DayZ - Day05
Ontem resolvi sair da costa e tentar a sorte no interior. Encontrei uma placa que dizia "Berezino" . Não era o que eu queria, mas era caminho para uma vida menos ameaçada. Já tinha ouvido falar da cidade em um catálogo de roupas que encontrei junto ao um corpo na costa. Boas roupas, bons preços - pena que nessa altura devem ter assaltado toda a loja e não sobrou nada. Berezino continha vários prédios, várias casas, vários caminhos e vários viajantes... Não lembro da última vez que fiquei tão nervoso. Ouvi histórias sobre bandidos que depenavam qualquer um; seja para tirar provisões ou seja para apenas atirar em algo que se movia mais rapidamente que os zumbis. Estranhamente nesses lados a escasses de zumbis estranhava um pouco, aonde eles estavam? Eu preferia mil deles do que aquela quantia de estranhos rondando prédios e suas silhuetas sendo vistas contra o sol, em todo o lugar. Resolvi entrar em uma casa abandonada um pouco a Leste da cidade - janelas e portas ainda estavam intactas, o gramado estava um tanto alto e alguns matos já cresciam na entrada do jardim. Tentei a porta lateral mas estava trancada, andei lentamente até os fundos para encontrar uma outra porta; forcei um pouco a fechadura e ela cedeu. O ar da casa cheirava a pó, mofo e uma mistura de cebola e vegetais podres. Comecei a vasculhar tudo: gavetas, armários, embaixo de colchões, sinais de compartimentos secretos... mas encontrei apenas uma garrafa de água jogada atrás de um armário, uma maçã podre e um pouco de corda. Nem sempre as coisas ficam boas de uma hora para outra. E percebi isso quando ouvi o primeiro tiro... Deitei apressado contra a parede e peguei meu pé de cabra. Ouvi passos ao redor da casa, alguém estava contornando ela. Mais a frente, do outro lado da casa, ouvi mais passos - um pouco mais apressado e percebi que a pessoa estava ofegante, nesse silêncio você começa ouvir de tudo, o que nem sempre é bom quando se tem zumbis andando por ai gemendo e ofegando quando você tenta dormir um pouco. Mais passos, eram mais de duas pessoas, três pessoas.... mais tiros. Apertei o pé de cabra contra meu peito e tentei olhar pela janela. Do outro lado da rua havia duas pessoas, mirando suas armas contra o prédio vizinho. No prédio, eu conseguia apenas ver algumas silhuetas andando para lá e para cá, o sol se pondo atrás da cidade dificultava a visão. O homem que estava ao lado da casa onde eu estava apareceu quase na minha frente, do outro lado da janela. Me abaixei rapidamente e tentei respirar o menos que podia, sem barulho, sem ofegar, sem medo de virar uma peneira caso eles ouvissem que eu estava ali. Alguns tiros acertaram a casa onde eu estava e ouvi os homens falando que iriam cercar o prédio e matar os dois homens que estavam lá. Um dos homens falou que eram apenas "noobs" - não sei que gíria é essa, em todo lugar algumas pessoas se auto denominam "noobs", e já vi a relação desse apelido com pessoas que não tinham nada para continuar a viagem, só as pernas e o medo. Um outro disse que não importava, que eles iriam morrer mesmo assim. O terceiro homem ficou quieto, só observando o prédio. O primeiro homem continuou falando que era melhor eles saírem da cidade, deixar os homens lá pois era perda de tempo - seria melhor olhar mais casas porque precisavam de água - nesse momento olhei para minha garrafa e percebi o quão enrascado eu estava se eles me descobrissem aqui. O segundo homem, com uma voz fina que mais parecia uma criança birrenta de oito anos gritando quando não lhe dão algo, disse que não - que iriam até lá... e foram. Fiquei observando eles se afastarem em direção ao prédio. Mais tiros, e consegui ver no canto direito do terreno um zumbi correndo em direção a eles. Negro, com uma camiseta azul escura. Eles correm como se não tivessem nada diferente para fazer. Meu instinto foi de avisar eles, eu ainda era um cidadão de bem? Fiquei quieto abraçado com meus nervos e meu pé de cabra. Percebi que apertava demais ele quando do outro lado da casa surgiu mais dois zumbis correndo em direção a eles, duas mulheres. Arfando, babando e sangue jorrando de ferimentos no pescoço e pernas - elas só corriam, apenas olhavam fixamente para os homens e corriam... eu ainda tinha medo dos gritos de excitação que eles emanavam quando estavam em perseguição. Os três zumbis estavam perto dos homens mas eles ainda não tinham percebido, aproveitei que estavam longe e me dirigi até o fundo da casa, onde tinha entrado. Sai e me dirigi até outra casa mais afastado, ouvi mais tiros e gritos - provavelmente descobriram que não estavam caçando, e sim sendo a caça. Subi até o segundo andar da nova casa e observei de longe os zumbis atacando o grupo, e ao mesmo tempo sendo também atacados pelos homens do prédio. Dois dos três homens caíram e o ultimo saiu correndo em direção as casas. Um zumbi ainda estava de pé e perseguia ele. Aproveitei e sai dali, contornei mais algumas construções e procurei mais mantimentos, sempre com o ouvido atento aos novos vizinhos. Por sorte, ao lado de uma geladeira um tanto avariada, encontrei um machado quase intacto - ao lado dele algumas pilhas de lenha e agradeci ao morador daquela casa por ainda estocar essas coisas em tempos de tecnologia e aquecedores - o que é meio contraditório pensar assim, visto que provavelmente nunca mais vou ver um aquecedor ligado. Deixei meu pé de cabra ali, peguei o machado e sai da casa. Virei a esquina dela e levei o maior susto da minha vida... o homem gritão, aquele que queria atacar o prédio estava ali, na minha frente - ele também deve ter levado um susto e tanto, pois ficou apenas me olhando sem fazer nada. Percebi que ele sangrava bastante, tinha um ferimento grande no braço esquerdo e sua perna direita estava com bastante sangue; mas também percebi quando mirou seu revolver contra mim - sorte que meus instintos estavam altos e voltei rapidamente contra a parede da casa. Ele deu dois tiros, errou. Levantei e corri de volta para dentro da casa, empunhando o machado o mais forte que podia. O homem me seguiu, entrou na casa e deu mais um tiro, errou - subi as escadas e me escondi ao lado de um armário, - o homem, ofegando e sangrando bastante gritava para eu parar e sentar e toda essa baboseira de policial dos anos 90 que se via na TV. Percebia pelo tom da voz que ele se desesperava. Respirei fundo e quando ele passou na minha frente meus instintos foram mais alto e me lancei contra ele, duas machadadas e ele caiu. Não lembro o que pensei na hora, apenas fiz, Ele me atacou sem motivo e eu me defendi. Era isso que eu pensava, era isso que eu tentava me confortar quando pensava que tinha acabado de matar um homem. Ainda com a adrenalina alta, consegui tirar o machado encravado nas costas dele - vasculhei seus pertences e ele tinha quase um mini mercado nas mochila: remédios, água, arroz, feijões, cantil, bandagens, munição... Peguei a mochila com os suprimentos, peguei seu casaco, calça, capacete, arma.... deixei o coitado apenas com a roupa simples do corpo, junto com um mar de sangue e sua presunção.
"Ele me atacou, eu juro que ele me atacou antes..."
Era tudo que eu pensava quando sai da casa. Eu não queria me tornar um assassino.
http://indayz.wordpress.com/
Que modo de escrita hein? Parabens!