Alpha Chief;[url disse:
http://adrenaline.uol.com.br/forum/showthread.php?t=497105&p=1070833267#post1070833267]o[/url] companheiro isaac está lutando para abrir os olhos dos almeidinhas da OS
http://forum.outerspace.terra.com.b...pulaÇÃo-e-diz-que-hÁ-comida-atÉ-abril.409326/
aqui ele desistiu de tentar mostrar a verdade para os reaça leitor da veja lockheed, kam e benq.
força companheiro e viva a nação bolivariana!
Hahahaha, nego não desiste, comédia.
E ele ta revoltadinho lá, acho que a mamãe Dilma cortou o leite ninho dele
Deve ser uma espécie de sadomasoquismo. Apanha até cansar num lugar e depois vai procurar gente nova pra bater nele de novo. É que ele não deve ter feito campanha eleitoral lá como fez aqui, pois aí seria o cúmulo da cara de pau deslavada de ainda querer angariar uma moral. O crianço tá desnorteado, coitado. Já tá tão sem base que não sabe nem onde ir mais. O orgulho e teimosia desse aí só vai pedir a conta bem mais tarde...deixem que o menino viva suas revoluções rsrsrs
A galera do Adrena já sabe como recepcioná-lo
Repare que nesse outro fórum houve stress, mas aqui só renderá ótimas piadas
Kam; disse:
Isaac é patrimônio cultural daqui, um exemplar único de sua espécie, é a nossa Arara-Azul, não pode ir pra outro lugar!
Confesso que estou comovido... e emocionado...
Oh, que fórum (mais particularmente esse tópico) tão acolhedor e solidário as causas humanitárias! Quanta preocupação com os pobres e necessitados!
Oh, quanta solidariedade com o referido membro! Isaac é tão prestigiado e digno de ter ao seu lado amigos tão espirituosos, bons e justos! Quem aqui não queria ser e estar na pele do Isaac?
Vamos então começar (aquilo que jamais terá fim): saudações aos ilustres membros do fórum: tanto os adoradores (diretos e indiretos) do "Aébrio Bonaparte" e sua corja tucanalha/democrápula, a militância conservadora ("olavista"/"tatcherista-reaganista"/"republicana"), quanto os anarquistas, liberais, tecnocratas e geeks. Quantos "rótulos" para os mais de 7 bilhões de primatas bípedes bem dotados de polegares, duas "pregas vocais" e neocórtex que estão no topo da cadeia alimentar, ou melhor, os pobres e sensíveis mortais-finitos homo-sapiens!
E também (por que não?), saudações aos petralhas ortodoxos e aos "Issaquistas" de plantão! (Por acaso, estes últimos existem? Ou o Isaac é uma figura bem particular, distinta, única, singular?)
E pensar na possibilidade de que alguns membros daqui já me rotularam... e me enquadraram nesse segmento... quanta pretenção ou falta de imaginação! Eu não mereço tanto!
CULPA DOS EUA:
VENEZUELA PEDE CALMA À POPULAÇÃO E DIZ QUE HÁ COMIDA ATÉ ABRIL.
Em meio a filas cada vez maiores em supermercados, governo garante que abastecimento está garantido pelos próximos 75 dias.
O vice-presidente de Segurança Alimentar da Venezuela, Carlos Osorio, disse nesta segunda-feira, 26, que há alimentos estocados no país para abastecer a população por dois meses e meio. Segundo o ministro, isso demonstra que não há necessidade de os venezuelanos fazerem filas nos mercados do país para comprar comida. A escassez na Venezuela atinge quase 3 em cada dez produtos da cesta básica.
"Distribuímos mais de mil toneladas de alimentos nas últimas semanas em todo o país. Estamos revisando o inventário para garantir o acesso a todos os produtos", disse Osorio em entrevista ao canal Televen. "Temos tudo o necessário para abastecer o povo por dois meses e meio."
Fonte da mídia golpista opressora:
http://internacional.estadao.com.br...pulacao-e-diz-que-ha-comida-ate-abril,1625075
Infelizmente não achei fontes VERDADEIRAS, não vi nada na Carta Capital, Carta Maior e etc.
A culpa é das empresas capitalistas escondendo os alimentos boicotando
Foi o que li no Facelixo
Mais um país que o glorioso socialismo leva à falência.
Tudo culpa dos EUA e da crise internacional, claro.
Se é que de fato existiu socialismo porque mesmo a URSS, em minha opinião de quase historiador (aleluia, falta só uma ano), não foi um país socialista.
Não importa. As consequências e falhas nas tentativas de implementar uma ideia sempre estarão anexados no processo de algo. Caso contrário, tudo na vida seria resumido a fazer tudo de qualquer jeito até conseguir o objetivo final, não importando as consequências, e assim seríamos extremamente irracionais. Não existiu e nunca existirá um capitalismo perfeito, esse possui consequências e notáveis falhas históricas, assim como o socialismo demonstrou ser falho em suas tentativas de implementação. A diferença é que o capitalismo conta com algumas leis que não dependem só do homem para existir, pois se não seria o mesmo fracasso que o socialismo demonstrou ser, enquanto o socialismo, numa medida desesperada de ignorar não só o erro humano como também leis econômicas básicas da sociedade, acreditou que de alguma forma poderia ser sustentável. Eu fico admirado como tantos estudantes passam anos na faculdade e não compreendem coisas básicas como essas. Depois saem de lá e ficam propagando besteiras como essas: tal coisa nunca existiu. Pregam a necessidade de se alcançar o objetivo final, ignorando o processo e suas consequências e ainda se dizem estudantes. É realmente assustador.
Antes de mais nada sou de corrente liberal (melhor deixar claro porque conheço a fama de alguns nesse fórum), eu não acho que o socialismo errou por crer ser sustentável e concordo quando você citou sobre a implantação, a grande questão é que o socialismo soviético, por exemplo, não conseguiu eliminar a burocracia estatal que é fundamental para o processo. Dessa forma você acaba criando a mesma problemática inerente ao capitalismo já que a burocracia estatal acaba por formar uma classe dominante. É exatamente por isso que boa parte dos historiadores marxistas classificam o modelo soviético como capitalismo de estado.
O problema é que temos trocentas definições desse termo "socialismo".
Mas se considerarmos socialismo como aquilo definido por Marx e outros pensadores do século XIX, então nunca nenhum país foi. De fato, sempre que um país se declarou socialista tivemos ditadura, supressão de direitos civis e degradação econômica.
Este fato, aliado aos preceitos políticos e econômicos do socialismo, o transformam numa utopia, ou seja, algo que não tem como ser aplicado na prática. A ideologia socialista ignora várias características psicológicas humanas e muito da natureza das relações econômicas.
Eu não acho que seja utópico, o problema é que o socialismo aplicado em todos os países do mundo optantes da ideologia não romperam com a ideia do poder verticalizado. Ou seja, a problemática é semelhante ao do capitalismo e a formação das classes dominantes. Como eu coloquei no outro post, acaba surgindo um elite burocrática que invariavelmente caminha no sentido de uma política autoritária e a formação de uma sociedade atomizada pela propaganda do Estado.
Claro que isto tudo é uma simplificação muito grande. A gente deveria incluir neste tipo de análise a Revolução Tecno-Científica dos anos 70 e que teve efeitos devastadores não só nos países socialistas, mas também nos capitalistas.
o problema do socialismo não é apenas por levar ao totalitarismo/autoritarismo
até mesmo pq na venezuela, como diria o lula, lá tem excesso de "democracia"
talvez o principal problema seja a falta do calculo economico
Pois justo o fato de SEMPRE caminhar para isso aí, invariavelmente, demonstra a utopia.
A tal sociedade sem estado, sem classes, sem propriedade privada do capital pregada por Marx, onde todos os meios de produção são controlados pelos próprios trabalhadores e mais ninguém (não há patrões ou donos) é utópica, impossível, pelo menos em larga escala. Pode até funcionar em sociedade muito pequenas e simples, ou em unidades isoladas (cooperativas, por exemplo), mas em larga escala é algo incontrolável pois SEMPRE acabarão surgindo classe dominantes e disputas entre as mesmas, exigindo um estado controlador e mediador.
Da mesma forma que sua atípoda, o anarcocapitalismo, é tão utópico quanto (beira até a infantilidade).
A sociedade sem estado é o comunismo e não o socialismo. Enfim, concordo em boa parte com o que você está dizendo, apenas não concordo com a classificação de utopia porque é possível existir uma estrutura de poder mais horizontal. A questão é como quebrar o paradigma da burocracia que em tese deveria ser a implementadora dos anseios da sociedade e não de onde parte as decisões. Agora, o que acho impossível é a coexistência entre os dois sistemas (socialismo e capitalismo) e nesse ponto concordo com Trotsky, ou seja, a revolução permanente.
Ah, sim. De fato, precisamos fazer distinção entre comunismo (marxismo) e outras variações como Trotskismo (cruzes, soa horrível isso), Stalinismo e do próprio termo socialismo, que considero ser usado de forma meio leviana ou incorreta. Por exemplo: todo mundo fiz que a França, Suécia, Finlândia e etc são socialistas, o que na minha concepção não tem nada a ver. Afinal estes países tem um capitalismo muito forte, propriedade privada dos meios de produção e etc, apenas cobram impostos altos e tentam devolver isso pra população (inclusive os menos favorecidos) em forma de benefícios, ou seja, seriam governos assistencialistas ou o chamado "bem-estar social".
Dito isto, eu não acredito muito em uma forma de poder mais horizontal pois sempre existirão disputas pelas riquezas: Quem fica com os poços de petróleo, as minas de ouro, as reservas de água, de minerais ou as grandes empresas e etc? Desta forma sempre existirá o desejo de POSSE (propriedade privada) destes recursos. Ao tentar tornar isso mais horizontal haverá reação violenta dos que detém a posse, como sempre houve. Mesmo supondo que uma revolução distribua tudo isso, sem um poder vertical que garanta a manutenção dessa distribuição, ocorrerão novas disputas ou tentativas de contra-revoluções para reverter a ordem e é JUSTO POR ISSO que toda revolução socialista acaba caindo em governos absolutistas.
O acirramento da discussão socialismo vs capitalismo ainda toma mais corpo dentro da era RCT e pós-RCT porque ela foi prejudicial para ambos e mostrou duramente as contradições e fraquezas de cada sistema: o mundo soviético foi extinto e no capitalismo vimos uma crescente do desemprego e desigualdade social. Ou seja, no fundo mesmo, acho que o cerne da questão não é qual sistema é superior, mas sim a capacidade de adaptação frente as novas realidades.
Sim, é mais ou menos por aí. Até o momento, o socialismo se mostrou completamente falho enquanto sistema econômico (e o fato da China ter adotado o capitalismo com todas as suas cores - ainda que mantendo a ditadura política - é outra prova) e o capitalismo parece que apenas está aí pois foi "o que restou", no sentido de ser o sistema que parece "mais natural" ou "fácil" (ou "menos difícil"), apesar de todas as contradições, falhas e desigualdades, ou ainda porque os que mais se beneficiam dele tem um "lobby" maior no jogo político (E não é a toa que o PT, assim que subiu ao poder, abdidcou da maioria de suas ambições socialistas e bem depressa procurou agradar os capitalistas, cientes que sem isso não ficariam no poder e/ou que a economia viraria um caos -como está justamente acontecendo na Venezuela).
O fato é que o capitalismo tem, mesmo aos trancos e barrancos e crises ocasionais (até vistas como inevitáveis ou mesmo naturais por várias correntes de economistas) se adaptado relativamente bem. Em geral, o capital fica sempre naquele limiar mínimo necessário para não haver uma revolta popular socialista: Dá uns direitos trabalhistas aqui, umas migalhas ali e etc para que a maioria nunca fique tão ruim ao ponto de querer jogar tudo pro alto. Lembrando que foi exatamente isso que aconteceu na URSS e outros lugares ou mesmo a Revolução Francesa: A coisa ficou tão feia que gerou o ambiente propício para uma revolta geral.
Na URSS a questão maior não foi a crise econômica, ela foi apenas mais um dos motivos que fizeram o copo transbordar. Na minha opinião a questão principal foi a atomização da sociedade pela propaganda falsa. A Glasnost abriu para o povo a visão do quão sério era o problema da corrupção dentro da burocracia estatal e nesse caso a mola propulsora para essa elitização da burocracia foi o stalinismo. Alguém poderia argumentar porque isso não aconteceu logo após o discurso de Kruschev condenando o stalinismo. Eu acho que a teoria do filósofo Leo Strauss sobre o mito explica bem. Para Strauss a política desenvolve um argumento de fundo mítico capaz de manter a sociedade unida em torno deste. E aí entra em cena o contexto da Guerra Fria, socialismo vs capitalismo, um mundo fechado sobre si mesmo, etc. Só que essa situação vai mudando principalmente a partir da globalização dos meios de comunicação porque a sociedade ganha mais meios para fazer comparações (com outras sociedades) e aquela atomização fica para trás. A sociedade então começa a argumentar sobre a legitimidade do governo e a própria eficácia da ideologia. Desta forma a crise econômica oriunda da RCT foi só a gotinha final para transbordar o copo.
Se o governo brazuka não se cuidar, o Brasil corre o risco de virar uma Venezuela e ter guerra civil?
Dificilmente.
Brasileiro é frouxo por natureza e petista que é petista jamais irá aceitar a derrota ou até mesmo se arrepender do voto. Falo de petistas por ser a maioria, mas não seria diferente com qualquer eleitor de outro partido.
Aliás, defina guerra civil, porque eu entendo população armada com qualquer coisa contra o totalitarismo de um estado inchado que brinca de júlio césar com dedão pra baixo no coliseu.
Se qualquer princípio de surto ocorrer, mais uma vez o Estado cairá pra cima na repressão com gás lacrimogêneo e balas de borracha, com a mídia blindando os governantes e jogando culpa em quem tumultuou e na corporação que reprimiu.
Pode faltar água, energia, comida, iPhone, gasolina, sol, vento, salário, negada vai fingir que nada tá acontecendo e vão fazer protestos sem pé nem cabeça, à exemplo do "não é só por vinte centavos".
Novos caras pintadas acho que só daqui umas duas gerações e nós não vamos presenciar nada.
Se o governo brazuka não se cuidar, vai ter muito textão em facebook de estudante que não completou o ensino superior e a história manchada mais uma vez por incompetência do governo, só isso.
Em primeiro lugar, não tem guerra civil na Venezuela, o pessoal tá protestando feio mas ainda está longe de virar uma Siria, por exemplo. Além disso guerra civil é povo x povo e lá ainda é povo x governo e ainda assim não virou matança desenfreada como na Siria, Libia e etc.
Com relação a sua pergunta, acho difícil termos protestos como na Venezuela pois o contexto aqui é muito diferente.
O Brasil tem uma economia muito maior e muito mais dinâmica, temos um capitalismo muito mais desenvolvido, uma agricultura super-desevolvida que garante o abastecimento de comida interno e mesmo com crise não devemos chegar nem perto dos problemas de desabastecimento e desemprego da Venezuela. Na Venezuela cerca de 40% da economia está nas mãos do governo por conta do Petróleo, o governo interfere muito mais na economia, o parque industrial lá é muito menor que o nosso, a balança comercial deles é muito pior que a nossa e eles importam um monte de coisas.
Ou seja, mesmo que a crise piore bastante em 2015 (e deve piorar mesmo) nossa situação geral ainda estará melhor que na Venezuela.
O pior que pode acontecer é algum tumulto no estilo impeachment da Dilma (como ocorrereu na era Collor), aí assume o vice (ou seja, não resolve nada ) e todo mundo se acalma...
(...)
Correio da Cidadania: O Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel disse à imprensa argentina que “há uma intenção de desestabilizar não apenas a economia, como também a ação social e política” na Venezuela, o que seria especialmente patrocinado pelos EUA. Como você encara esta possibilidade, ou seja, a ingerência externa na Venezuela?
Pedro Barros: A história recente da Venezuela é marcada pelo golpe de 2002, que levou o empresário Pedro Carmona ao poder por menos de 48 horas. Apenas os governos dos EUA de George W. Bush e da Espanha de José María Aznar, além do Fundo Monetário Internacional, reconheceram a legitimidade de Pedro, o Breve. Desde então, foi frequente a tensão entre Venezuela e EUA.
Na semana passada, por exemplo, a deputada cubano-americana Ileana Ros-Lehtinen (Partido Republicano, Florida) afirmou que demandou ao presidente Barack Obama sanções econômicas à Venezuela. No mesmo ato em apoio às manifestações, realizado em Miami, Luigi Boria, prefeito de Doral, cidade com alta concentração de latinos na Florida, expôs que estava “muito entusiasmado porque acredito que agora sim se produzirá uma saída frente ao atropelo, à violação aos direitos humanos que se vive na Venezuela” e que “a experiência da Síria deve levar a uma reflexão do Departamento de Estado sobre as ações que se devem tomar. Acredito que os Estados Unidos e o presidente Obama devem tomar ações sobre a Venezuela”. Seria difícil não considerar natural e legítimo que o governo e os venezuelanos se preocupem com esse tipo de demanda externa.
Nem seria necessário elencar as intervenções norte-americanas na América Latina ou em países exportadores de petróleo, apenas lembrar que a Venezuela está a três horas de voo de Miami e possui reservas de mais de 300 bilhões de barris de petróleo, a maior do mundo. De acordo com a Agência Internacional de Energia e com o principal anuário estatístico do tema, editado pela petrolífera britânica BP, a Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Ainda que seja predominantemente um petróleo pesado, cujo custo de refinação de um barril supera US$ 20, ele é vendido a quase US$ 100 por barril.
Talvez valha ainda apontar que, há dez anos, a Venezuela não exportava nenhuma gota de petróleo para a China e hoje vende mais de 400 mil barris diários para seu maior parceiro asiático.
Correio da Cidadania: Em que medida, de todo modo, a tensão está associada às reais condições sociais e econômicas do país, que têm de fato se precarizado, sobrepondo-se ao cenário e visão tão polarizados quando a Venezuela está em foco?
Pedro Barros: Nos quinze anos de chavismo, a Venezuela foi o país do mundo que mais distribuiu renda e combateu a pobreza. Isso foi impulsionado pelo incremento do investimento social, permitido pelo aumento da arrecadação, principalmente devido ao aumento do controle do governo sobre a renda petroleira, que foi particularmente alta nesse período. O mesmo êxito não ocorreu nas tentativas de diversificar a economia e, mais recentemente, no controle de importantes variáveis macroeconômicas, como o câmbio ou a inflação.
Há evidentes problemas na economia venezuelana; ao mesmo tempo, a maioria da população tem a clareza de que a alternativa não é retornar ao passado. A repetição da saída fracassada de 2002 é improvável em um cenário em que as forças armadas, a estatal petroleira e parte dos meios de comunicação estão comprometidas com o processo político em curso. Em 2002, parte considerável da cúpula militar, a maioria da direção da estatal petroleira PDVSA e todos os meios de comunicação relevantes estavam absolutamente comprometidos com o golpe - mesmo assim, o povo na rua, em atitude inédita na região, reverteu as ambições desses setores.
Naquele tempo, por exemplo, não estavam estruturadas as missões sociais, as redes de distribuição de alimentos a preços bastante subsidiados. A pobreza extrema chegava a 13,5% da população, hoje está em 2,5%, um número fantástico para um país latino-americano. Não há grandes mudanças no estoque de riqueza (patrimônio), mas os resultados na distribuição de renda são fabulosos: a CEPAL aponta a Venezuela como a melhor distribuição de renda da América Latina, medida pelo coeficiente de Gini, superando o Uruguai ou a Costa Rica. O governo construiu uma grande rede com 27 mil pontos de distribuição de alimentos entre hipermercados, mercados médios e postos itinerantes. Ainda que haja escassez de alguns itens, o consumo per capita de proteína triplicou em 15 anos, a mendicância praticamente inexiste, ninguém passa fome. As camadas mais pobres da população vivem melhor e têm muito mais conhecimento sobre os seus direitos.
Há também uma economia difícil de ser analisada a partir do exterior. Os subsídios são imensos, particularmente sobre energia, transporte, comunicação, alimentos básicos e itens de primeira necessidade. Uma lata de refrigerante custa quatro vezes mais do que um tanque de 50 litros de gasolina em um mesmo posto de serviço. Uma parcela muito pequena da população tem renda familiar inferior a 5 mil bolívares. Um bilhete do metrô de Caracas custa 1,5 bolívares, o mesmo valor de um minuto de ligação de um celular venezuelano para um celular no Brasil; o custo mensal do gás residencial é de 8 bolívares para mais de 90% dos consumidores; a assinatura da TV a cabo por mês custa aproximadamente 300 bolívares. Isso permite um padrão de consumo para a maioria dos venezuelanos que apenas uma minoria dos latino-americanos consegue ter.
Ao mesmo tempo, há distorções importantes, a escassez e as filas têm aumentado, parece que uma parte importante das classes médias não está disposta a enfrentá-las em seu cotidiano e alguns mercados não querem tê-las, restringindo o acesso e limitando a compra dos produtos subsidiados. Nos últimos anos, esses impasses foram equacionados e legitimados em disputas eleitorais: o governo mostrando as conquistas e a oposição, as limitações do modelo político, social e econômico. Vários organismos internacionais e organizações renomadas, como a Unasul e o Centro Carter, têm reconhecido as eleições e o sistema eleitoral da Venezuela como justo e limpo. Os resultados têm sido ligeiramente favoráveis ao chavismo. A oposição governa em importantes estados, como Miranda e Lara, e cidades, como Caracas, Maracaibo e Barinas, capital do estado homônimo onde Hugo Chávez nasceu e seu irmão mais velho atualmente governa.
Conheço todos, todos os países da América Latina, todos os estados do Brasil e 21 dos 23 estados venezuelanos; não tenho a menor dúvida em afirmar que a Venezuela é o melhor país da região para alguém que está na metade mais pobre da população viver, se alimentar, ter acesso à educação e a bens de consumo. Não poderia dizer o mesmo na primeira vez que estive aqui, pouco mais de uma década atrás. O fenômeno migratório é ilustrativo. Ao mesmo tempo em que algumas dezenas de milhares venezuelanos das classes altas e médias emigram, principalmente para Estados Unidos, Colômbia e Panamá, a quase totalidade dos aproximadamente três milhões de colombianos, peruanos e equatorianos das classes médias e baixas que imigraram para a Venezuela permanece aqui.
Analogicamente, a população universitária do país chega a dois milhões de estudantes, 7% da população está cursando o nível superior hoje na Venezuela (no Brasil, este número é menor que 3,5%, ainda que tenha dobrado nos últimos dez anos), mas a produção científica e a inovação avançaram pouco por aqui.
Correio da Cidadania: Como enxerga, neste sentido, o desempenho do governo, primeiro de Chávez, e agora de Maduro, e sua relação com a degringolada da situação econômica e social do país, visto haver intensos relatos de carestia, inflação galopante, crescente dívida externa, entre outros?
Pedro Barros: A Venezuela oscilou anos de forte crescimento econômico com outros de estagnação ou recessão.
É permanente a tensão entre manter o bolívar valorizado, garantindo subsídios às importações, ou desvalorizá-lo para tentar diversificar a economia, com riscos de carestia no curto prazo. A opção do governo tem sido a primeira. No último ano, a sua principal preocupação foi se legitimar politicamente. No campo econômico, porém, se destacaram a inflação e o desabastecimento de alguns produtos. O presidente Maduro foi eleito em abril, pouco mais de um mês após a morte de Hugo Chávez. Havia pressão inflacionária e certo descontrole do mercado cambial paralelo. Ainda que a dívida externa tenha crescido e as reservas internacionais tenham caído, a balança comercial da Venezuela ainda é superavitária. Mais de 70% das reservas venezuelanas são precificadas em ouro, cujo preço frente ao dólar recuou algo como 30% em 2013, mas já recuperou quase 10% neste ano; as reservas totais, porém, são o dobro do que eram há quinze anos.
A dívida externa de curto prazo é estável e menor do que as reservas. A dívida de longo prazo continua um pouco inferior às receitas de doze meses de exportação petroleira. Isso traz algum conforto para uma economia tão questionada. Há trinta anos a Venezuela não consegue ter três anos seguidos de inflação abaixo de 20%; nessas três décadas o período de inflação mais baixa foi o do governo de Hugo Chávez. Os outros dois governos, de Carlos Andrés Pérez e Rafale Caldera, tiveram taxas de inflação média superiores aos 56% nos últimos doze meses.
Talvez a ausência de Chávez tenha anestesiado um pouco o país e o governo. Provavelmente seria imprescindível uma grande estabilidade política para ajustes de longo prazo na política econômica, mas a vitória bastante apertada, a demora da oposição em reconhecer a derrota e as eleições municipais de dezembro impuseram outras prioridades, de curto prazo.
A política de impor redução de preços com coerção estatal (particularmente dos bens de consumo que eram adquiridos com taxas de câmbio preferenciais e revendidos ao preço do mercado cambial paralelo) obteve grande apoio e sustentou um aumento da popularidade do presidente Maduro no último trimestre de 2013. A oposição tinha a leitura de que a situação econômica havia se deteriorado no curso do ano e que isso comprometeria o desempenho eleitoral dos candidatos governistas. O próprio Capriles apresentava a eleição de dezembro como um plebiscito sobre Maduro. As urnas, porém, garantiram a vitória chavista em 75% das cidades do país.
No início do ano, principalmente após o assassinato brutal da modelo Mónica Spear, o tema da segurança pública tomou conta do debate político. Houve uma aproximação entre governantes das mais variadas matrizes políticas para tentar amenizar o problema e concertar políticas públicas conjuntas. Parte mais radical da oposição passou a questionar a liderança de Capriles e a estimular protestos violentos.
(...)
Fonte: CM
Eu fico pensando, o que diabos faz um empresário ficar na Venezuela ainda? Qual o sentido de trabalhar todo dia pra ser roubado pelo governo a qualquer momento? Tem tanto país precisando de mão de obra, vai pra qualquer lugar e recomeça a vida...
"O ser alienado não procura um mundo autêntico. Isso provoca uma nostalgia: deseja outro país e lamenta ter nascido no seu. Tem vergonha da sua realidade." [Paulo Freire]
Do jeito que você fala parece que devemos muito ao capitalismo opressor né
É isso mesmo! Nossa sorte é que até o PT entendeu que, para governar, teria que manter o "capitalismo opressor" satisfeito e que seria uma burrice imensa lutar contra ele.
Isso seria verdade no PT dos anos 80, não o atual PT que é altamente elitizado e um partido de centro. Tenho um amigo esquerdista na faculdade que tem verdadeira ojeriza quando se associa PT com esquerda.
Verdade. Mas na minha opinião, a transformação do PT de antigamente pro PT atual se deve em grande parte a necessidade de adaptação, frente a esse cenário diferenciado que mencionei.
Seu amigo é daqueles que fala mal mas vota no PT no segundo turno? Hehe, conheço vários, aqui no fórum mesmo tá cheio.
Convenhamos, o PT foi "o menos pior", por assim dizer. No primeiro turno, tinhamos a chance de nos desvencilhar dos "trigemeos neoliberais" e suas práticas (gente, são mais de 50 anos com os mesmos no poder!). No segundo turno, perdemos (nós, classe trabalhadora - ou melhor, classes C e D). Entre "as 3 escolhas" (as eleições são um jogo de cartas marcadas), uma "covarde-incompetente", um "playboy-traficante" e uma "magricela-oportunista" (aliada a este por convenciências), fiquei com a "4 opção" - não votar em ninguém!
O texto no spoiler é pertinente as questões citadas. Até mesmo me serviu de lição, por assim dizer (não que tenha me "travado" ou "abalado" minhas convicções, mas confesso que foi um belo soco no "bico do meu estômago").
"O que caracteriza a economia política burguesa é que ela vê na ordem capitalista não uma fase transitória do progresso histórico, mas a forma absoluta e definitiva da produção social" (...) "O Estado é a forma pela qual os indivíduos de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns." (...) "O dinheiro é o deus (...) a cujo lado mais nenhuma divindade pode existir. O dinheiro rebaixa todos os deuses do homem e transforma-os em mercadoria. O dinheiro é o valor universal auto-suficiente de todas as coisas. Consequentemente, destituiu todo o mundo, tanto o mundo humano quanto a natureza, o seu próprio valor. O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; esta essência domina-o e ele presta-lhe culto e adoração." [Karl Marx]
Por que a extrema esquerda fracassou e acabou isolada, por Emir Sader.
Quando foram sendo eleitos governos na onda do fracasso e rejeição aos governos neoliberais, predominantes nos anos 1990 na America Latina, ao mesmo tempo, foram se reconstituindo as forças de extrema esquerda, na crítica desses governos.
Nenhum deles foi poupado, mas inicialmente o governo Lula foi objeto mais concentrado dessas críticas. Motivos não pareciam faltar. Desde a “Carta aos brasileiros”, Lula parecia encaminhar-se para o abandono das teses históricas da esquerda, repetindo a experiência histórica que os trotskistas sempre anunciaram: a social democracia se comporta como força de esquerda, quando está na oposição, mas basta chegar ao governo, para romper com as teses históricas da esquerda, “traindo” a esquerda e os trabalhadores, para se revelar como uma manobra de engano do povo e de continuidade, sob outra forma dos governos da direita.
Uma equipe econômica conservadora, uma reforma regressiva da previdência, discurso tímido – tudo parecia confirmar a tese da “traição”. Cabia, perfeitamente, uma crítica pela esquerda, sobre a questão central do período: a superação do modelo neoliberal que era feita pela esquerda do PT.
Discutia-se se o governo seguia estando sob disputa entre tendências conservadoras e de esquerda, até que um grupo considerou que era um governo “perdido”, saiu do PT e a fundou um novo partido. O grupo foi rapidamente hegemonizado por trotskistas (da tendência morenista, de origem na Argentina), que enquadravam a evolução do PT no governo no modelo clássico da “traição”.
Porém, ao invés de elaborar uma crítica de esquerda e formular alternativas, rapidamente esse grupo pegou carona nas denúncias do “mensalão” que a mídia lançou contra o PT. Fazendo com que a “traição” tivesse uma conotação de “corrupção”, como sintoma de uma degradação moral do governo.
A líder do grupo, Heloisa Helena, com seu destempero verbal, tratava o governo como “gangue” e com outros epítetos afins, tão ao gosto da classe média. Esse grupo, que supostamente saia pela esquerda para fundar o Psol, rapidamente somava-se, de maneira subordinada à ofensiva da direita contra o governo.
A campanha eleitoral de 2006 foi a consagração dessa aliança tácita: todos contra o governo Lula, inimigo fundamental de uns e dos outros. Nela, o PSOL consolidou sua opção pela critica moralista, da “traição” do Lula. Quem trai, se torna cada vez pior, reprime, reproduz exatamente o governo da direita. Dai as armadilhas em que caiu o PSOL.
Se concentrou em tentar demonstrar, primeiro, que não teria havido “herança maldita”, desconhecendo totalmente a profunda e prolongada recessão produzida pelo governo FHC e a situação herdada do Estado, do mercado interno, da exclusão social, da precarização das relações de trabalho, entre outras. Pior ainda do que isso, passou a desconhecer – da mesma forma que a direita – as diferenças do governo Lula com o governo FHC, em particular a prioridade das políticas sociais.
Além de que desconhece que a polarização neoliberalismo/antineoliberalismo é o enfrentamento central do período histórico atual e, por isso, desconhece que o governo Lula faz parte do movimento histórico da região de construção de governos posneoliberais. Desconhece o papel dos novos governos latinoameicanos, como único polo mundial de resistencia ao neoliberalismo.
A aliança oportunista com a direita contra o governo Lula se deve à consciência de que só teriam espaço, se o PT fracassasse. Então se somam a essa frente, que toma o governo Lula como seu inimigo fundamental.
A essa aliança se soma a atitude ultra esquerdista de, no segundo turno, entre Lula e Alckmin, ficar equidistante, como se fosse o mesmo que ganhasse um ou outro. Imaginem o Alckmin presidente do Brasil diante da crise de 2008! Bastaria isso para nos darmos conta da posição absurda no segundo turno, mas coerente com a opção feita pelo Psol.
Depois do brilhareco momentâneo das eleições de 2006, em que o desempenho da Heloisa Helena, presidente do partido, chegou a ser vergonhoso, promovida pela Globo para permitir a chegada ao segundo turno, o perfil do partido claramente baixou. Se deram conta que seu projeto de construir uma alternativa nacional tinha fracassado. A candidatura de Marina, que herdou boa parte dos votos de Heloisa Helena, confirmou isso. As posições posteriores da ex-candidata complementaram a imagem de uma pessoa individualista, reacionária em relação a temas como o aborto e a democratização dos meios de comunicação, descontrolada, sem condições de liderar um partido de esquerda.
Enquanto isso, ao invés de ser derrotado, o governo Lula, pelos efeitos das políticas sociais, foi ampliando seu apoio popular, de forma constante, até o fim do governo Lula, permitindo a eleição da Dilma.
O desempenho do candidato do Psol nas eleições seguintes, Plinio de Arruda Sampaio, que contou com muitos espaços na mídia, na mesma busca de votos para chegar ao segundo turno contra o PT, confirmou o fracasso politico do partido, quando teve 1% dos votos, menos até que outros grupos pequenos, com muito menos espaços na mídia. Desde então o partido tem uma postura de marcar posição, sem nunca ter formulado projeto estratégico alternativo para o Brasil, ficando reduzido a uma força do campo de denuncias do “mensalão”.
Enquanto que uma força de esquerda radical deveria, antes de tudo, ter uma analise especifica da sociedade brasileira, do grau de penetração do neoliberalismo, para propor um projeto de superação desse modelo, que articule antineoliberalismo com anticapitalismo. Deveria analisar o governo do PT reconhecendo os avanços realizados e apoiá-los, ao mesmo tempo que criticar suas debilidades. Se propor a ser aliado do governo à sua esquerda, nos aspectos comuns e crítico nos outros.
Teria que apoiar a política externa do governo, suas políticas sociais, seu resgate do papel ativo do Estado nos planos econômico e social. Que apoiar o conjunto de governos progressistas na região, que protagonizar os processos de integração regional.
Caracterizar o governo como força progressista, força moderada no campo da esquerda, enquanto esse partido seria uma força mais radical do mesmo. Para isso precisaria ter clareza dos inimigos fundamentais, que compõem o campo da direita – EUA, PSDB e seus aliados, a mídia oligárquica, o sistema bancário. Para impedir qualquer risco de se confundir com a direita contra o governo.
Essa via foi inviabilizada pela opção que o PSOL assumiu e reafirmou ao longo do governo do PT, isolando-se, sem apoio popular, valendo-se dos espaços que a mídia direitista lhe concede, quando entende que podem prejudicar o governo.
Virou um partido denuncista, de causas corretas e outras duvidosas. Nem sequer valoriza o imenso processo de democratização social que tem transformado positivamente o Brasil na ultima década.
Esse fracasso da extrema esquerda hoje não é generalizado nos países de governos progressistas – Venezuela, Argentina, Uruguai, Bolívia, Equador - com desempenhos mais ou menos similares, mas a mesma incapacidade de compreender a natureza do periodo histórico neoliberal e o papel progressista que tem esses governos. A extrema esquerda terminou tomando como seus inimigos fundamentais a esses governos, aliando-se, tácita ou explicitamente à direita contra eles, abandonando a possibilidade de compor um quadro da esquerda, onde seriam a alternativa mais radical. Ficam isoladas, em posturas denuncistas, sem propostas alternativas. Enquanto que os governos progressistas, a esquerda na era neoliberal, se constituem, em escala mundial, na referencia central na luta antineoliberal.
Fonte: CM