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Música Clássica - [ TÓPICO OFICIAL ]

“Sou uma pessoa pessimista e cética em relação a esta coisa que nós chamamos espécie humana, em relação ao que estamos a fazer do mundo e de nós próprios.” [José Saramago.]







“O sono da Razão, esse que nos converte em irracionais, fez de cada um de nós um pequeno monstro. De egoísmo, de fria indiferença, de desprezo cruel. O homem, por muito cancro e muita sida, por muita seca e muito terramoto, não tem outro inimigo senão o homem.” (...) “E se falo assim do mercado é simplesmente porque hoje, mais do que nunca, é ele o instrumento de domínio por excelência do verdadeiro e único poder real, o poder económico e financeiro mundial, esse que não é democrático porque não foi escolhido pelo povo, que não é democrático porque não é regido pelo povo, e que finalmente, não é democrático porque entre os seus postulados, não figura a felicidade do povo.” [José Saramago.]
 
“No aguardar da hora justa,
Na mente uma única certeza:
Um dia não escolhido,
nem tão pouco esquecido.

Encontrar em pensamentos
um lugar mal visitado;
uma palavra obtendo fracasso;
um caminhar entre fantasias;
um dia cinzento e uma noite fria.

As ruas pareciam mortas.
Ninguém andava, ninguém sorria.
Os pássaros em conflitos,
uns gritavam, e outros aflitos.

tudo parecia tão estranho,
parecia não existir.
Uma imensidão oculta,
um desafinado infinito tímido.

Era um dia diferente,
que clamava em silêncio
uma verdade sem dramas
onde todos enxergassem
defeitos e qualidades,
na busca da humildade
de admitir que vivemos enganados.

Pobre pensador num mundo encantado,
em algum lugar do passado
entre a verdade e a questão
gerando ouvintes que se iludem
com uma breve confissão.

E quando o dia se repete,
para tédio não há remédio,
alguns se escondem assustados,
com dores e cicatrizes.

Outros surgem sedentos para gritar:
– Desistam! O mundo não vai mudar.

Tardes de lágrimas, noites de dores,
sonhos perdidos, e apenas uma vontade:
O desejo de que os dias não se repitam.”


[“Você gostaria que o dia se repetisse?”, Flávia Dellamura.]​










“Estou onde o tempo passa lento,
Contando horas que se repetem como cada dia.
Mais um dia ou apenas um dia?
Contagem regressiva para zero horas!

Na esperança de continuar procurando mudanças
que finjo não saber que nunca se renovarão.
Queria viver cada dia como se fosse o primeiro de uma vida,
mas disso só restam as lágrimas para lamentar;
o desprezo por ter aberto so olhos onde os demais permanecem fechados.
Tenho o grito abafado que alcança só os que me rodeiam e já não
mais precisam saber, já sabem!
Ah, se eu pudesse...

Liberdade seria o grito de guerra se não fosse apenas
uma expressão para àqueles que pensam ser livres.

– LI-BER-DA-DE: [ no lat. libertate]
* Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria
determinação;(?)
* Faculdade de praticar tudo quanto não é proibido por lei;(?)
* Estado ou condição de homem livre. (?)
Eis a definição de uma palavra que não passa apenas de mais
uma entre tantas outras perdidas nas páginas de um dicionário.

Fim – única base sustentável.
(agora sim...)
Sim! consigo pensar e ainda sorrir em saber que o fim não é só imaginário,
teórico. – é real, é pratico, é o tão esperado descanso eterno.
Mas enquanto isso, permaneço onde o tempo passa lento...

Quisera pudesse ser um escarro...
(dormente)
Cuspido no mundo, no fundo do nada
E explodir na inexistência tão brevemente
Quanto merece um escarro ter essência
Mas meu viver não se perde: se sente...
Como arquiteto da estrada
Do nada da vida...
(ao nada)
De pedras rachadas
De mágoa e tristeza
De todo o tão pouco
Com que o desprazer abraça
O vulto de um sonho
Abandonado ao lado dos momentos
Em que se troca por memória
Em que se troca os pormenores
Pelo que pudermos inventar
(e distanciar)
Em mentira feita vista, feita história
Feito o teatro, feito o caminho

Mas se não...
Então avante toda honestidade
Que uma hora pesada pode evocar
Que se levante por sua certeza
E que lute pela tristeza
Em legítima defesa
Vista a vista branca
E a alma negra
O verbo tinto
E o brado austero
Aleijando a fraqueza
Desmentindo a vida
Escudando a nobreza
De quem padece e não mente
De quem não vive e ressente
O nada que nos irmana
(para nada)
(para sempre...)
tempo-intento lento insano
tempo horas rapidez sem espera nem sabor
aumento
diminuto feito asco
fato
feto por nascer
sem motivo nem instante há perigo no perigo
calmaria na leveza da ilusão de ser assim

Onde o tempo passa lento?
Nas asas do pensar, nas garras do distante firmamento
que nos foge ao mais um passo darmos?

sozinhos, em conjunto,
com esforço ou deitados (contemplando o espaço)
casto e sem agouro, captamos a mensagem das estrelas
(para nada)

onde o tempo passa e nada se vê
o que há para notarmos?
cada um, qualquer nenhum sem hora marcada
escreve em cada pergaminho com a tinta dos martírios
com dedos trêmulos e mãos sem jeito
cada um, algum sujeito com alguma vida e alguma história

tempo-intento insanidade
se esperamos, é em vão
se não há paciência, ganhamos a razão de ser assim
lúcidos,
lépidos, lastro louco
insinuando a negação
verso de versão versada num tal momento
que é fingimento ou alimento para os sonhos

o resto é resquício reles raptado
esquecido atrás do torpor da vida
coagido frente ao nada que é mentira
de conter-se no espaço do momento
deste tempo a passar tão lento quanto as palavras de um poema...”


[“Onde o tempo passa lento”, Flávia Dellamura.]​
 
“Devemos tomar consciência que os direitos da natureza e os direitos humanos, são dois nomes da mesma dignidade. E qualquer contradição é artificial.” (...) “A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.” [Eduardo Galeano]







“O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa.” (...) “A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.” [Eduardo Galeano]
 
“Que é o mundo? Uma ilusão vista e sentida.” [Fernando Pessoa]







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“O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.

Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.

Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.”


[“O mistério das cousas”, Fernando Pessoa.]​

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“Morre lentamente quem não troca de ideias, não troca de discurso, evita as próprias contradições. Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece. Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.” [“A morte devagar”, Martha Medeiros.]







“Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população. Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.” [“A morte devagar”, Martha Medeiros.]
 
“Que coisa espantosa é um livro. É um objeto achatado feito a partir de uma árvore, com partes flexíveis em que são impressos montes de rabiscos escuros engraçados. Mas basta um olhar para ele e você está dentro da mente de outra pessoa, talvez alguém morto há milhares de anos. Através dos milênios, um autor está falando claramente e em silêncio dentro de sua cabeça, diretamente para você. A escrita é talvez a maior das invenções humanas, unindo pessoas que nunca se conheceram, cidadãos de épocas distantes. Livros rompem as amarras do tempo. Um livro é a prova de que os seres humanos são capazes de fazer magia.” [A Persistência da Memória - 11 Episode Cosmos: A Personal Voyage em 1980, Carl Sagan.]








“Olhe novamente para esse ponto. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos que você já ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram suas vidas. O conjunto de nossa alegria e sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal apaixonado, cada mãe e pai, filho esperançoso, inventor e explorador, cada professor de moral, cada político corrupto, cada “superstar”, cada “líder supremo”, cada santo e pecador na história de nossa espécie viveu ali – em um grão de poeira suspenso em um raio de Sol. A Terra é um cenário muito pequeno em uma vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores para que, em glória e triunfo, eles pudessem se tornar os donos momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas infindáveis crueldades cometidas pelos habitantes de um canto deste pixel sobre os habitantes praticamente indistinguíveis de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ansiosos eles estão para matar uns aos outros, quão fervorosos seus ódios. Nossas posturas, nossa presunção imaginada, a ilusão de que temos alguma posição privilegiada no Universo, são desafiadas por este ponto de luz pálida. Nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não há indício de que a ajuda virá de outro lugar para nos salvar de nós mesmos. A Terra é o único mundo conhecido até hoje que abriga vida. Não há nenhum outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar, sim. Se estabelecer, ainda não. Goste ou não, no momento, a Terra é onde temos de ficar por enquanto. Já foi dito que a astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Talvez não há melhor demonstração da tola presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o “pálido ponto azul”, o único lar que conhecemos até hoje.” [Pálido Ponto Azul, Carl Sagan.]
 
“Vidas, fatos

Peitos, vazios
Pactos, verbos
Suores, medos
Escolhas, grilhões
Vontades, gemidos
Cérebros, cálculos

Sentidos, miopias

Reações, inércias
Mentiras, sorrisos
Cinismos, palavras
Felicidades, suicídios
Convulsões, promessas
Sentimentos, gramáticas
Imposturas, caminhos

Verdades, lágrimas

Delírios, homens
Futuros, vermes
Ontens, cãibras
Sonhos, pedras
Razões, meios
Erros, fins

Nós, sós”


[“Abismo”, André Cancian.]​









“Viver é sonhar do acaso a glória
Infecção que se põe a delirar
Sombra de uma sombra a se devorar
Numa batalha em que não há vitória

Somos essa esperança aleatória
Passos que desdenham o caminhar
O negro quando se põe a cantar
O ainda mais negro da memória

Por fora esse silêncio falado
Animal de si mesmo exilado
Teatro sem por detrás um sujeito

Por dentro essa meia paz de anemia
E um impostor que nos bate ao peito
Fazendo da razão a miopia.”


[“Miopia”, André Cancian.]​
 
“Em 1948, quando começaram a demolir as casas térreas para construir os edifícios, nós, os pobres que residíamos nas habitações coletivas, fomos despejados e ficamos residindo debaixo das pontes. É por isso que eu denomino que a favela é o quarto de despejo de uma cidade. Nós, os pobres, somos os trastes velhos.” (...) “Eu classifico São Paulo assim: O Palácio é a sala de visita. A Prefeitura é a sala de jantar e a cidade é o jardim. E a favela é o quintal onde jogam os lixos.” (...) “Lá no interior eu era mais feliz, tinha paz mental. Gozava a vida e não tinha nenhuma enfermidade. E aqui em São Paulo, eu sou poetisa!” [Carolina Maria de Jesus]









“Antigamente o que oprimia o homem era a palavra calvário; hoje é salário.” (...) “A tontura da fome é pior do que a do álcool. A tontura do álcool nos impele a cantar. Mas a da fome nos faz tremer. Percebi que é horrível ter só ar dentro do estômago.” (...) “O maior espetáculo do pobre da atualidade é comer.” [Carolina Maria de Jesus]
 
“Uns ventos te guardaram. Outros guardam-me a mim. E aparentemente separados
Guardamo-nos os dois, enquanto os homens no tempo se devoram.
Será lícito guardarmo-nos assim?
Pai, este é um tempo de espera. Ouço que é preciso esperar
Uns nítidos dragões de primavera, mas à minha porta eles viveram sempre,
Claros gigantes, líquida semente no meu pouco de terra.

Este é um tempo de silêncio. Tocam-te apenas. E no gesto
Te empobrecem de afeto. No gesto te consomem.

Tocaram-te nas tardes, assim como tocaste
Adolescente, a superfície parada de umas águas? Tens ainda nas mãos
A pequena raiz, a fibra delicada que a si se construía em solidão?
Pai, assim somos tocados sempre.
Este é um tempo de cegueira. Os homens não se veem. Sob as vestes
Um suor invisível toma corpo e na morte nosso corpo de medo
É que floresce.

Mortos nos vemos. Mortos amamos. E de olhos fechados
Uns espaços de luz rompem a treva. Meu pai: Este é um tempo de treva.”


[“Odes maiores ao Pai” - Exercícios, Hilda Hilst.]​










(...) “De mim mesmo sei pouco. E olhando com serenidade a paisagem chego à conclusão de que é agradável sim, mar, areia, mas o que eu vejo justifica o estar aqui permanentemente? Resposta: você é livre para sair. Aí é que estão enganados. Ser livre para sair é assim: você chega senta se acomoda, e o outro diz: você é livre para sair. Ainda que você não queira você sai. É por isso que eu fico aqui. Ficando aqui não sou livre. Saindo, muito menos. Liberdade abre as asas sobre nós, tem poesia isso, mas isso sufoca, vejo sempre uma águia gigante roubando o espaço acima da minha cabeça, vejo sempre a asa me comprimindo, e por isso eu gostaria de voar porque subiria acima dessa eventualidade. Escuridão e cárcere. Ratazanas. Vida subindo pelos pés, vida chegando até o peito, vida na boca, a minha boca aberta sugando vida, eis algumas frases que de repente grito na noite, e nem sei bem o que tudo isso quer dizer, depois grito mais: sei tão pouco de ti, amiga morte, mas tremo tremo sabendo que tu só visita os vivos.” (...) [“Kadosh”, Hilda Hilst.]
 
“É preciso viver, não apenas existir.” (...) “O tempo é o mais sábio dos conselheiros.” [Plutarco]









“Que luta pela existência ou que terrível loucura vos levou a sujar vossas mãos com sangue - vós, repito, que sois nutridos por todas as benesses e confortos da vida? Por que ultrajais a face da boa terra, como se ela não fosse capaz de vos nutrir e satisfazer?” (...) “O maior e o mais velho amor, é o amor pela vida.” [Plutarco]
 
 
“Como as grandes obras, os sentimentos profundos sempre significam mais do que o que têm consciência de dizer. A constância de um movimento ou de uma repulsão dentro da alma se reconhece em hábitos de fazer ou de pensar e se persegue em consequências que a própria alma ignora. Os grandes sentimentos trazem junto com eles seu universo, esplêndido ou miserável. Com sua paixão, aclaram um mundo exclusivo onde reencontram seu próprio clima. Há um universo do ciúme, da ambição, do egoísmo ou da generosidade. Um universo, isto é, uma metafísica e um estado de espírito. O que é verdadeiro para sentimentos já especializados o será mais ainda para emoções, no fundo, a um tempo tão indeterminadas, tão confusas e tão “certas”, tão distantes e tão “presentes” quanto aquelas que o belo nos desperta ou que o absurdo nos suscita.” (...) “Então, talvez possamos atingir esse inapreensível sentimento da absurdidade nos mundos diferentes, mas fraternos, da inteligência, da arte de viver ou da arte simplesmente. O clima da absurdidade está no começo. O fim é o universo absurdo e esse estado de espírito que aclara o mundo com uma luz que lhe é própria, para fazer com ela resplandecer o rosto privilegiado e implacável que nele identifica.” [“O Mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo - Os muros absurdos”, Albert Camus.]











(...) “Todas as grandes ações e todos os grandes pensamentos têm um começo irrisório. As grandes obras nascem, frequentemente, na esquina de uma rua ou no barulho de um restaurante. Assim também a absurdidade. O mundo absurdo, mais que qualquer outro, extrai sua nobreza desse nascimento miserável. Em certas situações, responder “nada” a uma questão sobre a natureza de seus pensamentos pode ser uma dissimulação para com um homem. Os entes queridos sabem disso. Mas se essa resposta é sincera, representa-se esse estado d’alma em que o vazio se torna eloquente, em que a cadeia dos gestos cotidianos é rompida, e em que o coração inutilmente procura o anel que a restabeleça, então ela é como que o primeiro sinal da absurdidade.”(...) “Também a inteligência, portanto, me diz à sua maneira que este mundo é absurdo. Seu oposto, que é a razão cega, inutilmente afirmou que estava tudo claro: eu esperava provas e desejava que ela tivesse razão. Mas, apesar de tantos séculos pretensiosos, repletos de tantos homens eloquentes e persuasivos, sei que isso é falso. Pelo menos nesse aspecto, não existe felicidade se eu não posso saber. Essa razão universal — moral ou prática —, esse determinismo, essas categorias que explicam tudo têm com que fazer rir o homem honesto. Não têm nada a ver com o espírito. Negam sua verdade profunda, que é estar acorrentado. Nesse universo indecifrável e limitado o destino do homem, daí em diante, adquire seu sentido. Uma multidão de irracionais se levantou e o cerca até o último objetivo. Em sua perspicácia reavida e agora harmonizada, o sentimento do absurdo se aclara e se precisa. Eu dizia que o mundo é absurdo: estava andando muito depressa. Esse mundo em si mesmo não é razoável: é tudo o que se pode dizer a respeito. Mas o que é absurdo é o confronto entre esse irracional e esse desejo apaixonado de clareza cujo apelo ressoa no mais profundo do homem. O absurdo depende tanto do homem quanto do mundo. É, no momento, o único laço entre os dois. Cola-os um ao outro como só o ódio pode fundir os seres. É tudo o que posso discernir nesse universo sem limites em que prossegue a minha aventura. Paremos aqui. Se considerar verdadeira essa absurdidade que regula minhas relações com a vida, se me compenetro desse sentimento que se apossa de mim ante os espetáculos do mundo, desse descortino que me impõe a busca de uma ciência, devo tudo sacrificar a estas certezas e encará-las de frente para poder mantê-las. E devo, sobretudo, pautar de acordo com elas o meu comportamento, levando-as adiante em todas as suas consequências. Estou falando de honestidade. Mas quero saber, doravante, se o pensamento pode viver em tais desertos. Já sei que o pensamento pelo menos entrou nesses desertos. Aí encontrou seu pão. Aí compreendeu que até então se alimentava de fantasmas. E serviu de pretexto a alguns dos temas mais insistentes da reflexão humana. A partir do momento em que é reconhecida, a absurdidade é uma paixão, a mais dilacerante de todas. Mas saber se alguém pode viver com suas paixões, se lhes pode aceitar a mais profunda lei, que é a de queimar o coração que ao mesmo tempo elas exaltam, eis aí todo o problema. No entanto, não é ainda o que apresentaremos. Ele está no centro dessa experiência. Chegará a hora de voltar a ela. Reconheçamos, antes de tudo, esses temas e esses impulsos nascidos do deserto. Bastará enumerá-los. Esses também, no presente, são conhecidos por todos. Sempre houve homens para defender os direitos do irracional. A tradição do que se pode chamar de pensamento humilhado jamais deixou de estar viva. A crítica do racionalismo já foi feita tantas vezes que parece não se ter mais como fazer. No entanto, a nossa época vê renascer esses sistemas paradoxais que se aplicam em atravancar a razão, como se ela de fato houvesse sempre andado para frente. Mas isso não é tanto uma prova de eficiência da razão quanto da vitalidade das suas esperanças. No plano da história, essa constância de duas atitudes ilustra a paixão essencial do homem dilacerado entre seu apelo para a unidade e a visão clara que pode ter dos muros que a encerram.” (...) “Todas essas experiências se entendem e se desentendem de novo. O espírito que atinge os confins deve trazer um julgamento e escolher suas conclusões. Aí se colocam o suicídio e a resposta. Mas eu quero inverter a ordem da pesquisa e partir da aventura inteligente para voltar aos gestos cotidianos. As experiências que acabamos de evocar nasceram no deserto que não se deve deixar. É preciso saber, pelo menos, até onde elas puderam chegar. Nesse ponto de seu esforço, o homem se vê diante do irracional. Sente dentro de si o desejo de felicidade e de razão. O absurdo nasce desse confronto entre o apelo humano e o silêncio despropositado do mundo. E isso que não se deve esquecer. É a isso que é preciso se agarrar, pois toda a consequência de uma vida pode nascer daí. O irracional, a nostalgia humana, o absurdo que surge do diálogo entre eles: eis os três personagens do drama que deve, necessariamente, acabar com toda a lógica de que uma existência é capaz.” (...) [“O Mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo - Os muros absurdos”, Albert Camus.]
 
Sagragação da Primavera - Stravinsky - Bernstein

Uma das melhores interpretações que já ouvi junto com a versão do Tilson Thomas de 1972, e a versão do Svetlanov com a Orquestra Estatal Russa.

Infelizmente não esta aceitando embedar aqui.

o título do vídeo é:

Igor Stravinsky - The Rite of Spring (1913)​

 
Sinfonia no.2 do Mahler

Acabou de ser postada, apesar de ótima, não está entre as melhores gravações que já ouvi, mas gostei muito do brass chorale no 5º movimento, aos 56:20

 
Piano Concerto no.4 - Beethoven - Pollini

Muito legal a cadenza a partir de 13:57

 
Algumas peças para órgão do Bach:

Passacaglia e Fuga



Little Fugue



BWV 596 after Vivaldi



Tocata e Fuga

 

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