Rapaz, não quero cortar seu barato, mas te dou 99,9% de certeza que essa diferença que vc está ouvindo não é devido ao FLAC
Existem diversas possibilidades, fora o tradicional placebo, como vc mesmo disse. Antes, uma pergunta: suas referências anteriores são mp3s a 320/256kbps ou 128kbps? Os mp3s a ou abaixo de 256kbps são os que começam a ficar inferiores a arquivos melhores, mas acima disso, eu pelo menos não consigo notar diferença – nem no sistema de fones e nem no de caixas. Se vc estiver habituado a arquivos de 320kbps, acredito que o que vc está ouvindo se deve a outros fatores – mas se for de seu costume ouvir músicas a 128kbps ou similares, aí sim a diferença é grande.
O que muito se vê em arquivos FLAC, em particular os de alta resolução, é que eles são ou provenientes de outras fones (rips de vinil por exemplo) ou são extraídos de masters com mixagem diferente das que vão para CDs – e que são, posteriormente, convertidos para os mp3 que achamos na internet.
Explico: não sei se vc é familiar com o termo, mas existe uma expressão, chamada Loudness War, que representa a constante guerra das gravadoras pelo volume mais alto da gravação. Isso degrada fortemente a qualidade geral de som, em prol simplesmente de um volume maior. Só que a master pode ser mixada de diferentes formas para diferentes meios. A Loudness War afeta os CDs, que são a fonte comum dos mp3s que vemos na internet, ou ainda os arquivos digitais que são enviados diretamente para serviços online de músicas, como iTunes. Com o vinil isso não acontece, por questões técnicas. Além disso, algumas gravadoras lançam versões de alta resolução (como as de SACDs ou HDCDs por exemplo) que são destinadas a um mercado mais exigente quanto à qualidade de som, e consequentemente, a mixagem e masterização são por vezes totalmente diferentes – livres dos males da Loudness War.
Por isso, é perfeitamente possível que vc esteja ouvindo rips em FLAC de fontes totalmente diferentes de CDs e que, acidentalmente ou não, possuam maior qualidade de som. Por exemplo, já cheguei a baixar, algumas vezes, CDs em alta resolução que eram na verdade rips de vinil. Ou seja, alguém pegou um vinil, ligou um computador ao toca-discos e, com ele, gravou o que estava no vinil num formato de alta resolução. Além de o arquivo resultante representar a masterização feita para o disco (que quase certamente é diferente daquela que foi para um CD), ele também é alterado com a personalidade do sistema que a pessoa usou para fazer o rip – isto é, ali há todas as peculiaridades de seu toca-discos, da agulha, do braço, do sistema de captura do computador e por aí vai. Seria como capturar com um microfone o que sai de um fone de ouvido e jogar na internet. A questão, porém, é que é perfeitamente possível que vc, subjetivamente, prefira esse arquivo – já que é possível que nele haja uma personalidade de seu agrado.
Outra possibilidade é que vc esteja ouvindo um FLAC de alta resolução que sofreu um processo de masterização totalmente diferente – o que, também, pode potencialmente trazer uma qualidade de som muito maior.
Uma outra, que me parece a mais provável no seu caso (estou mencionando no final porque as outras representam a maioria dos casos onde pessoas ouvem grandes diferenças com o FLAC), é vc ter baixado um FLAC multicanal. O player mostrar 6 canais indica que o arquivo deve ser 5.1 (um canal central, dois laterais, dois traseiros e um sub = 6 canais), e por isso o player pode estar fazendo uma conversão para estéreo (afinal seu fone só toca estéreo) com efeitos para simular os 6 canais. Isso pode te trazer essa maior imersão.
Enfim, meu ponto é que, mesmo se vc ouvir diferenças entre um FLAC e um mp3 a 320kbps (o que
extremamente improvável com ouvidos não treinados e um sistema relativamente pouco sofisticado), as diferenças são
muito sensíveis e bem distantes do que vc descreveu. Acho que o que vc ouviu possui diversas outras explicações, que são muito mais prováveis nesse caso