Eu não acredito em cisnes negros...mas que eles existem, existem! Eu sei, as bruxas também. Ninguém previu Junho/2013 no Brasil, e a primeira coisa que pude articular com certa objetividade econômica é que deveríamos reabilitar o racionamento da gasolina nos fins-de-semana, e todos os dias depois das 22hs. Desculpem, mas é a única maneira de evitar que a Petrobras se afunde em dívidas e prejudique os investimentos no pré-sal - aliás, os royalties serão destinados à educação, pois não? Eu ainda iria sugerir medidas mais drásticas de racionamento - o trânsito iria melhorar, heim? -, mas tenho medo da classe média recém-motorizada por Dona Dilma. Quem iria aplaudir são os sofridos investidores da estatal, que, por obra e graça do Governo, lucra mais quando vende menos gasolina. Não é fantástico?
Pois bem, Dona Dilma, a "despreparada" - segundo palavras dos líderes do "Movimento Passe Livre", ditas hoje (24/06/2013), após reunião no Planalto - recrudesceu (termo emprestado do ex-Presidente Figueiredo...). Fez propostas que juristas já condenaram. Pior é que seu desligamento da realidade - ou será simples despreparo? - a induziu afirmar a seguinte gracinha na última sexta-feira (21/06/2013): "é a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvida em primeiro lugar". Hoje, ela repetiu o bordão: "Uma sociedade em que o cidadão, e não o direito econômico, esteja em primeiro lugar". Pode existir pensamento mais sublime? O único problema é que não somos mais adolescentes. Aliás, há outro: o muro de Berlim já foi derrubado, a guerra fria acabou, viu?, e vivemos sob a lógica do mercado!
Vejam, não sou eu que defendo ou determino isso (sou um mero psicanalista e estudioso de questões psicoeconômicas, e apenas me esforço em ver a realidade). Nós ainda temos papel higiênico - ao contrário de Caracas. Só a despreparada Dilma não consegue enxergar que cidadania e poder econômico hoje não se dissociam. Quem investe, incentiva a produção, e precisa confiar num Governo para arriscar seu dinheiro é o poder econômico! O Estado já era - aliás, ele precisa do poder econômico para ajudar o País a crescer, e cabe-lhe suturar, com recursos dos impostos, as falhas do sistema, com transportes, educação, saúde, segurança - e ética social! Ao mesmo tempo, liberar as forças produtivas dando-lhes condições para investir dinheiro, dar emprego, fomentar renda e bem estar. Mercado é aquele animal (Keynes) que precisamos domesticar, sem tirar-lhe o vigor.
A despreparada Dilma foi bater de frente com o poder econômico. Tratou o mercado como se ele fosse o vilão de sua adolescência, o fantasma de seus pesadelos ideológicos, o inimigo que seria finalmente enfrentado e derrotado. O resultado foi um baita cisne negro. Do Oiapoque ao Chuí. Daqueles enormes! É a economia, sua estúpida! Quando hoje se afasta do poder econômico, simultaneamente, se afasta dos direitos dos cidadãos ao bem estar, ao sentimento de inclusão na atual sociedade. O mercado avisou, avisou, avisou - e começou a rolar a festa da desconfiança. Investimentos minguaram, capitais fugiram, a Bolsa rolou ladeira abaixo, o dólar disparou - dá para brincar com o mercado? Dá para brincar por tanto tempo com tanta gente com tanta corrupção?
As manifestações têm várias causas no mal-estar brasileiro - mas sem inflação a corroer o poder de compra dos brasileiros emergentes não teriam ocorrido. É a economia, sua estúpida!. Ofereceu consumo, sem preparar a oferta. Deu peixe e não ensinou a pescar. Fez estádios fabulosos e impediu acesso do povo. Entregou carros sem oferecer ônibus, e ainda engarrafou o trânsito. Produziu déficit público, segurou juros, maquiou contas públicas e achou que escondia inflação debaixo do tapete. Substituiu a lógica da política macroeconômica pela alquimia de uma estratégia eleitoreira visando não apenas reeleição, mas perpetuação de seu partido no poder.
Toda força política quer se manter no poder. Mas seu grupo o faz com incrível premeditação que já não deixou de incluir mensalões. Todo grupo quer se manter no poder, mas seu grupo o faz com sinistros métodos de manipulação das massas - como se delas fosse o único representante - , ludibriando a pobreza com falsas redenções, ao invés de consistentes políticas de investimento público e privado. Sem procuração de Deus, sentiu-se o detentor exclusivista dos direitos do povo. As reais necessidades do País foram preteridas em prol de uma escabrosa estratégia de perpetuação no poder, como se a inteligência leninista quisesse competir com a argúcia capitalista, e aqui decidisse seu destino. Mas o tiro saiu pela culatra, o modelo não podia dar certo - e o País reagiu. O vigor de sua reação foi proporcional à violência com que se sentiu manipulado - e ludibriado - nos últimos dez anos. Afinal, não somos palco de disputas ideológicas sepultadas pela criatividade evolutiva da História.
Fonte:
Ainda temos papel higiênico | InfoMoney
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/blogs/o-mercado-no-diva/post/2836347/ainda-temos-papel-higienico
Pois bem, Dona Dilma, a "despreparada" - segundo palavras dos líderes do "Movimento Passe Livre", ditas hoje (24/06/2013), após reunião no Planalto - recrudesceu (termo emprestado do ex-Presidente Figueiredo...). Fez propostas que juristas já condenaram. Pior é que seu desligamento da realidade - ou será simples despreparo? - a induziu afirmar a seguinte gracinha na última sexta-feira (21/06/2013): "é a cidadania, e não o poder econômico, quem deve ser ouvida em primeiro lugar". Hoje, ela repetiu o bordão: "Uma sociedade em que o cidadão, e não o direito econômico, esteja em primeiro lugar". Pode existir pensamento mais sublime? O único problema é que não somos mais adolescentes. Aliás, há outro: o muro de Berlim já foi derrubado, a guerra fria acabou, viu?, e vivemos sob a lógica do mercado!
Vejam, não sou eu que defendo ou determino isso (sou um mero psicanalista e estudioso de questões psicoeconômicas, e apenas me esforço em ver a realidade). Nós ainda temos papel higiênico - ao contrário de Caracas. Só a despreparada Dilma não consegue enxergar que cidadania e poder econômico hoje não se dissociam. Quem investe, incentiva a produção, e precisa confiar num Governo para arriscar seu dinheiro é o poder econômico! O Estado já era - aliás, ele precisa do poder econômico para ajudar o País a crescer, e cabe-lhe suturar, com recursos dos impostos, as falhas do sistema, com transportes, educação, saúde, segurança - e ética social! Ao mesmo tempo, liberar as forças produtivas dando-lhes condições para investir dinheiro, dar emprego, fomentar renda e bem estar. Mercado é aquele animal (Keynes) que precisamos domesticar, sem tirar-lhe o vigor.
A despreparada Dilma foi bater de frente com o poder econômico. Tratou o mercado como se ele fosse o vilão de sua adolescência, o fantasma de seus pesadelos ideológicos, o inimigo que seria finalmente enfrentado e derrotado. O resultado foi um baita cisne negro. Do Oiapoque ao Chuí. Daqueles enormes! É a economia, sua estúpida! Quando hoje se afasta do poder econômico, simultaneamente, se afasta dos direitos dos cidadãos ao bem estar, ao sentimento de inclusão na atual sociedade. O mercado avisou, avisou, avisou - e começou a rolar a festa da desconfiança. Investimentos minguaram, capitais fugiram, a Bolsa rolou ladeira abaixo, o dólar disparou - dá para brincar com o mercado? Dá para brincar por tanto tempo com tanta gente com tanta corrupção?
As manifestações têm várias causas no mal-estar brasileiro - mas sem inflação a corroer o poder de compra dos brasileiros emergentes não teriam ocorrido. É a economia, sua estúpida!. Ofereceu consumo, sem preparar a oferta. Deu peixe e não ensinou a pescar. Fez estádios fabulosos e impediu acesso do povo. Entregou carros sem oferecer ônibus, e ainda engarrafou o trânsito. Produziu déficit público, segurou juros, maquiou contas públicas e achou que escondia inflação debaixo do tapete. Substituiu a lógica da política macroeconômica pela alquimia de uma estratégia eleitoreira visando não apenas reeleição, mas perpetuação de seu partido no poder.
Toda força política quer se manter no poder. Mas seu grupo o faz com incrível premeditação que já não deixou de incluir mensalões. Todo grupo quer se manter no poder, mas seu grupo o faz com sinistros métodos de manipulação das massas - como se delas fosse o único representante - , ludibriando a pobreza com falsas redenções, ao invés de consistentes políticas de investimento público e privado. Sem procuração de Deus, sentiu-se o detentor exclusivista dos direitos do povo. As reais necessidades do País foram preteridas em prol de uma escabrosa estratégia de perpetuação no poder, como se a inteligência leninista quisesse competir com a argúcia capitalista, e aqui decidisse seu destino. Mas o tiro saiu pela culatra, o modelo não podia dar certo - e o País reagiu. O vigor de sua reação foi proporcional à violência com que se sentiu manipulado - e ludibriado - nos últimos dez anos. Afinal, não somos palco de disputas ideológicas sepultadas pela criatividade evolutiva da História.
Fonte:
Ainda temos papel higiênico | InfoMoney
Veja mais em: http://www.infomoney.com.br/blogs/o-mercado-no-diva/post/2836347/ainda-temos-papel-higienico
