Concordo que o em termos de adventure, a linha do tempo foi dividida em dois segmentos: antes de Myst e depois de Myst. Passou-se a usar inclusive a expressão "tipo Myst" (assim como durante muito tempo se falou em "tipo command and conquer" ou "tipo quake"). Dessa forma, Myst foi, realmente, um marco.
Gostaria de deixar uma coisa bem claro, inclusive. Eu joguei Myst na época de seu lançamento, 1994. Até o fim. O jogo realmente tinha um ambiente único, com uma variedade de tempos e locais, tornando-se uma experiência única, pois não haviam nem instruções a seguir. Nesse sentido, ele foi um jogo extremamente inovador.
De maneira geral, eu gostei do jogo. No entanto, eu ainda o considero um jogo tosco por alguns motivos (bem pessoais, é verdade):
- em verdade, não se joga Myst, no sentido geral da palavra. Pode-se dizer que estamos mais percorrendo Myst.
- Praticamente não se encontram outros seres vivos (sendo um jogador de RPG fanático, eu gosto da interação - e, nesse ponto, é novamente uma opinião pessoal), apesar de se perceber que as ações que tomamos ajudam outros indivíduos.
- Para a época, a ambientação era muito bacana e a forma como a trama ia se desenrolando foi bem pensada. No entanto, por várias vezes, alguns dos puzzles pareciam não ter muito haver com o jogo, apesar de - pelo menos nesse aspecto os autores do jogo foram muito competentes - apresentarem uma base comum (ou seja, aparentemente, uma mesma equipe elaborou todos os puzzles do jogo, o que manteve um bom padrão).
- Quase todas as animações eram apenas videos Quicktime que eram executados em telas mínimas. Apesar de estarem integradas aos gráficos de fundo, a simples adição de um efeito de névoa não é o suficiente para criar um efeito 3D real. Essa falta de um ambiente realmente 3d me incomodou.
- O final foi do tipo "to be continued". Tudo bem, Atrus sabe que seus filhos o trairam, etc e tal. Mas depois de todo o esforço o máximo que você recebe é uma passagem para continuar explorando Myst? Solução, comprar Myst II (que na verdade chamou-se Riven)
Não me entenda mal. Foi o que eu falei no meu primeiro post. Depende muito de como cada um avalia o que é tosco. Eu faço uma avaliação bem completa, do meu ponto de vista e gostos. Assim sendo, para o tipo de experiência que Myst pretendia atingir (e de maneira geral atingiu), comparado com os outros jogos que eu estava jogando na época, eu considerei o jogo tosco. E talvez seja esse o problema, pois na mesma época eu estava jogando:
- Alone in The Dark 2
- Doom e Doom 2
- Duke Nuken 3D
- Lucas Arts Air Combat Classics
- Master of Orion (o terceiro foi um lixo)
- Star Wars X-wing Collection
- System Shock (esse realmente foi um clássico).
- Ultima VIII - Pagan
- Warcraft
(eu mantenho um registro de todos os jogos que eu testei e/ou joguei, por gênero e ano, com suas respectivas avaliações e problemas). Talvez por ter sido o último jogo que joguei no ano (todos estavam falando que era um jogo muito longo, com gráficos de primeira, etc), talvez eu tenha sido muito mais rigoroso com Myst na minha análise do que com os outros.
Em compensação, Riven, a continução de Myst, para mim foi fantástica. Tudo o que eu não gostei em Myst foi consertado em Riven. Da mesma forma que acontecia em Myst, entender o maquinário e seu funcionamento era crucial. Eu o achei mais envolvente e menos estéril que Myst, e apesar dos puzzles terem sido mais fáceis, eles estavam mais integrados ao jogo.