[h=2]Análise revela ranking do número de mortes causadas por acidentes em cada estado brasileiro[/h]
Um estudo encomendado pela ONG CRIANÇA SEGURA revelou as principais causas de mortes acidentais, de crianças menores de 15 anos segundo os estados brasileiros. A análise mostrou, entre outros resultados, que a taxa de mortalidade do Brasil (10,6 por cem mil habitantes da idade) foi superada por grande parte dos estados e apontou os acidentes de trânsito e os afogamentos como os principais responsáveis pelos óbitos de crianças até 14 anos.Para a pesquisa, foram consultados números oficiais do Ministério da Saúde, disponíveis no DATASUS, do ano de 2007, período mais atual disponibilizado pelo banco de dados. A análise foi conduzida pela Dra. Maria Helena de Mello Jorge e Dra. Sumie Koizumi, pesquisadoras da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.Sabe-se que alguns estados notificam os dados de mortes de forma mais criteriosa e específica e outros ainda estão melhorando a sua capacidade para isso. Essas características de cada estado podem interferir nos resultados, fazendo com que tenham números maiores sendo que, na verdade, a notificação é que foi feita de forma mais adequada. Por isso, a CRIANÇA SEGURA não pretende com essa divulgação denunciar e sim mostrar a realidade dos números para chamar a atenção para a importância de se trabalhar políticas públicas de melhoria de notificação e de prevenção aos acidentes.Segundo os dados, 5.324 crianças morreram em 2007 vítimas de acidentes de trânsito, afogamentos, sufocações, queimaduras, quedas, intoxicações, acidentes com armas de fogo e outros. Os acidentes representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil.Principais resultados: No Brasil, a taxa de mortalidade de menores de 15 anos por acidentes foi de 10,6 (por cem mil habitantes). Essa taxa foi superada pela maioria dos estados. As cindo unidades que apresentaram as maiores taxas foram: Tocantins (21,9); Roraima (20,2); Mato Grosso (16,3); Amapá (15,5) e Mato Grosso do Sul (15,0). Os cinco estados que apresentaram a menor taxa foram: São Paulo (8,1); Rio Grande do Norte (8,8); Bahia (9,0); Minas Gerais (9,4) e Ceará (9,7).Análise por estados: o afogamento foi o acidente que mais apareceu em primeiro lugar no ranking levando em conta os sete estados da região Norte. Este acidente foi a primeira causa de morte de crianças até 14 anos, por acidentes, no Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá. Em Tocantins e Rondônia, os acidentes de trânsito ocuparam o primeiro lugar. Queimaduras, sufocações, envenenamentos com picadas de animais, com plantas e quedas também apareceram entre as outras causas principais.Na região Nordeste, o acidente de trânsito predominou em primeiro lugar no Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Maranhão, sendo que neste último estado, empatado com afogamentos. Na Bahia, a principal causa foi o afogamento isoladamente. Entre as outras causas apareceram as quedas, sufocações, queimaduras e outros.O acidente de trânsito também foi o principal responsável pela morte de crianças até 14 anos, por acidentes, em três estados da região Sudeste: Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Apenas no Espírito Santo, o afogamento ocupou o primeiro lugar no ranking. Para os estados que tiveram o acidente de trânsito como causa principal, o afogamento apareceu como causa secundária com exceção do Rio de Janeiro onde a sufocação ocupou o segundo lugar.Na região Sul, o acidente de trânsito predominou em primeiro lugar nos três estados: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A sufocação e afogamento apareceram como segunda a terceira causa, respectivamente, no caso do PR e RS. Somente em Santa Catarina que o afogamento ocupou o segundo posto e a queimadura, o terceiro.Mais uma vez, o trânsito foi o grande vilão. Na região Centro-Oeste, este acidente apareceu em primeiro lugar nos três estados: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e no Distrito Federal. O afogamento também foi a segunda principal causa em GO, MT e DF. No Mato Grosso do Sul, foi a sufocação que ocupou este posto.Mais sobre estes acidentes: ao considerar o total de acidentes fatais com crianças em 2007 (5.324), o trânsito representa a principal causa. Foram 2.134 mortes, sendo que 44% corresponderam aos atropelamentos, 28% aos acidentes com a criança na condição de passageira do veículo, 6% na condição de ciclista e os 22% restantes corresponderam a outros tipos de acidentes de trânsito. Os afogamentos representam a segunda causa de morte no ranking. Foram 1.382 mortes de crianças até 14 anos por afogamento em 2007. A maior parte destes acidentes acontece em águas abertas, como mares e rios. Mas os riscos podem estar no ambiente doméstico, nas piscinas, nas banheiras, bacias e baldes, caixas d’água, etc. Para uma criança que está começando a andar, por exemplo, três dedos de água representam grande perigo. Em 2007, 701 crianças até 14 anos morreram vítimas de sufocações, acidente que ocupa a terceira posição do ranking geral de mortes por acidentes. Esta é inclusive a principal causa de morte acidental de crianças de até 1 ano no Brasil. Até os 4 anos de idade, a criança fica muito exposta à este acidente pois é nesta fase que ela inicia a exploração do mundo ao seu redor por meio dos sentidos – tato, audição, paladar, visão e olfato. Nesta etapa da vida, é muito comum que os pequenos levem tudo à boca e por isso é preciso ficar atento.
[h=2]Trânsito mata mais de 40 mil brasileiros[/h]
Os brasileiros estão morrendo mais em acidentes com transporte terrestre, principalmente quando o veículo é motocicleta. É o que aponta o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, cujos dados de 2010 revelam: 40.610 pessoas foram vítimas fatais, sendo que 25% delas, por ocorrências com motocicletas. Em nove anos (de 2002 a 2010), a quantidade de óbitos ocasionados por acidentes com motos quase triplicou no país, saltando de 3.744 para 10.143 mortes.
“Os números revelam que o país vive uma verdadeira epidemia de lesões e mortes no trânsito”, alerta o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Ele observa que a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que o Brasil ocupa o quinto lugar em ocorrências como essas. “Estamos atrás apenas da Índia, China, EUA e Rússia”, completa o ministro, que, nesta quinta-feira (3), comemorou importante decisão do Supremo Tribunal Federal. Por unanimidade, a Segunda Turma do STF entendeu que o motorista que dirigir alcoolizado está cometendo crime, mesmo se não causar danos a outras pessoas. “Este é um grande avanço e certamente vai contribuir para a redução das tristes estatísticas no trânsito, principalmente em um momento que o país vive esta epidemia de lesões e mortes por acidentes. A decisão do Supremo fortalece a posição do Ministério da Saúde em apoiar uma fiscalização mais rigorosa no trânsito”, reforça Alexandre Padilha.
De acordo com o SIM, entre 2002 e 2010, o número total de óbitos por acidentes com transporte terrestre cresceu 24%: passou de 32.753 para 40.610 mortes. Entre as regiões, o maior percentual de aumento na quantidade de óbitos (entre 2002 e 2010) foi registrado no Norte (53%), seguido do Nordeste (48%), Centro-Oeste (22%), Sul (17%) e Sudeste (10%).
INTERNAÇÕES
O ministro Alexandre Padilha explica que o problema só não é ainda maior porque as ações de ampliação das unidades de urgência e emergência, como as UPAs 24h (Unidades de Pronto Atendimento) e a expansão do Samu 192 (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), vêm aumentando a proporção de vidas salvas, em relação aos óbitos.
“Há uma queda na proporção entre mortes em acidentes e internações. Nos últimos três anos, o índice cai de 0,38, passa por 029 e chega a 0,24. As ações de saúde em urgência e emergência têm conseguido reduzir a proporção de óbitos por acidentes de trânsito. Mas essa verdadeira epidemia de lesões e mortes por acidentes de trânsito aumentam muito o número absoluto de internações e óbitos”, afirma o ministro.
Em 2010, foram contabilizadas 145 mil internações no SUS causadas por acidentes, 15% a mais do que em 2009. Isso representou um investimento de R$ 190 milhões só em procedimentos específicos no Sistema Único de Saúde (SUS). No período, houve um aumento de 8% no número de óbitos.
MOTOS
Os índices de crescimento no número de mortes em consequência de acidentes com motocicletas são ainda mais alarmantes. Em nove anos, os óbitos ocasionados por ocorrências com motos mais que triplicaram na Região Sudeste, saltando de 940, em 2002, para 2.948, em 2010 – um crescimento de 214%. Os óbitos cresceram 165% no Nordeste, 158% no Centro-Oeste, 147% no Norte e 144% no Sul.
“Nesse ano, os números do primeiro semestre apontam que são 72,4 mil internações de vítimas de acidentes de trânsito. Desse total, 35,7 mil, vítimas de moto, o que representa quase 50%. A proporção continua subindo”, afirma Padilha.
ÁLCOOL X DIREÇÃO
O ministro reforça a importância da prevenção e da fiscalização da Lei Seca, que reduziu drasticamente a tolerância da relação álcool e direção. “Houve uma redução de até 30% nas regiões que tiveram uma ação mais eficaz na fiscalização”, disse. Ele reforçou que o Ministério da Saúde apoia projetos de lei em discussão no Congresso Nacional que aumentam a pena de motoristas que sejam identificados alcoolizados e a anulação de qualquer parâmetro mínimo de nível alcoólico ao volante.
Propostas como essas estão contidas no Plano da Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020. “Eu, como ministro da Saúde, defendo medidas que apertem a fiscalização sobre a Lei Seca, a direção alcoolizada, a segurança no trânsito e o uso de capacete e colete refletor por motociclistas”, afirma Alexandre Padilha. Para ele, outros projetos também avançam nesse sentido, como a obrigatoriedade de apresentação de carteira de motorista para a compra de motos e a padronização nacional dos boletins de informação de acidentes de trânsito.
AÇÕES
O Sistema Único de Saúde conta com um conjunto de ações de promoção de saúde e prevenção e vigilância de acidentes, violências e seus fatores de risco. Para a prevenção, por exemplo, os ministérios da Saúde e das Cidades assinaram, no último mês de maio, o Pacto Nacional pela Redução dos Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida.
A meta é estabilizar e reduzir o número de mortes e lesões em acidentes de transporte terrestre nos próximos dez anos, como adesão ao Plano da Década de Ações para a Segurança no Trânsito 2011-2020, recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), com a coordenação da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Outra iniciativa é o Projeto Vida no Trânsito, lançado em junho de 2010. O principal objetivo é reduzir lesões e óbitos no trânsito em municípios selecionados por uma comissão interministerial. Para inicio do projeto, as cidades escolhidas foram Teresina (PI), Palmas (TO), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
A medida tem duas etapas. A primeira foi iniciada ano passado e se estenderá até 2012. As cidades selecionadas devem desenvolver experiências bem-sucedidas na prevenção de lesões e mortes provocadas pelo trânsito e que possam ser reproduzidas por outras cidades brasileiras.