Depende do que você chama de "problema". Eu nunca disse que não gosto, inclusive tenho uns dois livros do PC, toda a coleção do HP e uma das escritoras que eu mais li foi Agatha Christie - que também não é Literatura. Para entender o porque de eu ter feito a distinção, deixa eu te perguntar o seguinte: você acha que aquele tapete que você tem na sala deveria valer a mesma coisa que os tapetes persas expostos em museus? Você acha que aquele guardanapo pintado que sua mãe usa para secar prato tem o mesmo nível que um Guernica? Eu não estou rebaixando ou ridicularizando o pano de prato... mas ele não obedece a nenhuma definição clássica de arte (e, por isso que eu disse, que precisaria ver o que o autor do tópico quis dizer com "útil").
Calma cara, como eu disse, eu tenho a coleção completa do HP. Agora, pelo que você está falando parece que é o inverso: se você gostou, quer dizer que algo é bom? Há muitas coisas que a gente gosta que são "ruins", ou que não são reconhecidas como "arte", mas ainda assim são legais, e a gente não precisa ser "cabeça" ou profundo o tempo todo. Só porque eu gosto de Cidadão Kane, eu não posso gostar de Highlander? Só porque eu gosto de Padrinhos Mágicos, eu não posso gostar de 2001: Odisséia no Espaço? Claro que não! Mas eu também não posso falar que Tenacious D está no nível de um Feitiço do Tempo, apesar de eu gostar dos dois e dos dois serem comédia...
Então, temos um problema bem grande de definições aqui: quando eu citei Schopenhauer, eu deixei bem claro que estava falando de Literatura-Arte. Um artigo qualquer de jornal não é Literatura, uma HQ dos X-men também não e nem Dalton Trevisan é Literatura ainda (mas, pelo que vejo, logo será)! Um livro da coleção Vaga-lume não é Literatura.... podem ser considerados literatura, mas não tem nada a ver com o que você aprende na escola e não tem nada a ver com a expressão artística!
E eu acho que a gente tem que ler de tudo, sim! Mas não precisa ler TUDO! Existe, sim, muita coisa que não tem acrescenta nada (pelo menos, não depois de um tempo). A Saga Crepúsculo, 50 tons de cinza e até mesmo alguns livros da Agatha Christie (para deixar claro que não estou falando de coisas que eu não gosto exclusivamente) realmente não acrescentam nada: são os mesmos personagens, são os mesmos conflitos, são as resoluções clichês e as construções pobres. Se é novidade para alguém, legal, vai lá e leia... mas não diga que é a melhor coisa que já foi feita, porque já fizeram aquilo, e muito melhor - e esse é um dos pontos que faz a Literatura se diferenciar da literatura...
Pelo que eu estou vendo, aparentemente o povo do Adrena já tá entrando com as pedras na mão quando vê um tópico. O professor de Literatura e de HIstória choram quando alguém fala que adora Literatura porque aprendeu mitologia com Percy Jackson!
Meu velho, eu não poderia escrever melhor a diferença entre a confusão feita aqui nesse fórum e mundo afora sobre literatura e Literatura(-Arte) !
Quando li a diferenciação que você fez dos ''éles'' me lembrei de uma aula em que aprendi isso, mas estava adormecido em minha mente. E como eu disse, não tem como falar muito mais do que você escreveu, existe a literatura: comercial;''teen'';e fútil em certo grau; , enquanto que a Literatura é como a expressão guardiã para obras de arte literárias como os clássicos nacionais de Mário de Andrade,Oswald de Andrade e outros tantos excelentes escritores brasileiros que marcaram profundamente a nossa cultura com obras de alto valor agregado(muitas teses de doutorado sobre) e representando o momento vivido por estes, como os livros frutos da Semana de Arte Moderna de 1922: ''Memórias Sentimentais de João Miramar'' por Oswald A.; ''Capitães da Areia'' de Jorge Amado; e muitos outros.
Assim, acho muito improvável(pra não dizer impossível) que alguém que clama ter lido mais de 30 livros nacionais não tenha aproveitado ao menos um deles. E eu estou sendo sensato ao considerar que desses 30, ao menos 5 são clássicos como os que citei aqui e que podem capturar de verdade algum leitor, seja novo, seja velho.
E eu gostaria de dizer que (felizmente) no ano em que completo a maioridade penal já tenho gosto pela leitura de qualidade e especialmente clássicos, novos ou antigos. Aproveitando ainda para dizer que para os dois vestibulares prestados ano passado tive de ler cerca de 10~12 livros nacionais e que bom que isso ainda exista em exames e continue existindo, porque com a ''meta''(para alguns, seria o ''forçado'') de ler todos, sem admitir ser um bosta como tantos e ler um resumo para a prova vi quão valiosa é a literatura e outras formas de arte nacionais. Já li outros no passado, mas ano passado ficou evidente para mim, e qualquer um que tenha feito o mesmo, a importância de introduzir a Literatura na escola, especialmente os exemplares brasileiros. Logo, ao ser ''forçado'' a ler uma boa obra, um bom clássico, esse estigma de ''chatice obrigatória'' passará muito antes do livro acabar de ser lido, porque aí sim o jovem vai entender a maravilhosa sensação de ler algo bom e prazeroso.
Como jovem acho que me valho de exemplo não para todos, mas para quem como eu achava a Literatura nacional inexistente e de baixa qualidade, o que nunca foi verdade. E para não me delongar mais sobre o tema fica uma frase que eu pude compreender a apenas alguns meses com a minha experiência supracitada:
''Ler é um trabalho que exige descoberta''.
Um abraço aos colegas