Sou professor de ensino médio/técnico e superior (e coordenador de dois cursos de ensino médio integrado ao técnico). E apesar de trabalhar em uma instituição que é exceção da exceção para o ensino (Centro Paula Souza, ETECs e FATECs para quem é de São Paulo) tenho algumas considerações a fazer.
Primeiro, o salário não é (tão) ruim quanto dizem. O professor (de ensino médio) é um profissional de classe média baixa no início de carreira e de classe média quando chega ao final dela. O grande problema salarial no estado de São Paulo se deve ao fato do estado contratar professores eventuais onde a progressão de carreira é inexistente, ou seja, vai ganhar eternamente seus 3~5 mil reais sendo reajustados uma ou duas vezes por década. Professores concursados tanto no CPS (Centro Paula Souza) quanto na SEDUC (Secretaria de Educação) em menos de 10 anos conseguem chegar aos cinco dígitos líquidos caso tenham pós e mestrado.
O salário deveria ser melhor? Claro. É ruim? Não tanto...
Crédito é muito facilitado para professor o que faz com que a maioria se endivide, conheço uma professora de história, dá aula no estado, no CPS e no município, começo dos 30 anos, ganha uns 12k líquidos, mas todo ano troca de Renegade, ela não está endividada mas evidentemente perde muito dinheiro com essa troca de carros anualmente.
Conheço um outro figura, completamente endividado, coleciona quadrinhos, tem quadrinhos de quase 10 mil reais pegando pó em uma estante que ele arrematou pelo E-Bay esses tempos ele se envolveu em uma briga com a direção de uma escola porque queria almoçar junto com os alunos ele alegou que não tinha dinheiro para pedir uma marmita pelo iFood ou comprar um lanche de 5,00 reais na cantina e sabe o pior? É verdade, o homem compromete uma boa parte do salário com empréstimos consignados e o restante vai para aluguel, transporte (ele não tem carro nem moto) para o trabalho e para eventos de quadrinhos...
Existem vários casos similares, mas o que quero pontuar aqui é muitos professores recebem um salário “ok” que na teoria deveriam garantir uma vida “ok”. Aluguel/prestação de uma casa honesta, um carrinho bacana na garagem, dinheiro para sair algumas vezes no mês, comprar uma roupa, mas muitos (por indisciplina financeira própria) acabam metendo os pés pelas mãos e se complicando.
Quando eu sair do trabalho (estou em coordenação) escrevo outro texto sobre a relação com os outros professores (isso é algo complicado) e com os alunos.