Foi-se um tempo que jogar era realmente um prazer.
Jogos simplórios, como River Raid poderiam fazer de uma tarde entendiante um desafio extremo. Lembro-me de jogar Q-Bert depois que voltava da praia, era um jogo extremamente desafiador. Em um controle de 8 direções e um botão.
Na era 8 bits, o barata eram os adventures, como Mário Bros. Contra também era um desafio legítimo, assim como Sonic, Metroid, Castlevania. Lembro-me de possuir uma obscura fita de 60 pinos (japonesa) do game Predator, que contava a história do jogo. Eu tinha um adaptador (pois nas locadoras nem sempre as fitas eram 72 pinos, padrão EUA). Track & Field era outro game que garantia a diversão, assim como Dick Tracy e Battletoads. Gozado que nessa época eu não era fã da Sega, mas jogava alguns jogos em um Master System de um amigo (Alex Kidd, International Volleyball). Mesmo assim não gostava do controle, achava estranho demais para me acostumar.
Chega então a era 16 bits, com o Mega Drive. Altered Beast, a fita que acompanhava o console, era bem interessante. Podíamos finalmente jogar os jogos dos Arcades nos consoles. Mesmo assim tivemos grandes pérolas, como Toe Jam & Earl, Kid Chameleon (um jogo fantástico), e meu favorito, Super Mônaco GP. Mais garantia de diversão após nosso campeonatos de futebol de botão nos condomínios.
Fui ter o Super Nintendo algum tempo depois, e foi paixão a primeira vista. Jogos que vou querer que minha filha jogue, como Super Mario World, Top Gear, Chrono Trigger, Rock’n Roll Racing, Starfox... jogos que explicam nossa geração atual.
A "geração CD" achei um tanto quanto conturbada. A Sony veio com uma idéia muito boa, mas que infelizmente resultou em jogos deprimentes. Que tornaram-se mais constantes com o PS2, e agora estão mais constantes ainda.
É comum ver um Studio, que trabalha hoje com 15 vezes mais contingente que na época de um Track & Field, por exemplo, mas com muito mais tecnologia, não conseguir desenvolver um game de forma razoável. É muito hype, muito modismo, muito dinheiro envolvido. Quando as coisas eram feiras por prazer, por pessoas que gostavam e acreditavam no que faziam, o produto final era de muita qualidade (tá, tudo bem, vamos tirar o game ET para Atari da lista).
Eu acredito que teremos novas tecnologias, mas hoje em dia o nível de desafio é muito pequeno. Sinto falta de um desafio de verdade, de reunir amigos ao redor do console para zera um jogo, ou jogar um versus.
Sinto falta de originalidade na hora de criar um game. As softhouses deveriam filtrar melhor as idéias, pois capacidade e tecnologia tem de sobra. Falta é implementação e mais investimento em pesquisa de campo e testes. Eu acho inaceitável hoje em dia que games como Duke Nukem Forever sejam lançados. Como que ninguém falou: "Pessoal, está uma porcaria. Vamos repensar". Eu paguei 99 centavos na Amazon nesse game. E me arrependo.
O outro grande problema somos nós mesmos. E me incluo nisso. Lança um Call of Duty novo, ou melhor dizendo, um requentamento da série, e compramos. Imaginem se fosse feito um boicote a uma produtora dessas, qual seria o reflexo disso? A EA demorou 7 anos pra ver o PC como plataforma de games e colocar um FIFA decente (até então jogávamos versões de consoles da geração PS2 - Xbox). Mas vocês acham que ela fez essa mudança para agradar aos jogadores ou para concorrer com PES?
Concluindo o confuso texto-desabafo, eu acho que só teremos salvação se cobrarmos e formos exigentes. Eu gosto da série CoD, tenhos os Modern Warfare da vida. Mas não quero mais pagar por um game e receber um DLC. E enquanto não fizermos isso, as produtoras continuarão empurrando o toco na gente.