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Música Clássica - [ TÓPICO OFICIAL ]



 
Última edição:
“A Natureza, que em muitas coisas é mais madrasta do que mãe, imprimiu nos humanos, sobretudo nos mais sensatos, uma fatal inclinação no sentido de cada qual não se contentar com o que tem, admirando e almejando o que não possui: daí o fato de todos os bens, todos os prazeres, todas as belezas da vida se corromperem e reduzirem a nada.” [“Elogio da loucura”, Erasmo de Roterdã.]







“Em meio a uma infinita variedade de coisas, ela soube pôr tudo no mesmo nível. E, se não se mostrou avara na concessão de dons aos seus filhos, mais pródiga se revelou ainda ao conceder-lhes o amor próprio. Que direi dos seus dons? É uma pergunta tola. Com efeito, não será o amor próprio o maior de todos os bens?” (...) “Finalmente, a felicidade consiste, sobretudo, em se querer ser o que se é.” (...) “Contentar-me-ei de ter elogiado a loucura sem estar inteiramente louco.” [“Elogio da loucura”, Erasmo de Roterdã.]
 
“Oh infelizes mortais, oh terra deplorável. Oh ajuntamento assustador de seres humanos! Eterna diversão de inúteis dores! Filósofos alienados que proclamam: — tudo vai bem. Venham contemplar essas ruínas horrendas, esses destroços, esses farrapos, essas cinzas malditas, essas mulheres e essas crianças amontoadas sob mármores partidos, seus membros espalhados...” [“O Poema sobre o Desastre de Lisboa”, Voltaire.]







“Cem mil desafortunados que a terra devora, que sangrando, dilacerados, e ainda palpitando, enterrados sob seus tetos, sucumbem sem socorro, no horror de tormentas findando seus dias! Diante dos gritos de suas vozes moribundas, do horror de suas cinzas ainda crepitantes, vocês dirão: é a consequência de leis eternas que um Deus livre e bom resolveu aplicar?! Vocês dirão, vendo esse amontoado de vítimas: Deus vingou-se, e a morte deles é o preço de seus crimes?! Que crime, que falta cometeram essas crianças esmagadas e sangrentas sobre o seio materno? Lisboa, que não mais existe, teria mais vícios que Londres, que Paris, submersas em delícias? Lisboa está destruída e dança-se em Paris. Espectadores tranquilos, intrépidos espíritos, contemplando a desgraça desses moribundos, vocês procuram — em paz — as causas do desastre: Tudo vai bem — dizem vocês — e tudo é necessário. Por acaso o universo, sem esse abismo infernal, sem submergir Lisboa, estava sendo pior?” [“O Poema sobre o Desastre de Lisboa”, Voltaire.]
 
“Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la.” [“Carta sobre a felicidade”, Epicuro.]







“Embora o prazer seja nosso bem primeiro e inato, nem por isso escolhemos qualquer prazer: há ocasiões em que evitamos muitos prazeres, quando deles nos advém efeitos o mais das vezes desagradáveis; ao passo que consideramos muitos sofrimentos preferíveis aos prazeres, se um prazer maior advier depois de suportarmos essas dores por muito tempo. Portanto, todo prazer constitui um bem por sua própria natureza; não obstante isso, nem todos são escolhidos; do mesmo modo, toda dor é um mal, mas nem todas devem ser sempre evitadas. Convém, portanto, avaliar todos os prazeres e sofrimentos de acordo com o critério dos benefícios e dos danos. Há ocasiões em que utilizamos um bem como se fosse um mal e, ao contrário, um mal como se fosse um bem. Consideramos ainda a autossuficiência um grande bem; não que devamos nos satisfazer com pouco, mas para nos contentarmos com esse pouco caso não tenhamos o muito, honestamente convencidos de que desfrutam melhor a abundância os que menos dependem dela; tudo o que é fácil de conseguir; difícil é tudo o que é inútil.” (...) “Habituar-se às coisas simples, a um modo de vida não luxuoso, portanto, não só é conveniente para a saúde, como ainda proporciona ao homem os meios para enfrentar corajosamente as adversidades da vida: nos períodos em que conseguimos levar uma existência rica, predispõe o nosso ânimo para melhor aproveita-la, e nos prepara para enfrentar sem temos as vicissitudes da sorte.” [“Carta sobre a felicidade”, Epicuro.]
 
“A miséria da minha condição não é estorvada por estas palavras conjugadas, com que formo, pouco a pouco, o meu livro casual e meditado. Subsisto nulo no fundo de toda a expressão, como um pó indissolúvel no fundo do copo de onde se bebeu só água. Escrevo a minha literatura como escrevo os meus lançamentos — com cuidado e indiferença. Ante o vasto céu estrelado e o enigma de muitas almas, a noite do abismo incógnito e o choro de nada se compreender — ante tudo isto o que escrevo no caixa auxiliar e o que escrevo neste papel da alma são coisas igualmente restritas à Rua dos Douradores, muito pouco aos grandes espaços milionários do Universo.” [“O Livro do Desassossego”, Fernando Pessoa.]







“Tudo isto é sonho e fantasmagoria, e pouco vale que o sonho seja lançamentos como prosa de bom porte. Que serve sonhar com princesas, mais que sonhar com a porta da entrada do escritório? Tudo que sabemos é uma impressão nossa, e tudo que somos é uma impressão alheia, melodrama de nós, que, sentindo-nos, nos constituímos nossos próprios espectadores ativos, nossos deuses por licença da Câmara.” (...) “Conquistei, palmo a pequeno palmo, o terreno interior que nascera meu. Reclamei, espaço a pequeno espaço, o pântano em que me quedara nulo. Pari meu ser infinito, mas tirei-me a ferros de mim mesmo.” [“O Livro do Desassossego”, Fernando Pessoa.]
 
“A moral protegeu a vida do desespero e do salto para o nada, nos humanos e nas classes sociais que violentavam e oprimiam os outros humanos: pois é a impotência diante dos humanos, não a impotência diante da Natureza que engendra a amargura mais desesperada diante da existência. A moral tratou os defensores do poder, os defensores da violência, os “senhores” em geral, como os inimigos contra os quais o "humano" comum devia ser protegido, quer dizer, em primeiro lugar, encorajado e confortado. A moral ensinou por conseguinte a odiar e a desprezar o mais profundamente possível, o que constitui o traço de caráter fundamental dos dominadores: sua vontade de poder. Eliminar, negar, despedaçar esta moral: isto seria conferir ao instinto mais odioso uma qualidade afetiva e uma valorização inversas. Se o humano sofredor, o oprimido, perdesse a convicção de que ele tem o direito de desprezar a vontade de poder, ele seria encurralado num estado de desespero sem recurso. Este seria o caso, se este traço fosse essencial à vida, se ele revelasse que, mesmo nesta “vontade moral”, só há “vontade de poder” disfarçada, que mesmo este ódio e este desprezo continuam sendo uma vontade de poder. O oprimido se daria conta de que ele está no mesmo plano do opressor e que ele não tem em si qualquer privilégio, qualquer precedência.” [“O niilismo europeu”, Friedrich Nietzsche.]







“Não se poderia condenar muito severamente o cristianismo, porque ele depreciou o valor deste grande niilismo purificador [tal como estava talvez em marcha], com a ideia da pessoa privada imortal: assim também com a esperança de ressurreição: em suma, sempre impedindo o ato do niilismo, o suicídio... Ele o substituiu pelo lento suicídio: pouco a pouco, uma vida mesquinha e pobre, mas durável, cada vez menor, uma vida burguesa, medíocre e completamente ordinária, etc.” (...) “Não se trata absolutamente do melhor ou do pior dos mundos: “não” ou “sim”, esta é aqui a questão. O instinto nihilista diz não; sua afirmação mais moderada é que não-ser vale mais do que ser, que o desejo de nada tem mais valor do que o querer-viver; sua afirmação mais rigorosa é que, se o nada é o que há de mais desejável, esta vida, enquanto sua antítese, é absolutamente sem valor — condenável... Inspirando-se nestes julgamentos de valor, um pensador buscará involuntariamente que todas as coisas às quais ele atribui ainda instintivamente valor prestem o seu serviço, para a justificação de uma tendência niilista. Esta é sobretudo a grande impostura de Schopenhauer, que tinha um interesse muito vivido em muitas coisas: mas o espírito do niilismo lhe proibia atribuir isto ao querer-viver: além disso, vemos uma série de ensaios sutis e ousados para atribuir honra à arte, à sabedoria, à beleza da natureza, à religião, à moral, ao gênio, fazendo disso, por causa da sua aparente hostilidade para com a vida, desejos do nada.” [“O niilismo europeu”, Friedrich Nietzsche.]
 
(...) “A minha intenção é antes interrogar-me sobre o lugar que à monarquia cabe, se algum lhe cabe, entre as mais formas de governar. Porque não é fácil admitir que o governo de um só tenha a preocupação da coisa pública.” (...) “É melhor, todavia, que esse problema seja discutido separadamente, em tratado próprio, pois é daqueles que traz consigo toda a casta de disputas políticas. Quero para já, se possível, esclarecer tãosomente o fato de tantos homens, tantas vilas, cidades e nações suportarem às vezes um tirano que não tem outro poder de prejudicá-los enquanto eles quiserem suportá-lo; que só lhes pode fazer mal enquanto eles preferem aguentá-lo a contrariá-lo. Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente.” (...) [“Discurso sobre a servidão voluntária”, Étienne de La Boétie.]






“Mas o que vem a ser isto, afinal? Que nome se deve dar a esta desgraça? Que vício, que triste vício é este: um número infinito de pessoas não a obedecer, mas a servir, não governadas mas tiranizadas, sem bens, sem pais, sem vida a que possam chamar sua? Suportar a pilhagem, as luxúrias, as crueldades, não de um exército, não de uma horda de bárbaros, contra os quais dariam o sangue e a vida, mas de um só? Não de um Hércules ou de um Sansão, mas de um só indivíduo, que muitas vezes é o mais covarde e mulherengo de toda a nação, acostumado não tanto à poeira das batalhas como à areia dos torneios, menos dotado para comandar homens do que para ser escravo de mulheres? Chamaremos a isto covardia? Temos o direito de afirmar que todos os que assim servem são uns míseros covardes? É estranho que dois, três ou quatro se deixem esmagar por um só, mas é possível; poderão dar a desculpa de lhes ter faltado o ânimo. Mas quando vemos cem ou mil submissos a um só, não podemos dizer que não querem ou que não se atrevem a desafiá-lo.” (...) “Como não é covardia, poderá ser desprezo, poderá ser desdém? Quando vemos não já cem, não já mil homens, mas cem países, mil cidades e um milhão de homens submeterem-se a um só, todos eles servos e escravos, mesmo os mais favorecidos, que nome é que isto merece? Covardia? Ora todos os vícios têm naturalmente um limite além do qual não podem passar. Dois podem ter medo de um, ou até mesmo dez; mas se mil homens, se um milhão deles, se mil cidades não se defendem de um só, não pode ser por covardia. A covardia não vai tão longe, da mesma forma que a valentia também tem os seus limites: um só não escala uma fortaleza, não defronta um exército, não conquista um reino. Que vício monstruoso então é este que sequer merece o nome vil de covardia? Que a natureza nega ter criado, a que a língua se recusa nomear?” (...) “Mas o que acontece afinal em todos os países, com todos os homens, todos os dias? Quem, só de ouvir contar, sem o ter visto, acreditaria que um único homem tenha logrado esmagar mil cidades, privando-as da liberdade? Se casos tais acontecessem apenas em países remotos e outros no-los contassem, quem não diria que era tudo invenção e impostura? Ora o mais espantoso é sabermos que nem sequer é preciso combater esse tirano, não é preciso defendermos-nos dele. Ele será destruído no dia em que o país se recuse a servi-lo. Não é necessário tirar-lhe nada, basta que ninguém lhe dê coisa alguma. Não é preciso que o país faça coisa alguma em favor de si próprio, basta que não faça nada contra si próprio. São, pois, os povos que se deixam oprimir, que tudo fazem para serem esmagados, pois deixariam de ser no dia em que deixassem de servir. É o povo que se escraviza, que se decapita, que, podendo escolher entre ser livre e ser escravo, se decide pela falta de liberdade e prefere o jugo, é ele que aceita o seu mal, que o procura por todos os meios. Se fosse difícil recuperar a liberdade perdida, eu não insistiria mais; haverá coisa que o homem deva desejar com mais ardor do que o retorno à sua condição natural, deixar, digamos, a condição de alimária e voltar a ser homem? Mas não é essa ousadia o que eu exijo dele; limito-me a não lhe permitir que ele prefira não sei que segurança a uma vida livre. Que mais é preciso para possuir a liberdade do que simplesmente desejá-la? Se basta um ato de vontade, se basta desejá-la, que nação há que a considere assim tão difícil? Como pode alguém, por falta de querer, perder um bem que deveria ser resgatado a preço de sangue? Um bem que, uma vez perdido, torna, para as pessoas honradas, a vida aborrecida e a morte salutar? Veja-se como, ateado por pequena fagulha, acende-se o fogo, que cresce cada vez mais e, quanto mais lenha encontra, tanta mais consome; e como, sem se lhe despejar água, deixando apenas de lhe fornecer lenha a consumir, a si próprio se consome, perde a forma e deixa de ser fogo.” (...) [“Discurso sobre a servidão voluntária”, Étienne de La Boétie.]
 
(...) “A Filosofia não pode fazer outra coisa que não seja interpretar e explicar aquilo que é; ela deve dar à Razão o conhecimento claro e exato da essência do mundo, que sob forma concreta, ou seja, no domínio do sentimento, todos compreendem às mil maravilhas; mas tal interpretação quer ser apresentada sob todas as relações e sob todos os pontos de vista. Por consequência, tudo quanto procurei explicar nos três livros precedentes, com a generalidade própria da filosofia e com outras considerações, procurei agora demonstrar do mesmo modo nesta quarta parte, sob o ponto de vista da conduta humana: ver-se-á, como linhas acima dizia, que este lado do mundo, julgado não apenas subjetiva, mas também objetivamente, é de todos o mais importante.” (...) [“O mundo como Vontade e Representação”, Arthur Schopenhauer.]







(...) “A Vontade, considerada puramente em si mesma, é inconsciente; é uma simples tendência, cega e irresistível, a qual encontramos tanto na natureza do reino inorgânico e do vegetal e nas suas leis, como também na parte vegetativa da nossa vida: mas pelo acréscimo do mundo da representação que se desenvolveu pelo seu uso, ela adquire a consciência do seu querer e do objeto do seu querer; reconhece que aquilo que quer não é outra coisa senão o mundo e a vida como são; dizemos, por isso, que o mundo visível é a sua imagem ou a sua objetividade; e como o que a vontade quer é sempre a vida, pois que a vida para a representação é a manifestação da vontade, resulta que é indiferente e constitui puro pleonasmo se em vez de dizer simplesmente “a vontade”, dissermos “a vontade de viver”. Sendo a vontade a coisa em si, a substância, a essência do mundo; e a vida, o mundo visível, o fenômeno, não sendo mais que o espelho da vontade, segue-se daí que a vida acompanhará a vontade com a mesma inseparabilidade com que a sombra acompanha o corpo: onde houver vontade, haverá também vida, mundo. A vida está, portanto, assegurada ao querer-viver, e por quanto isto subsista em nós, não devemos preocupar-nos pela nossa existência nem mesmo diante da morte. Bem vemos o indivíduo nascer e morrer, mas o indivíduo é apenas um fenômeno; não existe senão pelo conhecimento submetido ao princípio de razão, que é o princípio de individuação: nesta ordem de ideias, certamente o indivíduo recebe a vida como um dom: oriundo do nada e despojado do seu dom pela morte, ao nada retorna. Mas para quem, como nós, contempla a vida do ponto de vista filosófico, isto é, das Ideias, nem a vontade ou a coisa em si de todos os fenômenos, nem o sujeito dos conhecimentos, espectador dos fenômenos, são de qualquer forma tocados pelo nascimento ou pela morte. Nascer e morrer são coisas que pertencem ao fenômeno da vontade, e aparecem nas criaturas individuais, manifestando fugitivamente e no tempo, aquilo que em si não conhece tempo e deve exatamente manifestar-se sob esta forma com o fim de poder objetivar a sua verdadeira natureza. Pela mesma razão, nascimento e morte pertencem à vida e equilibram-se mutuamente como condições recíprocas, ou melhor, como polos do fenômeno total. A mitologia hindu, entre todas a mais sábia, exprime este pensamento, dando por atributo a Çiva que simboliza a destruição ou a morte (como Brama, o deus ínfimo e pecador da Trimurti, simboliza a procriação, o nascimento e Vishnu simboliza a conservação), o colar dos mortos, juntamente com o Lingam, símbolo da geração, o qual conseguintemente aqui aparece para compensar a destruição; o que significa que nascimento e morte são pela sua essência correlativos que se neutralizam e se compensam a seu turno. Pelas mesmas razões, Gregos e Romanos cobriam seus preciosos sarcófagos, tais como podem ser vistos no dia de hoje, com ornamentos que representavam festas, danças, casamentos, caças, combates de feras e bacanais e colocavam deste modo em cena os fatos mais animados da vida expressos não unicamente sob a forma de divertimentos, mas também por meio de grupos voluptuosos e até mesmo de cópulas de sátiros com cabras. Tinha isto o fim evidente de subtrair ao indivíduo pranteado o pensamento da morte, para levá-lo à vida imortal da natureza, acentuada com energia, mostrando assim, embora estivessem muito longe de possuir a consciência abstrata deste fato, que toda a natureza não é mais que o fenômeno e a realização da vontade de viver. A forma de tal fenômeno é o tempo, o espaço e a causalidade, donde a individuação, que tem por consequência que o indivíduo deve nascer e morrer; mas a vontade de viver de que o indivíduo não constitui por assim dizer, mais que um exemplar ou uma parcela singular de manifestação, não é perturbada pela morte do ser individual, tanto quanto não o é o conjunto da natureza. Pois que não é pelo indivíduo, mas unicamente pela espécie que a natureza se interessa e é dela unicamente que estuda seriamente a conservação, circundando-a de grande luxo de precauções e por meio da superabundância ilimitada dos germes e do poder imenso do instinto de reprodução. O indivíduo, ao contrário, não tem valor algum para a natureza e nem pode tê-lo, desde que é apenas um ponto num tempo infinito e num espaço infinito que compreende um número infinito de indivíduos possíveis. A natureza está sempre pronta a abandonar o indivíduo que não somente está exposto a perecer de mil modos e pelas causas mais insignificantes, como também é, desde o princípio, destinado a uma perda certa, para a qual é arremessado por ela mesma, apenas haja satisfeito a missão que tem de conservar a espécie. Com isto a natureza exprime ingenuamente esta grande verdade, que são as Ideias e não os indivíduos que têm uma verdadeira realidade, isto é, são a objetividade perfeita da vontade. Ora bem, sendo o homem a própria natureza cônscia de si no mais alto grau, e sendo a natureza a vontade de viver objetivada, é natural e justo que o homem, desde que haja atingido e se mantenha neste ponto de vista, se console da morte dos seus e da sua própria, vislumbrando a vida imortal da natureza que não é mais que ele mesmo. Eis o que se deve compreender por Çiva com o Lingam e por aqueles antigos sarcófagos que com suas imagens da mais ardente vida, gritam ao espectador desolado: Natura non contristatur (a natureza ignora a aflição).” (...) “Mas nós, que nos mantemos exclusivamente no domínio da filosofia, devemos contentar-nos com a noção negativa e sentir-nos felizes por haver podido ir até ao limite extremo do conhecimento positivo. Chegamos a reconhecer que a essência do mundo é a vontade e que todos os fenômenos são apenas vontade objetiva. Estudamos a vontade em toda a sua série, desde o mais obscuro impulso inconsciente das forças naturais, até a conduta consciente do homem. Alcançado este limite não queremos agora subtrair-nos à consequência que lhe resulta, isto é, que com a livre negação, com a supressão da vontade, tudo isto simultaneamente se suprime; ficam suprimidos, então, aqueles impulsos e aquelas agitações sem trégua e sem finalidade que constituem o mundo em todos os graus objetivados; suprimidas aquelas formas diversas que se sucedem e se elevam progressivamente; suprimido com o querer, também, o conjunto do seu fenômeno; suprimidas, finalmente, as formas gerais do fenômeno, ou seja, as formas do tempo e do espaço e suprimidas, por fim, a forma fundamental de sujeito e objeto. Não mais vontade, não mais representação, não mais universo. E então, sem dúvida, não nos fica doravante, senão o Nada. Mas não nos esqueçamos de que aquilo que se revolta em nós contra semelhante aniquilamento é a natureza que outra coisa não é senão o querer-viver, essência do homem e do universo. Este horror pelo Nada é apenas um modo diferente de exprimir que queremos ardentemente a vida, que nós não somos nem conhecemos senão o querer-viver. Todavia, desviemos o olhar por um momento da nossa indigência e do nosso horizonte em demasia limitado; levantemo-lo até aqueles homens que superaram o mundo, até aqueles homens cuja vontade, atingida a perfeita consciência de si, reconheceu-se em tudo o que existe e renunciou-se livremente a si mesma, até aqueles homens que não esperam mais do que ver desaparecer também o débil e derradeiro sopro que lhes anima o corpo; então, em lugar desse tumulto de aspirações sem finalidade, em lugar dessas passagens contínuas do desejo à inquietação, da alegria à dor, em lugar dessas esperanças sempre insatisfeitas e sempre renascentes que fazem da vida humana, até que a vontade a excite, um sonho ininterrupto, então sim, não veremos senão essa paz que é mais preciosa que todos os tesouros da razão, essa calma absoluta do espírito, essa quietude profunda, essa segurança, essa serenidade imperturbável, cujo traço Rafael e Corrégio deixaram na figura de seus santos e cuja irradiação deve ser para nós o mais completo e verídico anúncio da boa nova (Evangelium). A vontade desapareceu, só permanece o conhecimento. Somos tomados duma profunda e dolorosa melancolia quando confrontamos tal condição com a nossa, por isso que o contraste lhe faz ressaltar ainda melhor toda a incurável desolação. E contudo, a única perspectiva suscetível de nos consolar ainda, depois de nos termos convencido de que a dor inexorável e a infinita miséria são a essência desse fenômeno da vontade que se chama o mundo, é ver desvanecer-se o universo e ficar somente o Nada diante de nós, quando a vontade haja conseguido suprimir-se. Por consequência, meditar sobre a vida e os atos dos santos, se não com a observação direta, de raro possível na experiência pessoal, ao menos estudando-os como a história no-los apresenta ou como a arte no-los descreve, como um quid infalível de verdade, é para nós o único meio de dissipar o lúgubre efeito desse Nada que vemos evolar-se, como resultado final, por detrás de toda virtude e toda santidade, desse Nada que nos espanta como a crianças que a escuridão faz tremer; isto vale mais do que querer iludir esse terror, a exemplo dos Hindus, com mitos e palavras ocas de sentido, como a absorção em Brama, ou o Nirvana dos Budistas. Sim, reconhecemo-lo abertamente: o que resta depois da supressão total da vontade, para aqueles a quem, todavia, a vontade ainda anima, efetivamente é o Nada. Mas vice-versa, para aqueles em quem a vontade foi suprimida e convertida, o Nada é este mundo, tão real com os seus sóis e as suas vias-lácteas.” (...) [“O mundo como Vontade e Representação”, Arthur Schopenhauer.]
 
Zino Francescatti, um dos grandes violonistas do século XX, não muito lembrado hoje em dia.

 
Helene Grimaud - Brahms, melhor interpretação desse concerto que já ouvi, invejo fortemente quem assistiu isso pessoalmente.

 
“Os intelectuais têm condições de denunciar as mentiras dos governos (e das corporações privadas) e de analisar suas ações, suas causas e suas intenções escondidas. É responsabilidade dos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras.” [Noam Chomsky]







“O controle fora do trabalho significa transformar as pessoas em autômatos em todos os aspectos de suas vidas, induzindo uma "filosofia de futilidade" que as orienta para "as coisas superficiais da vida como o consumo de moda". As pessoas que dirigem o sistema político-econômico devem fazê-lo sem qualquer interferência da população, que nada ou pouco tem a fazer na arena pública. Dessa ideia surgiram enormes indústrias, desde a publicidade até as universidades, todas conscientemente dedicadas à convicção de que é preciso controlar as atitudes e opiniões, porque de outra forma essa população será muito perigosa.” (...) “O problema com as democracias verdadeiras é que elas podem fazer seus governantes caírem na heresia de responder às necessidades de sua própria população, em vez das dos investidores e acionistas.” (...) “Se quisermos, podemos viver em um mundo de ilusões reconfortantes.” [Noam Chomsky]
 
“Não ouviram falar daquele humano em fúria que, numa manhã clara, acendeu uma lâmpada, correu pela praça pública e gritou incessantemente: "Procuro Deus? Procuro Deus?"” (...) [“O humano em fúria” - A Gaia Ciência, Friedrich Nietzsche.]








“Como justamente aí se encontravam muitos daqueles que não acreditavam em Deus, provocou uma grande hilaridade. "Então Ele extraviou-se?" Disse um. "Perdeu-se como uma criança?" Disse outro. "Ou está Ele escondido? Tem medo de nós? Embarcou? Emigrou?" - Assim gritavam e riam em grande confusão. O humano em fúria saltou para o meio deles e trespassou-os com um olhar. "Para onde foi Deus?" Gritou. "Eu vou dizer-vos! Nós matámo-lo - Vós e eu! Nós todos somos os seus assassinos! Mas como fizemos nós isto? Como pudemos nós estragar o mar inteiro? Quem nos deu a esponja para apagar todo o horizonte? Que fizemos quando desligámos esta terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não continuamos sempre a cair? E para a frente, para o lado, para trás, para todos os lados? Há ainda um em cima e um em baixo? Não erramos como através de um nada infinito? Não nos sopra o espaço vazio? Não faz mais frio? Não vem a noite e cada vez mais a noite? Não deveriam acender as lanternas em pleno dia? Ainda não ouviram nada do ruído dos coveiros que sepultam Deus? Não cheiraram ainda nada da decomposição divina? Também os deuses entram em decomposição! Deus morreu! Deus permanece morto! Nós matamo-lo! Como nos consolaremos nós, os assassinos de todos os assassinos? Aquilo que o mundo possuiu até agora de mais poderoso sangrou sob as nossas facas - quem limpará de nós este sangue? Com que água nos poderemos purificar? Que expiações, que jogos sagrados teremos de inventar? Não é a grandeza deste ato demasiado grande para nós? Não teremos nós, de nos tornar nós mesmos deuses para parecermos agora dignos d'Ele? Nunca houve um ato maior - e agora, quem vier a nascer depois de nós, pertence, por causa deste ato, à história mais alta do que toda a história que houve até agora!" - Aqui o humano em fúria calou-se e olhou de novo para os seus auditores: também eles se calaram e encararam-no com estranheza. Por fim, ele lançou a lanterna ao chão, que saltou em pedaços e se apagou. "Venho demasiado cedo" Disse então "Não estou ainda na altura. Este acontecimento tremendo está ainda a caminho - não atingiu ainda os ouvidos dos homens. Relâmpago e trovão precisam de tempo. A luz dos astros precisa de tempo, os atos precisam de tempo, mesmo depois de terem sido realizados, para serem vistos e ouvidos. Este ato está mais longe deles do que os mais longínquos astros - e eles realizaram-no!" Conta-se ainda que o humano em fúria entrou nesse dia em diferentes igrejas e aí entoou o seu requiem aeternam Deo. Arrastado para fora e interrogado, retorquia sempre e apenas isto: "O que são pois estas igrejas ainda senão as sepulturas e os monumentos funerários de Deus?!” [“O humano em fúria” - A Gaia Ciência, Friedrich Nietzsche.]
 
Stabat Mater - Pergolesi (Provavelmente o Stabat Mater mais bonito que já ouvi, ainda estou em dúvida sobre esse ou o do Dvorak, que deixo abaixo como comparação)




 
“E o humano realmente inventou Deus. E o estranho, o surpreendente não seria o fato de Deus realmente existir; o que, porém, surpreende é que essa ideia – a ideia da necessidade de Deus – possa ter subido à cabeça de um animal tão selvagem e perverso como o humano...” [“Os Irmãos Karamazov”, Fiódor Dostoiévski.]





“De fato, às vezes se fala da crueldade ‘bestial’ do humano, mas isso é terrivelmente injusto e ofensivo para com os animais: a fera nunca pode ser tão cruel como o humano, tão artisticamente, tão esteticamente cruel. Acho que se o diabo não existe e, portanto, o humano o criou, então o criou à sua imagem e semelhança.” (...) “Sabei que não há nada mais elevado, nem mais forte, nem mais saudável, nem doravante mais útil para a vida que uma boa lembrança, sobretudo aquela trazida ainda na infância, da casa paterna. Muitos vos falam de vossa educação, mas uma lembrança maravilhosa, sagrada, conservada desde a infância, pode ser a melhor educação. Se o humano traz consigo muitas destas lembranças para sua vida, está salvo pelo resto da existência.” (...) “E ainda que venhamos a nos dedicar aos mais importantes assuntos, a conquistar honrarias, ou a cair na maior desgraça – apesar de tudo nunca esqueçais como certa vez nos sentimos bem aqui, todos comungando, unidos por aquele sentimento tão bom e bonito, que durante aquele momento de nosso amor pelo infeliz menino nos fez, talvez, melhores do que em realidade somos.” [“Os Irmãos Karamazov”, Fiódor Dostoiévski.]
 
“Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se. E que companhia nem sempre significa segurança. Começa a aprender que beijos não são contratos e que presentes não são promessas. Começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança. Aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que, não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais. Descobre que se leva anos para construir confiança e apenas segundos para destruí-la... E que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.” [“O Menestrel”, William Shakespeare.]






“E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos de mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam... Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos. Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa... por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas para onde está indo... mas, se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve. Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão... e que ser flexível não significa ser fraco, ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem, pelo menos, dois lados. Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as consequências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se. Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens... Poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso. Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso. Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém... Algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não para para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, em vez de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida! Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar se não fosse o medo de tentar.” [“O Menestrel”, William Shakespeare.]
 
“Na realidade, vemos nada, porque a verdade está na profundidade.” (...) “Bem mais sensato do que o humano é o animal que, em sua necessidade, sabe o quanto necessita. O humano, ao contrário, não sabe o quanto necessita.” [Demócrito de Abdera.]






“O que faz o humano feliz não é o dinheiro, mas a retidão e a prudência.” (...) “Sábio é quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui.” [Demócrito de Abdera.]
 
“Se os tubarões fossem humanos, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos. Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.” (...) [“Se os tubarões fossem humanos”, Bertold Bretch.]





“Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações. Se os tubarões fossem humanos, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros. As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos. Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói. Se os tubarões fossem humanos, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas goelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as goelas dos tubarões. A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as goelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos . Também haveria uma religião ali. Se os tubarões fossem humanos, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarões fossem humanos, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem humanos.” [“Se os tubarões fossem humanos”, Bertold Bretch.]
 
“Que coisa espantosa é um livro. É um objeto achatado feito a partir de uma árvore, com partes flexíveis em que são impressos montes de rabiscos escuros engraçados. Mas basta um olhar para ele e você está dentro da mente de outra pessoa, talvez alguém morto há milhares de anos. Através dos milênios, um autor está falando claramente e em silêncio dentro de sua cabeça, diretamente para você. A escrita é talvez a maior das invenções humanas, unindo pessoas que nunca se conheceram, cidadãos de épocas distantes. Livros rompem as amarras do tempo. Um livro é a prova de que os seres humanos são capazes de fazer magia.” [A Persistência da Memória - 11 Episode Cosmos: A Personal Voyage em 1980, Carl Sagan.]







“Olhe novamente para esse ponto. É aqui. É a nossa casa. Somos nós. Nele, todos que você ama, todos que você conhece, todos que você já ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram suas vidas. O conjunto de nossa alegria e sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal apaixonado, cada mãe e pai, filho esperançoso, inventor e explorador, cada professor de moral, cada político corrupto, cada “superstar”, cada “líder supremo”, cada santo e pecador na história de nossa espécie viveu ali – em um grão de poeira suspenso em um raio de Sol. A Terra é um cenário muito pequeno em uma vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores para que, em glória e triunfo, eles pudessem se tornar os donos momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas infindáveis crueldades cometidas pelos habitantes de um canto deste pixel sobre os habitantes praticamente indistinguíveis de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ansiosos eles estão para matar uns aos outros, quão fervorosos seus ódios. Nossas posturas, nossa presunção imaginada, a ilusão de que temos alguma posição privilegiada no Universo, são desafiadas por este ponto de luz pálida. Nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda essa vastidão, não há indício de que a ajuda virá de outro lugar para nos salvar de nós mesmos. A Terra é o único mundo conhecido até hoje que abriga vida. Não há nenhum outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar, sim. Se estabelecer, ainda não. Goste ou não, no momento, a Terra é onde temos de ficar por enquanto. Já foi dito que a astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Talvez não há melhor demonstração da tola presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o “pálido ponto azul”, o único lar que conhecemos até hoje.” [Pálido Ponto Azul, Carl Sagan.]
 
“Se escolhemos uma profissão onde possamos trabalhar pelo bem da humanidade, não nos curvaremos perante suas dificuldades porque será um sacrifício em nome de todos. Não sentiremos uma alegria limitada, egoísta e pobre. Ao contrário, nossa felicidade pertencerá a milhões. Nossos atos terão uma existência silenciosa, porém eterna, e sobre nossas cinzas os mais nobres humanos derramarão lágrimas sinceras”. [“Redação Final para o exame de ginásio” - 1835, Karl Marx.]

“A dinastia de Bonaparte não representa o camponês revolucionário, mas o conservador; não o camponês que luta para sair da sua condição social de vida, a parcela (de terra), mas aquele que, pelo contrário, quer consolidá-la; não a população rural que, com a sua própria energia, é unida às cidades, quer derrubar a velha ordem, mas a que, pelo contrário, sombriamente retraída nessa velha ordem, quer ver-se salva e preferida, juntamente com a sua parcela, pelo espectro do império. Não representa a ilustração, o esclarecimento, mas a superstição do camponês; não o seu juízo, mas o seu prejuízo, não o seu futuro, mas o seu passado...” (...) “Os humanos fazem sua própria história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos”. [O 18º Brumário de Luis Bonaparte - 1852, Karl Marx.]





“Devemos lembrar que há um primeiro pressuposto de toda a existência humana, a saber, que os humanos devem estar em condições de poder viver a fim de "fazer história". Mas, para viver, é necessário antes de mais nada, beber, comer, ter um teto onde abrigar-se, vestir-se, etc. O primeiro fato histórico é, pois, a produção dos meios que permitem satisfazer essas necessidades, a produção da própria vida; trata-se de um fato histórico... que é necessário... executar dia a dia, hora a hora, a fim de manter os humanos vivos... A ação de a satisfazer (as primeiras necessidades) e os instrumentos utilizados para tal conduzem a novas necessidades.” (...) “Abandonamos tanto mais prazerosamente o manuscrito à crítica roedora dos ratos, na medida em que havíamos atingido nosso fim principal: ver claro em nós mesmos.” [A Ideologia Alemã - 1846, Karl Marx & Friedrich Engels.]

“A História se faz de tal modo que o resultado final sempre deriva dos conflitos entre muitas vontades individuais, cada uma das quais, por sua vez, é o que é por efeito de uma multidão de condições especiais; são, pois, inumeráveis forças que se entrecruzam umas com as outras, um grupo infinito de paralelogramos de força, das quais surge uma resultante - o acontecimento histórico - que, por sua vez, pode ser considerado produto de uma potência única que, como um todo, atua sem consciência e sem vontade.” [“Carta a Josepf Block” - 1890, Friedrich Engels.]
 

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