Pude observar também que há muitos profissionais de TI fora do Brasil. Sou estudante de Engenharia de Software e tenho vontade de morar no Canadá. O que vocês, profissionais de TI que moram no exterior, tem a me recomendar em relação a cursos complementares?
Como conseguiram emprego ai fora?
Como são tratados no emprego? Te tratam diferente por ser brasileiro? E o salário?
Teria algum conselho para um estudante de segundo ano de Eng de Software que pretende morar fora?
Cara, eu acho que TI é o melhor ramo para quem quer atuar em qualquer lugar do mundo - a maioria das profissões "tradicionais" (medicina, direito, etc.) possuem incopatibilidade de diploma, particularidades de cada país... nada disso faz com que essas profissões sejam impossíveis, mas o fato de não ter nada disso quando se fala em TI com certeza facilita muito a nossa vida.
Com relação a cursos complementares, isso vai variar muito da área que você atua e onde você está. Ser imigrante pode ser um fator de desempate (negativo para você) quando o seu CV for o mesmo que um cidadão do país tem. Por outro lado, acho que qualidade profissional sempre é um fator de desempate relevante, independente da origem dessa qualidade. Em outras palavras, eu aconselharia a procurar ser sempre o especialista naquilo que ninguém mais é ou o melhor da área em que todo mundo trabalha.
No meu caso, foi indicação de amigos, que não me conheciam apenas fora do trabalho, mas sim desde o tempo da faculdade. Porém, eu sempre recebo propostas no LinkedIn e vejo vários programas de contratação (como o programa de imigração no Canadá e, recentemente, vi algumas coisas na Irlanda também). Eu considero networking algo realmente útil e muito bom quando usado da forma correta - apesar de eu conhecer bastante gente no ramo, eu recomendo apenas aqueles que eu realmente considero bom profissionalmente. E já houve casos de eu não indicar ninguém para uma vaga que eu soube exatamente porque não conhecer ninguém que eu me sentisse seguro para indicar - só o fato de ser amigo, ou simpático, ou até mesmo, esforçado, não é suficiente; o cara tem que ser bom.
Trabalhando com TI, duvido que alguém tenha realmente problemas "por ser brasileiro". Até porque, geralmente, a empresa que te contratar já terá um perfil mais internacionalizado (a empresa que eu estou indo trabalhar possui mais de 10 nacionalidades diferentes no quadro de funcionários). O que pode atrapalhar um pouco é a resistência com certas adaptações - como um amigo meu que se recusava a falar francês trabalhando na França. Além disso, cada país tem o seu costume de comportamento, e quem não se adequar será com certeza visto como "o cara chato/idiota/mal-educado". Eu nunca tive problemas nesse sentido. Agora, o salário é um assunto totalmente à parte, e, falando de Europa, eu não acho que é possível ter tanta diferença assim. Eu diria que se você está ganhando mal é porque não soube negociar. Eu não tenho nada a reclamar...
Os meus conselhos já estão espalhados pelo tópico, mas aqui vai uma recapitulação rápida:
- Se a sua ideia é vir para Europa, verifique todas suas chances de obter a cidadania e vá atrás disso;
- Processos de imigração são bem burocráticos, com um monte de detalhes e papelada para correr, mas se você não estiver a fim de fazer isso no começo, eu não aconselharia a seguir em frente;
- Não saia do Brasil só porque está ruim. É muito mais importante querer ir para o país de destino do que querer sair do país de origem;
- Como imigrante, você tem uma desvantagem (lembre-se que em muitos países, a empresa tem encargos e burocracia para arcar por conta de funcionários imigrantes). Você precisa compensar essa desvantagem se quiser competir com a população local... os dois jeitos mais simples é sendo o melhor naquilo que todo mundo faz ou sendo o único fazendo aquilo que ninguém mais faz;
- Nunca pare de evoluir o seu Inglês. Pode parecer óbvio, mas eu conheço várias pessoas que eu gosto muito do trabalho, mas que eu não recomendaria porque o Inglês é muito fraco! Claro que se você tiver uma direção definida para um país que não fale Inglês oficialmente (Alemanha, França, Espanha, Holanda etc.), invista o mais cedo possível na língua daquele país também.