Kam, em sua opinião, o que importa mais: o capital o qual dá início à empresa ou o trabalho necessário para mantê-la?
Caso opte pela primeira opção: qual a importância que você confere ao trabalhador (desde aquele que executa as tarefas mais simples aos tomadores de decisões) no desenvolvimento de determinada empresa?
O que você pensa sobre a discrepância entre os salários existente? Acha que a complexidade das tarefas justifica diferenças tão grandes? Mesmo o tempo empregado na realização de tais atividades sendo o mesmo?
Abraços
Bom, a pergunta foi feita ao Kam, mas vou tomar liberdade de fazer algumas considerações.
Antes de mais nada é bom eu deixar claro que não sou proprietário de empresa, sou empregado, então não tenho interesse algum em "defender" a classe dos contratantes.
Se colocarmos as coisas em grau de importância, considero que o capital, tanto em dinheiro, como o capital formado por uma série de fatores como iniciativa, conhecimento, e principalmente risco, são mais importantes que a mão de obra para mante-lo. Não que a mão de obra não seja importante, só estou colocando as coisas em grau de importância.
A importância de alguém é definida (ou peno menos deve ser) de acordo com várias coisas: a responsabilidade, o impacto que suas decisões tem no negócio, quanto de conhecimento, tanto teórico como empírico que a função exige. Se a sua conotação de importância também envolve remuneração, oferta e demanda daquele tipo de profissional também deve ser levado em consideração.
Por mais importante que um empregado possa ser, o risco do negócio é sempre do empregador. Se um diretor comercial comete um erro, o máximo que se pode fazer é demiti-lo. Se o erro gera prejuízo ele é todo do empregador. Quando uma empresa tem lucro, há as negociações para participação dos empregados sobre o lucro. Alguém já viu alguma empresa que está tendo prejuízo descontar da remuneração dos empregados a fatia de prejuízo compartilhado? Não.
Você mesmo respondeu sua ultima pergunta: os salários são discrepantes porque a complexidade e responsabilidade das tarefas é diferente. Tarefas complexas exigem mais formação e experiencia e quanto mais complexo é trabalho, mais escassa é a mão de obra que consegue executá-lo. O salário que recebemos é o pagamento do serviço que vendemos. Como qualquer produto, seu preço é definido por oferta e demanda. Quanto mais procurada uma mão de obra é, mais cara ela se torna. Profissionais de TI por exemplo estão com seus salários bastante reduzidos, mesmo com muitas qualificações no currículo. Existem vários motivos, dentre eles a ignorância dos empresários, mas um dos fatores é o excesso de profissionais de TI no mercado.
Mas há casos de empresários que são sacanas mesmo. Querem pagar pouco e ponto final, não importa a qualificação dos empregados ou as exigências da função. Mas ninguém obriga uma pessoa a continuar trabalhando pra um empresário deste tipo, geralmente são os profissionais "meia-boca" que acabam ficando por falta de opção ou comodismo.
Sempre quando falo sobre este assunto acabo salientando o seguinte: o seu sucesso profissional
NÃO É ALGO COLETIVO. Não é a sua equipe que vai ter sucesso (apesar do seu sucesso promover o da equipe), é você. Essa ideia de coletivismo que tanto amamos quando estamos entre os 17 até mais ou menos 25 anos não funciona para o ser humano.
Aí vem as sugestões de nivelar o salário de todo mundo por cima, o que é no minimo ridículo. Quem pensa desta forma, na próxima vez que for pagar uma faxina, pague para a empregada o mesmo que paga para um médico. Mas vem outra sugestão de criar uma média salarial pra todo mundo, aí o médico e a faxineira são remunerados da mesma forma. Aí lhe pergunto, você faria 4 anos de faculdade, mais 4 anos de residencia, mais alguns anos de especialização para ganhar o mesmo que uma empregada? (nada contra as empregadas doméstica, mas temos de convir que é um trabalho que não exige qualificação técnica).
Mas se a bandeira do partido defende a dignidade dos trabalhadores, por qual motivo pagamos a maior taxa tributária do mundo e não recebemos nenhum serviço de qualidade em troca? Temos uma das maiores carga horárias do mundo, um dos menores poder de consumo das Américas.
Essa afirmação sempre me incomoda, pois dá a impressão que o Brasil arrecada muito mais que os outros países. Temos a maior variedade de impostos do mundo e se juntarmo todas as alíquotas, o percentual resultante é um dos maiores do mundo (o 4º ou 5º se não me engano), mas nossa arrecadação é muito pequena em relação aos países considerados ricos, já que nossa economia é muito menor.