Sempre tive vontade de morar em prédio, achava legal ter vários vizinhos , amizades e tal. Morei por 2 anos em um e chegou um ponto que não aguentava mais.
A vizinha de cima ia viajar quase todo final de semana, e chegava domingo 11h da noite e ia descarregar malas, brincar com o gato... e isso exatamente em cima do meu quarto. Pra quem ia acordar cedo no outro dia pra trabalhar era um saco. Teve uma vez que fiquei tão pistola que eu abri a janela e dei uns berros, deu 5 min ela parou kkkk. Reclamei pra síndica mais de uma vez, mas só abrem uma reclamação formal se mais de um morador reclamar. Como só tinha eu morando no andar, estava sozinho. Fora isso, tinha a questão de espaço (ainda mais por trabalhar de home office), chega uma hora que vc se sente "preso" (claro, muito provavelmente isso se deve ao fato de que antes disso sempre morei em casa). Outro fator é que era um prédio só no meio de um bairro, então todo o barulho do entorno chegava alto no ap, já que era no 9o andar e não tinha obstáculo nenhum pro som. No tempo que morei lá, o movimento na rua do prédio aumentou absurdamente por conta de um outro condomínio de prédios e uma escola que tem na região. Não era incomum sair 6:30 da manhã e ter uma fila de carros na rua na frente do portão, tendo que esperar a boa vontade de alguém pra poder sair. Entretanto, tinha as comodidades de condomínio: zelador recebendo compras, vagas demarcadas certinho, portaria 24h.
Aí me mudei para uma casa em bairro. Vim porque precisava de mais espaço (meu filho estava para nascer, o ap era só dois quartos e trabalho home office) e sentia falta de ter um quintal e garagem - poder lavar o carro qualquer hora por exemplo, tomar um sol, etc. Mas tem essa coisa de gente chegar do nada, passar vendedores ou pedintes no portão, etc. Tive até que desligar o interfone porque era terrível, tinha gente que além de carcar o dedo no botão chamava mais de uma vez.
A casa dos meus pais é em bairro, todos os proprietários já saíram das casas e alugaram (idosos, filhos casaram, etc) , então pode entrar qualquer um nas casas (teve um ex-vizinho que um belo dia a PF bateu lá, o cara tinha uns esquemas errados na casa kkkkk, num outro vizinho a inquilina simplesmente abriu um pet shop). E tem um galpão do outro lado da rua, que um pessoal da umbanda alugou. Quando é dia de reunião deles, é muita bagunça na rua: enche a rua de carros, a ponto de não ter onde estacionar, quando acabam os "trabalhos", o pessoal fica na frente das casas conversando alto, fumando. E isso coisa de 11h da noite, meia noite. Atrapalha bastante.
Havia comprado um terreno em outra cidade em bairro aberto, foi uma oportunidade. Porém, surgiu a possibilidade de comprar um terreno em um condomínio aqui onde moro. Mesmo sendo bem mais caro (porém barato perante o cenário geral da cidade), abracei e a ideia é construir e ir morar lá. Pretendo vender o terreno em bairro aberto e amortizar o do condomínio. Justamente pq em bairro aberto se pode ter qualquer coisa como vizinho. A não ser que seja um bairro mais "alto padrão" que aí acaba ficando mais residencial. Mas, pelo menos aqui na cidade, bairros assim são os antigos. Quando é algo novo nesse sentido, já é dentro de condomínio mesmo.
Dito tudo isso, eu particularmente pensaria no terreno no condomínio. Por mais que seja caro e não tenha as facilidades de compra que vc teria pra comprar a casa, pensando em prazo maior é mais seguro do que a casa em bairro. Hoje vc meio que sabe os vizinhos que moram lá, mas e daqui a 5 anos? Principalmente se a vizinhança for mais idosa - como é o caso da rua da casa dos meus pais. Os filhos casam, aí a casa fica grande, eles alugam , ou mesmo morrem e os filhos vendem ou alugam pra qualquer um. Ou pior: vem um construtor, derruba a casa e faz 2 ou mais casas no mesmo terreno e aluga mais barato. E aí pode entrar qualquer um ali. Não que no condomínio esteja isento disso, mas vc ainda tem algum amparo e uma forma de recorrer. No bairro, vc tem que ir conversar com o vizinho sob o risco dele pegar ranço e fazer as coisas de pirraça ou, na pior das hipóteses, ligar na polícia e ouvir um "não podemos fazer nada".