Não, não era pra "todo mundo ser igual e viver igualmente bem".
Tenho estudado a China com afinco nos últimos tempos. Em função do crescimento das relações sino-brasileiras, temos vários pesquisadores com excelentes contribuições para entender melhor o panorama chinês e todos passam longe do argumento do "é uma ditadura capitalista, socialismo só no nome", então cabe maior cuidado ao tecer esse tipo de análise. Os standards trabalhistas e a massa salarial tem subido, temos participação de dirigentes do PCCh nestas empresas de alcance mundial, o capital não tem histórico de insurgência contra a direção dos trabalhadores, é um país que enfrentou longos séculos de exploração e colonização que se coloca em um patamar de potência mundial CONTRA a centralidade do capital, etc... É, no mínimo, um fenômeno complexo.
Quanto a Cuba, bom, o povo cubano vive há décadas sob um embargo criminoso. É uma ilha pobre de recursos e que, ainda assim, consegue manter padrões de educação, saúde e segurança.
Felizmente tive a oportunidade de conhecer o país e a família de uma médica cubana que trabalhou com minha mãe e eles são muito orgulhosos deste tipo de programa por sua vocação internacionalista. Tem pobreza a olhos vistos, tão dolorosa quanto a que vejo em Porto Alegre quando vejo uma população crescente de moradores de rua.
O mundo não é preto no branco. O capitalismo está ferrado em si mesmo, a ganância e a corrupção são intrínsecos a um sistema baseado na exploração. O capitalismo nos legou um avanço sem proporções nas estruturas e no modo de produção mas, ao mesmo tempo, nos brindou com mimos como colonialismo, escravidão e imperialismo. É um sistema eivado de contradições insuperáveis e é aí que entra o materialismo histórico-dialético (ou marxismo) como método científico para, primeiro, apreender a realidade (e daí as experiências socialistas, com seus erros e acertos, sempre no plano do real e nunca no ideal) e, em seguida, a partir do trabalho e da realização humana, diante dos problemas que nosso momento histórico demanda, buscar um modo de superar a exploração desenfreada do homem e do planeta.