• Prezados usuários,

    Por questões de segurança, a partir de 22/04/2024 os usuários só conseguirão logar no fórum se estiverem com a "Verificação em duas etapas" habilitada em seu perfil.

    Para habilitar a "Verificação em duas etapas" entre em sua conta e "Click" em seu nick name na parte superior da página, aparecerá opções de gestão de sua conta, entre em "Senha e segurança", a primeira opção será para habilitar a "Verificação em duas etapas".

    Clicando alí vai pedir a sua senha de acesso ao fórum, e depois vai para as opções de verificação, que serão as seguintes:

    ***Código de verificação via aplicativo*** >>>Isso permite que você gere um código de verificação usando um aplicativo em seu telefone.

    ***Email de confirmação*** >>>Isso enviará um código por e-mail para verificar seu login.

    ***Códigos alternativos*** >>>Esses códigos podem ser usados para fazer login se você não tiver acesso a outros métodos de verificação.

    Existe as 3 opções acima, e para continuar acessando o fórum a partir de 22/04/2024 você deverá habilitar uma das 03 opções.

    Tópico para tirar dúvidas>>>>https://forum.adrenaline.com.br/threads/obrigatoriedade-da-verificacao-em-duas-etapas-a-partir-de-24-04-2024-duvidas.712290/

    Atencionamente,

    Administração do Fórum Adrenaline

[Filosofia] Liberdade Individual versus Coletivismo e seu impacto na sociedade atual

O único ponto que não consigo ver funcionando é se essa renda universal for vitalícia e irrestrita, a pessoa pode condicionar a vida a viver com pouco e se isso se torna em um percentual muito grande da população como a conta será fechada?


Isso somente aconteceria se a renda universal fosse bem alta (O que por si só inviabilizaria). Se ela for como tem sido aplicada, por exemplo, no Alasca, que é um pouco mais de 1mil dólares por mes, ela não é alta o suficiente para fazer um numero significativo de pessoas a saírem da força de trabalho (claro que teria que variar conforme o país respeitando custo de vida). Além disso, isso pressupoe que as pessoas se satisfazem em apenas sobreviver, embora isso possa ser verdade para um numero pequeno de pessoas, a maioria, especialmente se forem estimuladas a isso, vão querer ir muito além de apenas sobreviver.
--- Post duplo é unido automaticamente: ---

Individuo versus coletivo:

Não sei se vocês viram o caso do comediante Dave Chappelle na Netflix, ele fez uma ou algumas piadas com Transgeneros e a galera tá louca espumando pela boca querendo a cabeça dele por causa disso.

Eis que durante um protesto de alguns ativistas, um rapaz apareceu lá com um cartaz dizendo que gosta do Dave e que piadas são engraçadas, eis o que fazem:



Discordo que esses autoritários representem o coletivo. A maioria das pessoas estão com Dave Chappelle.

Eu sou um defensor de uma perspectiva que valoriza o coletivo, e estou com Dave Chappelle e eu vi o especial. Alias, como expliquei, valorizar o indivíduo, para mim, passa longe de entrar em contradição com valorização do coletivo, a questão são os termos e o que defendemos de forma objetiva.
 
Isso somente aconteceria se a renda universal fosse bem alta (O que por si só inviabilizaria). Se ela for como tem sido aplicada, por exemplo, no Alasca, que é um pouco mais de 1mil dólares por mes, ela não é alta o suficiente para fazer um numero significativo de pessoas a saírem da força de trabalho (claro que teria que variar conforme o país respeitando custo de vida). Além disso, isso pressupoe que as pessoas se satisfazem em apenas sobreviver, embora isso possa ser verdade para um numero pequeno de pessoas, a maioria, especialmente se forem estimuladas a isso, vão querer ir muito além de apenas sobreviver.
--- Post duplo é unido automaticamente: ---



Discordo que esses autoritários representem o coletivo. A maioria das pessoas estão com Dave Chappelle.

Eu sou um defensor de uma perspectiva que valoriza o coletivo, e estou com Dave Chappelle e eu vi o especial. Alias, como expliquei, valorizar o indivíduo, para mim, passa longe de entrar em contradição com valorização do coletivo, a questão são os termos e o que defendemos de forma objetiva.
Olha sinceramente, esses caras estão cada vez mais influenciando o mundo, só precisa ver o quanto de gente "cancelada" por conta de comentários em redes sociais, programas de tv, entrevistas e etc, só não vê quem não quer.

E o pior, eles fazem isso sem o menor medo de consequências, muitas vezes destroem a vida ou o emprego da pessoa que é o alvo do "cancelamento" enquanto eles ficam dando risada "ó lá mais um racista/homofóbico/transfóbico cancelado"
 
O link da matéria que você compartilhou diz exatamente o contrário do que você disse:


--- Post duplo é unido automaticamente: ---

O que aconteceu com eles é incerto, existem estudos que dizem que eles podem ter sumido por conta de doença, por conta de conflitos com os homo-sapiens por recursos e/ou pouco de tudo isso junto...

Evolução é cruel, Darwin nesse ponto está corretíssimo ao dizer que os mais evoluídos e com maior capacidade de adaptação sobrevive, seja porque caçam melhor, porque tem uma saúde melhor, seja porque são mais agressivos, porque são mais numerosos ou tantos outros motivos, no final das contas o homo sapiens prevaleceu.... vai saber se daqui 10 mil anos ainda nós (o homo sapiens) estaremos aqui ou se teremos dado lugar para o próximo passo da evolução humana?

A matéria foi meio preguiçosa, agora que reparei, parece que o autor esqueceu de falar o tema do título. Mas o Yuval fala isso no post dele no New York Times:

Em casa com nossos primos antigos, os neandertais​


merlin_157418865_1e6ece9c-c045-4c90-971b-d4db7e72ec22-superJumbo.jpg

Uma reconstrução de um homem neandertal no Museu Neandertal em Mettmann, Alemanha, local da primeira descoberta neandertal em 1856.Crédito...Martin Meissner/Associated Press

Por Yuval Noah Harari
  • Publicado em 7 de novembro de 2020Atualizado em 9 de novembro de 2020

Neandertais, Vida, Amor, Morte e Arte
Por Rebecca Wragg Sykes

Desde que descobrimos sua existência em 1856, os neandertais capturaram nossa imaginação. Embora achemos fácil aceitar que o mundo abriga diferentes tipos de ursos, raposas e golfinhos, estamos assustados com a ideia de outras espécies de humanos. Só por existir, os neandertais desafiam alguns dos nossos ideais e ilusões mais queridos. Os neandertais nos forçam a questionar a crença de que o Homo sapiens é o ápice da criação e, mais geralmente, o que significa ser humano.

Essas perguntas estão agora mais urgentes do que nunca. Em 1856, parecia que os neandertais pertenciam com segurança ao passado, e que o Homo sapiens dominaria para sempre a grande cadeia do ser. Em 2020, estamos muito menos certos. Novas tecnologias podem em breve tornar possível ressuscitar os Neandertais. Ainda mais importante, novas tecnologias podem tornar possível re-projetar o Homo sapiens, ou criar novos tipos de seres humanos.

Novas tecnologias também revolucionaram o estudo dos neandertais e outros humanos antigos. Ao longo das últimas décadas, novas técnicas para analisar pedra, osso e DNA tornaram possível reconstruir o que ocorreu em torno de uma fogueira neandertal há 100.000 anos. Um punhado de pequenos fragmentos às vezes são suficientes para determinar o que alguns neandertais comem no café da manhã, quais doenças a afligiram, qual era a cor de sua pele e se seus pais eram primos de primeiro grau.

Todos os anos, enormes quantidades de novos dados sobre neandertais jorram em revistas científicas. A mídia captou os mais sensacionais furos, mais notavelmente que os neandertais interagiram com Sapiens, e que cerca de 2% a 3% dos nossos genes hoje vêm de ancestrais neandertais. No entanto, para a maioria das pessoas, os neandertais continuam a ser as pessoas das cavernas, brutais, comuns de inúmeros desenhos animados. Pensamos em histórias e não em dados, e a única coisa que pode substituir uma história antiga é uma nova.

Em seu livro "Kindred", Rebecca Wragg Sykes pretende contar uma nova história completa sobre os Neandertais. Ela fez um trabalho notável sintetizando milhares de estudos acadêmicos em uma única narrativa acessível. De suas páginas emergem novos neandertais que são muito diferentes das figuras de desenho animado de antigamente. "Kindred" é uma leitura importante não apenas para qualquer um interessado neste nossos primos antigos, mas também para qualquer um interessado na humanidade.

A contribuição mais importante de Sykes é entender os neandertais em seus próprios termos. Nós tendemos a discutir todas as outras espécies humanas em relação às nossas. Nós os vemos como pedras no caminho para Sapiens, e queremos saber de que maneira fomos superiores a eles, se fizemos sexo com eles e se os matamos. Mas na história de Sykes, Sapiens aparecem apenas como personagens menores no final. "Kindred" é sobre neandertais.

Sykes explica que os neandertais eram seres humanos sofisticados e competentes que se adaptaram a diversos habitats e climas. Eles variavam desde as margens do Atlântico até as estepes da Ásia Central. Eles prosperaram em climas quentes, bem como na tundra da era glacial. Além de caçadas em grandes jogos icônicas, os neandertais também pescavam em rios, reuniam uma infinidade de espécies de plantas e às vezes roubavam mel de colmeias. Eles fabricavam ferramentas complexas, faziam roupas de peles de animais, construíam abrigos aconchegantes, ocasionalmente enterravam seus mortos e talvez, talvez, até criassem arte.

O livro de Sykes é tanto um olhar para as maravilhas da tecnologia moderna como é para as habilidades dos antigos neandertais. Ela descreve, por exemplo, como os cientistas desenterraram pequenos flocos de pedra em uma caverna italiana com algumas manchas minúsculas sobre eles. Uma análise cuidadosa revelou que uma mancha de 50.000 anos continha uma mistura de resina de árvore e cera de abelha. Aparentemente, alguns neandertais inovadores descobriram que misturando os dois, eles poderiam produzir um adesivo para prender pedras com alças de madeira e criar ferramentas compostas. A capacidade dos cientistas modernos de determinar tais coisas é talvez tão surpreendente quanto a capacidade dos antigos neandertais de dominar tal experiência.

No entanto, os argumentos convincentes de Sykes sobre a competência e diversidade dos antigos neandertais nos levam de volta à inevitável questão sapiens. Os estudiosos sempre notaram a suspeita coincidência de que os neandertais saíram exatamente quando Sapiens apareceram no local. Mas enquanto os estudiosos viam os neandertais como brutos simples, mal sobrevivendo na Europa da era glacial, era fácil dar a Sapiens o benefício da dúvida. Alguns estudiosos disseram que as mudanças climáticas tornaram as condições mais adequadas para os Sapiens, enquanto os neandertais não conseguiam lidar com isso. Outros estudiosos argumentaram que os neandertais já estavam à beira da extinção mesmo antes dos Sapiens deixarem a África. Outra opção era que os neandertais não foram extintos em tudo - eles foram assimilados na expansão da população dos Sapiens.

Mas a nova síntese de Sykes parece descartar todas essas opções. Por mais de 300.000 anos, os neandertais resistiram com sucesso a muitos ciclos climáticos e se adaptaram a inúmeros habitats. Eram capazes de inovação e adaptação. Eles desapareceram abruptamente cerca de 40.000 anos atrás como resultado do que parece mais um choque repentino do que um prolongado processo de declínio. E embora agora tenhamos evidências conclusivas de que alguns neandertais se entrelaçaram com Sapiens, as evidências indicam que foram incidentes isolados, e que as duas populações não se fundiram.

Então, o que aconteceu? Se os neandertais eram tão bons, por que desapareceram? Sykes não fornece uma resposta definitiva, mas suas descobertas reforçam a suspeita de que os Sapiens tinham uma mão nela. Aparentemente, os neandertais eram sofisticados e inovadores o suficiente para lidar com diversos climas e habitats, mas não como seus primos africanos.
Sykes fornece evidências convincentes de que, no nível individual, os neandertais não eram inferiores a Sapiens. Os corpos neandertais eram tão aptos, suas mãos eram tão hábeis e seus cérebros eram tão grandes - se não maiores - do que os de Sapiens. A vantagem de Sapiens provavelmente estava em cooperação em larga escala.

Sykes explica que os neandertais viviam em pequenos bandos que raramente se cooperavam entre si.
A única pista tentadora de que bandos neandertais talvez comercializassem mercadorias vem de algumas ferramentas de pedra. Analisando diferentes assinaturas minerais, os estudiosos podem identificar a fonte exata de cada pedra. Em alguns casos notáveis, as pedras eram originadas a mais de 100 quilômetros de distância. Não está claro, no entanto, se isso indica que os bandos neandertais negociavam itens preciosos ou que os neandertais viajavam por longas distâncias.

Na época em que eles encontraram os Neandertais, Sapiens também vivia em pequenos bandos, mas diferentes bandos sapiens provavelmente cooperavam regularmente. Há muito mais evidências para o comércio de longa distância entre Sapiens, e enterros espetaculares como os túmulos de Sunghir de 32.000 anos refletem claramente o esforço combinado de mais de um bando.

A cooperação em larga escala não significa necessariamente que uma horda de 500 Sapiens se uniu para eliminar um grupo de 20 neandertais. Cooperação não é só violência. Sapiens poderiam se beneficiar mais facilmente das descobertas e invenções de outras pessoas. Se alguém de um bando vizinho descobrisse uma nova maneira de localizar colmeias, fazer uma túnica ou curar uma ferida, tal conhecimento poderia se espalhar muito mais rapidamente entre os sapiens do que entre os neandertais. Enquanto os neandertais individuais eram talvez tão curiosos, imaginativos e criativos quanto sapiens individuais, a rede superior permitiu que Sapiens rapidamente superassem os neandertais.

Isso, no entanto, é em grande parte especulação. Ainda não sabemos o suficiente sobre a psicologia, a sociedade e a política dos neandertais para ter certeza. Talvez o fato mais surpreendente no livro de Sykes seja que mesmo se contarmos cada fragmento ósseo e cada dente isolado, até agora encontramos os restos de menos de 300 neandertais. Conseguimos extrair uma imensa quantidade de conhecimento dessas poucas testemunhas.

Nos próximos anos, vamos encontrar mais. Durante um período de 350.000 anos, milhões e milhões de neandertais caminharam pela Terra. Ao ler estas linhas, talvez um arqueólogo esteja descobrindo outro osso neandertal em uma caverna na Alemanha, ou trabalhadores da construção russa se surpreenderam ao encontrar um corpo neandertal congelado dentro do permafrost siberiano derretido. À medida que as evidências se acumulam e nossa tecnologia melhora, os Neandertais continuarão nos surpreendendo. Estamos apenas começando a entender sua verdadeira história.

 
A matéria foi meio preguiçosa, agora que reparei, parece que o autor esqueceu de falar o tema do título. Mas o Yuval fala isso no post dele no New York Times:

Em casa com nossos primos antigos, os neandertais​


merlin_157418865_1e6ece9c-c045-4c90-971b-d4db7e72ec22-superJumbo.jpg

Uma reconstrução de um homem neandertal no Museu Neandertal em Mettmann, Alemanha, local da primeira descoberta neandertal em 1856.Crédito...Martin Meissner/Associated Press

Por Yuval Noah Harari
  • Publicado em 7 de novembro de 2020Atualizado em 9 de novembro de 2020

Neandertais, Vida, Amor, Morte e Arte
Por Rebecca Wragg Sykes

Desde que descobrimos sua existência em 1856, os neandertais capturaram nossa imaginação. Embora achemos fácil aceitar que o mundo abriga diferentes tipos de ursos, raposas e golfinhos, estamos assustados com a ideia de outras espécies de humanos. Só por existir, os neandertais desafiam alguns dos nossos ideais e ilusões mais queridos. Os neandertais nos forçam a questionar a crença de que o Homo sapiens é o ápice da criação e, mais geralmente, o que significa ser humano.

Essas perguntas estão agora mais urgentes do que nunca. Em 1856, parecia que os neandertais pertenciam com segurança ao passado, e que o Homo sapiens dominaria para sempre a grande cadeia do ser. Em 2020, estamos muito menos certos. Novas tecnologias podem em breve tornar possível ressuscitar os Neandertais. Ainda mais importante, novas tecnologias podem tornar possível re-projetar o Homo sapiens, ou criar novos tipos de seres humanos.

Novas tecnologias também revolucionaram o estudo dos neandertais e outros humanos antigos. Ao longo das últimas décadas, novas técnicas para analisar pedra, osso e DNA tornaram possível reconstruir o que ocorreu em torno de uma fogueira neandertal há 100.000 anos. Um punhado de pequenos fragmentos às vezes são suficientes para determinar o que alguns neandertais comem no café da manhã, quais doenças a afligiram, qual era a cor de sua pele e se seus pais eram primos de primeiro grau.

Todos os anos, enormes quantidades de novos dados sobre neandertais jorram em revistas científicas. A mídia captou os mais sensacionais furos, mais notavelmente que os neandertais interagiram com Sapiens, e que cerca de 2% a 3% dos nossos genes hoje vêm de ancestrais neandertais. No entanto, para a maioria das pessoas, os neandertais continuam a ser as pessoas das cavernas, brutais, comuns de inúmeros desenhos animados. Pensamos em histórias e não em dados, e a única coisa que pode substituir uma história antiga é uma nova.

Em seu livro "Kindred", Rebecca Wragg Sykes pretende contar uma nova história completa sobre os Neandertais. Ela fez um trabalho notável sintetizando milhares de estudos acadêmicos em uma única narrativa acessível. De suas páginas emergem novos neandertais que são muito diferentes das figuras de desenho animado de antigamente. "Kindred" é uma leitura importante não apenas para qualquer um interessado neste nossos primos antigos, mas também para qualquer um interessado na humanidade.

A contribuição mais importante de Sykes é entender os neandertais em seus próprios termos. Nós tendemos a discutir todas as outras espécies humanas em relação às nossas. Nós os vemos como pedras no caminho para Sapiens, e queremos saber de que maneira fomos superiores a eles, se fizemos sexo com eles e se os matamos. Mas na história de Sykes, Sapiens aparecem apenas como personagens menores no final. "Kindred" é sobre neandertais.

Sykes explica que os neandertais eram seres humanos sofisticados e competentes que se adaptaram a diversos habitats e climas. Eles variavam desde as margens do Atlântico até as estepes da Ásia Central. Eles prosperaram em climas quentes, bem como na tundra da era glacial. Além de caçadas em grandes jogos icônicas, os neandertais também pescavam em rios, reuniam uma infinidade de espécies de plantas e às vezes roubavam mel de colmeias. Eles fabricavam ferramentas complexas, faziam roupas de peles de animais, construíam abrigos aconchegantes, ocasionalmente enterravam seus mortos e talvez, talvez, até criassem arte.

O livro de Sykes é tanto um olhar para as maravilhas da tecnologia moderna como é para as habilidades dos antigos neandertais. Ela descreve, por exemplo, como os cientistas desenterraram pequenos flocos de pedra em uma caverna italiana com algumas manchas minúsculas sobre eles. Uma análise cuidadosa revelou que uma mancha de 50.000 anos continha uma mistura de resina de árvore e cera de abelha. Aparentemente, alguns neandertais inovadores descobriram que misturando os dois, eles poderiam produzir um adesivo para prender pedras com alças de madeira e criar ferramentas compostas. A capacidade dos cientistas modernos de determinar tais coisas é talvez tão surpreendente quanto a capacidade dos antigos neandertais de dominar tal experiência.

No entanto, os argumentos convincentes de Sykes sobre a competência e diversidade dos antigos neandertais nos levam de volta à inevitável questão sapiens. Os estudiosos sempre notaram a suspeita coincidência de que os neandertais saíram exatamente quando Sapiens apareceram no local. Mas enquanto os estudiosos viam os neandertais como brutos simples, mal sobrevivendo na Europa da era glacial, era fácil dar a Sapiens o benefício da dúvida. Alguns estudiosos disseram que as mudanças climáticas tornaram as condições mais adequadas para os Sapiens, enquanto os neandertais não conseguiam lidar com isso. Outros estudiosos argumentaram que os neandertais já estavam à beira da extinção mesmo antes dos Sapiens deixarem a África. Outra opção era que os neandertais não foram extintos em tudo - eles foram assimilados na expansão da população dos Sapiens.

Mas a nova síntese de Sykes parece descartar todas essas opções. Por mais de 300.000 anos, os neandertais resistiram com sucesso a muitos ciclos climáticos e se adaptaram a inúmeros habitats. Eram capazes de inovação e adaptação. Eles desapareceram abruptamente cerca de 40.000 anos atrás como resultado do que parece mais um choque repentino do que um prolongado processo de declínio. E embora agora tenhamos evidências conclusivas de que alguns neandertais se entrelaçaram com Sapiens, as evidências indicam que foram incidentes isolados, e que as duas populações não se fundiram.

Então, o que aconteceu? Se os neandertais eram tão bons, por que desapareceram? Sykes não fornece uma resposta definitiva, mas suas descobertas reforçam a suspeita de que os Sapiens tinham uma mão nela. Aparentemente, os neandertais eram sofisticados e inovadores o suficiente para lidar com diversos climas e habitats, mas não como seus primos africanos.
Sykes fornece evidências convincentes de que, no nível individual, os neandertais não eram inferiores a Sapiens. Os corpos neandertais eram tão aptos, suas mãos eram tão hábeis e seus cérebros eram tão grandes - se não maiores - do que os de Sapiens. A vantagem de Sapiens provavelmente estava em cooperação em larga escala.

Sykes explica que os neandertais viviam em pequenos bandos que raramente se cooperavam entre si.
A única pista tentadora de que bandos neandertais talvez comercializassem mercadorias vem de algumas ferramentas de pedra. Analisando diferentes assinaturas minerais, os estudiosos podem identificar a fonte exata de cada pedra. Em alguns casos notáveis, as pedras eram originadas a mais de 100 quilômetros de distância. Não está claro, no entanto, se isso indica que os bandos neandertais negociavam itens preciosos ou que os neandertais viajavam por longas distâncias.

Na época em que eles encontraram os Neandertais, Sapiens também vivia em pequenos bandos, mas diferentes bandos sapiens provavelmente cooperavam regularmente. Há muito mais evidências para o comércio de longa distância entre Sapiens, e enterros espetaculares como os túmulos de Sunghir de 32.000 anos refletem claramente o esforço combinado de mais de um bando.

A cooperação em larga escala não significa necessariamente que uma horda de 500 Sapiens se uniu para eliminar um grupo de 20 neandertais. Cooperação não é só violência. Sapiens poderiam se beneficiar mais facilmente das descobertas e invenções de outras pessoas. Se alguém de um bando vizinho descobrisse uma nova maneira de localizar colmeias, fazer uma túnica ou curar uma ferida, tal conhecimento poderia se espalhar muito mais rapidamente entre os sapiens do que entre os neandertais. Enquanto os neandertais individuais eram talvez tão curiosos, imaginativos e criativos quanto sapiens individuais, a rede superior permitiu que Sapiens rapidamente superassem os neandertais.

Isso, no entanto, é em grande parte especulação. Ainda não sabemos o suficiente sobre a psicologia, a sociedade e a política dos neandertais para ter certeza. Talvez o fato mais surpreendente no livro de Sykes seja que mesmo se contarmos cada fragmento ósseo e cada dente isolado, até agora encontramos os restos de menos de 300 neandertais. Conseguimos extrair uma imensa quantidade de conhecimento dessas poucas testemunhas.

Nos próximos anos, vamos encontrar mais. Durante um período de 350.000 anos, milhões e milhões de neandertais caminharam pela Terra. Ao ler estas linhas, talvez um arqueólogo esteja descobrindo outro osso neandertal em uma caverna na Alemanha, ou trabalhadores da construção russa se surpreenderam ao encontrar um corpo neandertal congelado dentro do permafrost siberiano derretido. À medida que as evidências se acumulam e nossa tecnologia melhora, os Neandertais continuarão nos surpreendendo. Estamos apenas começando a entender sua verdadeira história.

Neandertais assim como os primeiros homo sapiens eram nômades, então não impede que eles criassem uma "ferramenta/arma" em um ponto e precisasse fazer novamente à 100km ou mais de distancia daquele ponto.

Sobre o tamanho dos bandos e as cooperações ou não entre os dois grupos não sei ainda, alguns dizem que o homo sapiens era mais amigável/social mesmo, outros dizem que isso só começou de verdade depois que descobriram e começaram a usar a agricultura como meio de subsistência principal e nesse caso sim, eles se aglomeravam mais, vários bandos/clãs começaram a se juntar e a partir desse ponto a humanidade começou a se desenvolver como civilização com cultura, técnicas e comunicação em comum etc.


Why All at the Same Time?

So, Sapiens had something tangibly different that his genetic cousins would likely never attain- a million years of history shows this. That gateway of change, agriculture, was entered by Sapiens in various parts of the world fairly simultaneously, and in some cases without the possibility of communication between groups that were geographically far apart. Besides the genetic predisposition to new concepts, there had to be some kind of trigger to start agriculture- either a latency (also built into the genes) or a universal exposure that flipped a switch in all members of that small group of Sapiens that left Africa, such as a burst of cosmic rays that triggered a gene. After over 50,000 years that Sapiens had ventured out of Africa, what other causes would there be for people in China, Mesopotamia, Israel, and Mexico to all start domesticating animals and plants for food in a time slot 5-10 thousand years ago?

Evolution Loves Variability

Even with that universal trigger, spread out across all tribes of Sapiens over the Earth, some did not fully embrace agriculture, such as the Aboriginals in Australia, the Inuit in northern Canada, and the Hatzig of Tanzania. All peoples of the world have higher consciousness, all have entertained ideas about taming food, yet there still exists a wide variability in choosing between hunter-gathering or domesticating food sources. For those who chose to tame their food, many other changes in society emerged, changes that are difficult to embrace if you are a member of a tribe that never took that first step.

E nesse ponto em diante o coletivo (das vilas/cidades) começaram a se fazer mais abrangentes e diversificados do que o individual e sua existência dentro do seu grupo familiar (por exemplo)

 
Última edição:
Ainda sobre os Neandertais, eles conviveram com o homo sapiens por mais ou menos 5 mil anos... então podem simplesmente ter "sumido" porque se misturaram com os homo sapiens e nesse ponto a genética dos homo sapiens foi prevalente....temos que lembrar da seleção natural :bat:



 
Ainda sobre os Neandertais, eles conviveram com o homo sapiens por mais ou menos 5 mil anos... então podem simplesmente ter "sumido" porque se misturaram com os homo sapiens e nesse ponto a genética dos homo sapiens foi prevalente....temos que lembrar da seleção natural :bat:





As linhas de pesquisas atuais deixaram essa teoria de lado, porque eles sumiram repentinamente, ao invés de ser gradativamente. Tipo, encontraram evidências até certa data, 40 mil anos atrás e depois não teve mais nada.

Impossível eles terem se misturado e desaparecido muito rapidamente. O pouco traço que existe na população atual é insuficiente para se considerar isso. Tá lá no texto e é algo que virou linha de pesquisa.

A teoria mais forte é que houve dominação dos Sapiens nesse encontro. Podem ter havido conflitos territoriais, como os Sapiens eram mais coordenados, podem ter se apossado dos recursos locais e matado os Neandertais de fome e algumas femêas podem ter se procriado com alguns Sapiens para sobreviver.

Acho que dá para traçar um paralelo com os Europeus vindo a América e encontrando os indíos.
 
As linhas de pesquisas atuais deixaram essa teoria de lado, porque eles sumiram repentinamente, ao invés de ser gradativamente. Tipo, encontraram evidências até certa data, 40 mil anos atrás e depois não teve mais nada.

Impossível eles terem se misturado e desaparecido muito rapidamente. O pouco traço que existe na população atual é insuficiente para se considerar isso. Tá lá no texto e é algo que virou linha de pesquisa.

A teoria mais forte é que houve dominação dos Sapiens nesse encontro. Podem ter havido conflitos territoriais, como os Sapiens eram mais coordenados, podem ter se apossado dos recursos locais e matado os Neandertais de fome e algumas femêas podem ter se procriado com alguns Sapiens para sobreviver.

Acho que dá para traçar um paralelo com os Europeus vindo a América e encontrando os indíos.
sobrevivência do mais forte/apto, Darwin, não duvido também, só disse que não sei, porque são todas teorias no final das contas
 
“Felicidade é aquilo que ganhamos pelo agir.” (...) “O humano é um animal que faz barganhas.” [Adam Smith]


sobrevivência do mais forte/apto, Darwin, não duvido também, só disse que não sei, porque são todas teorias no final das contas.

E quem sabe? Só dispomos de teorias. No fim das contas, por mais que filosofemos e dialoguemos, “vence” quem tem mais dinheiro e poder - sempre foi assim na História. E só resta nos adaptarmos ao meio e nos valer de nossas ferramentas, sobreviver e ter alguma satisfação em nossas efêmeras existências.


(...) Até que ponto é aceitável, moral e construtivo abrir mão de sua liberdade como individuo em pró de filosofias coletivistas sem limite?

Se de um lado, as pessoas argumentam que não se pode confiar nas intenções e responsabilização dos indivíduos e suas decisões, por outro lado, o mesmo argumento pode ser usado para governos e autoridades envolvidas, até que ponto podemos confiar na idoneidade das instituições governamentais?

Gostaria de ouvir opiniões de vocês (...)

É comum escutarmos as pessoas falarem: “não dependo de ninguém” ou “a vida é minha, eu faço o que eu quiser”. Essas frases resumem bem a noção de liberdade na sociedade capitalista e uma de suas principais ideologias: o liberalismo.

Na concepção liberal, as demais pessoas são um limite, uma barreira. Numa sociedade em que cada um é obrigado a lutar para sobreviver, o inferno são os outros. As pessoas lutam entre si pelo emprego, por um novo cargo, por um pequeno negócio; e com os monopólios/oligopólios/cartéis, os capitalistas procuram destruir uns aos outros no mercado - na eterna busca pela maior fatia de lucro e status, e nessa “guerra invisível”, ser livre é ter muita grana e posses, e não depender de ninguém.

É curioso que a mesma pessoa que diz não depender de ninguém não se dá conta de que a cada instante, a cada momento ela está se relacionando e depende da atividade de milhões de outras pessoas. Sem elas, não sobreviveria nem por uma semana. Na água que bebemos, na energia elétrica que consumimos, na casa e/ou apartamento que moramos, nas roupas que vestimos, nos meios de transporte que utilizamos e todo o resto, existe o trabalho e o suor de milhões de pessoas em todo o mundo. Como é possível uma forma de sociedade que, ao mesmo tempo que gozamos do fruto do trabalho de tanta gente, espalhadas por todos os lugares do mundo, acreditamos não depender de ninguém? Acha mesmo que capitalismo é essa brincadeira de trocar coisas por dinheiro e dinheiro por coisas: e pra que Estado - só pra fazer tudo ficar mais complicado e estimular o ócio e sustentar vagabundos?

Lembrando que é o Estado, ou melhor, os seus funcionários (do alto escalão que são bancados por acionistas de multinacionais e de bancos - diga-se de passagem), quem define as Leis e o direito a propriedade - este que, por sua vez e em sua efetividade, permite existir o lucro e a “liberdade” (“jus utendi et abutendi” - as condições mínimas para haver o mercado, a concorrência e a garantia do cumprimento dos contratos). Portanto, capitalismo sem Estado é tão plausível quanto a vida na selva - repleta de “liberdade” e relações “amigáveis” entre predadores e presas.

Essas são as questões que deixo no tópico. E agradeço não só você - o autor do tópico, como os membros e seus comentários.


Para mim opor individualismo a coletivismo como uma mera oposição é uma falsa dicotomia. Assim como opor Liberdade x Igualdade. É um maniqueísmo equivocado (como praticamente todos os maniqueísmos), pois pressupõe contradição necessária entre interesses coletivos e individuais.

Quando na verdade via de regra, o que é melhor para a coletividade tende a tornar os indivíduos mais livres. (...) A suposta liberdade de comprar qualquer plano de saúde, é uma liberdade ilusória, pois depende da pessoa ter condições para fazer isso, e muitos não tem condições de fazer isso, o que prende essas pessoas a trabalhos específicos, e até inibe o empreendedorismo.

De forma semelhante, garantir educação pública de qualidade liberta, pois garante a todos a chance de ter mais escolhas. (...) Portanto, para mim, há muito tempo, desde de meu primeiro livro, eu vejo liberdade e igualdade, individualismo e coletivismo, não como opostos, mas como complementares. São ações coletivas feitas por indivíduos livres, que ao ampliar o horizonte de possibilidades, permitem que a criatividade e liberdade seja maximizada. Já autoritarismo, e hierarquização, concentração de poder e riqueza, atuam justamente para limitar a liberdade individual, ao mesmo passo que esmagam a possibilidades das maiorias de se desenvolverem. Por isso defendo o que chamo de Democracia Ampliada.

Isso somente aconteceria se a renda universal fosse bem alta (O que por si só inviabilizaria). Se ela for como tem sido aplicada, por exemplo, no Alasca, que é um pouco mais de 1mil dólares por mes, ela não é alta o suficiente para fazer um numero significativo de pessoas a saírem da força de trabalho (claro que teria que variar conforme o país respeitando custo de vida). Além disso, isso pressupoe que as pessoas se satisfazem em apenas sobreviver, embora isso possa ser verdade para um numero pequeno de pessoas, a maioria, especialmente se forem estimuladas a isso, vão querer ir muito além de apenas sobreviver. (...)

Eu sou um defensor de uma perspectiva que valoriza o coletivo, e estou com Dave Chappelle e eu vi o especial. Alias, como expliquei, valorizar o indivíduo, para mim, passa longe de entrar em contradição com valorização do coletivo, a questão são os termos e o que defendemos de forma objetiva.

Boas colocações Deutra. A “liberdade individual”, tal como defendida pelos autores do liberalismo clássico (dentre outros que defendem doutrinas econômicas ainda mais autoritárias/extremistas), pode até parecer ser uma boa ideia para as classes médias, visto que elas também são impelidas a lutarem pelo próprio bem estar (e sobrevivência), praticamente de modo individual, com seus pequenos empreendimentos comerciais, empregos competitivos e prestação de serviços. Mas para o “proletariado” (ou “precariado”), ou melhor, nós pobres, as coisas são bem diferentes.

A nossa força só se faz com organização, mais do que com nossas individualidades. O surgimento dos partidos de esquerda, dos sindicatos e dos direitos sociais, por exemplo, historicamente só foi possível graças as lutas prolongadas contra a burguesia - as classes mais ricas e proprietárias dos meios de produção e do capital. Lembrando que, na maior parte do tempo, os sindicatos e partidos de esquerda estiveram na ilegalidade, os direitos dos trabalhadores à organização política foi arrancado a ferro e sangue, e isso foi (e ainda é) uma gigantesca vitória para a burguesia nacional (que é a sócia-menor) e internacional (que são os sócios-maiores - donos do capital industrial, comercial e financeiro).

A dura realidade é que nós, pobres, somos explorados e oprimidos por esse sistema econômico e político (lembrando que sobrevivemos numa colônia periférica fornecedora de commodities para os países mais ricos do planeta). Dispersos em “individualidades”, pouco ou quase nada podemos. Um “indivíduo”, sozinho, por exemplo, não conquista aumento salarial e direitos, e nem mesmo consegue empreender e se manter em pé de igualdade com os grandes empresários (que financiam políticos e dirigentes partidários). O que nós pobres podemos fazer – seja no trabalho e na luta econômica e política, só podemos fazer de maneira coletiva e organizada. Somente quando nos organizarmos conscientemente, aí é que vamos começar a adquirir algum “poder” e alguma “liberdade”.


“A tendência a admirar, quase venerar, os ricos e poderosos, e de desdenhar, ou no mínimo ignorar, pessoas em condições pobres e cruéis, embora necessária para estabelecer e manter a distinção entre níveis sociais, é ao mesmo tempo, a maior e mais universal causa da corrupção da nossa sensibilidade moral.” (...) “Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos.” [Adam Smith]
 
“Felicidade é aquilo que ganhamos pelo agir.” (...) “O humano é um animal que faz barganhas.” [Adam Smith]




E quem sabe? Só dispomos de teorias. No fim das contas, por mais que filosofemos e dialoguemos, “vence” quem tem mais dinheiro e poder - sempre foi assim na História. E só resta nos adaptarmos ao meio e nos valer de nossas ferramentas, sobreviver e ter alguma satisfação em nossas efêmeras existências.




É comum escutarmos as pessoas falarem: “não dependo de ninguém” ou “a vida é minha, eu faço o que eu quiser”. Essas frases resumem bem a noção de liberdade na sociedade capitalista e uma de suas principais ideologias: o liberalismo.

Na concepção liberal, as demais pessoas são um limite, uma barreira. Numa sociedade em que cada um é obrigado a lutar para sobreviver, o inferno são os outros. As pessoas lutam entre si pelo emprego, por um novo cargo, por um pequeno negócio; e com os monopólios/oligopólios/cartéis, os capitalistas procuram destruir uns aos outros no mercado - na eterna busca pela maior fatia de lucro e status, e nessa “guerra invisível”, ser livre é ter muita grana e posses, e não depender de ninguém.

É curioso que a mesma pessoa que diz não depender de ninguém não se dá conta de que a cada instante, a cada momento ela está se relacionando e depende da atividade de milhões de outras pessoas. Sem elas, não sobreviveria nem por uma semana. Na água que bebemos, na energia elétrica que consumimos, na casa e/ou apartamento que moramos, nas roupas que vestimos, nos meios de transporte que utilizamos e todo o resto, existe o trabalho e o suor de milhões de pessoas em todo o mundo. Como é possível uma forma de sociedade que, ao mesmo tempo que gozamos do fruto do trabalho de tanta gente, espalhadas por todos os lugares do mundo, acreditamos não depender de ninguém? Acha mesmo que capitalismo é essa brincadeira de trocar coisas por dinheiro e dinheiro por coisas: e pra que Estado - só pra fazer tudo ficar mais complicado e estimular o ócio e sustentar vagabundos?

Lembrando que é o Estado, ou melhor, os seus funcionários (do alto escalão que são bancados por acionistas de multinacionais e de bancos - diga-se de passagem), quem define as Leis e o direito a propriedade - este que, por sua vez e em sua efetividade, permite existir o lucro e a “liberdade” (“jus utendi et abutendi” - as condições mínimas para haver o mercado, a concorrência e a garantia do cumprimento dos contratos). Portanto, capitalismo sem Estado é tão plausível quanto a vida na selva - repleta de “liberdade” e relações “amigáveis” entre predadores e presas.

Essas são as questões que deixo no tópico. E agradeço não só você - o autor do tópico, como os membros e seus comentários.






Boas colocações Deutra. A “liberdade individual”, tal como defendida pelos autores do liberalismo clássico (dentre outros que defendem doutrinas econômicas ainda mais autoritárias/extremistas), pode até parecer ser uma boa ideia para as classes médias, visto que elas também são impelidas a lutarem pelo próprio bem estar (e sobrevivência), praticamente de modo individual, com seus pequenos empreendimentos comerciais, empregos competitivos e prestação de serviços. Mas para o “proletariado” (ou “precariado”), ou melhor, nós pobres, as coisas são bem diferentes.

A nossa força só se faz com organização, mais do que com nossas individualidades. O surgimento dos partidos de esquerda, dos sindicatos e dos direitos sociais, por exemplo, historicamente só foi possível graças as lutas prolongadas contra a burguesia - as classes mais ricas e proprietárias dos meios de produção e do capital. Lembrando que, na maior parte do tempo, os sindicatos e partidos de esquerda estiveram na ilegalidade, os direitos dos trabalhadores à organização política foi arrancado a ferro e sangue, e isso foi (e ainda é) uma gigantesca vitória para a burguesia nacional (que é a sócia-menor) e internacional (que são os sócios-maiores - donos do capital industrial, comercial e financeiro).

A dura realidade é que nós, pobres, somos explorados e oprimidos por esse sistema econômico e político (lembrando que sobrevivemos numa colônia periférica fornecedora de commodities para os países mais ricos do planeta). Dispersos em “individualidades”, pouco ou quase nada podemos. Um “indivíduo”, sozinho, por exemplo, não conquista aumento salarial e direitos, e nem mesmo consegue empreender e se manter em pé de igualdade com os grandes empresários (que financiam políticos e dirigentes partidários). O que nós pobres podemos fazer – seja no trabalho e na luta econômica e política, só podemos fazer de maneira coletiva e organizada. Somente quando nos organizarmos conscientemente, aí é que vamos começar a adquirir algum “poder” e alguma “liberdade”.


“A tendência a admirar, quase venerar, os ricos e poderosos, e de desdenhar, ou no mínimo ignorar, pessoas em condições pobres e cruéis, embora necessária para estabelecer e manter a distinção entre níveis sociais, é ao mesmo tempo, a maior e mais universal causa da corrupção da nossa sensibilidade moral.” (...) “Onde há grande propriedade, há grande desigualdade. Para um muito rico, há no mínimo quinhentos pobres, e a riqueza de poucos presume da indigência de muitos.” [Adam Smith]

Excelente postagem. Conhece meu canal no youtube?

Acredito que vc iria se identificar bastante.

Inclusive estou lecionando um curso que falo justamente sobre organização coletiva dos trabalhadores para a luta por melhores condições de trabalho.
 
Discurso bastante relevante para o assunto, recomendo
 
Individuo versus coletivo:

Não sei se vocês viram o caso do comediante Dave Chappelle na Netflix, ele fez uma ou algumas piadas com Transgeneros e a galera tá louca espumando pela boca querendo a cabeça dele por causa disso.

Eis que durante um protesto de alguns ativistas, um rapaz apareceu lá com um cartaz dizendo que gosta do Dave e que piadas são engraçadas, eis o que fazem:


E nesse caso específico ai pra você ter uma idéia, imediatamente depois de quebrarem o cartaz do cara e deixaram ele com um pedaço de pau na mão, começaram a gritar "he's got a weapon", na esperança de um segurança remover o cara na base da porrada ou, pior, ter algum policial e (quem sabe) esse policial ouvir que ele estava armado e talvez dar um tiro no cara? Complicado...
 
“Eu fui acusado do hábito de mudar minhas opiniões. Eu não tenho um pingo de vergonha de ter mudado minhas opiniões. Um físico que já estava ativo em 1900 sonharia em dizer que suas opiniões não mudaram durante o último meio século? Na ciência, os humanos mudam suas opiniões quando novos conhecimentos se tornam disponíveis; mas a Filosofia na mente de muitos é assimilada à teologia, não à Ciência.” [Bertrand Russell]


Isso só vale enquanto sua liberdade não fere a liberdade do próximo, acho que é ai que esta o equilíbrio. Por exemplo, nessa pandemia pensei muito sobre o liberalismo econômico que tanto defendia, porem um liberalismo total é nocivo, porque uma pessoa numa posição de poder pode perverter o sistema para beneficio próprio em detrimento de milhares.

Se todos pensarem somente no EU, não vamos ter sociedade, vamos voltar para idade media com o forte sempre se colocando acima do mais fraco.

O problema do liberalismo economico, e do dito livre mercado , é que não se leva em consideração que existem sociopatas e narcisistas, que vão extrapolar as coisas,são como animais descontrolados, precisam de cabresto para manutenção da ordem e progresso da nação.

Muita gente quando alcança sucesso financeiro passa a pensar que está acima do bem e do mal,se cercam de puxa sacos pouco depois não aceitam serem contrariados, e podem explodir ao serem contrariados ou usar o poder do dinheiro para prejudicar quem o contrariou , ou tb numa versão mais amena podem criar enorme desprezo por quem os contrariou, um comportamento infantil e bastante comum.

O ser humano é um animal egoísta e solitário por natureza, ele sobreviveu assim por muitos anos, vivia de comer o que dava pra coletar e pegava os restos que outros animais deixavam. Era um ser frágil e medroso. Quando encontrou outro de sua espécie, viu que para sobreviver, se ele se unisse a outro, poderia conseguir mais coisas e não viver só de restos. Mas ainda era um animal egoísta, na primeira oportunidade, tentaria se livrar do seu companheiro quando não fosse mais necessário.

O ser humano só precisa do outro ser humano para atender suas necessidades, mas no fundo no fundo é cada um por si, faz parte do seu próprio ego, pensar em sobreviver, é instintivo. Por isso acho que coletivismo não funciona quando é imposto. O certo é garantir que cada um tenha sua liberdade e quando as necessidades são comuns, os interessados se ajudam, por livre e espontânea vontade.

A ideologia individualista faz pensarmos que o único meio de melhorar de vida é faturar rios de dinheiro e/ou ostentar mercadorias caras, por mais honesto que esse processo aparente ser. Além de um pensamento egoísta e de não resolver os problemas nacionais e internacionais (e da humanidade), a propriedade privada dos grandes meios de produção está cada vez mais concentrada e à disposição de apenas uma pequena parcela mundial. Essa lógica é resultado de um longo processo histórico de acumulação de capital.

As crises no capitalismo tendem, historicamente, a colocar em processo de falência primeiramente as pequenas empresas e a classe média de diferentes setores. Isso porque a disputa de mercado com os grandes empreendimentos se torna cada dia mais difícil. Os micro e pequenos empreendedores e suas empresas se mantém no mercado nacional as duras penas, milhares já sucumbiram nessa maldita pandemia - em geral são arrasados também pelas crises econômicas, cada vez mais fortes, e continuarão a sucumbir diante da concorrência dos monopólios/oligopólios.

As condições materiais da classe média os aproximam mais da classe trabalhadora e do que da burguesia - uma classe social cada vez menor em número e cada vez maior em acumulação de riqueza e em capacidade de destruição: ela esmaga os pequenos negócios e usa o Estado para ter mais benefícios e sobrecarregar os micro e pequenos empreendedores e os trabalhadores.


Excelente postagem. Conhece meu canal no youtube?

Acredito que vc iria se identificar bastante.

Inclusive estou lecionando um curso que falo justamente sobre organização coletiva dos trabalhadores para a luta por melhores condições de trabalho.

Também curti suas colocações e selecionei os trechos que considerei. Não conheço, vou dar uma conferida. Grato! :joia:

Sim, identifico com seu pensamento - devo ter mais de 25 anos lendo e estudando sobre essas temáticas (por hobby mesmo). Sem organização e luta, enquanto classe social, não teremos melhores condições de trabalho e de vida. :freddy:

Ainda sonho com uma economia próspera e solidária, com empregos e oportunidades de negócios jorrando, nossas cidades se modernizando e os espaços sendo usados de maneira racional, desenvolvimento de nossas rotas terrestres e trens balas ligando nossas cidades, veículos nacionais baratos e movidos a energia limpa, nossa indústria se tornando independente e autossustentável, os recursos naturais sendo usando exclusivamente para o bem estar de nossa população e ninguém mais passando fome e morando nas ruas e em locais indignos - pra mim isso é a verdadeira liberdade!

Apesar de mal (sobre)vivermos nessa “colônia-cassino-puteiro” e de não termos investimentos públicos/privados massivos em Educação, Saúde e Políticas Públicas, Ciência, Tecnologia e Pesquisa e Desenvolvimento, nos setores energéticos e de transportes, na infraestrutura e no complexo industrial/militar, só nos resta a reflexão (e o humor), pelo menos. E a organização e luta, claro. É aos poucos que o progresso material-cultural e evolução mental/espiritual vem. Não é fácil, mas temos que ser a mudança que gostaríamos de ver no mundo. Trabalhando e pagando as minhas contas, respeitando os outros e não prejudicando ninguém - já é um bom começo e caminho que sigo há quatro décadas.

“O tipo de Filosofia que valorizo e me esforço para buscar é a científica, no sentido de que há algum conhecimento definido a ser obtido e que as novas descobertas podem tornar a admissão de um erro anterior inevitável a qualquer mente sincera. Pelo que eu disse, seja cedo ou tarde, não reivindico o tipo de verdade que os teólogos reivindicam por seus credos. Eu reivindico, apenas, na melhor das hipóteses, que a opinião expressada, na época, era a sensata de se manter no momento em que foi expressada. Clareza, acima de tudo, tem sido meu objetivo.” [Bertrand Russell]
 
Creio que coletivismo não funciona na prática ou tende a ser muito instável. Na maioria dos países desenvolvidos, e nos orientais até mais, existe um coletivismo no sentido de uma cultura de confiança e honestidade. Mas é só vir imigrantes de outras culturas pra abalar isso.
 
engraçado a lógica que vi em alguns posts aqui, dizendo que ser humano é egoista por natureza e que leis coletivistas melhorariam isso, mas essas leis não seriam criadas pelos próprios seres humanos? Como então que um conjunto de seres egoistas conseguiriam criar leis tão boas para o coletivo? Ué, uma vez que temos a tendencia de sermos egoistas, as leis tendem a favorecer uma minoria privilegiada(como gostam de falar), como já acontece am alguns casos.

outra coisa que é comum é falar que ser humano é egoista, que ninguem doa, soando como se só o(s) autor(es) dessas frases que são bons. Mas dai penso "já ouvi isso de muitas pessoas, será que se não tivesse estado pra teoricamente se preocupar com o coletivo esse pessoal não se uniria para boas ações?"

um terceiro, e ultimo ponto, é falar sobre "resolver problemas da humanidade ou de um grupo", ué, mas qual o problema da humanidade/grupo? São os mesmo para todos os individuos que estao nesse meio? Provavel que nao, né?! Sendo assim, não seria melhor deixar cada um ir atras e resolver seu proprio problema? É comum ver ações estatais tentarem ajudar um grupo e ferrar todo o resto por "colateral".
 
Última edição:
engraçado a lógica que vi em alguns posts aqui, dizendo que ser humano é egoista por natureza e que leis coletivistas melhorariam isso, mas essas leis não seriam criadas pelos próprios seres humanos? Como então que um conjunto de seres egoistas conseguiriam criar leis tão boas para o coletivo? Ué, uma vez que temos a tendencia de sermos egoistas, as leis tendem a favorecer uma minoria privilegiada(como gostam de falar), como já acontece am alguns casos.

outra coisa que é comum é falar que ser humano é egoista, que ninguem doa, soando como se só o(s) autor(es) dessas frases que são bons. Mas dai penso "já ouvi isso de muitas pessoas, será que se não tivesse estado pra teoricamente se preocupar com o coletivo esse pessoal não se uniria para boas ações?"

um terceiro, e ultimo ponto, é falar sobre "resolver problemas da humanidade ou de um grupo", ué, mas qual o problema da humanidade/grupo? São os mesmo para todos os individuos que estao nesse meio? Provavel que nao, né?! Sendo assim, não seria melhor deixar cada um ir atras e resolver seu proprio problema? É comum ver ações estatais tentarem ajudar um grupo e ferrar todo o resto por "colateral".

Eu não concordo com essa perspectiva que o ser humano é egoísta por natureza. Natureza humana em sentido restrito não existe, pois essa natureza sempre responde diferente a diferentes condições históricas, culturais, diferentes estímulos. Logo não existe uma natureza humana que possa abarcar a complexidade do comportamento humano.

Outra mesmo que eu aceitasse essa premissa, que não aceito, ela não impediria a criação de leis que visam o bem comum, pois essas leis poderiam ser resultado justamente daqueles que pensando em si mesmos (de forma egoísta), e percebendo sua condição de classe subalterna, se organizaram para lutar por leis que melhoram sua condição de vida. Logo, nem isso seria impedimento.

Além de ser um fato histórico verificável que conquistas no espaço trabalhista existiram e existem em larga medida devido a luta da classe trabalhadora de forma organizada. De forma análoga mulheres tem direito a votar, e a herança, em grande parte devido ao movimento feminista, que não foi, nem é, apenas composto por mulheres. O mesmo pode se falar na luta contra a escravidão, racismo, e a luta pelos direitos da comunidade LGBTQ+.

Outra coisa, eu defendo que caridade pessoal seja usada como parâmetro para solução de questões estruturais, se alguns decidem doar, tempo, ou recursos, para melhorar a vida dos outros, tanto melhor, mas esperar que essas iniciativas individuais mudem estruturas que inclusive contribuem para concepções incompatíveis com isso não é razoável. Iniciativas que visam ser exemplo, como criação de cooperativas democráticas, que visam ser competitivas, e um novo modelo de gestão do trabalho, são muito mais capazes de servirem de base para uma mudança mais profunda, do que caridade.
 
engraçado a lógica que vi em alguns posts aqui, dizendo que ser humano é egoista por natureza e que leis coletivistas melhorariam isso, mas essas leis não seriam criadas pelos próprios seres humanos? Como então que um conjunto de seres egoistas conseguiriam criar leis tão boas para o coletivo? Ué, uma vez que temos a tendencia de sermos egoistas, as leis tendem a favorecer uma minoria privilegiada(como gostam de falar), como já acontece am alguns casos.

outra coisa que é comum é falar que ser humano é egoista, que ninguem doa, soando como se só o(s) autor(es) dessas frases que são bons. Mas dai penso "já ouvi isso de muitas pessoas, será que se não tivesse estado pra teoricamente se preocupar com o coletivo esse pessoal não se uniria para boas ações?"

um terceiro, e ultimo ponto, é falar sobre "resolver problemas da humanidade ou de um grupo", ué, mas qual o problema da humanidade/grupo? São os mesmo para todos os individuos que estao nesse meio? Provavel que nao, né?! Sendo assim, não seria melhor deixar cada um ir atras e resolver seu proprio problema? É comum ver ações estatais tentarem ajudar um grupo e ferrar todo o resto por "colateral".
Tem gente aqui que acha que a esquerda e os sindicatos são os salvadores dos trabalhadores, minorias, aposentados, quando na verdade tem argumentos de sobra pra provar que foi o individualismo, na forma do capitalismo e livre mercado quem mais melhorou as condições de vida dos trabalhadores, e antes da criação da previdência social as próprias famílias dos idosos que se resolviam.
 
Discurso bastante relevante para o assunto, recomendo

Vídeo perfeito.
Auto suficiência, criatividade, individualidade, através disso indivíduos mudaram o mundo. Desde o criador da Roda até os dias de hoje.

Altruísmo é a doutrina que prega que o individuo deva viver pelo outro (como citado pelo Akita) que, por sua vez é usada por parasitas.

Dependência não é virtude, dependência é escravidão.

livros: A virtude do Egoísmo - https://www.amazon.com.br/Virtude-Do-Egoísmo-Verdadeira-Racional/dp/8585279133/ref=sr_1_cc_2

E sugiro ler também esse texto do Akita:


Inclusive, vou até adicionar esse video no post inicial.
 
Última edição:
“A teoria dos genes egoístas é, de fato, a respeito de genes egoístas, e não sobre indivíduos egoístas.” (...) “Genes egoístas levam animais, ocasionalmente, a serem egoístas enquanto indivíduos. Mas podem levar animais a serem altruístas.” (...) “Apesar de eu ser um darwinista ardente, quando se trata de explicar por que estamos aqui, eu também sou um ardente antidarwinista.” [Richard Dawkins]

Gene egoísta? O que devemos esperar da natureza humana: altruísmo ou egoísmo?, por Luana Minello.
31O7YaE4uvL.jpg

Se arriscar para salvar alguém de um afogamento, pode parecer do ponto de vista humano algo intrinsecamente altruísta, mas e do ponto de vista dos genes? Como poderíamos entender que na verdade uma atitude que aparenta ser um ato de bravura e altruísmo, na verdade é só uma forma velada que os genes encontram de perpetuar-se nas gerações, mostrando assim, um egoísmo colossal por parte da natureza humana. Em 1976, Clinton Richard Dawkins, lança um de seus maiores livros, no qual apresenta uma teoria que procura explicar a evolução das espécies na perspectiva do gene e não do organismo, chamado de “O Gene Egoísta”.

O conceito científico de gene que conhecemos é baseado na referência de que são pequenos segmentos de uma molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico), os quais são responsáveis por carregar as informações e características fenotípicas e genotípicas herdadas geneticamente dos progenitores, como por exemplo, a cor dos olhos e até mesmo para expressar o fenótipo ou predisposição à alguma doença. Cada gene é composto por uma sequência específica de DNA que contém um código (instruções) para produzir uma proteína que desempenha uma função específica no corpo. No livro de Dawkins ele utiliza-se de outra definição, na qual, o gene é qualquer porção do material cromossômico que dura potencialmente por um número suficiente de gerações para servir como unidade da seleção natural e, portanto, sendo como a unidade fundamental do interesse próprio.

Por que seleção natural? De modo simples, podemos dizer que a seleção natural é um dos principais mecanismos da evolução, sendo um processo em que os organismos mais aptos são selecionados, sobrevivem no meio, reproduzem-se e passam suas características aos seus descendentes, ou seja, as características herdáveis (genes) daqueles reprodutivamente bem sucedidos tornam-se mais numerosos na geração seguinte. A seleção natural é isto: a reprodução diferencial não aleatória dos genes. Segundo Dawkins, “ela nos formou e é ela que devemos entender se quisermos compreender nossas próprias identidades.” Se examinarmos a maneira como a seleção natural funciona, parece resultar que qualquer coisa que tenha evoluído por ela deva ser egoísta.

Outro aspecto importante que o autor traz, é que o gene não fica senil, “que ele não tem maior probabilidade de morrer quando tem um milhão de anos de idade do que quando tem apenas cem.” Ele passa de geração em geração abandonando uma sucessão de corpos antes que estes mergulhem na senilidade e morte, manipulando o organismo em prol de seus objetivos. Os genes chegam perto do título de imortais, nós, as máquinas de sobrevivência, como Dawkins cita no livro, “podemos esperar viver mais algumas décadas. Os genes no mundo, porém, têm uma expectativa de vida que deve ser medida não em décadas, mas em milhares e milhões de anos.”

Um comportamento que do ponto de vista humano é egoísta podendo ser ilustrado aqui, e que também foi mostrado no livro é o das Gaivotas de Cabeça Preta que nidificam em grandes colônias, sendo assim, cada ninho fica separado por uma distância muito pequena. Quando os filhotes eclodem são pequenos, indefesos e fáceis de serem engolidos, e é bastante comum uma gaivota esperar que seu vizinho saia, talvez enquanto busca alimento e então, comer um de seus filhotes. A gaivota “preguiçosa”, desta forma, obtém uma boa refeição nutritiva sem ter que se dar ao trabalho de buscar alimento e sem ter que deixar seu próprio ninho desprotegido. Mostrando assim, um egoísmo implacável! Como consequência, os genes deste indivíduo oportunista provavelmente terão maiores probabilidades de sucesso e de permanência nas gerações seguintes.

Sendo assim, está mais que claro que, para Dawkins, o gene se “comporta” de modo a aumentar sua própria probabilidade de sobrevivência, então como podemos explicar comportamentos que parecem altruístas na natureza? Se o gene que está no organismo quer se perpetuar não importa o quê? E colocando em risco este tão precioso objetivo, salvando outros organismos, como a teoria do gene egoísta se sustenta?

Para entendermos, vamos nos voltar ao comportamento kamikaze das abelhas operárias, pois no ato de picar, seus órgão internos vitais são geralmente arrancados do corpo e a abelha morre logo em seguida, uma defesa muito eficaz contra ladrões de mel na busca por salvar os estoques vitais de alimento da colônia, no entanto, ela própria não usufrui destes benefícios, só a colônia, ou seja, um comportamento claramente altruísta. As abelhas operárias são estéreis, isto é, elas nunca irão produzir seus próprios descendentes, não é surpreendente o fato do auto sacrifício então. Mas "O que as operárias ganham com isto?" Uma colônia de insetos sociais é uma enorme família, geralmente todos descendentes da mesma rainha/mãe. Sendo somente ela que gera a prole, quem cuida são as operárias, o que faz algumas pessoas responderem a pergunta anterior com "absolutamente nada". Provavelmente acham que a rainha está fazendo o que quer, manipulando as operárias para seus próprios objetivos egoístas, fazendo-as cuidar de sua prole abundante.

A ideia oposta, mostrada no livro, é justamente que as operárias "cultivam" os reprodutores (rainha/macho), manipulando-os para aumentar sua produtividade em propagar réplicas dos genes das operárias, pois são, de certa forma, parentes próximos. Sabemos, através de Hamilton, que pelo menos nas formigas, abelhas e vespas as operárias poderão, na realidade, ser mais intimamente relacionadas às larvas do que a própria rainha! Sendo assim, ao cuidar, ao se sacrificar pela sua colônia estarão provavelmente colaborando com a sobrevivência de organismos que carregam seus próprios genes. Conclui-se que um gene poderá ser capaz de auxiliar réplicas de si próprio localizadas em outros corpos. Se isso ocorrer, parecerá altruísmo individual, mas realizado pelo egoísmo dos genes.

A lógica segue assim, se o indivíduo X for realmente meu irmão, então deve-se cuidar dele até metade (carrega metade de meus genes) do que cuido de mim e tanto quanto cuido de meus filhos. Se Y for meu irmão gêmeo idêntico, então deverei cuidar dele duas vezes mais do que cuido de qualquer um de meus filhos (carrega 100% de meus genes). Esta é provavelmente a chave para entender porque o cuidado com a prole é muito mais comum e mais dedicado e também porque os animais poderão dar ainda mais valor a si próprios do que a vários irmãos, afinal, você tem certeza que carrega 100% de seus genes e normalmente é possível ter muito mais certeza sobre quem são seus filhos do que sobre quem são seus irmãos. Isso é muito importante em um mundo no qual os outros indivíduos estão sempre alertas a oportunidades de explorar o altruísmo de seleção de parentesco e usá-lo para seus próprios propósitos, uma máquina de sobrevivência tem que levar em conta em quem ela pode confiar, de quem ela pode realmente ter certeza. Devemos, portanto, esperar o egoísmo individual na natureza num grau maior do que seria previsto apenas por considerações de parentesco genético.

De forma geral, o argumento do livro é que nós, e todos os outros animais, somos máquinas criadas por nossos genes. Eles sobreviveram, em alguns casos por milhões de anos, em um mundo altamente competitivo, sendo assim, o egoísmo, para o gene, é uma qualidade imprescindível. Dawkins não se detém em explicar como os seres humanos, moralmente devem se comportar, pois acredita-se que ninguém queira viver em uma sociedade humana baseada simplesmente na lei do gene de egoísmo implacável, ou seja, não estamos nos referindo aos aprendizados e as influência ambientais que moldam o comportamento humano, teremos que admitir que todos estes fatores mencionados acima, irão fazer com que o corpo tenha maior probabilidade de salvar alguém de um afogamento do que seu gene o faria. Por isso, não importa o quanto isto seja detestável, não mudará o fato de ser verdadeiro e que devemos compreendê-lo. Pois a partir desse interesse, entender-se-á que para construir uma sociedade centrada na empatia, altruísmo e generosidade, não deveremos esperar qualquer ajuda da natureza biológica. Ou seja, “compreendamos o que nossos próprios genes egoístas tramam, porque assim, pelo menos, poderemos ter a chance de frustrar seus intentos, uma coisa que nenhuma outra espécie jamais aspirou fazer.” Devemos ensinar altruísmo a nossos filhos, pois não podemos esperar que isto seja parte de sua natureza biológica.

E não seria este o nosso grande triunfo? Podemos ensinar, podemos aprender e acima de tudo, podemos desafiar os genes egoístas, algo que talvez nenhum outro ser na terra possa fazer.

Fonte: Vitallogy

“Os humanos evoluíram pelo mesmo processo evolutivo que outras criaturas. Porém, os humanos têm uma vantagem adicional. A ponto que agora já somos capazes de nos emancipar dos genes egoístas.” (...) “Muitos humanos fazem coisas que um darwinista ortodoxo condenaria. Quando doamos dinheiro, ou sangue, ou cuidamos de animais. Todos esses atos de empatia remetem à seleção dos genes egoístas.” [Richard Dawkins]
 
Eu não concordo com essa perspectiva que o ser humano é egoísta por natureza. Natureza humana em sentido restrito não existe, pois essa natureza sempre responde diferente a diferentes condições históricas, culturais, diferentes estímulos. Logo não existe uma natureza humana que possa abarcar a complexidade do comportamento humano.

Outra mesmo que eu aceitasse essa premissa, que não aceito, ela não impediria a criação de leis que visam o bem comum, pois essas leis poderiam ser resultado justamente daqueles que pensando em si mesmos (de forma egoísta), e percebendo sua condição de classe subalterna, se organizaram para lutar por leis que melhoram sua condição de vida. Logo, nem isso seria impedimento.

Além de ser um fato histórico verificável que conquistas no espaço trabalhista existiram e existem em larga medida devido a luta da classe trabalhadora de forma organizada. De forma análoga mulheres tem direito a votar, e a herança, em grande parte devido ao movimento feminista, que não foi, nem é, apenas composto por mulheres. O mesmo pode se falar na luta contra a escravidão, racismo, e a luta pelos direitos da comunidade LGBTQ+.

Outra coisa, eu defendo que caridade pessoal seja usada como parâmetro para solução de questões estruturais, se alguns decidem doar, tempo, ou recursos, para melhorar a vida dos outros, tanto melhor, mas esperar que essas iniciativas individuais mudem estruturas que inclusive contribuem para concepções incompatíveis com isso não é razoável. Iniciativas que visam ser exemplo, como criação de cooperativas democráticas, que visam ser competitivas, e um novo modelo de gestão do trabalho, são muito mais capazes de servirem de base para uma mudança mais profunda, do que caridade.

Será que foi isso mesmo?

Trabalhadores lutaram, mas foram muitos anos de luta e os direitos vieram mais porque trabalhador insatisfeito gerava prejuízo, quando tinha muitos embarcando nisso, aí resolveram dar algumas migalhas para esses trabalhadores se aquietarem.

Essa liberdade e direitos femininos, fim da escravidão, direitos LGBTQ+ só deu por uma coisa: Capitalismo de consumo.

Na década de 20, Edward Bernays recebeu a tarefa de fazer com que as mulheres também fumassem, pois isso aumentaria o público consumidor dos fabricantes. As mulheres rejeitavam o cigarro porque comparavam isso ao órgão sexual masculino, ou seja, coisa de homem.
Ele foi inteligente em fazer que em um desfile de rua, diversas socielities desfilassem fumando um cigarro. Ele criou a ideia e a propaganda de que aquilo era um desafio aos homens e que isso emanciparia a mulher.
Foi aí que tudo começou.

iu
iu

iu


Então eu diria que tudo foi surgindo simplesmente através de interesses econômicos. Não é atoa que todo um mercado de produtos femininos foram surgindo nos anos 20. Com a explosão do consumismo, atender a todos era vital para os negócios.
E vou mais, toda essa bobeira de esquerda x direita e outras divisões sociais são mera propaganda. Eles atingem a todos nos mais variados graus.
--- Post duplo é unido automaticamente: ---

Aliás, vale muito a pena ver o documentário do Adam Curtis, o Século do Ego:

bernays_edwardmanipulacaopropaganda1.jpg


Edward Bernays "… a manipulação inteligente das massas é um governo invisível que é o verdadeiro poder governante em nosso país".

O Século do Ego é uma série documental da televisão britânica produzido em 2002 por Adam Curtis. Seu enfoque é sobre como o trabalho de Sigmund Freud, Anna Freud, e Edward Bernays influenciaram na maneira que as empresas e governos tem analisado, lidado, e controlado pessoas.

Sinopse

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, mudou a percepção da mente humana e seu funcionamento. A série descreve a propaganda que os governos ocidentais e corporações têm criado a partir das apropriações das teorias de Freud.

Freud é discutido, assim com seu sobrinho Edward Bernays, que fora o primeiro a utilizar técnicas psicológicas em relações públicas. Filha de Freud, Ana Freud, pioneira da psicologia infantil, é mencionada na segunda parte, e na terceira como sendo uma das principais oponentes das teorias de seu pai e de Wilhelm Reich.

Ao longo destes temas gerais, o Século do Ego faz perguntas mais profundas sobre as raízes dos métodos do consumismo moderno, da democracia representativa e da mercantilização e suas implicações. Ele também questiona a maneira moderna de enxergarmos a nós mesmos, as atitudes que tomamos em relação à moda e superficialidade.

O mundo dos negócios e político usam técnicas psicológicas para ler, criar e preencher os desejos do público, afim de tornar seus produtos ou discursos tão agradáveis quanto possível para os consumidores e cidadãos. Curtis levanta a questão das intenções e raízes deste fato. Onde, uma vez que o processo político era sobre o envolvimento do racional, de mentes conscientes, bem como para conciliar os desejos e necessidades como uma sociedade, o documentário mostra que com o emprego dessas táticas da psicanálise, políticos começaram a apelar para a irracionalidade e impulsos primitivos, acabando por todos aparentarem possuir pouca influência em questões fora de um estreito viés de auto-interesse ao se valer de uma população de consumidores.

As palavras de Paul Mazur, um importante banqueiro de Wall Street que trabalha para o grupo Lehman Brothers, são citadas: "Temos que mudar a América de uma cultura de necessidades para uma cultura de desejos. As pessoas devem ser treinadas a desejar, querer coisas novas, mesmo antes dos antigos serem totalmente consumidos. [...] os desejos do Homem deve ofuscar suas necessidades".

No Episódio 4 os principais temas são Philip Gould e Matthew Freud, o bisneto de Sigmund, consultor de Relações Públicas. Eles eram parte dos esforços durante os anos noventa para trazer os democratas aos EUA e New Labour no Reino Unido de volta ao poder. Adam Curtis explora os métodos psicológicos que eles têm agora introduzido maciçamente na política. Ele também argumenta que o resultado final se parece muito com visão de Edward Bernays para o "Democracity" durante a Feira Mundial de Nova York em 1939.

Episódios

Ep. 01 - Máquinas da Felicidade (17 Março 2002)




Ep. 02 - Engenharia do Consentimento (24 Março 2002)



Ep.03 - Há um Policial Dentro das Nossas Cabeças: Ele Precisa Ser Destruído (31 Março 2002)



Ep. 04 - Oito Pessoas Bebericando Vinho em Kettering (7 Abril 2002)

 
Individuo vs coletivismo

A influencia do coletivo:
Experimento de Milgram =





Asch Conformity experiment =


Esse video a partir do minuto 42 fala sobre ambos os experimentos e também comenta sobre o documentário O Dilema das redes sociais e a insistencia de criar "figuras de autoridade" algo essencial no coletivismo.

 
“O entendimento político é político precisamente porque pensa dentro dos limites da política... e o princípio da política é a vontade... Quanto mais desenvolvido e generalizado se acha o entendimento político de um povo, mais o proletariado desperdiça suas energias - pelo menos no início do movimento - em revoltas irrefletidas, estéreis, que são afogadas em sangue. Ao pensar sob forma política, divisa o fundamento de todos os males na vontade e os meios para os remediar na força e na derrubada de uma determinada forma de governo. Temos a prova disso nas primeiras explosões do proletariado francês... O entendimento político lhes ocultava as raízes da penúria social, falsificada a compreensão de sua verdadeira finalidade; o entendimento político enganava pois, o seu instinto social.” [Marx]



“LIBERDADE É, EM PRIMEIRO LUGAR, A CONSCIÊNCIA DA NECESSIDADE: como conciliar termos aparentemente tão opostos? Liberdade e necessidade? Será que liberdade é cada um faz o que quer? A onipotência da vontade? Do indivíduo que é, supostamente, o sujeito absoluto de suas ações?” :hmm2:

Liberdade sem capital, sem lucro e sem lastro, sem dinheiro, bens e/ou herança - é possível? Não é a acumulação ou a sujeição do indivíduo as leis políticas-econômicas o que permite a tão famigerada “liberdade liberal”? :hmm2:



“Toda emancipação é a redução do mundo humano e suas relações ao próprio humano. A emancipação política é a redução do humano, por um lado, a membro da sociedade burguesa, a indivíduo egoísta dependente, e por outro, a cidadão, a pessoa moral. Mas a emancipação humana só estará plenamente realizada quando o humano individual real tiver recuperado para si o cidadão abstrato e se tornado ente genérico na qualidade de humano individual na sua vida empírica, no seu trabalho individual, nas suas relações individuais, quando o humano tiver reconhecido e organizado suas "forces propres" [forças próprias] como forças sociais e, em consequência, não mais separar de si mesmo a força social na forma da força política.” [Marx]
 
“Necessidade da Morte. A individualidade do homem tem tão pouco valor que nada perde com a morte; há alguma importância nos característicos gerais da humanidade, que são indestrutíveis. Se concedessem ao homem uma vida eterna, sentiria tanta repugnância por ela que acabaria desejando a morte, farto da imutabilidade de seu caráter e de seu ilimitado entendimento. Se exigíssemos a imortalidade perpetuaríamos um erro porque a individualidade não deveria existir, e o verdadeiro fim da vida é livrar-nos dela. Se não houvesse penas e trabalhos, acabaria o homem por enfastiar-se, e voltaria a sofrer as dores do mundo em tudo o que se encontrasse ao seu alcance. Num mundo melhor o homem não se sentiria feliz, o essencial seria fazer com que ele seja o que não é, isto é, transformá-lo completamente. A morte realiza a principal condição; deixar de ser o que é; tendo isto em conta, concebe-se-lhe a necessidade moral. Ser colocado noutro mundo, e mudar inteiramente de ser, é no fundo uma só e mesma coisa. Seria conveniente que a morte, que destruiu uma consciência individual, a reanimasse de novo dando-lhe uma vida eterna? Qual o conteúdo, quase invariável desta consciência? Uma torrente de ideias e preocupações mesquinhas, acanhadas, terrenas. Melhor seria deixá-la repousar eternamente.” [Arthur Schopenhauer]

A visão hegeliana de Estado e a primazia do direito internacional sobre o direito interno.


“A importância do pensamento de Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831), nesta pesquisa, provém não de suas concepções jurídico-filosóficas tomadas isoladamente, porém como parte de seu consagrado sistema filosófico já que para compreender a Filosofia do Direito do filósofo em epígrafe deve-se conhecer, previamente, a sua doutrina de uma maneira geral.” (...)

“Hegel sempre entendeu a filosofia como produto das contradições imanentes ao homem. A formação da história da filosofia nasce da tensão entre espírito e matéria, alma e corpo, fé e entendimento, liberdade e necessidade, e posteriormente, razão e sensibilidade, inteligência e natureza e, de modo geral, entre subjetividade e objetividade.” (...)

“O pensamento hegeliano nos auxilia na compreensão das relações internacionais, já que o direito internacional advém como instrumento capaz de estabelecer o consenso entre os diversos ordenamentos internos. Os Estados, cada vez mais diversos, optam, por abrir mão da sua soberania absoluta e ilimitada para pôr fim aos conflitos de interesses.” (...)

“O Estado, garantidor da autonomia do indivíduo, deve assumir integralmente a própria autorreferencialidade do princípio da modernidade, encontrando, nele mesmo, a garantia, da sua racionalidade ante à necessidade histórica. O Estado hegeliano não almeja uma unidade indiferenciada que regula de forma autoritária e absolutista o agir e a liberdade dos indivíduos.

A liberdade do indivíduo de ser proprietário e sujeito empreendedor exige o distanciamento do Estado, a fim de preservar seu caráter de superioridade da instância política que ele representa. Portanto, os fins comuns são superiores aos fins dos membros individualmente considerados, nesse sentido, é na relação entre indivíduo e Estado, entre a liberdade subjetiva e a liberdade substancial que a filosofia política de Hegel revela sua intenção, qual seja, a de integrar, sem uso de violência ou qualquer meio opressor, o indivíduo ao fazer dele parte da organicidade do Estado, emancipando-o para que compreenda a racionalidade estatal como uma necessidade, sendo, então, capaz de obedecer ao Estado não de uma forma cega, mas de uma forma esclarecida. A partir de tal compreensão, o indivíduo será tomado por um sentimento de amor à pátria considerando a res publica como firme fundamento substancial.” (...)


Fonte: Âmbito Jurídico

“Dogma da Imortalidade. A natureza nos ensina a doutrina da imortalidade, quando se observa, no Outono, o pequeno mundo dos insetos, e se nota que um prepara o leito para o longo sono do Inverno, que outro prepara o casulo onde se transforma em crisálida, para renascer na Primavera, e que, enfim, esses insetos se contentam, quando próximos da morte, em colocar os ovos em lugar favorável para renascerem um dia rejuvenescidos, num novo ser? A natureza nos expõe a esses exemplos com o intuito de demonstrar que não há diferença fundamental entre a morte e o sono; ambos, perigo algum constituem à existência. O cuidado com que o inseto prepara a célula, o buraco, o ninho e o alimento para a larva, que há de nascer na Primavera, e morre, uma vez isso feito, – assemelha-se muito ao cuidado com que o homem, à noite, arruma a roupa, prepara o almoço para o dia seguinte, indo depois dormir sossegadamente. E isto não sucederia se o inseto que morre no Outono não fosse exatamente igual ao que deve nascer na Primavera, assim como o homem que se deita, é o mesmo que se levanta no dia seguinte.” (...) “A Folha Seca Interroga o Destino. Se dirigíssemos o pensamento para um longínquo futuro e procurássemos representar-nos às futuras gerações com os milhões de homens distintos e diferentes de nós pelos usos e costumes, perguntaríamos a nós mesmos: “De onde vieram? Onde estão agora? Onde se achará o profundo seio do nada, produtor do mundo, que os oculta?” Mas a esta pergunta, devíamos sorrir, por onde se poderá achar senão onde toda a realidade é, e será, no presente em tudo o que este representa e contém, em ti, insensato que interrogas, pois ignorando a tua própria essência, assemelhas-te a uma folha seca que oscila no ramo de uma árvore, e, no Outono, pensando na sua próxima queda, lamenta sua sorte, sem querer consolar-se com a ideia dos tenros brotos que na Primavera virão adornar a árvore. E a folha seca se queixa: “Já não sou eu, serão outras folhas”. Oh! folha insensata onde queres tu ir? De onde poderiam vir as outras folhas? Onde está esse nada em que temes sucumbir? Reconhece, pois, o teu próprio ser oculto na força íntima, sempre ativa da árvore, nessa energia que não acarreta a morte nem o nascimento de todas as suas gerações de folhas. Não sucede com as gerações de homens o mesmo que com as folhas de uma árvore?” [Arthur Schopenhauer]
 
Fim da propriedade privada e coletivização do trabalho e ganhos = loucura, isso simplesmente levaria ao domínio do coletivismo, sem pensamento individual, sem liberdade, sem motivos para melhorar, se fossemos sinceramente fadados ao coletivismo ainda naquela época depois do feudalismo ainda estaríamos usando o burro como meio de ajudar a arar o campo, ainda estaríamos vivendo na miséria e morrendo na miséria sem qualquer forma de melhorar pois só os amigos do "pessoal que decide como o coletivismo funciona" estariam de bem com a vida.

Enquanto que sim, o liberalismo econômico tem seus problemas, esses se dão muito mais por conta dos governos que colocam suas mãos onde não devem e propiciam (via lobby) a criação de conglomerados (esses sim destroem a economia e o pequeno dono de terra/negócio) e a criação de mais regulamentação (além das necessárias e também via lobby dos grandes) que vai impedir em muito a criação e sobrevivência de concorrência.
 

Users who are viewing this thread

Voltar
Topo