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Ao pessoal que é novato na área, me desculpem, mas eu não faço minhas reviews mostrando a caixa (algo que sinceramente, não interessa) ou falando o que está lá escrito. Minhas reviews fazem comparação com vários produtos e tem propósito didático, comprando ou não o produto, o que mais interessa é que você aprenda coisas novas com a review.
Não tentarei "ser o menos técnico o possível", mas vou tentar explicar justamente os termos técnicos para que o leitor também possa avaliar um fone de ouvido de forma similar ao que faço. Também não serei "neutro" e vou fazer referência a outras marcas durante o texto.
Introdução
A AKG (nome completo: AKG Acoustics, Akustische und Kino-Geräte) é uma empresa Austriaca, fundada em 1947 e é uma das maiores empresas no ramo áudio. Seus primeiros fones de ouvido foram produzidos em 1949, inventaram o microfone cardioide dinâmico em 1953 e produzem vários dos melhores microfones com fio e sem fio do mundo. Também, produzem vários fones de ouvido exemplares, como o AKG K240 que foi primeiramente produzido em 1975, modificado ao longo das décadas e até hoje ainda é vendido (inclusive tenho um), AKG K701 e AKG Q701. Também, a AKG é uma marca de propriedade da Harman Kardon.
Esta é uma empresa que está há 6 décadas no ramo de áudio, que realmente tem capacidade de produzir fones de ouvido e microfones de altíssima qualidade. Um destes supostos fones de ouvido, é o seu primeiro headset gamer, o AKG GHS1. Será mesmo que a AKG conseguiu fazer um bom headset, capaz de alcançar as expectativas que se tem pela marca?
Ao contrário das minhas outras reviews, iniciarei a review pelas partes onde o fone conseguiu um bom resultado, deixando onde ele foi pior para o final.
Design
Antes que o pessoal audiófilo me mate, eu não vou avaliar o fone pelo design. Sei que é preferivel mil vezes um fone que não seja muito bonito mas que tenha um bom som (se bem que beleza é questão pessoal, eu mato o primeiro ***** que chamar o K240 de feio), do que um fone "bonitinho" com um som ordinário e um preço ridículo.
Mas convenhamos, o fone é muito bonito mesmo:
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É impossível negar que o fone teve inspiração no design de headphones de marcas como Beats e Skullcandy, realmente parece e é um fone que muita gente gostaria de usar na rua "apenas para parecer", assim como vários já fazem com fones da Beats (que sinceramente não prestam).
É um fone com design futurista, que chama muito a atenção, é dobrável e possui detalhes muito bonitos realmente, desde o seu arco ao seu microfone.
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O AKG GHS1 é um dos poucos headsets disponíveis no mercado que realmente você pode usar na rua sem parecer ridículo, pois além do microfone ser curto, apenas acrescenta um charme ao fone de ouvido.
Porém, como eu disse, não vou dar nota para o headset apenas pelo design e acho uma total falta de profissionalismo alguém dar nota para fones apenas pela aparência e até dizer que fone X é melhor que Y porquê é mais bonito. Isso é sinceramente algo retardado, qualquer um que avalia um fone por este quesito é muito ignorante, pois há vários fones de ouvido que podem não ter uma aparência tão agradável quanto o GHS1 ou fones de marcas como Beats, Skullcandy ou Razer, porém, isso não faz estes de forma alguma inferiores a estes fones "bonitinhos".
Áudio
A AKG promete no AKG GHS1 um áudio de boa qualidade, ao contrário do que se vê em maioria dos headset gamers do mercado onde são apenas bonitos mas tem um áudio bem medíocre (ex: CM Storm Sirus, Razer Megalodon, Razer Orca, Corsair Vengeance 1500, Corsair Vengeance 2000, Thermaltake Shock...), mas será que ela entrega? Sim e não.
Começando pela parte onde o AKG GHS1 se saiu muito bem: Músicas.
Uma coisa que me apavorou logo que fui testar ele é o fato de ser ridiculamente fácil amplificar este headset. Qualquer celular ou MP3 player já consegue colocar um bom volume e fazer maior parte do potencial do fone de ouvido aparecer, sem a necessidade de nenhum amplificador externo como o Fiio E6. Claro, o headset ficou ainda melhor quando testei ele no Cowon J3, porém, nunca vi nenhum fone de ouvido tocar tão bem com o meu celular da Nokia, nem mesmo o Sennheiser MX 471 se deu tão bem com esse celular que é tão "fraco" na parte de áudio.
O AKG GHS1 nada mais é do que um AKG K81 DJ com um microfone acoplado a ele. Assim como o AKG K81 DJ, este não é um fone para monitoramento e sim um fone com uma coloração nos graves e foco para o usuário comum, que deseja um pouco mais de graves que o normal. E realmente, ele entrega estes graves os quais promete, porém...
Como podemos ver pelo gráfico acima, os graves presentes no AKG GHS1 são os graves da faixa dos 250~750 Hz, havendo até um pico na faixa dos 500 Hz. Isto significa que os graves do foco do GHS1/K81 DJ são graves-médios, fazendo com que instrumentos como por exemplo o "baixo" tenham uma presença muito forte nas músicas.
Isso é ruim ou bom? Depende. Para quem quer escutar músicas sem se preocupar com todos os detalhes e quer ver graves no fone, ele é bem divertido e provavelmente vai gostar dele, principalmente para escutar gêneros musicais diversos como Rock, Pop, Instrumental e outros, mas com um toque de graves extras. Porém, como vocês podem ter notado, quase não há sub-graves ou graves na faixa dos 100 Hz, fazendo com que ele seja bem "meia-boca" para gêneros como Dance e Trance.
Já quem quer um fone que mostre todos os detalhes da música ou quer usar ele para monitoramento, realmente deve evitar o GHS1/K81 DJ.
E a performance em jogos?
Mais ou menos. Porquê? Vamos explicar as duas razões:
- A primeira razão é ser um fone supra-aural fechado. O soundstage (sensação de espaço, auxilia na localização de inimigos e é 1000x mais importante que essas mentiras de 5.1 e 7.1) dele é bem limitado. É possível sim detectar de onde vem tiros por exemplo em jogos de FPS, mas não há 1/10 da exatidão encontrada em fones como o Superlux HD 681, AKG K240 e o Audio Technica AD700. É curioso, um fone focado para o gamer competitivo jamais deve ser fechado e/ou supra-aural. Agora, para o gamer casual, não há problema.
- A segunda razão são os graves. Maioria das pessoas não sabem, mas o grave em maioria dos jogos não tem direção nenhuma e não auxiliam você detectar inimigo algum. São os médios e agudos que vão lhe mostrar onde estão os passos dos seus inimigos e são justamente estas frequências que são abafadas pelo grave do AKG GHS1. Também, infelizmente este não é um problema enfrentado apenas pelo GHS1, vários headsets gamer mal-projetados tem graves excessivos ou até mesmo modos que aumentam ainda mais o grave, através do sacrifício de outras frequências.
Enquanto o gamer ignorante fica com a cabeça tremendo por causa do grave excessivo do CM Storm Sirus enquanto atira no jogo, alguém com um Audio Technica AD700 com certeza vai notar de estão vindo os tiros por causa nitidez dos médios e agudos.
Graves demais não ajudam o gamer competitivo.
Mas como eu já disse acima, para o gamer casual, isso talvez pouco importa, principalmente quando ele não joga FPS ou joga raramente.
E o preço do fone... Bom, custar mais que um AKG K240 lá fora, o preço de um Sony MDR XB500 e quase o preço de um Audio Technica AD700 não ajuda nada...
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Mesmo problema no Brasil, é normalmente encontrado por R$ 370, o mesmo preço que o K240, mais que o XB400 (R$ 180), mais que o Koss KSC75 (R$ 120) e Porta Pro (R$ 180) e sinceramente, não é melhor que nenhum destes nem para músicas, nem para jogos.
Gamer Ignorante (e burro): Mas esses fones que você falou não tem microfone! Eles não prestam pra jogos! Eu quero um headset, um fone com microfone!
Pois então, comparando pelo menos no Brasil com maioria dos headsets disponíveis aqui, você acredita que o AKG GHS1 é até bom? Sério, o áudio dele é superior ao CM Storm Sirus, Razer Orca, Razer Electra, Razer Megalodon, Logitech G35, Genius Cavimanus, Thermaltake Shock, Corsair Vengeance 1500, 2000 e vários outros headsets da faixa dos R$ 200~500.
Mas, a razão para isto não é porquê o AKG GHS1 é um fone com um áudio ridiculamente bom, mas porquê em questão de áudio, quase todos os headsets gamers são ridiculamente ruins. Tanto que um simples headphone Superlux HD 681 de R$ 100 já é superior à maioria dos headsets até a faixa de R$ 500! A AKG conseguiu fazer o AKG GHS1 melhor que maioria dos headsets não porquê ele tem áudio excepcional, mas sim porquê a receita para fazer um headset melhor que maioria é bem simples:
- Investir mais no driver de áudio e menos no marketing.
Tem muito headset de R$ 500 onde os alto-falantes não valem nem R$ 40, porém o marketing da marca (principalmente a Razer) faz pessoas com pouco conhecimento sobre a área pagar esse preço ridículo no fone.
E o mesmo alto-falante do AKG K81 DJ, que custa US$ 38 (R$ 180 no Brasil) foi mais que o suficiente para deixar ele melhor na parte de áudio que vários headsets até a a faixa de US$ 100 (R$ 500 no Brasil).
Conforto
Eu pessoalmente já não gostava de fones supra-auriculares antes de comprar o AKG GHS1. Já tinha tido más experiências com o AKG K414P, porém quis investir na mesma marca e no mesmo estilo. Agora, odeio mais ainda (com exceção do Koss Porta Pro).
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O AKG GHS1 tem uma almofada que pode ser considerada confortável pelo material (que me parece ser uma espécie de micro-fibra, assim como no CM Storm Sirus, porém curiosamente neste por ser circum auricular acaba sendo confortável), porém, esta mesma almofada é pressionada com força contra a sua cabeça, proporcionando desconforto após 30-60 minutos de uso devido à sua orelha sendo esmagada, além de ser ridiculamente quente. Sério, eu estou aqui no Rio Grande do Sul no mês de Julho (inverno), com temperaturas variando entre 10-20ºC e mesmo assim, notei minhas orelhas aquecendo demais. Não quero nem ver como será no verão.
O arco superior é bem confortável e você praticamente não sente ele, até porquê todo o peso e pressura do fone ficam contra as suas orelhas.
Não creio que tenha que comentar mais sobre esta parte onde ele realmente falha, mas nem se compara com o velho guerreiro chamado K240 que está aqui junto com ele no meu PC.
Qualidade de construção
Como se já não bastasse a questão do conforto não ser lá muito bom, é aqui que está o pior podre do AKG GHS1. Mas primeiro, vamos começar comentando onde é bem feito, que é nas conchas e no arco em sí.
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Como já comentei antes, o fone é dobrável e tem uma estrutura que permite deixar o fone ocupando o mínimo de espaço possível. O material do fone é um plástico ABS, não aparenta nem ser frágil e nem ser um tanque e possui suportes de aço em cada lado para dar a ele uma boa resistência para quando você dobrar ou colocar na sua cabeça.
O arco é feito em plástico grosso, com certeza não é nem um dos arcos mais frágeis e nem mais duros que já vi num fone.
Já o cabo dele... Olha, foi a coisa que eu mais odiei no AKG GHS1. Nunca vi um fone com um cabo tão vagabundo quanto ele.
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O cabo do AKG GHS1 é feito de uma borracha da pior qualidade, a coisa que mais me lembra o cabo dele é isto:
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Sério, a borracha dele parece borracha de balão inflável. Além de ser um pouco grudenta, não dá nenhuma sensação de segurança. Porém, quando se pensa que isso já é ruim o suficiente, as coisas pioram. Dão uma olhada nessa parte aqui do conector:
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Além do material já ser ruim na maior parte do cabo, no conector é ainda mais fino e o pior, esta parte é muito maleável. Qualquer um pode notar que esse conector vai quebrar em menos de uma semana de uso. Esse problema foi a coisa que mais odiei no AKG GHS1...
Eu não entendo, a AKG fez o meu K240, cujo cabo além de ser removível também é um exemplar de como cabos realmente deveriam ser feitos. Queria poder acreditar que não foi a mesma empresa, que esse cabo do GHS1 é apenas um pesadelo, que não é tão ruim assim, mas olhar pra esse conector me deixa angustiado, com raiva, querendo pegar a cabeça do cara que projetou esse headset e bater ela contra a parede até ele ficar inteligente. Se o cara morresse durante o processo, melhor ainda.
Enfim, na minha unidade eu já apliquei um "fix" que supostamente deve arrumar a situação, que é aplicar várias camadas de tubo termo retrátilcon neste conector e realmente parou de ser maleável.
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Mas... Não consigo pensar em nada que possa servir para defender o cabo do AKG GHS1. Simplesmente ridiculo.
Chega ser engraçado, maioria dos headsets gamer capricham no design e dão uma boa atenção para durabilidade (inclusive fones como o CM Storm Sirus tem cabo em nylon trançado), porém são ruins na parte de áudio.
Já o AKG GHS1 é bom na parte de áudio e design, porém extremamente relaxado na durabilidade. E bom, qual é o pior, um fone que parou de funcionar depois de semanas de uso ou um fone com áudio ruim?
Por isso que eu digo e repito: A melhor invenção feita até hoje foram os fones com cabo removível.
Conclusão
Resumidamente o AKG GHS1 foi uma decepção. Não pelo áudio, ele promete um bom áudio e realmente entrega, além de ser ridiculamente fácil para amplificar, mas sim pelo (des)conforto e pelo cabo ridiculamente mal-feito. Não entendo como a AKG deixou um fone desses ser vendido... E muito menos porquê ele custa US$ 74 fora do Brasil e R$ 370 no Brasil. Ele não vale isso.
Na mesma faixa que você consegue comprar o AKG GHS1, tanto no Brasil como lá fora há vários fones muito melhores que ele. Aliás, nem precisa ser na mesma faixa de preço, por R$ 120 você compra um Koss KSC75 e por R$ 180 um Koss Porta Pro. Por R$ 300 se acha o Sony MDR XB600 para quem quer graves e para jogadores competitivos há o AKG K240 e Audio Technica AD700 por R$ 400.
Ah, mas eu não quero saber, quero headset!
LARGA DE SER TROXA! Quase todos os headsets do mercado são fones de R$ 500 com drivers de R$ 40, sendo inferiores ao AKG GHS1. Como já disse antes, o áudio dele é superior ao CM Storm Sirus, Razer Orca, Razer Electra, Razer Megalodon, Logitech G35, Genius Cavimanus, Thermaltake Shock, Corsair Vengeance 1500, 2000 e vários outros headsets da faixa dos R$ 200~500.
Mas, a razão para isto não é porquê o AKG GHS1 é um fone com um áudio ridiculamente bom, mas apenas porquê em questão de áudio, quase todos os headsets gamers são ridiculamente ruins. Tanto que um simples headphone Superlux HD 681 de R$ 100 já é superior à maioria dos headsets até a faixa de R$ 500! A AKG conseguiu fazer o AKG GHS1 melhor que maioria dos headsets não porquê ele tem áudio excepcional, mas sim porquê a receita para fazer um headset melhor que maioria é bem simples:
- Investir mais no driver de áudio e menos no marketing.
Mas enfim, os pontos positivos do AKG GHS1 são:
- Muito bonito.
- Muito portátil.
- Possui um um som bem "divertido".
- Ridiculamente fácil para amplificar.
E os pontos negativos:
- Caro e inferior se comparado com alguns headphones profissionais da mesma faixa de preço.
- Desconfortável (faz muita pressão contra a orelha e esquenta).
- Não é apropriado para uso competitivo em jogos.
- Possui o cabo mais vagabundo que já vi em um fone acima de R$ 100.
Se não fosse a questão do cabo, daria uma nota 7 para este fone. Porém, devido ao cabo ridiculamente mal feito, esta é a nota: (lembrando que 5 ou menos = selo bomba)
Nota final: 6/10
Mas não me venham com essa história de "Ah, o AKG GHS1 levou nota ruim, então vou comprar um Genius Cavimanus ou um CM Storm Sirus" pois vocês vão estar trocando um fone que levou nota 6 por outro que levou nota 2 e outro que levou nota 4. Muito cuidado com esta questão de headsets, maioria não presta mesmo, por isso que recomendamos headphones e comprar um microfone separado.
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