberdade vieram ainda no início do século XX, com a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Bolchevique. Esses dois eventos acabaram com a esperança e o ânimo de toda uma geração de liberais clássicos, pois interromperam sangrenta e dolorosamente séculos de progresso em direção à paz e à liberdade. Aqueles homens entenderam algo que hoje nós próprios ainda não entendemos: os momentos da história humana caracterizados pelo conforto e pela segurança (para não falar da prosperidade) infelizmente são raros.

A verdade é que, para as massas, a história do último milênio foi uma história de fome, escassez e doenças. Na Inglaterra do século XII, por exemplo, ocorria uma crise de inanição generalizada a cada 14 anos. Do século XIII ao século XVII, a escassez de alimentos aparecia a cada 10 anos. Hoje em dia, a fome não tem qualquer relação com o que chamamos de 'privações' - exceto em países da África, onde não há nem resquícios de capitalismo. Esses episódios, comuns à época, mataram dezenas de milhares, e obrigaram as pessoas a comer cachorros e cascas de árvores.

E mesmo aqueles que não sofriam com a fome, não viviam com conforto. Para a maioria das pessoas, as casas eram minúsculas, com um buraco em seus tetos de junco e palha para permitir que a fumaça saísse. As cidades tinham apenas uma bomba d'água, que era a fonte de toda a cidade. A rede sanitária era precária, e surtos de lepra, escorbuto e tifóide eram coisas comuns e esperadas. As pessoas se consideravam abençoadas quando seu filho conseguia sobreviver ao primeiro ano de vida, ao passo que poucos adultos passavam dos 30 anos.

Oportunidade econômica era algo desconhecido, assim como a ideia de se ter uma prosperidade material em contínuo avanço. A primeira ruptura nessa longa história de sofrimento aconteceu com o surgimento das sociedades comerciais da Espanha e do norte de Itália, e depois com a revolução industrial na Grã-Bretanha. As pessoas passaram então a fugir em manada do interior em direção às fábricas. Hoje nos dizem que as condições de trabalho nessas fábricas eram deploráveis, com longas e duras horas de trabalho.

Mas comparadas a quê? A alternativa para a maioria das pessoas era viver como um indigente ou como uma prostituta - ou morrer de fome nas áreas rurais.

Muito pouca atenção é dada aos heróicos proprietários das primeiras fábricas. Eles geralmente eram pessoas humildes, que incorreram em enormes riscos empresariais e que reaplicavam seus lucros na expansão das fábricas, em benefício dos trabalhadores.

Eles conseguiram abrir suas fábricas mesmo sob forte oposição das elites já estabelecidas, que não queriam concorrência e que os acusavam de estar enchendo a cidade de "gentalhas" e "ralés". O único apoio intelectual que esses empreendedores tinham vinha dos economistas liberais clássicos, que perceberam que essa iniciativa empreendedorial representava liberdade e prosperidade para o homem comum.

O que estava sendo produzido nessas fábricas? Não eram bens para a nobreza, mas vestuários e equipamentos utilizados pelas pessoas comuns para melhorar sua vida diária. Como disse Mises, essa foi a primeira vez na história em que a produção em massa foi feita para as massas (leia a exposição de Mises sobre a revolução industrial, começando na página 859 de Ação Humana).

A população da Inglaterra dobrou no século seguinte à revolução industrial - prova evidente de que tal revolução expandiu dramaticamente o padrão de vida das pessoas comuns. Em nossa geração também pudemos testemunhar uma extraordinária evolução da livre iniciativa sempre que e onde quer que a liberdade tenha sido permitida. Apenas considere que em 1900, a expectativa média de vida no mundo era de 30 anos. Hoje, essa média é maior que 65. É isso que explica o extraordinário aumento da população global.

Mas qual foi a causa fundamental disso? O desenvolvimento econômico, que nos trouxe alimentos abundantes, boa nutrição, saneamento e um grande avanço medicinal. E veja nosso comportamento contemporâneo: assumimos que lanchonetes, restaurantes e supermercados com enormes variedades são coisas comuns, que sempre existiram e sempre existirão. Ficamos irritados quando acaba o estoque de contra-filé do supermercado, e sequer tocamos na alface que já murchou na prateleira. Deveríamos ter em mente que somos apenas a terceira ou a quarta geração na história do mundo que tem acesso rotineiro a essas coisas "banais" todos os dias do ano.

E o que é, por sua vez, a causa de todo esse desenvolvimento econômico? Essa tão vilipendiada instituição chamada capitalismo, uma palavra que significa nada mais do que liberdade de gerir a sua propriedade, de fazer trocas voluntárias e de inovar. O capitalismo se mostrou o mais espetacular motor do progresso humano, e sua expansão foi a maior ideia dos últimos séculos. Todo o conforto material de que desfrutamos hoje devemos à economia de mercado, a menos compreendida e mais atacada fundação de vida civilizada.

Mas por que o capitalismo, a economia de mercado e a liberdade, com todos os seus benefícios intrínsecos e óbvios, precisam de uma implacável e inflexível defesa intelectual? Por causa de declarações como a seguinte:

"A legitimidade do capitalismo global como o sistema dominante de produção, distribuição e trocas será erodido ainda mais, até o nervo central de seu sistema...; embora os vilões já tenham sido abundantemente apontados, todo o problema central está na dinâmica desse sistema capitalista global, desregulado e voltado para as finanças."

As palavras acima são do sociólogo e economista Walden Bello, mas em nada diferem das palavras normalmente proferidas por Paul Krugman, Joseph Stiglitz, pelos chicaguistas e por todos à esquerda, à direita e ao centro. Certamente essa convicção de que o problema está no sistema de mercado é acolhida gostosamente por todos os burocratas que atualmente regulam todo o mercado financeiro e provavelmente por quase todos os professores universitários mundiais.

"O capitalismo precisa de consciência", dizem em uníssono, pois de outra forma acabará sendo consumido pela "ganância destrutiva" dos capitalistas. Alan Greenspan, o responsável-mor pela bagunça, concorda entusiasmadamente, acrescentando que quando a ganância torna-se "infecciosa", ela desestabiliza os mercados.

"Esse capitalismo desregulamentado tem de acabar", esperneia a mídia, sempre desnorteada, exigindo que os bancos centrais assumam o controle (o qual nunca abandonaram) e apliquem regulamentações punitivas ao mercado, dando-lhe uma "consciência" e acabando com essa "ganância infecciosa".

A maior regulação dos mercados financeiros é apenas o começo. Os gastos governamentais em todo o mundo estão explodindo. O protecionismo já se avizinha. O estado policial já está atacando os indivíduos e as comunidades que ousam manter sua segurança e privacidade. Países que até então zelavam pela privacidade de seus habitantes - como Suíça, Andorra e Liechtenstein - já foram abertamente ameaçados pelas grandes potências, que acham intolerável a ideia de sigilo bancário. Com a arrecadação em queda, políticos ameaçam colocar na cadeia empresários sob qualquer suspeita de sonegação - isto é, o pecado supremo de querer manter para si os frutos de seu próprio trabalho.

Vamos deixar de lado nesse artigo todas as evidências (abundantemente relatadas aqui) de que o atual colapso econômico é uma consequência óbvia da intervenção governamental na moeda, nos juros, nos mercados de crédito, bem como da própria regulação dos mercados financeiros. Ao invés de nos centrarmos nessas obviedades, vamos nos concentrar apenas nas críticas e protestos feitos pelos que defendem mais regulamentações. Eles dizem não querer erradicar a economia de mercado e substituí-la pelo socialismo; eles querem apenas melhorá-la, deixá-la mais transparente, torná-la mais honesta e salvá-la de si própria. Essa é a argumentação favorita dos moderados, que se dizem a favor do mercado, mas contra um capitalismo sem controles. (A óbvia contradição entre mais controle estatal e mais honestidade e transparência é algo também desnecessário de ser explorado aqui).

A pergunta fundamental que deve ser feita a essas pessoas é: vocês acreditam que o capitalismo é maculado pelos pecados dos indivíduos - sendo que, nesse caso, nenhum sistema social poderia ser melhor, uma vez que todos são compostos por indivíduos pecaminosos -, ou vocês acreditam que há um pecado na raiz do capitalismo em si e que este pode e deve ser suprimido pelo estado?

É claro que sabemos a resposta real deles. Afinal, se estamos falando de pecados dos indivíduos, o mercado tem sido brutal em sua punição. Da mesma forma que, durante a expansão artificial fomentada pelo crédito fácil, as pessoas ignoraram preocupações básicas como histórico de crédito, sustentabilidade dos investimentos e rentabilidade das empresas, o mercado está agora fazendo uma caça justamente àquelas empresas e pessoas que cometeram erros, que investiram no que não deveriam e que deram dinheiro para quem não podia pagar. Por mais que o governo tente salvar essas empresas, o resultado final é inevitável. E isso é ótimo. Não importa se o problema foi ganância, erro ou apenas um mau prognóstico, os mercados são implacáveis. A bancarrota será o resultado. Que estejam utilizando dinheiro do contribuinte para tentar adiar os problemas e salvar empresas com boas conexões políticas, é algo que, além de imoral, trará resultados maléficos mais pra frente. Nenhuma instituição - e certamente não o governo - tem um maior desejo de se corrigir a si própria do que o mercado.

Entretanto, se você acredita que há algum pecado no coração do capitalismo, então de fato não faz sentido permitir que o mercado se policie a si próprio. Essa possibilidade será dispensada logo de início, um hábito endêmico tanto no intervencionista quanto no socialista totalitário. Trata-se de uma mentalidade muito perigosa, pois, uma vez que os reguladores estiverem livres para "corrigir" a economia de mercado, não haverá fim à quantidade de falhas e defeitos que a classe política - para proveito próprio - irá descobrir e tentar corrigir.

O resultado final serão mercados restringidos e aleijados até o ponto em que não conseguirão fazer o que supostamente devem fazer. Na melhor das hipóteses, teremos uma sociedade imóvel, burocratizada e paralisada, com escassez de inovações e oportunidades, tendo de sustentar um estado assistencialista improdutivo e recheado de corrupção política. Isso, por sua vez, irá infectar toda a mentalidade das pessoas, encorajando uma atitude de dependência, algo contrário ao espírito empreendedor, que é o que traz desenvolvimento.

Parece absurdo ter de dizer isso, mas a legitimidade do capitalismo não está em questão. Não fosse a misteriosa persistência desse viés anticapitalista, já estaria perfeitamente claro para todos que a única instituição que deve ser seriamente questionada atualmente é o estado regulatório e seus bancos centrais - este, o causador da bagunça; aquele, o inibidor da recuperação.

Pense bem nessa histeria que estamos vendo, a quem estão direcionando a culpa e a quem estão pedindo soluções, e você terá a perfeita definição de um mundo às avessas. É algo não apenas incrível, como também assustador. A economia de mercado criou uma prosperidade incomensurável e, década após década, século após século, miraculosos feitos de inovação, produção, distribuição e coordenação social. Ao livre mercado devemos toda a nossa prosperidade material, todo o nosso tempo de lazer, nossa saúde e longevidade, nossa enorme e crescente população e praticamente tudo o que chamamos de vida em si. O capitalismo, e apenas o capitalismo, salvou a humanidade da pobreza degradante, das enfermidades desenfreadas e da morte prematura.

Na ausência da economia capitalista e de todas as suas instituições essenciais, a população mundial iria, com o passar do tempo, definhar até uma pequena fração do seu tamanho atual, sendo que o que sobrasse da raça humana seria sistematicamente reduzido à subsistência, comendo apenas o que pudesse ser caçado ou acumulado. Mesmo a instituição que é em si a fonte da palavra civilização - a cidade - depende das trocas e do comércio, e não poderia existir sem isso.

E isso é apenas para mencionar os benefícios econômicos do capitalismo. Mas o sistema também é uma expressão de liberdade. Ele não é exatamente um sistema social; ele é o resultado natural de uma sociedade em que os direitos individuais são respeitados, em que as famílias, os negócios e toda forma de associação podem se desenvolver sem coerção, roubo, guerra e agressão.

O capitalismo puro protege o fraco do forte, e garante liberdade de escolha e de oportunidade para as massas que antes não tinham outra opção que não viver em um estado de dependência em relação àqueles que detinham os poderes políticos.

Compare o histórico do capitalismo com o do estado, que, apenas no século passado, matou centenas de milhões de pessoas com suas guerras, com seus campos de concentração e com a fome provocada tanto pela economia planejada quanto deliberadamente, como estratégia política. E o próprio histórico do tipo de planejamento central que agora está sendo imposto ao mundo é totalmente abismal.

Sempre que o estado tenta erradicar alguma coisa - desemprego, pobreza, drogas, ciclos econômicos, analfabetismo, crime, terrorismo - ele acaba gerando mais daquilo, muito mais do que seria gerado caso ele não tivesse feito absolutamente nada.

O estado nunca criou nada de bom. Foi o mercado quem criou tudo. Mas se a bolsa cai 40% em um ano, o que acontece? Os principais intelectuais se assanham e saem propagando novamente que a Revolução Bolchevique foi uma ótima ideia, ainda que os resultados não tenham sido bem aqueles que os idealistas desejavam. Todos começam a dizer que devemos repensar todas as bases da própria civilização.

Em toda sociedade há ganância, fraude e roubo. Nas sociedades socialistas, quando esse tipo de comportamento é denunciado - embora a regra seja haver uma luta contínua e sanguinária pelo poder - poucos se importam. Alguns até atribuem isso aos resquícios de pensamento capitalista. Agora, quando esses vícios são denunciados em economias relativamente livres, a gritaria é inevitável: acabem com a liberdade de troca e coloquem o estado no comando!

Por fim, voltando à pergunta original: por que o capitalismo, a economia de mercado e a liberdade, com todos os seus benefícios intrínsecos e óbvios, precisam de uma implacável e inflexível defesa intelectual?

Considere a descrição que Ludwig von Mises fez da cultura intelectual predominante em 1931, quando o mundo ia se afundando na depressão econômica:

O sistema econômico capitalista, que é o sistema social baseado na propriedade privada dos meios de produção, é hoje rejeitado unanimemente por todos os governos e partidos políticos. Mas nenhum acordo similar foi feito em relação a qual sistema econômico deve substituí-lo no futuro. Muitos, embora nem todos, veem o socialismo como o objetivo final. Eles teimosamente rejeitam o resultado do exame científico da ideologia socialista, o qual demonstrou a impossibilidade econômica do socialismo. Eles se recusam a aprender com os experimentos socialistas da Rússia e de outros países europeus.

Entretanto, considerando-se o objetivo da atual política econômica, há um completo acordo entre as partes. A finalidade é um arranjo econômico que supostamente deve representar uma solução conciliatória, um "meio-termo" entre socialismo e capitalismo. Não há a intenção de abolir a propriedade privada dos meios de produção. A propriedade privada poderá continuar existindo, embora sendo regulada, dirigida e controlada pelo governo e por outros agentes do aparato coercivo do governo. Com relação a esse sistema intervencionista, a ciência econômica demonstra com indiscutível lógica que ele é contrário à razão; que essas intervenções, que objetivam moldar o sistema, jamais poderão cumprir os objetivos que seus proponentes esperam alcançar, e que cada intervenção terá consequências inesperadas e indesejáveis.

Após Mises ter escrito isso, o fascismo se intensificou na Itália e o Terceiro Reich começou seu programa de extremo intervencionismo, militarismo e protecionismo na Alemanha. O New Deal chegou aos EUA e tudo terminou em uma guerra mundial e em um holocausto. Quanto você acha que as coisas realmente mudaram de lá pra cá? O ódio ao mercado deve ser retaliado com a defesa da liberdade, em todas as gerações. Não é exagero algum dizer que nossas vidas dependem disso.
 
Tá certo, agora expliquem para o ignorante: A crise chega com toda força no Brasil, mas e aí, em que isso afeta o seu "João" que trabalha na padaria e recebe R$1.500? Ou o seu "Pedro" que se aposentou e agora só quer saber de comer, dormir e pescar?

vai faltar trigo no mercado mundial, e a padaria onde o João trabalha vai fechar. Já a Previdência Social brasileira vai quebrar, com a queda bruta dos valores dos papéis brasileiros, e o governo brasileiro não vai ter como pagar os aposentados.
 
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vai faltar trigo no mercado mundial, e a padaria onde o João trabalha vai fechar. Já a Previdência Social brasileira vai quebrar, com a queda bruta dos valores dos papéis brasileiros, e o governo brasileiro não vai ter como pagar os aposentados.

Tomara que fique só nisso, mas pelo o que sei, não consigo acreditar nessa paz toda.
 
Façam o certo, não acreditem na crise, invistam agora pra colher depois.

Tenho 48 anos e trabalho há 32. Desde que comecei a trabalhar, ouço falar em crise. Nesse tempo todo, muita gente que nem existia, ficou rica. Muita empresa foi criada, muita empresa fechou, governos se iniciaram e terminaram, regimes cairam, outros surgiram.

O mundo não parou, exceto pra quem ficou no meio do caminho, por causas naturais, ou culpa própria.

Mande a crise pra **** que o pariu, e faça seu caminho. E só existe um jeito de fazer isso: com fé, sem desistir, enfrentando o hoje, sempre.
 
Façam o certo, não acreditem na crise,
Você pelo menos sabe definir o que vem a ser uma crise? Dica: Quantas crises já ocorreram em Cuba?

invistam agora pra colher depois.
Investir em que? Colher o que? Que tal investir no fundo de Bernard Madoff ou na Tulipmania ocorrida na Holanda do século XVII? Ah, não precisa, esqueci que temos um Esquema Ponzi muito maior e complexo em funcionamento, aliás já estamos nele! No esquema ponzi quem sai primeiro sai com lucro, quem fica se fode! Será por isso que quer que os outros continue? Pra continuar por cima da carniça?

Tenho 48 anos e trabalho há 32. Desde que comecei a trabalhar, ouço falar em crise. Nesse tempo todo, muita gente que nem existia, ficou rica. Muita empresa foi criada, muita empresa fechou, governos se iniciaram e terminaram, regimes cairam, outros surgiram.

Ótimo que você seja um trabalhador, seu trabalho com certeza melhorou a vida de muitos, mas é uma pena que nesse
ínterim quem mais se beneficiou e quem vai continuar se beneficiando não foi você. Você acha que é dono do que considera possuir? Você por acaso sabe o quanto do PRODUTO de seu trabalho foi confiscado e continua sendo?

O mundo não parou, exceto pra quem ficou no meio do caminho, por causas naturais, ou culpa própria.

Não se esqueça dos que ficaram no meio do caminho roubados ou mortos por outros.

Mande a crise pra **** que o pariu, e faça seu caminho.

Quando sentir fome, você também manda a fome pra *** que pariu. Quando entrar em guerra manda a guerra pra *** que pariu. Quando estiver no limiar da morte, manda a morte pra *** que pariu!

E só existe um jeito de fazer isso: com fé, sem desistir, enfrentando o hoje, sempre.

Obrigado por nos motivar. É sempre bom. Mas motivar para o quê mesmo?
 
Você pelo menos sabe definir o que vem a ser uma crise? Dica: Quantas crises já ocorreram em Cuba?


Investir em que? Colher o que? Que tal investir no fundo de Bernard Madoff ou na Tulipmania ocorrida na Holanda do século XVII? Ah, não precisa, esqueci que temos um Esquema Ponzi muito maior e complexo em funcionamento, aliás já estamos nele! No esquema ponzi quem sai primeiro sai com lucro, quem fica se fode! Será por isso que quer que os outros continue? Pra continuar por cima da carniça?



Ótimo que você seja um trabalhador, seu trabalho com certeza melhorou a vida de muitos, mas é uma pena que nesse
ínterim quem mais se beneficiou e quem vai continuar se beneficiando não foi você. Você acha que é dono do que considera possuir? Você por acaso sabe o quanto do PRODUTO de seu trabalho foi confiscado e continua sendo?



Não se esqueça dos que ficaram no meio do caminho roubados ou mortos por outros.



Quando sentir fome, você também manda a fome pra *** que pariu. Quando entrar em guerra manda a guerra pra *** que pariu. Quando estiver no limiar da morte, manda a morte pra *** que pariu!



Obrigado por nos motivar. É sempre bom. Mas motivar para o quê mesmo?

Triste o seu pessimismo... enquanto vc chora o mundo gira, e muitos estão vencendo.
 
A bolha imobiliária chinesa finalmente está estourando
por James E. Miller, terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Ouviu esse barulho? Trata-se daquele som familiar de mais uma bolha gerada pela expansão monetária de um banco central estourando.

Após anos de especulação, parece que toda a agressiva expansão monetária engendrada pelo Banco Central da China finalmente está apresentando a conta para aquele país outrora comunista. Como explicou Mises em sua famosa passagem em Ação Humana (cap. XX, sec. 8):

Não há meio de evitar o colapso final de um boom provocado pela expansão de crédito. A única alternativa é entre uma crise que virá mais cedo, provocada pela decisão voluntária de não se expandir mais o crédito, ou mais tarde, em decorrência de uma total e decisiva catástrofe de todo o sistema monetário.

No jornal britânico The Telegraph, o experiente jornalista Ambrose Evans-Pritchard escreve:

É difícil obter dados confiáveis sobre a China, mas sabemos que algo está definitivamente errado quando o Homelink, um website sobre imóveis daquele país, obtém a permissão de noticiar que os preços dos imóveis novos em Pequim caíram 35% em novembro em relação ao mês anterior. Se tal informação for verdadeira, ainda que remotamente, então aquele pouso suave almejado pelas autoridades chinesas foi extremamente mal calculado, e corre o risco de ficar fora de controle.

A taxa de crescimento anual do agregado monetário M2 caiu para 12,7% em novembro, o valor mais baixo em 10 anos. A concessão de novos empréstimos encolheu 5% em termos mensais. O banco central começou a reverter sua política de aperto monetário agora que a inflação de preços começou a arrefecer, reduzindo a taxa do compulsório pela primeira vez de 2008 com o intuito de atenuar a contração da liquidez.

Na bolsa, as ações chinesas estão piscando vários sinais de alerta. O índice de Xangai já caiu 30% desde maio. Em relação ao pico de 2008, a queda já é de 60%, quase o mesmo tanto, em termos reais, da queda ocorrida em Wall Street de 1929 a 1933.

Com várias manifestações desencadeadas pelos seguidos aumentos nos preços dos alimentos, a China está entre a cruz e a espada, tentando encontrar por meio de mais impressão de dinheiro uma saída para o desastre monetário que criou para si própria. A queda brusca na taxa de crescimento do agregado monetário M2 é um claro sinal de que uma forte desaceleração econômica está por vir. Em julho de 2008, a taxa de crescimento do M2 nos EUA literalmente despencou. Todos sabemos o que aconteceu dois meses depois. Para uma economia impulsionada por uma maciça expansão do crédito, o mais mínimo solavanco no fluxo de criação de dinheiro pode gerar desastrosas consequências.

Após passar todo o ano elevando a taxa do compulsório, no vão esforço de tentar restringir a inflação de preços, o banco central chinês voltou a reduzir o compulsório há duas semanas, pela primeira vez em quase três anos; foi um claro sinal de que as autoridades monetárias chinesas estão lutando para tentar controlar a sua fatigada economia. Mas o planejamento central nunca funciona, obviamente. Ele consegue apenas criar mais distorções no mercado à medida que os burocratas tentam comandar e coordenar as ações individuais de milhões de pessoas — no caso da China, de mais de um bilhão.

Para constatar os explícitos exemplos de investimentos insustentáveis gerados pela expansão artificial do crédito na China, basta olhar para os relatos sobre os mais 60 milhões de apartamentos vagos, as cidades fantasmas e os parques de diversões abandonados.

A China está a caminho de pouso brusco graças a mais um caso de ciclo econômico de expansão e contração criado pela política monetária de crédito fácil de seu banco central. Para aqueles que entendem as nuanças da Teoria Austríaca dos Ciclos Econômicos, isso era algo já esperado. E é só agora que os 'especialistas' estão finalmente se dando conta do que está acontecendo. E estão surpresos.
 
Eu espero que aqui a bolha imobiliaria estoure lofgo. Os preços práticos em imóveis (bem, em tudo) está simplesmente ridículo. Pra se ter uma idéia o apto que eu morava em Orlando tinha 100 metros quadrados, ficava em condomínio fechado com piscinas, quadras, academia, pista de bolliche e etc... E o preço dele pra compra era de US$ 35k, aluguel US$ 700. Aqui em São José dos Campos qualquer casinha ao estilo BNH está 350 mil, e o aluguel não sai por menos de R$ 1500.
 
Eu espero que aqui a bolha imobiliaria estoure lofgo. Os preços práticos em imóveis (bem, em tudo) está simplesmente ridículo. Pra se ter uma idéia o apto que eu morava em Orlando tinha 100 metros quadrados, ficava em condomínio fechado com piscinas, quadras, academia, pista de bolliche e etc... E o preço dele pra compra era de US$ 35k, aluguel US$ 700. Aqui em São José dos Campos qualquer casinha ao estilo BNH está 350 mil, e o aluguel não sai por menos de R$ 1500.

Não é tão bom assim para você a crise como espera colega.
Preços dos outros itens subirão (quanto mais básico e essencial for), crédito é cortado, projetos de investimento e a demanda gerada por eles também = desemprego.

com os Estados Unidos e a Europa em crise, o estouro da bolha chinesa realmente é preocupante. Agora, a China não vai ter grana para emprestar para os Estados Unidos ou para os países europeus. Como as economias destes países é completamente dependente de empréstimos para continuar funcionando, a coisa deve ficar feia no próximo ano. A China não vai conseguir vender seus produtos para os grandes consumidores, porque estes simplesmente não terão como pagar por eles. Também quem vende pra a China vai ter problemas sérios. Se os Estados Unidos resolverem substituir os empréstimos por simples impressão de dinheiro (o que provavelmente vai acontecer), então o Dólar vai virar pó, e as reservas internacionais do Brasil vão ser tão inúteis quanto um depósito de areia no meio do deserto do Saara. Isso sem mencionar a nossa própria bolha imobiliária.

O que me preocupa é que, em casos como estes, as pessoas costumam procurar por soluções rápidas, não se importando de onde elas venham. Um ser iluminado que proponha a instituição de um governo mundial, com a economia completamente controlada, não só será ouvido, como poderá ter o apoio da maior parte da população mundial, que nem sequer desconfia de qual a origem desta crise.
 

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