Cartões de natal, aniversários, casamentos, reconciliação, viagens...
Muitos desses cartões devem estar com os dias contados. Acabar de vez eu não creio, mas com certeza, a redução é evidente.
Os mais velhos devem se lembrar do procedimento padrão de fim de ano: comprar cartões, escolhendo os mais bonitos dentro do que o orçamento permitisse, preencher elaborando ou completando as frases da melhor forma possível, caprichando na letra, envolopar, selar, depositar nas caixas do correio (vocês lembram daquelas caixas amarelas?).
Gastava-se dinheiro, gastava-se tempo. Quer exemplo maior de consideração que esse?
Ou você colocava a preguiça e a avareza de lado, ou não mandava nada.
Agora é tão fácil né? Não precisa considerar muito. Um clique na lista de emails, sem custo algum, sem esforço, sem A MENOR CONSIDERAÇÃO, até aquele colega mais chato da sala ao lado acaba recebendo os seus "mais sinceros votos de um feliz natal e próspero ano novo".
Ah tecnologia...
Ao mesmo tempo que nos aproximamos, nos afastamos, nos isolamos, nos consideramos menos como seres reais de carne e osso e passamos a nos tornar JPGs photoshopados emoldurando um perfil mais ou menos verdadeiro no Orkut.
Nossa árvore de natal ficou meio vazia esse ano. A maioria, a esmagadora maioria dos nossos amigos, no entanto, entupiu nosso email, nossa página no Orkut, com mensagens vazias, padronizadas, digitais, frias, práticas, rápidas, baratas, preguiçosas.
Quanta consideração.
E nós? Enviamos nada pelo correio. Nem um simples cartão anexado aos presentes embaixo da mesma árvore.
Acredito que certos tipos de cartões ainda devam persistir por muitos anos: convites de casamento, cartões de visita, cartões que acompanham cestas e flores.
Mas o cartão que vale mesmo hoje em dia é o cartão de crédito internacional, ligado ao paypal, pra você poder comprar sem sair de casa, enviar o presente junto com o cartão virtual diretamente pra casa do seu "melhor amigo".
Comprei um jogo pro meu filhote. Pelo steam. Que coisa, mandei como gift, e lá foi, "Best Wishes, Papai"... best wishes...
Sem caixinha, sem embrulho, sem perder tempo, sem envolver minha energia, minhas emoções... frio como um bom momento tecnológico tem que ser.
As vezes a dificuldade de se fazer algo é boa. Ou você faz, porque esse algo é realmente importante pra você, e isso fica bem demonstrado pelo seu ato de faze-lo, ou você não faz, tendo até uma boa desculpa pra contornar as opiniões contrárias a sua falta de dedicação: "não deu tempo".
Agora a desculpa acabou. Se você não clicar e reenviar essa mensagem para os próximos 15 da sua lista, significa que você não me considera em nada, pois nem se atreveu a gastar meros 3 segundos entre um clique e outro.
Quando será que se tornará velho mandar mensagens eletrônicas inúteis que ninguém lê de verdade, já que intrinsicamente todos sabem que o amor não está impregnado nelas?
Muitos desses cartões devem estar com os dias contados. Acabar de vez eu não creio, mas com certeza, a redução é evidente.
Os mais velhos devem se lembrar do procedimento padrão de fim de ano: comprar cartões, escolhendo os mais bonitos dentro do que o orçamento permitisse, preencher elaborando ou completando as frases da melhor forma possível, caprichando na letra, envolopar, selar, depositar nas caixas do correio (vocês lembram daquelas caixas amarelas?).
Gastava-se dinheiro, gastava-se tempo. Quer exemplo maior de consideração que esse?
Ou você colocava a preguiça e a avareza de lado, ou não mandava nada.
Agora é tão fácil né? Não precisa considerar muito. Um clique na lista de emails, sem custo algum, sem esforço, sem A MENOR CONSIDERAÇÃO, até aquele colega mais chato da sala ao lado acaba recebendo os seus "mais sinceros votos de um feliz natal e próspero ano novo".
Ah tecnologia...
Ao mesmo tempo que nos aproximamos, nos afastamos, nos isolamos, nos consideramos menos como seres reais de carne e osso e passamos a nos tornar JPGs photoshopados emoldurando um perfil mais ou menos verdadeiro no Orkut.
Nossa árvore de natal ficou meio vazia esse ano. A maioria, a esmagadora maioria dos nossos amigos, no entanto, entupiu nosso email, nossa página no Orkut, com mensagens vazias, padronizadas, digitais, frias, práticas, rápidas, baratas, preguiçosas.
Quanta consideração.
E nós? Enviamos nada pelo correio. Nem um simples cartão anexado aos presentes embaixo da mesma árvore.
Acredito que certos tipos de cartões ainda devam persistir por muitos anos: convites de casamento, cartões de visita, cartões que acompanham cestas e flores.
Mas o cartão que vale mesmo hoje em dia é o cartão de crédito internacional, ligado ao paypal, pra você poder comprar sem sair de casa, enviar o presente junto com o cartão virtual diretamente pra casa do seu "melhor amigo".
Comprei um jogo pro meu filhote. Pelo steam. Que coisa, mandei como gift, e lá foi, "Best Wishes, Papai"... best wishes...
Sem caixinha, sem embrulho, sem perder tempo, sem envolver minha energia, minhas emoções... frio como um bom momento tecnológico tem que ser.
As vezes a dificuldade de se fazer algo é boa. Ou você faz, porque esse algo é realmente importante pra você, e isso fica bem demonstrado pelo seu ato de faze-lo, ou você não faz, tendo até uma boa desculpa pra contornar as opiniões contrárias a sua falta de dedicação: "não deu tempo".
Agora a desculpa acabou. Se você não clicar e reenviar essa mensagem para os próximos 15 da sua lista, significa que você não me considera em nada, pois nem se atreveu a gastar meros 3 segundos entre um clique e outro.
Quando será que se tornará velho mandar mensagens eletrônicas inúteis que ninguém lê de verdade, já que intrinsicamente todos sabem que o amor não está impregnado nelas?