A espiral decadente da Grécia

mtulio_2000

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Em números: Como a crise piorou a vida dos gregos
Lucy Rodgers e Nassos StylianouBBC News
  • 18 julho 2015
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O povo da Grécia se prepara para enfrentar mais alguns anos de dificuldades após o acordo feito para que o país receba um terceiro resgate econômico.

Os termos incluem aumento de impostos e cortes de gastos, apesar do governo do partido Syriza ter chegado ao poder prometendo dar fim à "humilhação e dor" causada pelas políticas de austeridade.

Leia mais: Parlamento grego aprova duras medidas de austeridade

O país já tem enfrentado um longo período de retração econômica desde a crise econômica mundial. Mas como esta situação se compara com outras recessões? E como a vida de seus cidadãos tem sido afetada?

A longa recessão
O consenso é de que a Grécia vem passando por uma crise econômica da mesma escala da Grande Depressão vivida pelos Estados Unidos nos anos 1930.

Segundo os dados do próprio governo grego, a economia se retraiu pela primeira vez no último trimestre de 2008 e, a não ser por um fraco crescimento em 2014, a atividade econômica vem diminuindo desde então.

Esta recessão fez com que a economia grega fosse reduzida em 25%, a maior retratação em um país desenvolvido desde os anos 1950.

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Apesar da recessão grega não ser tão grave quanto à Grande Depressão, ela tem durado mais, e muitos especialistas agora acreditam que o PIB grego cairá ainda mais em 2015.

Leia mais: A crise grega em números

Escassez de empregos
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É cada vez mais difícil encontrar emprego na Grécia, especialmente para os mais jovens. Enquanto o desemprego gira em torno de 25% para a população em geral, a taxa entre os jovens é muito mais alta.

Metade daqueles com menos de 25 anos não está trabalhando. Em algumas regiões do leste do país, esta taxa ultrapassa 60%.

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Para piorar a situação, o desemprego de longo prazo é especialmente alto na Grécia.

Ficar sem trabalho por um tempo significativo tem graves consequências. Quanto mais tempo uma pessoa fica desempregada, menores são sua chances de conseguir um emprego. Entrar de novo no mercado de trabalho também fica mais caro.

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Os jovens têm sido particularmente afetados pelo desemprego de longo prazo: um em cada três está sem trabalho há mais de um ano. Após dois anos desempregado, a pessoa também perde o direito ao seguro de saúde.

Este desemprego persistente também significa menos contribuições para o fundo de pensões por parte dos trabalhadores. Conforme mais gregos ficam sem trabalho, mais pensionistas precisam sustentar suas famílias com menos dinheiro do que antes.

Segundo os dados mais recentes do governo grego, 45% dos pensionistas recebem pagamentos abaixo da linha da pobreza, de 665 euros (R$ 2.305).

Leia mais: As 'joias da coroa' que a Grécia terá que vender para pagar suas dívidas

Salários em queda livre
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O povo grego também vem enfrentando uma redução dos salários.

Entre 2008 e 2013, os gregos ficaram, em média, 40% mais pobres, segundo dados da agência de estatísticas do governo analisados pela agência de notíciasReuters. Além do fechamento de postos de trabalho e cortes salariais, este declínio pode ser explicado nos grandes cortes de compensações e benefícios sociais.

Leia mais: Plano da UE para Grécia é inviável sem perdão de dívida, diz FMI

Em 2014, os ganhos não comprometidos com gastos de uma família grega caíram abaixo dos níveis de 2003.

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Pobreza em alta
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Como em todas as recessões, os pobres e mais vulneráveis sofreram mais.

Um em cada cinco gregos está passando por uma grave privação material, um índice que quase dobrou desde 2008.

Quase quatro milhões de pessoas que vivem na Grécia - ou mais de um terço da população do país - estavam "sob risco de pobreza ou exclusão social" em 2014.

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Segundo Panos Tsakloglou, economista e professor da Universidade de Economia e Negócios de Atenas, a crise expôs a falta de mecanismos de segurança social da Grécia.

"O Estado de bem-estar social na Grécia é historicamente fraco e orientado basicamente por cálculos clientelistas em vez de ser baseado na avaliação de necessidades reais. No passado, isso não era algo urgente, porque raramente houve situações sociais especialmente explosivas. A família assumia o lugar do bem-estar social", diz ele.

Normalmente, se um jovem perdia seu emprego ou não conseguia trabalho após se formar, eles recebiam um apoio de sua família até a situação melhorar.

Mas cada vez mais pessoas estão desempregadas, e, com os cortes em pensões feitos por causa das políticas de austeridade impostas à Grécia por seus credores, o grego médio está sendo mais impactado.

"Isso tem feito com que os desempregados caiam na pobreza mais rápido", afirma Tsakloglou.

Leia mais: O euro superaria a saída temporária da Grécia?

Cortes de serviços essenciais
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A saúde pública foi um dos setores mais impactados pela crise. Estima-se que 800 mil gregos não tenham acesso a serviços médicos por não contarem com seguro ou por serem pobres.

Um relatório de 2014 publicado no periódico científico Lancet destacou as consequências sociais e de saúde devastadoras para a população do país causadas pela crise financeira e as políticas de austeridade resultantes.

Leia mais: Grécia: Para que serviu o plebiscito?

Em um momento de alta demanda, diz o relatório, "a escala e a velocidade das mudanças impostas limitaram a capacidade do sistema de saúde de reagir às necessidades da população".

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Enquanto uma série de iniciativas sociais e clínicas de saúde administradas por voluntários surgiram para aliviar esta situação, muitos centros de prevenção ao uso de drogas e clínicas psiquiátricas foram fechados por causa de cortes de orçamento.

Infecções por HIV entre usuários de drogas aumentaram de 15 para 484 casos entre 2009 e 2012.

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Bem-estar mental
A crise também vem cobrando seu preço do bem-estar da população.

Dados sugerem que a ocorrência de depressão aumentou de 3% para 8% em três anos, até 2011.

Apesar de ter partido de um número inicial baixo, a taxa de suicídios aumentou 35% entre 2010 e 2012, segundo um estudo publicado no periódico científicoBritish Medical Journal.

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Pesquisadores concluíram que o aumento de suicídios entre aqueles em idade produtiva coincidiram com as políticas de austeridade.

Os serviços de saúde mental sem fins lucrativos na Grécia também foram forçados a reduzir suas operações, a fechar ou a demitir funcionários, enquanto planos para o desenvolvimento de clínicas psiquiátricas infantis foram abandonados.

Os fundos para serviços de saúde mental caíram cerca de 20% entre 2010 e 2011 e mais 55% no ano seguinte.

Leia mais: Crise grega reaviva memória local da Segunda Guerra

Fuga de cérebros
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Diante da perspectiva de salários menores e desemprego, muitos gregos foram forçados a buscar trabalho fora do país. Nos últimos cinco anos, a população grega foi reduzida em cerca de 400 mil pessoas.

Um estudo de 2013 indica que mais de 120 mil profissionais, incluindo médicos, engenheiros e cientistas, deixaram a Grécia desde o início da crise em 2010.

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Uma pesquisa mais recente do European University Institute aponta que, entre os que imigraram, nove em cada dez tinham um diploma universitário. Mais de 60% destes tinham um mestrado, e 11% haviam completado um doutorado.


Isso é só uma palhinha do que nos espera com políticas recessivas, reformas, mais políticas recessivas e todo o ciclo do capitalismo predatório.
 
Maria Lucia Fatorelli esclarece crise na Grécia

 
resumindo a história grega em poucas palavras: "Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de se ignorar a realidade."

Posso ignorar seu post enigmático?
Brincadeira, como diz nosso querido presidente "mesóclico", que quer nos transformar em uma Grécia gigante, não ignorá-lo-ei.

A população grega demorou para perceber a realidade. No começo era só uma reformazinha aqui, uma perda de "privilégios" ali, uma modernização nas leis trabalhistas para trazer mais investimento e reaquecer a economia acolá. Mas a verdade é que a economia não reaqueceu. Foram retirados todos os direitos que se podia da população, foi se sacrificando cada vez mais o povo sempre com a promessa da retomada dos investimentos quando o mercado tivesse novamente confiança. Apenas quando se elegeu um governo que resolveu bater de frente e renegociar a dívida é que o país começou a esboçar uma saída do buraco negro em que tinha entrado. A cartilha do FMI é cruel, não se importa com qualidade de vida da população. Corta saúde, educação, até gastos com segurança. O país se torna uma desgraça desde que haja dinheiro para pagar os credores.

O Brasil não está muito longe disso. Nossa dívida pública tá perto de 75% do PIB, por isso tanta pressa em aprovar reformas que deixam o povo na amargura, aposentando-se na prática com 70 ou mais depois de 49 anos de contribuição e ainda com um salário miserável, abaixo do que seria obtido com um investimento básico remunerado de forma ínfima como a poupança. Vamos ver se a história se repete ou diferente dos gregos somos capazes de reagir.
 
O tópico é sobre a Grécia ou sobre o Brasil?
 
“O contrato social é uma regulação à vida social. Esse dementes acham que o estado natural do homem é se equilibrar e evoluir, quando na verdade é o contrário: exploração dos inferiores e aniquilação quando não são mais úteis. O que temos pra hoje é o Estado, ao invés de tentar aperfeiçoar, pedem pra acabar. Essa é a maior preguiça intelectual existente e quem prega isso sabe que sem regulação vai poder botar pra ***** sem represálias. Aí um bando de alienados compra essa ideia. Como se de um dia pro outro, a falta de regulação iria propiciar-lhe uma de dignidade plena.” [Anônimo]
Em números: Como a crise piorou a vida dos gregos
Lucy Rodgers e Nassos StylianouBBC News (...) Isso é só uma palhinha do que nos espera com políticas recessivas, reformas, mais políticas recessivas e todo o ciclo do capitalismo predatório.

Maria Lucia Fatorelli esclarece crise na Grécia:


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@mtulio_2000, parabéns pela iniciativa! Ótimo tópico!!! :joia:

Feliz de saber que ainda existe gente preocupada, de fato, com a realidade social (ao invés do próprio umbigo). Congratulações! :vinho:

A população grega demorou para perceber a realidade. No começo era só uma reformazinha aqui, uma perda de "privilégios" ali, uma modernização nas leis trabalhistas para trazer mais investimento e reaquecer a economia acolá. Mas a verdade é que a economia não reaqueceu. Foram retirados todos os direitos que se podia da população, foi se sacrificando cada vez mais o povo sempre com a promessa da retomada dos investimentos quando o mercado tivesse novamente confiança. Apenas quando se elegeu um governo que resolveu bater de frente e renegociar a dívida é que o país começou a esboçar uma saída do buraco negro em que tinha entrado. A cartilha do FMI é cruel, não se importa com qualidade de vida da população. Corta saúde, educação, até gastos com segurança. O país se torna uma desgraça desde que haja dinheiro para pagar os credores.
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A intenção é essa mesma: esses delinquentes e parasitas sociais montam super-estruturas e se instalam nos países e sugam todos os seus recursos naturais e humanos.

Brasil é paraíso desses rentistas e especuladores. Existe uma ligação muito estreita entre os governos neoliberais com os departamentos financeiros das grandes empresas com a especulação. Capitalistas deslocam cada vez mais seus lucros para a especulação, na busca de lucros maiores. Trata-se do que Marx caracterizou como o capital fictício.

Só a produção real, no entanto, gera valor. Os ganhos do capital fictício são um jogo no qual, se alguém ganha, outro tem de perder. A especulação pode crescer da mais-valia criada pelo trabalho produtivo. Durante um período, porém, cresce como uma gigantesca pirâmide em que as pessoas vão ganhando enquanto conseguem adesões de outras.

Quando os ganhos no capital fictício são desproporcionais em relação ao mundo real, a pirâmide desaba. Acontece, como agora, uma crise que queima uma montanha de capital fictício e se estende à produção.

Com a globalização, este processo deu um duplo salto. Por um lado conseguiu uma enorme massa de mais-valia, ao reduzir os salários e as conquistas dos trabalhadores e impor austeridade. Com a redução das taxas de lucros, o deslocamento para a especulação financeira cresceu muito.

A desregulamentação imposta pela globalização levou a um completo recuo de qualquer controle estatal sobre o sistema financeiro. São as próprias instituições financeiras que controlam o mercado, como os famosos graus de risco.

O que realmente impulsiona o investimento nas economias capitalistas modernas, onde o investimento de capital privado domina, é a lucratividade. Problemas sociais e ambientais ficam em último plano (se é que eles tem algum plano para essas questões).

Posso ignorar seu post enigmático? Brincadeira, como diz nosso querido presidente "mesóclico", que quer nos transformar em uma Grécia gigante, não ignorá-lo-ei.
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Nobre da sua parte... eu já desisti. (Tentar) dialogar com esses cidadãos é o mesmo que conversar com sionistas radicais sobre a possibilidade de criação dum estado palestino; um ateu tentar argumentar questões filosóficas e científicas com evangélicos, protestantes, cristãos ortodoxos ou fundamentalistas islâmicos; falar da importância da tolerância e multiculturalismo para neonazistas e racistas; dar couve para gato, cebola pra leão, gelo para esquimó e escova pra careca.

O Brasil não está muito longe disso. Nossa dívida pública tá perto de 75% do PIB, por isso tanta pressa em aprovar reformas que deixam o povo na amargura, aposentando-se na prática com 70 ou mais depois de 49 anos de contribuição e ainda com um salário miserável, abaixo do que seria obtido com um investimento básico remunerado de forma ínfima como a poupança. Vamos ver se a história se repete ou diferente dos gregos somos capazes de reagir.
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É impossível mudar a situação da saúde e da educação pagando a dívida aos banqueiros. A crise faz com que os capitalistas estrangeiros aumentem a pressão (sobre seus capachos das colônias) para que sejam transferidas mais riquezas para fora.

Para a maioria das pessoas, chega o fim do mês e elas precisam fazer as compras de casa. No caixa do supermercado, pede para pagar no crédito. Tem noção de que os juros são absurdos, mas o que podem fazer? Pouco tempo depois, aquela pequena conta cresce com altos juros ao ano e fica difícil de pagar (ou impagável). São obrigadas a cortar gastos e a economizar, e seus salários não dão conta de pagar nem mesmo o essencial. E muitas acabam fazendo um novo empréstimo no banco para quitar as dívidas. Se os juros do cartão de crédito já são revoltantes, imagine então receber em casa a fatura de uma conta de algo que você nunca comprou e com juros igualmente extorsivos. Pois é justamente isso o que acontece com a chamada dívida pública.

Não escolhemos, nunca contratamos e muito menos nos beneficiamos com ela. Porém, todos os anos, é como se cada brasileiro, independentemente da idade, recebesse uma conta em casa de mais de R$ 25 mil. É esse o valor total da dívida repartido entre os habitantes do país. Como isso acontece? O governo emite títulos da dívida pública e os vende em leilões no mercado financeiro. Os compradores são grandes bancos, nacionais e estrangeiros, como Citibank, HSBC ou Itaú. Na prática, é uma espécie de empréstimo, a juros muito altos, que é a tal da taxa Selic da qual sempre falam na televisão. Esses juros são definidos pelo Banco Central. Cada ponto que eles aumentam representa bilhões a mais todos os anos para esses banqueiros.

Ao contrário de um financiamento que você faz no banco para comprar um carro, por exemplo, ou da conta do supermercado que paga com o cartão de crédito, esse empréstimo do governo não tem retorno. Não é feito para construir escolas ou hospitais. É feito para pagar os juros que estão vencendo. Ou seja, o governo vai lá e se endivida para pagar os juros de uma dívida que já existe. É uma bola de neve que só aumenta cujos juros consomem hoje 47% do Orçamento do governo federal. Isso significa que, todos os anos, quase metade do que o governo arrecada vai para pagar os juros da dívida pública, tanto interna quanto externa.

A dívida pública é o principal motivo por trás da falta de dinheiro para áreas como saúde e educação. Esse duto que suga os recursos do país desvia o dinheiro dessas áreas para os banqueiros. Como isso ocorre? Quase todos os dias, ouvimos os noticiários falarem sobre o superávit primário. Dizem que é preciso fazer superávit primário, que o tal do superávit primário está em risco com a crise e que o país pode perder o grau de investimento. Mas o que significa tudo isso?

Tudo o que o governo arrecada, principalmente com impostos, mas por outros meios também, como os lucros das estatais, formam as receitas primárias. É o orçamento da União. Disso, tiram-se os gastos primários, que são os gastos com aposentadorias, saúde, educação etc. Bom, se a arrecadação é para custear esses gastos, por que o país precisaria ter superávit ou, em outras palavras, lucro? Por que precisa sobrar? Simplesmente para garantir o principal gasto do governo, que é o pagamento dos juros da dívida. Por isso os juros não entram nessa conta. Se entrassem, ficaria na cara o rombo que a dívida faz no Orçamento.

Para enfrentar essa crise, a primeira coisa a ser feita é a estatização do sistema financeiro: para colocá-lo a serviço dos trabalhadores e não para dar lucro para capitalistas; e parar de pagar a dívida para estancar essa sangria de recursos para esses predadores (e seus parasitas - que argumentam que isso provocaria uma fuga de capitais do país).

A dívida é, assim, uma forma de dominação que amarra qualquer mudança de fato na vida dos trabalhadores e do país.

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“A condição natural de qualquer sociedade humana estável é a de igualdade entre os seus membros. A nossa sociedade é instável justamente porque depende de exploração pra se manter, e acredita que é possível explorar indefinidamente tanto os membros da sociedade quanto o meio natural. O mercado não é natural, é uma construção social. Não existe "livre" mercado. Toda troca é realizada dentro de algum contexto social específico. O que os defensores do livre mercado querem na verdade é que a regulação não seja estatal, que ela seja corporativa. No final das contas tudo que eles querem é uma sociedade governada pelo capital, aonde, quer eles queiram ou não, quem definirá as regras serão as grandes corporações. Eu não sei você, mas quando eu, por exemplo, defendo a regulação do Estado, é dentro desse contexto, não no sentido de que o Estado deva controlar a vida das pessoas. Sem esquecer de que uma empresa não é uma pessoa.” [Anônimo]
 
Podemos resumir seu post nesta frase né ?

A divida é essa, se nao pior, e foi gerada por 13 anos de esquerdismo e agenda "Não FMI"....e agora ?


A dívida antes de mais nada precisa ser auditada, não se tem certeza se é essa mesmo. Como havia maquiagem nas contas públicas, pode acreditar que na financeira era pior. A própria Maria Lúcia Fatorelli já apontou alguns problemas, como são muito técnicos não vou explicar mas basta saber que parte do que é pago como amortizações na verdade são juros e passa do aprovado nos orçamentos dos últimos anos, logo pode ter acontecido uma super pedalada financeira.
Em segundo lugar não há nada de esquerdismo nisso, o governo do PT apesar dos erros teve avanços na área social, contudo em termos de política monetária foi estupidamente conservador. Utiliza-se de um sistema de metas de inflação sem núcleo (diferente do original da teoria e implantado primeiramente na Nova Zelândia), o que é péssimo pois não controla mais da metade dos preços que compõe o IPCA, por isso joga juros absurdos em doses cavalares pra compensar. Não controla a inflação direito e joga o país em vôos da galinha ou em recessão.

O que fazer? Não sei, primeiro auditar a dívida, entretanto acho que chegamos em um ponto que só isso não será suficiente. Imagino que em alguns anos entraremos em moratória.




O tópico é sobre a Grécia ou sobre o Brasil?


É sobre a Grécia e logo vai ter mais informação atualizada sobre ela, contudo não podemos negar a semelhança dos processos de empobrecimento da Grécia e do Brasil. A Grécia nos sorri e diz:

Eu sou vc amanhã. (lembram dessa propaganda?)

“O contrato social é uma regulação à vida social. Esse dementes acham que o estado natural do homem é se equilibrar e evoluir, quando na verdade é o contrário: exploração dos inferiores e aniquilação quando não são mais úteis. O que temos pra hoje é o Estado, ao invés de tentar aperfeiçoar, pedem pra acabar. Essa é a maior preguiça intelectual existente e quem prega isso sabe que sem regulação vai poder botar pra ***** sem represálias. Aí um bando de alienados compra essa ideia. Como se de um dia pro outro, a falta de regulação iria propiciar-lhe uma de dignidade plena.” [Anônimo]

@mtulio_2000, parabéns pela iniciativa! Ótimo tópico!!! :joia:





A dívida pública é o principal motivo por trás da falta de dinheiro para áreas como saúde e educação. Esse duto que suga os recursos do país desvia o dinheiro dessas áreas para os banqueiros. Como isso ocorre? Quase todos os dias, ouvimos os noticiários falarem sobre o superávit primário. Dizem que é preciso fazer superávit primário, que o tal do superávit primário está em risco com a crise e que o país pode perder o grau de investimento. Mas o que significa tudo isso?

Tudo o que o governo arrecada, principalmente com impostos, mas por outros meios também, como os lucros das estatais, formam as receitas primárias. É o orçamento da União. Disso, tiram-se os gastos primários, que são os gastos com aposentadorias, saúde, educação etc. Bom, se a arrecadação é para custear esses gastos, por que o país precisaria ter superávit ou, em outras palavras, lucro? Por que precisa sobrar? Simplesmente para garantir o principal gasto do governo, que é o pagamento dos juros da dívida. Por isso os juros não entram nessa conta. Se entrassem, ficaria na cara o rombo que a dívida faz no Orçamento.



Concordo com a safadeza do déficit/superávit primário. Até o Delfim Netto que não é nenhum santo mas pelo menos não é um chicago boy sugeriu que deveria haver um controle sobre o défict nominal, olhar só para a metade do rombo é patético. Os serviços públicos como saúde, educação e até segurança pública estão "dando água". Não dá pra cortar mais custo e sucatear mais empresas publicas que prestam serviço para população. Tem local que demora 6 meses pra pessoa fazer um exame.
Minha esposa perdeu a prima que faleceu ontem de câncer porque demorou demais pra fazer quimioterapia e radioterapia. Isso no RJ na capital. Imagina nesse interior do país, pessoas morrem aos montes por doenças bem mais simples.

Não podemos permitir que o país seja destroçado desse jeito pra garantir o pagamento de meia dúzia de rentistas. Antigamente eu era favorável apenas a redução de juros e auditoria da dívida. Hoje já começo a achar que talvez seja melhor a moratória ou renegociação.
 
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Podemos resumir seu post nesta frase né ?

A divida é essa, se nao pior, e foi gerada por 13 anos de esquerdismo e agenda "Não FMI"....e agora ?

Errado, a maior parte da nossa dívida vem da época da Ditadura Militar.

Claro que a administração Lula fez a bobagem de dizer que acabou a divida externa, esquecendo de dizer que contraiu uma dívida interna ainda maior.

Sendo que em minha avaliação o PT se vendeu ao grande capital, e passa longe do que seria uma agenda de esquerda. Ou uma agenda de esquerda libertária, que é a que defendo.
 
“Lambedor de saco de patrão, se defende quem tanto te engana e explora, então vai trabalhar para eles - e que tal uma empresa terceirizada?” (...) “Enfim, os homens mais ricos do mundo agradecem pelo bando de pobres que defendem a riqueza deles em troca da própria pobreza, tanto a pobreza financeira quanto a pobreza intelectual. Se você é assim, parabéns, seu otário! Tome todos os dias a sua pílula azul e seja feliz com sua vida cheia de "riquezas" que o sistema faz você acreditar que tem.” (...) “Ciência e Tecnologia podem ser criadas sem o capitalismo... o céu não é mais o nosso limite.” [Anônimo]

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No PP (do Maluf), partido em que o Bolsonaro ficou por muito tempo, só tinham candidatos “honestíssimos”? E os dados da operação Lava Jato? :hmm2:

E a aliança do PP com o PT na época do governo Lula? :hmm2:

Já que o Bolsonaro é tão honesto, por que ele não entregou ninguém e fez delações na Lava Jato? :hmm2:

É realmente difícil de acreditar num cidadão que vende a imagem dum político autônomo e sério (mas com falas tão controversas e contraditórias) e que optou se abster na votação da terceirização (veja o que ele disse antes e o que ele disse depois do “banquete” do temer, no vídeo acima).

E por todas as evidências levantadas e fatos expostos, pode-se concluir que ele era (e é) “pau mandado de partido” - que não quer tomar partido de causas trabalhistas por temer seus correligionários e parceiros das bancadas ruralista e evangélica, e principalmente, o seu eleitorado conservador.

Intervenção e ditadura militar serviu (e serve) somente para proteger os privilégios das pessoas mais ricas da sociedade. É ignorância um cidadão pobre (ou pertencente a classe média) defender pessoas que fazem apologia ao fascismo e que ignorem (por conveniência) as verdadeiras causas dos problemas sociais. :facepalm:

Errado, a maior parte da nossa dívida vem da época da Ditadura Militar.

Ahhhh... agora entendi... é por isso que alguns (“paneleiros gourmet” vestidos de camisa branca) pediram a volta da ditadura militar... :ahh:

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Claro que a administração Lula fez a bobagem de dizer que acabou a divida externa, esquecendo de dizer que contraiu uma dívida interna ainda maior.

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“Bobagem”, “esquecendo”... claro que sim abiguinho, pode confiá no "Barba”... :risos:

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Sendo que em minha avaliação o PT se vendeu ao grande capital, e passa longe do que seria uma agenda de esquerda. Ou uma agenda de esquerda libertária, que é a que defendo.

“O PT pretende discutir em sua direção e no seu congresso como derrubar as medidas antipopulares que tramitam no Congresso Nacional. Mas como farão isso? A Direção Nacional do PT, decidiu realizar em abril de 2017 o VI Congresso do partido. As várias tendências do partido veem na realização do Congresso, a oportunidade de fazer um balanço dos erros cometidos pela direção partidária e pelo governo, bem como avaliar o que fazer para resgatar a confiança de sua base social. Falam da necessidade de reinventar o PT, de garantir autonomia aos movimentos sociais, de desenvolver uma atuação no Congresso Nacional para tentar derrubar as reformas do governo Temer, de lutar por eleições diretas para presidente, etc. Algumas dessas posições revelam a doença mortal que impregnou e levou à falência do PT: o reformismo. O PT nasceu como um partido operário independente. Um partido sem patrões. Onde os trabalhadores, sob a base da independência de classe, buscavam construir um instrumento de luta e organização que rompesse com esse sistema de exploração. No entanto, as ideias reformistas defendidas por várias tendências e seus dirigentes tomaram conta do partido e o afastaram dessa vocação revolucionária. A adoção dessa linha política levou o PT através de sua direção a adaptar-se ao sistema capitalista. Defenderam a todo custo as instituições e o Estado burguês. (...) Os dirigentes do PT, para não assumirem seus erros políticos, falam em golpe. Negam-se olimpicamente a reconhecer que tudo está como está por que a linha política adotada pela direção reformista do partido freou os movimentos sociais, se afastou de sua base social, para aplicar uma linha política de colaboração de classes com a burguesia. Essa política reacionária do partido levou a classe trabalhadora e principalmente a juventude a romper com o PT.”(...)

“Está claro. Não é possível agradar a dois senhores. Principalmente em tempos de crise mundial do capitalismo. O PT pode até tirar resoluções de combate às medidas antipopulares. Mas, essas resoluções internas não terão consequências efetivas. Sabemos que o que pode impedir ou reverter os ataques aos direitos da classe não é o número de deputados e senadores supostamente de esquerda que a classe tem no Congresso Nacional. Mas, sim, a capacidade de mobilização, unidade, organização e luta da classe trabalhadora e da juventude nas ruas.” (...) “Uma clara ilusão dos reformistas é pensar que, para resolver os problemas do partido ou da classe trabalhadora, basta fazer uma nova eleição. Várias lideranças do PT e outros dirigentes de esquerda vêm defendendo a proposta de eleições diretas para presidente. Esse tipo de posição política, ao fim e ao cabo, só tem um objetivo: tentar salvar e dar novo folego às instituições podres do sistema vigente, que cada dia mais é odiado pelos explorados. Não, a classe trabalhadora não precisa de mais eleições para resolver seus problemas. As eleições no estado burguês não têm por objetivo mudar nada. Almejam tão somente manter o controle da burguesia sobre a classe trabalhadora. Pois no capitalismo quem decide não são os trabalhadores e suas direções reformistas. É a burguesia. É o capital. Toda essa ilusão sobre a politica de conciliação de classe foi por terra, a partir da crise internacional do capitalismo iniciada em 2008/2009. A burguesia não tem qualquer perspectiva de solução para a crise até o momento. Para manter seus lucros, ela ataca brutalmente os direitos e conquistas da classe trabalhadora. Essas medidas de interesse da burguesia, embora já estavam em curso durante o governo do PT, com Temer estão sendo aceleradas e aprofundadas.”(...)
[CMI]

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Meio contraditório esse meme seu aí abiguinho. Os intelectuais defensores dos grandes capitalistas não dizem que, de acordo com a meritocracia (aquele que trabalhou, tem que receber e investir naquilo que o faz feliz), querem que os benefícios do capitalismo cheguem a todos? E você vem aqui, por meio dessa imagem, contrariar os princípios deles? :coolface:

Agora falando sério, sem querer te contrariar (mas já contrariando), como você acha que esses produtos são produzidos? Qual classe social executa a maior parte da demanda de trabalho nas linhas de produção?

Tem pessoas que acham que comprar e consumir celulares, peças de informática e itens eletrônicos é ser capitalista: quanta falácia ainda perdura na mídia. Você, eu e a maioria das pessoas, somos escravos desse sistema e sobrevivemos dentro dele. Eu não sou dono do capital, nem de grande empresa, nem de banco e nem faço altos investimentos, logo eu não sou capitalista, sou uma pessoa que vive num sistema capitalista e só. O maior problema dos conservadores (e neoliberais) é repetir frases (e dogmas de certas correntes políticas e filosóficas) sem ao menos dar uma analisada no que propaga.

Os marxistas (anarquistas, progressistas/keynesianos e liberais de esquerda) quando propõem a taxação de grandes fortunas e tributações proporcionais as rendas e não dos produto e serviços; quando propõem auditoria de dívida pública e combate a elisão, evasão de divisas e sonegação; quando propõem dar assistência social; quando propõem investir em educação, saúde e políticas públicas, por exemplo, queremos justiça social e elevar o poder de compra das pessoas, o que vai consecutivamente aumentar os investimentos na micro-economia e consequentemente gerar mais empreendedorismo e trazer mais empregos.

Triste ver micro-pequeno-médio empreendedores, servidores públicos do baixo escalão e trabalhadores defendendo o capitalismo (neoliberal) na internet; ou melhor, é lamentável ver um cara pobre ou de classe média defendendo um sistema que oprime a maioria das pessoas para benefício e privilégios de algumas (tanto no setor público, quanto no privado).

A social democracia implantada nos países escandinavos demonstrou ser uma alternativa bem sucedida ao longo da história. Mesmo sendo marxista (e realista), creio que a social democracia seja a solução para o fracasso do “socialismo real” e do neoliberalismo - a construção duma ordem econômica e política viáveis (calcada em valores humanitários e éticos). ;)

A social-democracia é uma ideologia política que apoia intervenções econômicas e sociais do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista, e uma política envolvendo Estado de bem-estar social, sindicatos e regulação econômica para promover uma distribuição de renda mais igualitária e um compromisso para com a democracia representativa. É uma ideologia política de centro-esquerda surgida no fim do século XIX por partidários do marxismo que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista deveria ocorrer sem uma revolução, mas sim por meio de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário. (...) [Wikipedia]

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“Há anos é usado o argumento de que pessoas de esquerda que possuem objetos típicos de pessoas de classes socioeconômicas privilegiadas, como o celular iPhone, são “hipócritas” e “não têm moral” para criticar o capitalismo. Essa tentativa de desqualificar a argumentação da esquerda, conhecida como “argumento do iPhone”, nada mais é do que uma descarada falácia. Em outros termos, um argumento que já nasce inválido e falha em defender que a direita capitalista “tem razão”.Esse é um “argumento” natimorto. Surge como uma falácia de desqualificação pessoal, tradicionalmente conhecida como ad hominem, mista com apelo à hipocrisia (conhecida, por sua vez, pela expressão latina tu quoque). Nasceu sem o mínimo de intenção de refutar as alegações anticapitalistas usadas por pessoas de esquerda.Sua linha de raciocínio consiste em alegar que “se o anticapitalista tem um celular caro (como o iPhone mais recente), ele está se beneficiando do capitalismo, o qual é o único sistema econômico que pode dar aos ‘esforçados’ a chance de ter um celular sofisticado e requintado. Portanto, uma vez que ele teve ganhos graças ao capitalismo, não faz sentido criticar esse sistema, e caso faça essa crítica, está sendo hipócrita e contrariando seus (supostos) próprios argumentos”.Condiciona que apenas pessoas que não se beneficiam diretamente com o capitalismo teriam moral para criticá-lo. Tacha pessoas da classe média para cima como “obrigadas” a aceitar o capitalismo – ou defendendo-o ou mantendo-se “neutras”.Esse pensamento não leva em consideração que o capitalismo é um sistema onipresente no mundo hoje em dia e impõe sucessivamente novas necessidades a serem satisfeitas com novos itens tecnológicos. E não reconhece que ser de esquerda não é fazer voto de pobreza, doar seus bens privados de maior valor financeiro e desligar-se da sociedade capitalista. A renúncia material não é algo inerente a ideologias de esquerda.Ou seja, além de ataque pessoal e apelo à hipocrisia, o “argumento do iPhone” também é uma falácia do espantalho – que consiste em atribuir falsas fraquezas ao ponto de vista adversário e criticar esse ponto de vista com base nesses detalhes falsos. Pressupõe erradamente que a esquerda estaria defendendo a redistribuição igualitária (e às vezes comunitária) não dos meios de produção (vide o marxismo), mas sim de bens domésticos.Outra pressuposição “espantalhosa” é que a esquerda seria contra a obtenção de bens de consumo tecnológicos, como o celular smartphone, o tablet, o carro e o computador pessoal. Distorce por completo que o que a esquerda atual defende é ou a universalização democrática das condições socioeconômicas de as pessoas comprarem tais itens (ou ao menos versões funcionais sem luxo), tornados necessários no contexto social e tecnológico de hoje, ou – no caso das correntes mais utópicas – a abolição de tais necessidades tecnológicas, por meio da ascensão de modelos pós-industriais e eco-amigáveis de sociedade e cultura.Em outras palavras, nada inerente às correntes de esquerda (exceto talvez algumas vertentes ambientalistas) censura que colunistas e parlamentares adeptos de ideias progressistas possuam objetos produzidos por empresas de tecnologia. Ninguém que tenha esses bens pode ser moralmente privado de defender o fim do capitalismo ou uma hipotética (tentativa de) reforma democrático-humanitária do mesmo. Nenhum argumento real opositor do capitalismo se torna inválido porque seu autor usa algo que o sistema tornou necessário para ele.E foi nessa invalidade que o “argumento do iPhone” morreu logicamente ao nascer. Com isso, todo indivíduo de direita que tentar alegar que “você não pode ser esquerdista se tiver um iPhone” está revelando que não aceita debater racional e argumentativamente aquilo no que crê. Em sua tentativa de censurar a pessoa, ele evidencia que suas crenças não podem ser defendidas por meio da razão, do debate, do confronto de ideias, mas sim apenas pela força – mesmo que essa força seja simplesmente tentar forçar a invalidez de um argumento opositor que refuta bem-sucedidamente um ou mais dogmas neoliberais.” [Consciencia.blog.br]
 
A economia grega está sendo esmagada pela austeridade e pela crise dos refugiados
05/02/2016 21:34 -02 | Atualizado 27/01/2017 00:31 -02
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AYHAN MEHMET/GETTY IMAGES


A crise dos refugiados está testando os limites da economia grega, ameaçando a capacidade do país de lidar com um fluxo de refugiados que não dá sinais de desaceleração.

Além das dificuldades provocadas pela política de austeridade, a pressão econômica da crise de refugiados aumenta o medo do governo grego de que haja uma nova onda de xenofobia no país, a menos que a União Europeia e a Turquia intensifiquem significativamente a ajuda para administrar o problema.


Um relatório de Yannis Stournaras, governador do Banco da Grécia, confirma o receio. Apresentado ao conselho geral do Banco Central Europeu em 17 de dezembro, o relatório compila pesquisas sobre os efeitos econômicos do fluxo de refugiados para demonstrar os riscos que ele representa para a Grécia.


“A continuação/piora da crise [dos refugiados] acrescenta um fator de risco para as perspectivas da economia grega”, argumenta Stournaras. Que a mensagem tenha vindo de Stournaras, ministro das Finanças entre 2012 e 2014, no governo anterior de centro-direita, reforça as conclusões.


O aumento das despesas públicas para absorver os milhares de refugiados que desembarcam diariamente na costa do país chegarão a 0,3% do PIB este ano, ou 600 milhões de euros, diz Stournaras no relatório, citando estimativas do governo.


Os custos vão obrigar a tomada de certas decisões, pois ocorrem “num momento de estrito aperto fiscal”, diz o relatório.

O texto também observa que o enorme número de refugiados, sírios em sua maioria, tem causado uma ruptura na indústria do turismo e no comércio internacional, que depende de acesso irrestrito às vias marítimas das ilhas gregas.



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Refugiados chegam à ilha de Lesbos numa embarcação da Guarda Costeira grega





A grande maioria dos refugiados que chega à Grécia segue viagem para países europeus mais ricos, especialmente Alemanha e Suécia, que têm sido relativamente acolhedores.

Mas um crescente número de países vizinhos está fechando suas fronteiras, e é provável que mais candidatos a asilo permaneçam na Grécia. Isso significa mais gastos governamentais para garantir alojamento, comida e saúde para os refugiados, diz o relatório de Stournaras.

Ironicamente, países mais ricos, como a Alemanha, têm os maiores ganhos econômicos em potencial com a chegada dos refugiados, diz o relatório, pois há falta de mão-de-obra em setores que precisam de funcionários qualificados.

A Grécia está entre os países menos equipados economicamente para lidar com esse fluxo. (Cerca de 84% dos candidatos a asilo que chegaram à Europa pelo mar em 2015, e 92% este ano, entraram no continente pela Grécia, segundo a ONU.)

A economia grega ainda está se recuperando da crise financeira e das medidas de austeridade exigidas por três planos de salvamento desde 2010. A taxa de desemprego está perto de 25%), a mais alta da União Europeia, e a economia encolheu 25% em relação a 2009 – o que significa que os rendimentos do cidadãos do país diminuíram emproporção comparável.

Os diferentes efeitos econômicos da crise dos refugiados nos diversos países europeus ilustra as disparidades existentes na zona do euro, diz Angelos Chryssogelos, um especialista em política europeia da London School of Economics.

“É comparável a se falar num aumento líquido das exportações na zona do euro: não significa que haverá ganhos iguais em todos os países da Europa”, disse ele, observando que a Alemanha costuma ficar com a maior parte do crescimento das exportações.

A paciência dos gregos está acabando

Sem uma solução mais abrangente por parte da União Europeia, o governo grego teme que o fluxo constante de refugiados e seu impacto sobre a economia possam incentivar elementos xenófobos no país, disse uma alta autoridade do governo.

O governo grego não adotou medidas duras como outros países. A Hungria criou campos para prender os refugiados e impede que eles sigam viagem para outros destinos na Europa. Dinamarca e Suíça estão confiscando os ativos dos refugiados para cobrir os custos de manutenção. E o fluxo maciço de refugiados não levou os gregos a apoiar movimentos políticos xenofóbicos, como aconteceu na França, na Dinamarca, naFinlândia e na Suécia.

Mas a fonte governamental disse que o aparente fracasso da União Europeia em fornecer uma solução política eficaz para a crise, além das acusações dos outros países em relação aos gregos, estão testando a generosidade da população grega. Se a situação não for contornada, diz a autoridade, existe o risco de um crescimento de forças xenófobas, como partido neonazista grego Aurora Dourada.

“Há sempre o perigo da ascensão da extrema direita se continuarmos sendo pressionados pelo fluxo de refugiados e ao mesmo tempo recebermos tratamento duro dos nossos parceiros”, disse a autoridade. “Temos de entender que a sociedade grega sofreu muito e continua sofrendo.”

Um funcionário de uma agência de ajuda humanitária na ilha de Lesbos, importante ponto de chegada para os candidatos a asilo, tem preocupações parecidas. Ele disse que a população local tem recebido os refugiados de braços abertos. Mas eles começam a se ressentir em relação à comunidade internacional, que investe muitos recursos para ajudar os refugiados, mas ignora crise econômica grega, acentuada pela a crise dos refugiados.

“Os gregos têm mostrado grande hospitalidade para com os refugiados e trabalhadores humanitários na ilha, mas eles se sentem abandonados pela Europa e são penalizados pelo que fazem”, disse o funcionário, que pediu para permanecer anônimo pois não tinha autorização para falar em nome de seu empregador.

Dois moradores de Lesbos foram indicados ao Prêmio Nobel da Paz por seu papel naajuda aos refugiados, junto com a atriz Susan Sarandon, que documentou seu trabalho de ajuda na ilha. Os acadêmicos gregos e os membros do Comitê Olímpico Helênico, responsáveis pela indicação, disseram que os dois candidatos gregos representam “o comportamento e atitude da Grécia, da organizações de ajuda e dos voluntários em relação à enorme crise.”

As preocupações com o esgotamento da boa vontade do público coincidem com severas críticas e ameaças de outros países da União Europeia.

A Comissão Europeia, órgão executivo da UE, deu um ultimato para que a Grécia cumpra uma série de recomendações em relação ao registro de candidatos a asilo que estão em seu território e à segurança de suas fronteiras marítimas. Se a Grécia não cumprir as determinações em três meses, diz a ABC News, os países da UE podem estabelecer controles de fronteiras por até dois anos -- efetivamente excluindo a Grécia da zona de Schengen, que permite o trânsito sem passaporte entre 26 países europeus. Essa medida significaria milhares de refugiados efetivamente presos na Grécia, pois os países vizinhos fechariam suas fronteiras.

A ação da Comissão Europeia vem na esteira de semanas de acusações dos países-membros. Eles afirmam que a Grécia não patrulha suas fronteiras marítimas de forma adequada a fim de impedir a entrada dos refugiados na Europa. As autoridades europeias também afirmam que a ajuda enviada à Grécia não tem sido devidamente utilizada para gerenciar a crise dos refugiados.

A Comissão Europeia repassou para o governo grego 27,8 milhões de euros em fundos de emergência e vai providenciar outros 474 milhões em assistência de 2014 a 2020, para “recepção, retorno e realocação na Grécia”, segundo um relatório da Comissão do final de janeiro.

Tove Ernst, um porta-voz da Comissão Europeia, negou que a CE não reconheça os esforços do governo grego e dos cidadãos do país. Ao mesmo tempo, indica Ernst, a Comissão acredita que a Grécia deva melhorar a sua abordagem.

“Não estamos isolando ou estigmatizando os gregos, mas ajudando-os a respeitar as suas obrigações, ajudando-os a corrigir as deficiências”, disse Ernst.



"Este estado -- um estado falido -- está tentando desenvolver um mecanismo para administrar a maior crise de refugiados das últimas décadas."


Costas Eleftheriou, Universidade de Atenas



Um diplomata grego envolvido nas discussões com autoridades europeias reconheceu erros no passado, mas disse que a ação da Comissão representa uma “visão muito parcial da realidade.”

“Neste momento, as recomendações da Comissão estão sendo usadas para fazer da Grécia um bode expiatório das políticas de refugiados e migração”, disse o diplomata. “Algumas recomendações são razoáveis, algumas já foram cumpridas, e algumas só existem para legitimar restrições fronteiriças e para transformar a Grécia num bode expiatório.”

O governo grego anunciou esta semana que recrutou a ajuda dos militares para acelerar a conclusão de centros de acolhimento, a fim de agilizar o processamento dos refugiados que entram no país.

Enquanto isso, os gregos querem que as nações europeias honrem seus compromissos de receber os candidatos a asilo e que a UE pressione a Turquia para limitar o fluxo de refugiados que vêm de seu território. Em novembro, a UE fez um acordo para destinar 3,2 bilhões de euros para a Turquia a título de ajuda para os 2,2 milhões de sírios refugiados no país. Em troca, a UE pediu que a Turquia impedisse mais ativamente a migração para a Europa por via marítima.

Apesar do acordo, milhares de refugiados continuam chegando todos os dias na costa da Grécia, sobrecarregando ainda mais a economia do país.

O diplomata grego observa que as autoridades europeias costumam reclamar que a Grécia não está processando pedidos de realocação dos refugiados com a velocidade necessária. Dos 700 pedidos processados pelos gregos desde setembro, apenas 200 refugiados foram realocados, disse o diplomata.

A organização sem fins lucrativos Human Rights Watch corrobora muitas das afirmações do governo grego.

A Human Rights Watch tem criticado o governo grego por não fazer o suficiente para acomodar os refugiados e, em particular, por não tomar medidas adequadas para registrá-los oficialmente. Mas o grupo reconhece que as dificuldades econômicas da Grécia são parcialmente responsáveis por isso e reserva as críticas mais duras para as autoridades europeias, que teriam a intenção de “armazenar” os candidatos a asilo dentro das fronteiras gregas – ou simplesmente mandá-los de volta para casa.

“Prender os candidatos a asilo em condições precárias na Grécia seria desastroso para essas mulheres, homens e crianças e é o exato oposto do tipo de responsabilidade compartilhada que precisamos ver”, disse Eva Cossé, da Human Rights Watch Grécia em um comunicado divulgado em 28 de janeiro. “Também seria um sinal da completa falta de liderança por parte da UE na crise global de refugiados.”

Cossé também observa que a UE não entregou a ajuda e o pessoal de patrulha de fronteira para a Grécia, nem desenvolveu um novo sistema para processar um volume de refugiados sem precedentes.

“Este estado -- um estado falido -- está tentando desenvolver um mecanismo para administrar a maior crise de refugiados das últimas décadas. Isso é um absurdo”, disse Costas Eleftheriou, especialista em política grega da Universidade de Atenas. “Eles dizem que essas pessoas não estão administrando a crise do jeito certo”, afirmou Eleftheriou, mas tudo o que os gregos fazem deve ser avaliado no contexto da sua grave crise financeira.

Como isso pode afetar a renegociação da dívida grega?

O governo grego não invocou a crise dos refugiados nas negociações sobre o seu pacote de redução da dívida com os seus credores institucionais, segundo o governo.

Mas Eleftheriou, da Universidade de Atenas, disse que seria sensato que Tsipras usasse a crise como argumento nas negociações de redução da dívida, embora ele seja cético em relação à eficácia da estratégia.

“Os parceiros europeus não vão aceitar esse tipo de argumentação, ligando a crise dos refugiados e a questão programa de austeridade”, disse ele. “Não sei se isso vai reforçar o argumento dos gregos, porque acho que eles já tentaram isso no passado.”

Chryssogelos, da London School of Economics, suspeita que a Grécia tente alavancar a crise de refugiados para obter prazos de pagamento mais favoráveis.

“Eles estão tentando obter mais trocas na frente econômica sendo mais razoáveis nas questões dos refugiados e nas questões internacionais”, disse ele.



"Eles estão tentando obter mais trocas na frente econômica sendo mais razoáveis nas questões dos refugiados e nas questões internacionais."


Angelos Chryssogelos, London School of Economics



O Fundo Monetário Internacional, um dos principais credores da Grécia, supostamente adotou uma linha mais dura nas últimos negociações sobre as reformas das pensões na Grécia. O FMI afirma que não comenta sobre as negociações em andamento. Em vez disso, a organização apontou para um relatório divulgado em 20 de janeiro, que avalia os efeitos econômicos do fluxo de refugiados no curto e no longo prazo.

O relatório nota o papel de porta de entrada da Grécia, concluindo que os gastos adicionais para lidar com a crise sejam de 0,17% do PIB de 2015 – menos do que é investido por países que são os destinos finais dos refugiados. Mas o texto não examina o impacto dessas despesas no contexto da crise da dívida.

“O estudo indica que, com políticas adequadas – especialmente uma integração eficaz no mercado de trabalho -- o potencial de refugiados pode representar benefício para todos”, diz a diretora geral do FMI, Christine Lagarde, num comunicado que acompanha o relatório. “As circunstâncias enfrentadas por cada país são diferentes, e diferentes deveriam ser as respostas, mas, em última análise, a onda de refugiados é um desafio global que devem ser enfrentado por meio de cooperação global.”



Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.



Complicada a situação grega. Nada contra os Sírios que sofrem no seu próprio país e precisam fugir para ter chance de sobreviver mas a situação grega fica ainda mais complexa pois não há como um país tão empobrecido fazer a 'triagem de pessoal" que a comunidade européia exige. Vai passar refugiado honesto mas também terrorista para Alemanha, fazer o quê? Quem planta vento colhe tempestade, a Alemanha com ajuda do FMI sangrou demais a Grécia...
 
“Liberdade, Justiça e Igualdade passam pelo entendimento da realidade e supressão de tudo aqui que aprisiona a humanidade. Experimente substituir seus ódios e preconceitos por valores positivos, como aceitação, tolerância, civilidade, empatia, compreensão e curiosidade. Somente assim para todos podermos ter e viver uma vida digna.” [Anônimo]

Sobre o idealismo “pós-moderno”, o materialismo determinista e a crítica radical de Marx e Engels, por Diego Cruz.
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Na atualidade, tornou-se comum a alegação de que a verdade não existe, o que existiria seriam apenas interpretações, pontos de vista particulares (saberes), todos igualmente válidos. E que qualquer tentativa de conhecer a verdade não passaria de pura arrogância e pretensão daqueles que buscam ingenuamente aprisionar a complexidade de nossa existência dentro de limites autoritariamente impostos por uma abordagem determinista qualquer.

Esta visão exerce um inegável fascínio sobre o senso comum e boa parte dos intelectuais que dominam o ambiente acadêmico, uma vez que ela parece conferir uma grande sensação de liberdade, onde as impositivas verdades absolutas do passado são substituídas por interpretações customizadas ao sabor das preferências individuais e até mesmo das conveniências momentâneas. Esta abordagem tem encontrado uma grande adesão, mesmo entre setores combativos dos movimentos sociais que vêem na negação de uma verdade objetiva a afirmação de suas próprias pautas.

Contudo, esta relativização que, num primeiro momento, parece vir ao auxilio daqueles que buscam construir uma sociedade livre de toda a forma de opressão e exploração, não passa de uma ilusão que parte de uma análise superficial da realidade. Busca esconder o fato de que esta ideologia de relativização absoluta não representa mais do que o retorno às velhas ideologias do passado e está a serviço dos interesses das elites que incentivam e aprofundam não só o machismo, o racismo, a homofobia e a intolerância étnica e religiosa, como a exploração dos trabalhadores e do povo pobre em nossa sociedade.

Afinal, ainda que no discurso relativista dos ideólogos pós-modernos “todas as verdades sejam igualmente válidas”, na prática social cotidiana o que vemos é a imposição de uma única verdade, aquela dos que exercem o poder. Do que nos vale a suposta “liberdade” para escolher entre uma infinidade de abordagens e pontos de vista igualmente válidos para analisar a realidade, quando na prática seguimos aprisionados à lógica capitalista que mantém os interesses do Deus-mercado acima de qualquer interesse social ou humano?

A relação entre setores da esquerda e a ideologia relativista que se convencionou chamar de “pós-modernismo” ou, mais apropriadamente, pós-estruturalismo, é o reflexo de uma das maiores tragédias no desenvolvimento do pensamento humano, uma tragédia promovida pelas forças combinadas das duas maiores máquinas de propaganda que a humanidade já foi capaz de produzir: a poderosa e onipresente grande mídia capitalista e o monstruoso aparato de propaganda da burocracia soviética. Por diferentes razões, cada uma delas movida por seus próprios interesses, soterraram a conquista que representa o materialismo dialético, sob grossas camadas de mentiras e distorções.

No final do século XX e neste início do século XXI, amplos setores oprimidos pela hegemonia capitalista e desiludidos, tanto com o racionalismo iluminista do século XVIII quanto com o que o senso comum considera ser a proposta marxista surgida no século XIX, voltaram-se para o irracionalismo e o idealismo que caracterizam a ideologia “pós-moderna” (ou pós-estruturalista) em busca de alternativas teóricas que respaldassem as ações de resistência que foram, e são, impelidas a realizar pelo avanço da opressão e da exploração que tem acompanhado a decadência capitalista.

Tal relação só foi possível porque estes setores oprimidos, traídos tanto pela burguesia liberal quanto pela burocracia stalinista, viram na proposta “pós-moderna” algo que lhes parecia coerente com seu justo rechaço ao racionalismo iluminista e ao determinismo pseudo-marxista, uma vez que a experiência histórica demonstrou tanto a incapacidade do iluminismo em concretizar sua promessa abstrata de liberdade, igualdade e fraternidade; quanto a falência do dito “socialismo real”, que não passou de uma deturpação do materialismo dialético engendrada e divulgada pela burocracia sino-soviética ao longo do século XX, onde a dialética foi substituída pelo dogmatismo.

Sobre as abordagens idealistas, inclusive a “pós-moderna”...

Do ponto de vista da filosofia idealista, a base de todos os fenômenos não pode ser encontrada na matéria, mas na vontade divina, na razão universal, na idéia absoluta ou em alguma outra forma de abstração que se distancie da realidade concreta. Assim, a interpretação idealista do mundo nos oferece uma imagem idealizada da realidade, que nega a existência de uma realidade concreta ou a possibilidade de sejamos realmente capazes de compreendê-la através da experiência prática.

O esforço genuíno para compreendermos a realidade deve ser um exercício de humildade que pressupõem nossa disposição em abrimos mão de nossos próprios anseios e preconceitos para abraçar aquilo que a realidade material objetivamente demonstra ser o correto, ainda que isso se choque com nossas próprias preferências e idealizações. Obviamente, tal postura de desprendimento nos exige um esforço árduo e permanente e, infelizmente, não é capaz de nos eximir de equívocos.

A filosofia materialista empenhou-se sempre em encontrar uma explicação material dos fenômenos, capaz de superar o obscurantismo e misticismo inerente às diferentes correntes idealistas, buscando transpor os limites arbitrariamente estabelecidos para o avanço do conhecimento humano. Na abordagem materialista tais limites arbitrários são substituídos pela busca por limites objetivamente impostos pela realidade concreta.

Ou seja, o materialismo afirma que a verdade não só existe como pode ser conhecida através da experiência prática. De tal forma que o próprio conceito de matéria não é mais do que “a realidade objetiva que existe independentemente da consciência humana e que é refletida por ela”. E o nosso mundo circundante não é outra coisa senão matéria em movimento. Para esta abordagem mesmo as ideias e conceitos mais abstratos, não são mais do que o resultado da atividade de um órgão material (o cérebro humano) e o reflexo de objetos materiais percebidos e processados por este mesmo órgão material.

Obviamente, essa abordagem materialista, subjacente ao racionalismo iluminista e ao determinismo positivista, não poderia estar livre de interferências subjetivas, uma vez que os limites que julgamos impostos objetivamente para a investigação da realidade estão, eles próprios, sujeitos a interpretações subjetivas. Como afirmou Lênin, em sua clássica análise sobre os fundamentos do materialismo dialético, intitulada “As três fontes e as três partes constitutivas do marxismo”, esperar que a ciência, ela própria uma prática social, fosse imparcial numa sociedade de classes, dividida entre interesses antagônicos, seria uma ingenuidade tão grande quando esperar que as elites capitalistas, de boa vontade, decidissem abrir mão de seus próprios privilégios.

Longe de invalidar a abordagem materialista inerente à ciência legitima, essa constatação apenas reforça a necessidade de uma postura científica humilde e consciente de suas próprias limitações e falibilidade e a importância de seus mecanismos de auto-regulação e meta-análise.

O fato de que a abordagem materialista tenha sido abraçada pela burguesia revolucionária em sua luta para destronar a nobreza e, mais tarde, tenha sido convenientemente abandonada pela mesma classe burguesa quando esta ascendeu ao poder, oferece-nos indícios da força e do potencial revolucionário dessa abordagem.

Na atualidade a filosofia materialista segue com seu conteúdo revolucionário, nos oferecendo ferramentas importantíssimas para revelar a verdade oculta sob as fantasias idealistas alimentadas pela decadente elite burguesa. Os revolucionários não têm porque temer a verdade, a história demonstra que ela é nossa mais poderosa aliada. Como nos ensina Trotsky: “Expor aos oprimidos a verdade é abrir-lhes o caminho da revolução”.

Uma abordagem materialista conseqüente, mesmo (e principalmente) quando se choca com nossos desejos e expectativas é fundamental para que tomemos o rumo correto diante das maiores adversidades. Não é de se estranhar que, em um dos momentos mais difíceis e decisivos da luta de classes, Trotsky tenha registrado para posteridade as seguintes recomendações:

“Olhar a realidade de frente; não procurar a linha de menor resistência; chamar as coisas pelo seu nome; dizer a verdade às massas, por mais amarga que seja; não temer obstáculos; ser rigoroso nas pequenas como nas grandes coisas; ousar quando chegar a hora da ação.”

Seja através dos idealismos objetivos de Platão (428 a.C. – 347a.C.) e Hegel (1770 – 1831) que reconhecem a existência da verdade mas postula que ela só poderia ser alcançada através do profundo exercício intelectual metafísico; seja através do idealismo subjetivo, divulgado pelo bispo irlandês George Berkeley (1685-1753), que simplesmente nega a existência objetiva de qualquer verdade além de Deus e defende que as coisas existem apenas na medida em que são percebidas pela mente humana ou divina; seja através do idealismo transcendental de Immanuel Kant (1724 – 1804) que reconhece a existência objetiva da realidade mas afirma que não somos capazes de compreende-la plenamente e fixa limites arbitrários para sua compreensão; ou seja através de qualquer outra vertente idealista.

Ao negar ou tentar transferir da realidade concreta para o reino das abstrações metafísicas a busca pela verdade, o idealismo acaba por expressar a necessidade ou conveniência de se evitar a confrontação direta com a realidade objetiva e tenta legitimar a postura daqueles que optam por acreditar apenas no que os agrade ou pareça lhes oferecer algum conforto diante das incertezas da existência. O idealismo expressa também uma posição pretensiosa que tenta impor nossos próprios pontos de vista particulares à realidade, quando o correto parece ser justamente o contrário.

Ou seja, o idealismo, em suas diferentes vertentes, nega ou busca estabelecer limites arbitrários para a investigação da realidade objetiva. Mas a serviço de quem estaria tal esforço por negar ou limitar a busca humana pela verdade, senão daqueles que poderiam se beneficiar com sua negação?

Sobre o materialismo dialético...

Mas se por um lado, em relação ao caráter objetivo da realidade e a possibilidade de conhecê-la, o materialismo dialético encontra-se definitivamente no campo da filosofia materialista em oposição a todas as formas de idealismo, por outro, ele também busca ir além das limitações expressas por todas as doutrinas materialistas anteriores, incorporando a dialética para um crítica coerente do determinismo que sempre esteve atrelado às diferentes vertentes materialistas.

Os materialistas dialéticos reconhecem que a realidade é objetiva e independente de nós, ela existe por si mesma e está sujeita a leis que são alheias a nossa vontade. Mas diferentemente do materialismo determinista, para os materialistas dialéticos isso não significa que a realidade seja estática, longe disso, o caráter objetivo da realidade demonstra sua inerente fluidez e dinamismo.

A realidade é concreta e objetiva, mas também está em permanente movimento e transformação. Podemos conhecer a verdade através da experiência prática, mas esta verdade é sempre parcial e transitória e precisa estar permanentemente suscetível à crítica da experiência prática.

E não para por aí, a critica materialista dialética ao materialismo vulgar é ainda mais profunda que o mero reconhecimento do caráter dinâmico da realidade, ela incorpora também a necessidade de superação do abismo entre a teoria e a prática que os ideólogos das mais diferentes correntes filosóficas, tanto idealistas como materialista, insistem em manter e aprofundar.

Em suas Teses sobre Feuerbach, na Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, em A Sagrada Família e em A Ideologia Alemã, Karl Marx (1818 – 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) desenvolvem o conceito de práxis ao criticar simultaneamente tanto o idealismo quanto as abordagens materialistas de então. O materialismo determinista alegava que os seres humanos são determinados pelas circunstâncias (econômicas, sociais e naturais), enquanto o idealismo vê os seres humanos como determinados pelas ideias (pensamentos, vontades e desejos). Os materialistas vulgares afirmavam que mudamos porque novas circunstâncias nos fazem mudar, enquanto os idealistas de diferentes matizes afirmam que mudamos porque a educação, as novas idéias e os novos desejos nos fazem mudar.

A crítica de Marx é de que o materialismo, sem que tenha incorporado a dialética, “esquece que as circunstâncias são transformadas precisamente pelos seres humanos”, enquanto o idealismo “esquece que o educador tem ele próprio de ser educado”. Assim, tanto o materialismo determinista quanto o idealismo, qualquer que seja sua variação, acabam por reproduzir a estrutura da sociedade de classes, ou seja, a exploração do homem pelo homem. Neste ponto, Marx introduz o conceito de práxis revolucionária como “a coincidência da transformação das circunstâncias através da atividade humana”.

A práxis revolucionária é assim entendida como atividade teórico-prática em que a teoria se modifica constantemente a partir da experiência prática, que por sua vez é também constantemente modificada pelo aprofundamento das concepções teóricas, de modo que nem a teoria se cristalize como dogma e nem a prática se degenere em um processo alienado.

Como afirmou o próprio Marx:

“A questão de saber se ao pensamento humano pertence a verdade objetiva não é uma questão da teoria, mas uma questão prática. É na práxis que o ser humano tem de comprovar a verdade, isto é, a realidade e o poder, o caráter terreno do seu pensamento. A disputa sobre a realidade ou não realidade de um pensamento que se isola da práxis é uma questão puramente escolástica.”

Ou ainda, como reafirma Lênin em seu clássico tratado filosófico:

“O ponto de vista da vida, da prática, deve ser o ponto de vista primeiro e fundamental da teoria do conhecimento. E ele conduz inevitavelmente ao materialismo, afastando desde o princípio as invencionices intermináveis da escolástica professoral. Naturalmente, não se deve esquecer que o critério da prática nunca pode, no fundo, confirmar ou refutar completamente uma representação humana, qualquer que seja. Este critério é também suficientemente ‘indeterminado’ para não permitir que os conhecimentos do homem se transformem num ‘absoluto’, e, ao mesmo tempo, suficientemente determinado para conduzir uma luta implacável contra todas as variedades de idealismo e agnosticismo. Se aquilo que a nossa prática confirma é a única e última verdade objetiva, daí decorre o reconhecimento de que o único caminho para esta verdade é o caminho da ciência assente no ponto de vista materialista. […] A única conclusão a tirar da opinião partilhada pelos marxistas, de que a teoria de Marx é uma verdade objetiva, consiste no seguinte: seguindo pelo caminho da teoria de Marx, aproximar-nos-emos cada vez mais da verdade objetiva (sem nunca a esgotar); mas, seguindo por qualquer outro caminho, não podemos chegar senão à confusão e à mentira.”

Esse indissolúvel nexo entre teoria e prática com o objetivo de transformar a realidade foi uma das maiores contribuições do materialismo dialético para o pensamento humano. Ao propor o fim da dicotomia entre teoria e prática, assim como o fim da divisão entre o trabalho manual e intelectual, a abordagem materialista dialética desvenda os mecanismos de alienação nas sociedades de classes e convoca todos os interessados na real transformação da sociedade a não só refletir sobre a realidade que nos cerca, como, também, tomar parte ativa nas lutas e questões prementes de nossa época.

Na atualidade, a negação do materialismo determinista é um sentimento justo e legítimo que reflete a experiência histórica concreta com as revoluções burguesas e as ditas revoluções socialistas do século XX, que demonstraram ser incapazes de libertar a humanidade das amarras da opressão e da exploração. Mas para fazer avançar o conhecimento e as práticas sociais vigentes neste inicio do século XXI, precisamos ir muito além da mera negação das experiências do passado, precisamos buscar uma solução que nos aponte um novo rumo, sem que retrocedamos ao idealismo que, tão pouco, mostrou-se capaz de nos oferecer saídas.

A superação para esta tragédia que faz, de maneira quase hegemônica, o pensamento humano neste início do século XXI voltar-se ao obscurantismo e ao irracionalismo pré-renascentista passa, necessariamente, pelo resgate de uma abordagem que contraponha simultaneamente o materialismo ao idealismo e a dialética ao determinismo, rompendo as fronteiras entre os diferentes campos do conhecimento, assim como aquelas supostamente existentes entre teoria e prática. Afinal, como sintetizou Marx: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de diferentes maneiras; a questão, porém, é transformá-lo!

LÊNIN, V. I. Materialismo e empiriocriticismo. Edições Avante. Lisboa, 1982.

TROTSKY, Leon. O Programa de Transição.

MARX, Karl. Teses sobre Feuerbach. Trad. Castro e Costa, L.C. Martins Fontes. São Paulo, 2002.

LÊNIN, V. I. Materialismo e empiriocriticismo. Edições Avante. Lisboa, 1982.

MARX, Karl. Teses sobre Feuerbach. Trad. Castro e Costa, L.C. Martins Fontes. São Paulo, 2002.

Fonte: PSTU

“O ódio tem implicações políticas severas e apoiar políticos radicais por eles compartilharem com você a intolerância e o mal-querer por determinadas categorias sociais custará caro também para você. Paralelamente, políticos conservadores e neoliberais não raramente são eleitos por quem deseja, no fundo, que a classe trabalhadora, as mulheres, as pessoas negras, as pessoas LGBTs etc. sejam postas “no seu lugar”, ou seja, relegadas à submissão. Essa opção ideológica acaba implicando políticas de supressão e “flexibilização” de direitos diversos, como os trabalhistas, os sociais, os ambientais e até mesmo os direitos humanos mais básicos. Um exemplo disso é a atual cruzada do Governo Temer contra os direitos trabalhistas, os serviços públicos e a aposentadoria dos brasileiros. Isso está fazendo um inestimável mal a todos, indistintamente de posição ideológica: dos socialistas assumidos até os conservadores, todos estão perdendo seus direitos. E nesse meio, também sendo privado destes, está você, que provavelmente apoiou o impeachment de Dilma Rousseff por puro ódio ideológico ao PT e à esquerda como um todo. Em outras palavras, cultivar o ódio e conceder-lhes poderes políticos é a receita ideal para o odiento perder seus próprios direitos e ser condenado a cair na pobreza e na privação de condições decentes de vida. Livrar-se dessa atitude será essencial para que isso seja revertido, volte-se a vislumbrar uma vida digna e protegida por direitos e maus governantes, independente de ideologia, sejam vistos como aquilo que realmente são – políticos ruins que não merecem novos votos de confiança.” [Anônimo]
 
Afinal, ainda que no discurso relativista dos ideólogos pós-modernos “todas as verdades sejam igualmente válidas”, na prática social cotidiana o que vemos é a imposição de uma única verdade, aquela dos que exercem o poder. Do que nos vale a suposta “liberdade” para escolher entre uma infinidade de abordagens e pontos de vista igualmente válidos para analisar a realidade, quando na prática seguimos aprisionados à lógica capitalista que mantém os interesses do Deus-mercado acima de qualquer interesse social ou humano?

É o que vemos hoje na nossa mídia econômica. Há um consenso sobre as reformas previdenciária, trabalhista e cortes orçamentários como se não houvesse alternativas. Às vezes assisto a Globonews e reparo que alguns convidados das vertentes mais pró-mercado ainda ficam ressabiados ao ter que responder ao mantra que soa tão falso que até eles se sentem mal nesse posicionamento. Não há nunca uma voz da academia do lado oposto. Não são convidados economistas da UNICAMP, UFRJ e tantos outros centros de excelência reconhecidos pq à priori sabe-se que esses não fariam o jogo de cena ridículo que outros se submetem. O Deus-mercado não pode ser confrontado. Mesmo que o maior problema do país seja a dívida pública nada se pode falar dela. É um dado, uma verdade inabalável que não pode ser tocada. O lado real da economia que se esprema, que retirem direitos de toda a população, que cortem recursos de onde não se tem mais o que cortar.

Que os velhinhos morram de fome sem se aposentar, o importante é que os credores da dívida pública recebam em dia.
 
Atualizando o tópico sobre greve geral - mais uma na Grécia e primeira por aqui dia 28/04, notem a semelhança:

GRÉCIA
Greve geral na Grécia contra nova reforma trabalhista
Nesta quinta (08) ocorreu a terceira greve geral do ano na Grécia, contra a reforma que exige a Troika. É a quinta greve geral desde que Syriza chegou ao governo.

IzquierdaDiario.es - Estado Espanhol

sexta-feira 9 de dezembro de 2016| Edição do dia


A luta foi muito forte no transporte público, com uma paralisação total do metrô e das ligações ferroviárias com o aeroporto Eleftherios Venizelos durante todo o dia. Os hospitais ofereceram somente serviços mínimos e os navios seguem ancorados nos portos, continuando uma greve do setor marítimo iniciada há vários dias. No setor privado o seguimento foi menor.

À convocatória, realizada pelos principais sindicatos do setor público e privado, se somaram também setores da esquerda, o sindicado do partido comunista PAME e associações de professores, de médicos e da segurança social, entre outros.

A greve ocorre ao mesmo tempo em que se debate no Parlamento os orçamentos gerais de 2017, que contemplam aumentos de impostos e cortes adicionais de um total de 3,3 milhões de euros.

Os credores europeus (a Comissão Europeia, o Mecanismo Europeu de Estabilidade e o Banco Central Europeu) exigem que a Grécia obtenha um superávit primário - antes de pagar serviço de dívida - de 3,5% do PIB também nos anos posteriores a 2018 quando termina, em teoria, o terceiro resgate. Este objetivo, segundo cálculos do FMI, requereria que a Grécia aprove medidas de corte e arrecadação adicional por um total de 4,5 milhões de euros. Por sua vez, exigem uma nova reforma trabalhista que flexibilize mais os empregos e que torne mais baratas as demissões.

O sindicato do setor público ADEDY criticou em um comunicado ao governo e aos credores por ter o único objetivo de conseguir "trabalho ainda mais barato" e o "aumento de benefícios ao capital".

Por sua parte, o sindicato do setor privado GSEE criticou às instituições credoras da Grécia por fazer exigências "não razoáveis" que se "dirigem diretamente contra a essência dos direitos trabalhistas".

Paradoxalmente, o partido do governo Syriza, também chamou a sair às ruas para protestar contra as exigências que estão fazendo os mercados, apesar de ser um protesto contra o seu próprio governo. O Ministro de Finanças, Euclides Tsakalotos, nega que seu governo possa dar um passo atrás em suas "linhas vermelhas" em matérias trabalhistas e negou cortes adicionais para além de 2018, o ano que termina o terceiro resgate. Porém como até agora o governo tem dito uma coisa e feito outra sempre ao contrário, os sindicatos estão prontos para convocar novas medidas de luta.

Yorgos Papaguikas, arquiteto de 30 anos, assegurou à Efe que se manifestava "contra a austeridade, contra a redução de direitos e de condições trabalhistas" e "contra a Troika, contra o governo e contra todos os que eliminam nossos direitos e destroçam nossa vida". "Meu futuro pessoal é instável, sem perspectiva, e será pior com as políticas que se aplicam", concluiu.

De sua parte, Tonia Katerini, presidenta da Associação Pan-helênica de Arquitetos, comentou a Efe: "Vivemos um período de ataque sem precedentes contra os direitos trabalhistas e o Estado de bem-estar". Katerie frisou que "a gente, a cada dia, se empobrece mais, e hoje já 50% da sociedade vive na pobreza".

"A esperança se perdeu, a maioria das pessoas acredita que não há alternativa", acrescentou Katerini, que, se pudesse, gostaria de dizer ao primeiro ministro Alexis Tsipras, que "relembre" que no referendo do ano passado o povo disse "não" às medidas de austeridade propostas pelos credores.

A greve desta quinta-feira, a 5ª sob o governo do Syriza, mostra que os trabalhadores gregos não estão dispostos a aceitar sem luta a liquidação de todas suas conquistas.
 
vou falar uma coisa aqui

A Grécia tem mais é que se fuder mesmo, a culpa disso aí é do próprio povo grego que vem acreditando nas falacias dos radicais esquerdistas, corroborando com o discurso sindicalista no maior estilo "nenhum direito a menos". Protestando bonito, maravilhoso desde 2008 quando o negócio já tinha atingido seu limite. Se a união européia fechar a torneira, tirar a muleta, aquela republiqueta burocrática que daria inveja em qualquer soviético, colapsa em menos de 2 anos. Pode anotar.

Tsipras tomando uma aula até de um globalista social democrata. Legendas

 
É o que vemos hoje na nossa mídia econômica. Há um consenso sobre as reformas previdenciária, trabalhista e cortes orçamentários como se não houvesse alternativas. Às vezes assisto a Globonews e reparo que alguns convidados das vertentes mais pró-mercado ainda ficam ressabiados ao ter que responder ao mantra que soa tão falso que até eles se sentem mal nesse posicionamento. Não há nunca uma voz da academia do lado oposto. Não são convidados economistas da UNICAMP, UFRJ e tantos outros centros de excelência reconhecidos pq à priori sabe-se que esses não fariam o jogo de cena ridículo que outros se submetem. O Deus-mercado não pode ser confrontado. Mesmo que o maior problema do país seja a dívida pública nada se pode falar dela. É um dado, uma verdade inabalável que não pode ser tocada. O lado real da economia que se esprema, que retirem direitos de toda a população, que cortem recursos de onde não se tem mais o que cortar.

Que os velhinhos morram de fome sem se aposentar, o importante é que os credores da dívida pública recebam em dia.
 
Atualizando o tópico sobre greve geral - mais uma na Grécia e primeira por aqui dia 28/04, notem a semelhança:

GRÉCIA
Greve geral na Grécia contra nova reforma trabalhista
Nesta quinta (08) ocorreu a terceira greve geral do ano na Grécia, contra a reforma que exige a Troika. É a quinta greve geral desde que Syriza chegou ao governo.

IzquierdaDiario.es - Estado Espanhol

sexta-feira 9 de dezembro de 2016| Edição do dia


A luta foi muito forte no transporte público, com uma paralisação total do metrô e das ligações ferroviárias com o aeroporto Eleftherios Venizelos durante todo o dia. Os hospitais ofereceram somente serviços mínimos e os navios seguem ancorados nos portos, continuando uma greve do setor marítimo iniciada há vários dias. No setor privado o seguimento foi menor.

À convocatória, realizada pelos principais sindicatos do setor público e privado, se somaram também setores da esquerda, o sindicado do partido comunista PAME e associações de professores, de médicos e da segurança social, entre outros.

A greve ocorre ao mesmo tempo em que se debate no Parlamento os orçamentos gerais de 2017, que contemplam aumentos de impostos e cortes adicionais de um total de 3,3 milhões de euros.

Os credores europeus (a Comissão Europeia, o Mecanismo Europeu de Estabilidade e o Banco Central Europeu) exigem que a Grécia obtenha um superávit primário - antes de pagar serviço de dívida - de 3,5% do PIB também nos anos posteriores a 2018 quando termina, em teoria, o terceiro resgate. Este objetivo, segundo cálculos do FMI, requereria que a Grécia aprove medidas de corte e arrecadação adicional por um total de 4,5 milhões de euros. Por sua vez, exigem uma nova reforma trabalhista que flexibilize mais os empregos e que torne mais baratas as demissões.

O sindicato do setor público ADEDY criticou em um comunicado ao governo e aos credores por ter o único objetivo de conseguir "trabalho ainda mais barato" e o "aumento de benefícios ao capital".

Por sua parte, o sindicato do setor privado GSEE criticou às instituições credoras da Grécia por fazer exigências "não razoáveis" que se "dirigem diretamente contra a essência dos direitos trabalhistas".

Paradoxalmente, o partido do governo Syriza, também chamou a sair às ruas para protestar contra as exigências que estão fazendo os mercados, apesar de ser um protesto contra o seu próprio governo. O Ministro de Finanças, Euclides Tsakalotos, nega que seu governo possa dar um passo atrás em suas "linhas vermelhas" em matérias trabalhistas e negou cortes adicionais para além de 2018, o ano que termina o terceiro resgate. Porém como até agora o governo tem dito uma coisa e feito outra sempre ao contrário, os sindicatos estão prontos para convocar novas medidas de luta.

Yorgos Papaguikas, arquiteto de 30 anos, assegurou à Efe que se manifestava "contra a austeridade, contra a redução de direitos e de condições trabalhistas" e "contra a Troika, contra o governo e contra todos os que eliminam nossos direitos e destroçam nossa vida". "Meu futuro pessoal é instável, sem perspectiva, e será pior com as políticas que se aplicam", concluiu.

De sua parte, Tonia Katerini, presidenta da Associação Pan-helênica de Arquitetos, comentou a Efe: "Vivemos um período de ataque sem precedentes contra os direitos trabalhistas e o Estado de bem-estar". Katerie frisou que "a gente, a cada dia, se empobrece mais, e hoje já 50% da sociedade vive na pobreza".

"A esperança se perdeu, a maioria das pessoas acredita que não há alternativa", acrescentou Katerini, que, se pudesse, gostaria de dizer ao primeiro ministro Alexis Tsipras, que "relembre" que no referendo do ano passado o povo disse "não" às medidas de austeridade propostas pelos credores.

A greve desta quinta-feira, a 5ª sob o governo do Syriza, mostra que os trabalhadores gregos não estão dispostos a aceitar sem luta a liquidação de todas suas conquistas.


Que direito trabalhista o desempregado tem?

Melhor acabar/reformar direitos trabalhistas, e acabar com os sindicatos agora, para conseguir empregos a curto, médio/prazo, do que morrer de fome e viver as custas de quem está trabalhando e tendo que pagar cada vez mais em impostos e taxas ao governo para que este possa manter os "programas sociais"

Ou ainda, depender da grana da União Europeia que, a propósito, já deveria ter secado há muito tempo.

Assim é muito fácil governar e é muito fácil "exigir que os direitos adquiridos não sejam tomados"
 
Sem falar que daqui a pouco a UE decide dar um chute na bunda da Grécia, ae eles vão ver o que é dureza mesmo.

Ao invés de fazer as reformas necessárias e, à médio/longo prazo, se tornarem uma Irlanda no que se refere a criação de postos de trabalho terceirizados (área de T.I e Engenharia principalmente) de empresas mundiais eles vão é continuar a viver do que? De peixe?
 
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É o que vemos hoje na nossa mídia econômica. Há um consenso sobre as reformas previdenciária, trabalhista e cortes orçamentários como se não houvesse alternativas. Às vezes assisto a Globonews e reparo que alguns convidados das vertentes mais pró-mercado ainda ficam ressabiados ao ter que responder ao mantra que soa tão falso que até eles se sentem mal nesse posicionamento. Não há nunca uma voz da academia do lado oposto. Não são convidados economistas da UNICAMP, UFRJ e tantos outros centros de excelência reconhecidos pq à priori sabe-se que esses não fariam o jogo de cena ridículo que outros se submetem. O Deus-mercado não pode ser confrontado. Mesmo que o maior problema do país seja a dívida pública nada se pode falar dela. É um dado, uma verdade inabalável que não pode ser tocada. O lado real da economia que se esprema, que retirem direitos de toda a população, que cortem recursos de onde não se tem mais o que cortar. Que os velhinhos morram de fome sem se aposentar, o importante é que os credores da dívida pública recebam em dia. (...)

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Medidas que aumentam a insegurança jurídica, acabam com os direitos trabalhistas, dividem categorias e permitem que o setor patronal faça o que bem entender com os trabalhadores - que vão ganhar menos e trabalhar mais, e ficarão expostos a jornadas degradantes, doenças e acidentes de trabalho. O governo Temer e esse Congresso Nacional atendem somente a interesses da classe empresarial. Com milhões de desempregados no país, os trabalhadores serão penalizados para “resolver” a grave crise que não criaram... lamentável a situação da maioria das pessoas no país (e mais lamentável ainda, é ver gente defendendo isso... fico impressionado com tanta ignorância* e/ou maldade mesmo). :facepalm:

* “Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolomo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. De um ponto de vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas circunstâncias de abuso desenvolver sentimentos de afeto e apego, dirigidos a agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral correspondente a síndrome de Estocolmo. Há também a possibilidade, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.

De uma forma geral, estes processos psíquicos inconscientes e sua relação entre vítima/agressor, podem perfeitamente ser entendidos em uma ampla gama de contextos onde a situação de agressor e abusado se repete. Inclusive no caso de mulheres que sofrem agressão por parte dos cônjuges e mesmo muitas vezes tendo recursos legais e apoio familiar para abandonar o agressor, ainda persistem em conviver sob a atmosfera de medo.”
(...) [Wikipedia]
 
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Medidas que aumentam a insegurança jurídica, acabam com os direitos trabalhistas, dividem categorias e permitem que o setor patronal faça o que bem entender com os trabalhadores - que vão ganhar menos e trabalhar mais, e ficarão expostos a jornadas degradantes, doenças e acidentes de trabalho. O governo Temer e esse Congresso Nacional atendem somente a interesses da classe empresarial. Com milhões de desempregados no país, os trabalhadores serão penalizados para “resolver” a grave crise que não criaram... lamentável a situação da maioria das pessoas no país (e mais lamentável ainda, é ver gente defendendo isso... fico impressionado com tanta ignorância* e/ou maldade mesmo). :facepalm:

* “Síndrome de Estocolmo ou síndroma de Estocolomo (Stockholmssyndromet em sueco) é o nome normalmente dado a um estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade perante o seu agressor. De um ponto de vista psicanalítico, pessoas que possam ter desenvolvido ao longo de experiências na infância com seus familiares ou cuidadores, algum traço de caráter sádico ou masoquista implícito em sua personalidade, podem em certas circunstâncias de abuso desenvolver sentimentos de afeto e apego, dirigidos a agressores, sequestradores, ou qualquer perfil que se encaixe no quadro geral correspondente a síndrome de Estocolmo. Há também a possibilidade, amplamente considerada, de que para algumas pessoas vítimas de assédio semelhante, possam desenvolver algum mecanismo inconsciente irracional de defesa, na tentativa de projetar sentimentos afetivos na figura do sequestrador ou abusador que possam "amenizar" ou tentar "negociar" algum tipo de acordo entre a relação vítima/agressor na tentativa de reduzir a tensão entre os entes envolvidos.

De uma forma geral, estes processos psíquicos inconscientes e sua relação entre vítima/agressor, podem perfeitamente ser entendidos em uma ampla gama de contextos onde a situação de agressor e abusado se repete. Inclusive no caso de mulheres que sofrem agressão por parte dos cônjuges e mesmo muitas vezes tendo recursos legais e apoio familiar para abandonar o agressor, ainda persistem em conviver sob a atmosfera de medo.”
(...) [Wikipedia]

Você já criou algum emprego? Você já teve uma empresa? Não? Interessante, porque tanto ódio de quem cria emprego, óbvio que uma pessoa cria uma empresa pra ganhar dinheiro, isso é crime pra vocês pelo visto.
 
Você já criou algum emprego? Você já teve uma empresa? Não? Interessante, porque tanto ódio de quem cria emprego, óbvio que uma pessoa cria uma empresa pra ganhar dinheiro, isso é crime pra vocês pelo visto.

O Gotoa deve ser pago pelo esquerdistas pra copiar tanto texto inútil com mentiras. Não existe outra explicação racional.

Esses países citados aí, boa parte deles são ditaduras com muita corrupção e com quase zero capitalismo, tornando-os assim miseráveis.
 
Última edição:
O Gotoa deve ser pago pelo esquerdistas pra copiar tanto texto inútil com mentiras. Não existe outra explicação racional.

Esses países citados aí, boa parte deles são ditaduras super corruptas e com quase zero capitalismo, sendo assim um país ser totalmente miserável.


Exato, mas o cara só quer saber de poluir o tópico, afinal dialogo e discussão sadia não faz parte do regime que ele adora, o negocio pra eles é fazer lavagem cerebral ou poluir tanto uma discussão que as pessoas param de discutir
 
Além do mais, a política da Grécia é bem parecida com a do Brasil, um toma lá, dá cá infinito entre seus políticos, o problema é que com a crise eles continuam com seu joguinho e dizem que são vítimas da UE, ok, porque não saem da União Européia então? Isso eles não querem, porque será?
 
Exato, mas o cara só quer saber de poluir o tópico, afinal dialogo e discussão sadia não faz parte do regime que ele adora, o negocio pra eles é fazer lavagem cerebral ou poluir tanto uma discussão que as pessoas param de discutir
 
Além do mais, a política da Grécia é bem parecida com a do Brasil, um toma lá, dá cá infinito entre seus políticos, o problema é que com a crise eles continuam com seu joguinho e dizem que são vítimas da UE, ok, porque não saem da União Européia então? Isso eles não querem, porque será?


Já quiseram sair da União Européia, mas essa temia que a saída da Grécia incentivaria a dissolução do "forte grupo econômico" (que curiosamente beneficia mais a Alemanha do que todo o resto). Aí a Inglaterra (com uma economia umas 5x maior do que a Grécia) saiu e o grupo não se dissolveu... Engraçado como certas previsões catastróficas do FMI e do "mercado" não se realizam, né?
Parece um certo país da "América Latrina" onde querem impor reformas horrorosas para a população dizendo que se não as fizerem o país vai quebrar. Só que ele já está quebrado, indo para o 3º ano de recessão. E querem nos fazer acreditar que reduzindo o almoço do trabalhador para meia hora e aumentando a jornada de trabalho para até 12 horas o país vai crescer, sei... Os empresários podem ficar até mais confiantes e decidir produzir mais, entretanto sem consumo só vão gerar estoques.
 
Última edição:
Já quiseram sair da União Européia, mas essa temia que a saída da Grécia incentivaria a dissolução do "forte grupo econômico" (que curiosamente beneficia mais a Alemanha do que todo o resto). Aí a Inglaterra (com uma economia umas 5x maior do que a Grécia) saiu e o grupo não se dissolveu... Engraçado como certas previsões catastróficas do FMI e do "mercado" não se realizam, né?
Parece um certo país da "América Latrina" onde querem impor reformas horrorosas para a população dizendo que se não as fizerem o país vai quebrar. Só que ele já está quebrado, indo para o 3º ano de recessão. E querem nos fazer acreditar que reduzindo o almoço do trabalhador para meia hora e aumentando a jornada de trabalho para até 12 horas o país vai crescer, sei... Os empresários podem ficar até mais confiantes e decidir produzir mais, entretanto sem consumo só vão gerar estoques.

A gente vai pagar a conta da corrupção de todo o sistema político, e financeiro, e empresarial brasileiro logo logo, o Pai Estado já quebrou no RJ, no RS, os outros vão seguir logo atrás até não pagarem mais os salários dos funcionários públicos "comuns" pois os "de alto escalão", os comissionados/indicados continuarão ganhando o seu.

O Desemprego vai continuar aumentando pois, ao invés de desburocratizar a contratação e demissão, ao invés de cortar esse monte de impostos e taxas que temos pra tudo nesse país, o governo vai dar uma mexidinha na previdência, vai fazer uma mudança muito da sem vergonha nas leis trabalhistas e dizer que está bom.

Aí sabe o que o governo vai dizer? Depois de tudo isso quando a vaca continuar a ir pro brejo? Que será necessário aumentar os juros, que será necessário aumentar impostos para manter a grana correndo para os zilhões cadastrados nos "Bolsa Isso" e "Bolsa Aquilo", coisa que não vai adiantar já que para pagar imposto e aumentar a arrecadação você precisa de gente trabalhando e recebendo salário/pagamento no fim do mês pra conseguir gastar e fazer a economia rodar.

A diferença do Brasil e da Grécia é só 2, o tamanho e os recursos naturais. A politicagem sem vergonha, o milhares de sindicalistas safados e o roubo/toma lá/dá cá institucionalizado é o mesmo
 
(...) um certo país da "América Latrina" onde querem impor reformas horrorosas para a população dizendo que se não as fizerem o país vai quebrar. Só que ele já está quebrado, indo para o 3º ano de recessão. E querem nos fazer acreditar que reduzindo o almoço do trabalhador para meia hora e aumentando a jornada de trabalho para até 12 horas o país vai crescer, sei... Os empresários podem ficar até mais confiantes e decidir produzir mais, entretanto sem consumo só vão gerar estoques.

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(...) “Antes de falarmos do Dia do Trabalho é preciso uma rápida contextualização. O século XIX foi o período em que a Europa se tornou um continente industrial. Apesar da Revolução Industrial ter começado no século XVIII, foi apenas no século seguinte que ela se espalhou pelo continente. O primeiro país continental a se industrializar foi a Bélgica, seguida da França. No fim do século XIX, Itália, Alemanha, Estados Unidos e Japão também poderiam ser considerados potências econômicas. O mundo deixara de orbitar em torno da Grã Bretanha. Havia novos polos de poder.

Quais foram as consequências? Muitas. Mas, olhando apenas no curto prazo, tal processo possibilitou um impressionante crescimento da produção que, contudo, não foi revertido na melhoria da vida dos trabalhadores. Até 1870, o liberalismo ditava as normas econômicas. Acreditava-se que a concorrência seria o motor do crescimento e qualquer intervenção do Estado seria prejudicial ao “equilíbrio natural do mercado”.

Os liberais estavam certos ao afirmar que a disputa por mercado levaria a uma queda nos preços. Isso de fato ocorreu entre 1873 e 1896. O mercado consumidor era pouco elástico e, com a disseminação do modelo industrial por diversos países, o resultado natural seria a redução dos preços dos produtos. O desenvolvimento da infraestrutura e das ferrovias também acabou com a “proteção natural” proporcionada pela distância entre os países. A queda nos lucros, contudo, não apresentou os efeitos esperados. Os empresários, ao invés de competirem entre si, converteram-se em ferrenhos críticos do livre-mercado: “o objetivo de qualquer fusão de capital e unidades de produção (…) deve ser a maior redução possível dos custos de produção, administração e venda, visando realizar os maiores lucros possíveis por meio da eliminação da concorrência destrutiva” (Carl Duisberg, cofundador de IG Farben).

Definitivamente, as empresas não se comportavam como os manuais de economia diziam que elas deveriam atuar. A baixa no preço, num momento em que era preciso cada vez mais investimento em tecnologia, não resultou numa otimização da produção e no bem estar geral. Mas foi no início da formação dos grandes cartéis e trustes que passaram a dominar os mercados e a controlar os preços. Após 1896, o liberalismo seria abandonado na prática, sobrevivendo apenas do discurso. Os preços dos bens e serviços voltariam a subir. Doravante, a concorrência seria entre Estados nacionais e os exércitos substituiriam o empresário capitalista na tarefa de expandir o comércio.

No interior das fábricas, as condições de trabalho eram degradantes. Para os operários, a concorrência foi mantida. Disciplina rígida, baixos salários e jornadas diárias (incluindo mulheres e crianças) de 14 horas a até 17 horas. Férias, décimo terceiro, previdência e descanso semanal remunerado, só existiam nas utopias socialistas. Foi nesse ambiente paradoxal, em que penúria e riqueza se entrelaçavam na paisagem, que se formaram os primeiros movimentos operários.

A organização desses movimentos se expandiu do micro para o macro. Explico. Primeiro, alguns trabalhadores perceberam que, caso se unissem, teriam mais poder de barganha. Depois esses operários começaram a institucionalizar sua luta. Perceberam que outros grupos também padeciam das mesmas dificuldades e se uniram a eles. Novas ideologias também estavam sendo incorporadas. Tais doutrinas apresentavam a “questão operária” de modo universal. Afinal, a indústria se expandia, o mundo globalizava-se, e, com eles, os interesses e as dificuldades. Um operário belga estava sociologicamente mais próximo de um trabalhador americano que de um empresário do seu país. Marx, percebendo esse fenômeno, exortava os trabalhadores à luta, com a famosa frase: “trabalhadores do mundo uni-vos”.”
(...)

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A gente vai pagar a conta da corrupção de todo o sistema político, e financeiro, e empresarial brasileiro logo logo, o Pai Estado já quebrou no RJ, no RS, os outros vão seguir logo atrás até não pagarem mais os salários dos funcionários públicos "comuns" pois os "de alto escalão", os comissionados/indicados continuarão ganhando o seu.

O Desemprego vai continuar aumentando pois, ao invés de desburocratizar a contratação e demissão, ao invés de cortar esse monte de impostos e taxas que temos pra tudo nesse país, o governo vai dar uma mexidinha na previdência, vai fazer uma mudança muito da sem vergonha nas leis trabalhistas e dizer que está bom.

Aí sabe o que o governo vai dizer? Depois de tudo isso quando a vaca continuar a ir pro brejo? Que será necessário aumentar os juros, que será necessário aumentar impostos para manter a grana correndo para os zilhões cadastrados nos "Bolsa Isso" e "Bolsa Aquilo", coisa que não vai adiantar já que para pagar imposto e aumentar a arrecadação você precisa de gente trabalhando e recebendo salário/pagamento no fim do mês pra conseguir gastar e fazer a economia rodar.

A diferença do Brasil e da Grécia é só 2, o tamanho e os recursos naturais. A politicagem sem vergonha, o milhares de sindicalistas safados e o roubo/toma lá/dá cá institucionalizado é o mesmo

Vc acha uma reformazinha trabalhista básica? Muito sem vergonha? Colocar jornada de trabalho até 12 horas por dia e reduzir almoço para meia hora? Acha isso pouco? Tem uma parte do projeto que se refere ao campo que propõe que empregadores paguem os seus "semi-escravos" com comida e moradia. Isso é light? Nem na Grécia tiveram a coragem de propor isso, aqui o Congresso Odebrecht em especial nossa bancada ruralista quer legalizar a escravidão no campo.
Como já disse, o Brasil pode virar o paraíso para o empresário empreendedor, podemos ter uma legislação quase chinesa; com uma população totalmente endividada e com medo de consumir pois o emprego formal é cada vez mais escasso de nada vai resolver.
Medidas de austeridade por si só nunca levaram ao crescimento de nenhum país. O máximo de sucesso já obtido foi combinando alguma política de austeridade mas com uma mão bem menos pesada, com políticas de educação e urbanização. Só que aqui com tantas restrições orçamentárias nada compensatório tem sido feito. Logo essa política econômica falhou por 3 anos e continuará falhando.
 
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Vc acha uma reformazinha trabalhista básica? Muito sem vergonha? Colocar jornada de trabalho até 12 horas por dia e reduzir almoço para meia hora? Acha isso pouco? Tem uma parte do projeto que se refere ao campo que propõe que empregadores paguem os seus "semi-escravos" com comida e moradia. Isso é light? Nem na Grécia tiveram a coragem de propor isso, aqui o Congresso Odebrecht em especial nossa bancada ruralista quer legalizar a escravidão no campo.
Como já disse, o Brasil pode virar o paraíso para o empresário empreendedor, podemos ter uma legislação quase chinesa; com uma população totalmente endividada e com medo de consumir pois o emprego formal é cada vez mais escasso de nada vai resolver.
Medidas de austeridade por si só nunca levaram ao crescimento de nenhum país. O máximo de sucesso já obtido foi combinando alguma política de austeridade mas com uma mão bem menos pesada, com políticas de educação e urbanização. Só que aqui com tantas restrições orçamentárias nada compensatório tem sido feito. Logo essa política econômica falhou por 3 anos e continuará falhando.


Você leu a reforma? Você leu? Claramente não então quando você ler a gente conversa
 

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