É "RAGE" ou é "rabo preso" mesmo?
Aécio nomeou desembargador que recebia dinheiro para soltar traficantes, por Joaquim de Carvalho (DCM).
[video=youtube;axpy0ipOt9s]https://www.youtube.com/watch?v=axpy0ipOt9s[/video]
Em reportagem de mais de 11 minutos, Rede Globo omitiu que desembargador que recebia dinheiro de traficantes foi nomeado por Aécio Neves.
Em 2010, o jornalista Bruno Procópio, que se define também poeta e cronista, publicou em seu blog Prosa com Cultura um texto em que revela: a família Tolentino Neves, “famosa pelo legado político de homens como ex-presidente da República Tancredo de Almeida Neves e o governador mineiro Aécio Neves, também fez sua história no universo da cachaça.”
Bruno, o Dindi, jovem de pele morena, barba rala, cavanhaque de poucos e longos fios, conta que seu Múcio Tolentino, irmão de Risoleta Neves, mulher de Tancredo, começou a produzir em 1960 a cachaça Mathuzalem 960.
Durante 25 anos, os amigos se reuniam na fazenda da família, no município de Cláudio, para tomar da pura. Segundo a crônica do Dindi, Tancredo Neves era um dos mais assíduos na confraria.
Depois da morte de Tancredo, seu Múcio parou de fabricar a “960” e praticamente fechou o alambique.
Em 2002, um dos filhos de Múcio, homem que herdou do tio o nome, Tancredo, decidiu retomar a produção da cachaça, mas mudou o nome da bebida.
A cachaça passou a se chamar Mingote, homenagem ao bisavô Domingos da Silva Guimarães, o seu Mingote, que em 1823 comprou terra na região, para produzir rapadura, açúcar mascavo e cachaça, e dar início a uma prole numerosa, da qual descendem dona Risoleta, o neto dela, Aécio Neves, seu Múcio e o filho dele Tancredo Tolentino, também conhecido como Quedo.
A exemplo da “960”, a Mingote também fez fama, principalmente depois que a revista Época publicou, em maio de 2007, “os brasileiros famosos, bem-sucedidos em seus respectivos ramos profissionais, que têm como atividade paralela a produção de cachaça”, e citava Aécio Neves.
Segundo a reportagem, o então governador de Minas era o fabricante da Mingote, descrita como uma cachaça envelhecida durante dois anos em tonel de amburana, no município de Cláudio.
VEJA TAMBÉM: Cidade de Cláudio silencia sobre aeroporto de Aécio Neves
A julgar como verídica a informação de Época, Aécio era sócio do primo Tancredo Tolentino, o Quedo.
Esse era um tempo em que Aécio era apresentado como o autor do “choque de gestão”, e Tancredo Tolentino era um comerciante de Cláudio.
Cinco anos depois, em 2012, o repórter Valmir Salaro, do Fantástico, foi a Cláudio para fazer uma reportagem sobre um esquema de venda de habeas corpus para libertar traficantes.
O repórter contou que, em julho de 2010, numa cidade vizinha, Marilândia, a polícia apreendeu 60 quilos de pasta base de cocaína, parte deles encontrada numa camionete.
A polícia prendeu o motorista Jesus Jerônimo da Silva, e outro traficante, Brás Correia de Souza.
Eles permaneceram alguns meses presos no município de Divinópolis, na mesma região, e foram libertados por decisão do desembargador Hélcio Valentim de Andrade Filho.
Valmir Salaro foi até a cachaçaria Mingote e gravou uma passagem em frente à sede da empresa, em que revelou que a sentença para libertar os traficantes foi negociada ali dentro, entre o desembargador Valentim e Tancredo Tolentino, o Quedo.
A reportagem do Fantástico tem mais de 11 minutos e, em nenhum momento, o nome de Aécio Neves foi citado – nem para dizer que Tancredo Tolentino é primo dele ou para lembrar que a Mingote apareceu na Época como a cachaça fabricada pelo bem sucedido Aécio.
Não era difícil fazer essa associação. Bastava entrar no site da Mingote e clicar em “notícias”. A página abre com uma foto de Aécio e um link para a reportagem da revista Época, em que o ex-governador é apresentado como o fabricante da cachaça.
Hélcio Valentim foi nomeado por Aécio Neves quando governador.
Valentim se formou em direito no ano de 1988 pela Universidade Federal de Minas Gerais. Advogou até 1990, quando entrou no Ministério Público. Em 1996, se tornou procurador e, em 2005, integrou a lista tríplice de indicados para compor o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, na cota do Ministério Público, o chamado quinto constitucional.
A prerrogativa de nomeação para o Tribunal pertence ao governador e o costume é escolher o primeiro da lista. Mas, nessa nomeação, em março de 2005, Aécio nomeou o segundo, Valentim.
Além de nomear o desembargador que, mais tarde, negociaria com o primo a libertação de traficantes, Aécio é autor de outra medida que beneficia Tancredo Tolentino.
SAIBA MAIS: Dono de helicóptero do pó ganhou 3 contratos sem licitação de Aécio Neves
A fazenda do pai dele tinha uma pista de terra para pousos e decolagens de avião, obra que o avô de Aécio, Tancredo, havia mandado fazer quando era governador – fazenda em que ele tomava cachaça, como revelou o cronista e poeta Dindi.
Quando chegou sua vez de governar Minas, Aécio mandou pavimentar a obra, ao custo de quase 14 milhões de reais. O outro Tancredo da família, o primo de Aécio (e sócio na Mingote?), é quem toca as coisas por lá, e tem as chaves do aeroporto, até hoje sem homologação da ANAC e, portanto, proibido para o público em geral.
Essas conexões do município de Cláudio acabaram despertando a desconfiança de que a pista pavimentada serviu para pouso de reabastecimento do helicóptero do senador Zezé Perrella, quando trazia 445 quilos de pasta base de cocaína do Paraguai, em novembro do ano passado.
Afinal, Perrella é amigo de Aécio, e Aécio é primo do Tancredo Tolentino, o homem que tem a chave do aeroporto e foi flagrado negociando a libertação de traficantes, num caso em que a semelhança com a apreensão de cocaína no Espírito Santo é espantosa.
Procurei os dois pilotos do helicóptero. Um deles, que eu entrevistei há dois meses e meio, mandou dizer que não fala mais comigo. O outro, o piloto Rogério Almeida Antunes, ex-funcionário de Perrella, disse, por intermédio de seu advogado, que “não, não pousou lá”. Passou perto, mas não parou na pista.
Fonte: Pragmatismo Político
"Aécio, Dilma e Campos são iguais", disse Marina ainda em 2013.
Marina Silva se filiou ao PSB e deverá ser candidata a vice em chapa encabeçada por Eduardo Campos. Mas a ex-verde, em entrevista realizada este ano, colocou o seu mais novo aliado no mesmo barco de Dilma e Aécio.
Marina Silva não conseguiu viabilizar a criação do partido Rede Sustentabilidade. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegou insuficiência de assinaturas e negou, por seis votos a um, o registro ao REDE.
Correndo contra o tempo para decidir o seu futuro político, Marina anunciou no último sábado filiação ao PSB de Eduardo Campos, atual governador de Pernambuco e possível candidato da legenda à Presidência da República.
A ex-senadora já chegou a afirmar que a necessidade do surgimento do REDE se dava em razão de não haver, no sistema político-partidário brasileiro atual, nenhuma agremiação política decente. Não por acaso sua filiação ao partido de Campos tenha surpreendido a todos.
Em entrevista realizada em março de 2013 pelo jornal O Estado de S.Paulo, Marina nivelou por baixo todos os principais presidenciáveis. “Dilma, Aécio e Campos estão no mesmo diapasão”, afirmou.
A decisão pelo ingresso no PSB tem gerado polêmica entre os próprios partidários e fundadores do REDE e, certamente, ainda provocará confusão na cabeça do “eleitor apolítico e apartidário”, perfil simpático à Marina, que não aceitará facilmente tamanha discrepância entre teoria e prática.
Confira trechos da entrevista de Marina ao Estadão:
Estamos em março de 2013, mas em plena campanha por 2014. Por quê?
Esse era o momento do intervalo para os partidos, em debate com a sociedade. A gente pode fazer a competição pelo caminho de cima, partir do patamar do ganho da estabilidade econômica, que foi a contribuição do Fernando Henrique. Partir da contribuição do Lula, que foram os ganhos sociais, a estabilidade econômica com distribuição de renda. E criar a agenda estratégica a partir desses ganhos. Algumas pessoas ficam torcendo para que tenha mais desgraça, porque aí cada um vai ser o salvador da pátria. Eu não parto desse princípio. A gente tem uma referência ao Lula, ao Fernando Henrique, mas sinceramente ainda não tenho uma referência ao governo Dilma. Qual é o “delta mais” do governo da presidente Dilma?
O que acha do governo Dilma?
Do ponto de vista negativo é a inflação, sem dúvida. Há uma política de quase extrapolar os limites da meta de inflação e essa flexibilidade toda de manejar a política fiscal. Mas qual é o “delta mais” dessa agenda? Neste momento, é legítimo que a sociedade cobre: qual é mesmo o referencial do atual governo? Obviamente que ainda tem dois anos para dizê-lo, mas a antecipação da eleição leva para uma agenda do imediatismo que não nos dá o tempo para colocar termos de referência claros. Qual a diferença se for Aécio Neves, Eduardo Campos ou a Dilma? Tem diferença em relação ao modelo de desenvolvimento? Me parece que até agora todos estão no mesmo diapasão.
Aécio Neves, Eduardo Campos e Dilma se aproximam de sindicatos. E a Rede?
Prefiro pensar os sindicatos como categoria social, não como votos. Está havendo uma mudança nas forças que mobilizam o ato de fazer política. Estamos saindo do ativismo dirigido pelos partidos, sindicatos, ONGs, academia e pelas corporações, para um ativismo autoral, onde os ativistas não são dirigidos por ninguém, são os protagonistas. A prova desse ativismo autoral é que mais de 1,5 milhão de pessoas assinaram petição dizendo que não querem Renan Calheiros.
Fonte: Pragmatismo Político