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“O animal é tão ou mais sábio do que o homem: conhece a medida da sua necessidade, enquanto o homem a ignora.” (...) “Na realidade, não conhecemos nada, pois a verdade está no íntimo.” [Demócrito]

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"A Complexidade de Respirar", Raymond Douillet.



“Não há coisa alguma que persista em todo o universo. Tudo flui, e tudo só apresenta uma imagem passageira. O próprio tempo passa como um movimento contínuo, como um rio...

O que foi antes já não é, o que não tinha sido é, e a todo instante traz algo novo. Vês a noite, próxima do fim, caminhar para o dia, e a claridade do dia suceder a escuridão da noite... Não vês as estações do ano se sucederem, imitando as idades de nossa vida? Com efeito, a primavera, quando surge, é semelhante à criança nova... A planta nova, pouco vigorosa, rebenta em brotos e enche de esperança o agricultor. Tudo floresce. O fértil campo resplandece com o colorido das flores, mas ainda falta vigor às folhas. Entra, então, a quadra mais forte e vigorosa, o verão: é a robusta mocidade, fecunda e ardente. Chega, por sua vez, o outono: passou o fervor da mocidade, é a quadra da maturidade, o meio-termo entre o jovem e o velho; as têmporas embranquecem. Vem, depois, o tristonho inverno: é o velho trôpego, cujos cabelos ou caíram como as folhas das árvores, ou, os que restaram, estão brancos como a neve do caminho.

Também nossos corpos mudam sempre e sem descanso... E também a natureza não descansa e, renovadora, encontra outras formas nas formas das coisas. Nada morre no vasto mundo, mas tudo assume aspectos novos e variados... Todos os seres têm sua origem noutros seres. Existe uma ave a que os fenícios dão o nome de Fênix. Não se alimenta de grãos ou ervas, mas das lágrimas do incenso e do suco da amônia. Quando completa cinco séculos de vida, constrói um ninho no alto de uma grande palmeira, feito de folhas de canela, do aromático nardo e da mirra avermelhada. Ali se acomoda e termina a vida entre perfumes. De suas cinzas, renasce uma pequena Fênix, que viverá outros cinco séculos... Assim também é a natureza e tudo o que nela existe e persiste.”
["As Metamorfoses", Ovídio]

“Se tens um coração de ferro, bom proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia.” (...) “Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo.” (...) “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.” (...)

“Não sabes nada do mundo. Não entendes de política, nem de economia, nem de literatura, nem de filosofia, nem de religião. Herdaste umas centenas de palavras práticas, um vocabulário elementar. Com isto viveste e vais vivendo. És sensível às catástrofes e também aos casos de rua, aos casamentos de donzelas e ao roubo dos coelhos da vizinha. Tens grandes ódios por motivos de que já perdeste lembrança, grandes dedicações que assentam em coisa nenhuma. Vives. Para ti, a palavra terrorista é apenas um som bárbaro que não condiz com o teu círculo de légua e meia de raio. Da fome sabes alguma coisa: já viste uma bandeira negra içada na torre da igreja. (Contaste-mo tu, ou terei sonhado que o contavas?) Transportas contigo o teu pequeno casulo de interesses. E, no entanto, tens os olhos claros e és alegre. O teu riso é como um foguete de cores. Como tu, não vi rir ninguém. Estou diante de ti, e não entendo. Sou da tua carne e do teu sangue, mas não entendo. Vieste a este mundo e não curaste de saber o que é o mundo.

Chegas ao fim da vida, e o mundo ainda é, para ti, o que era quando nasceste: uma interrogação, um mistério inacessível, uma coisa que não faz parte da tua herança: quinhentas palavras, um quintal a que em cinco minutos se dá a volta, uma casa de telha-vã e chão de barro. Aperto a tua mão calosa, passo a minha mão pela tua face enrugada e pelos teus cabelos brancos, partidos pelo peso dos descarregos — e continuo a não entender. Foste bela, dizes, e bem vejo que és inteligente. Por que foi então que te roubaram o mundo? Quem te roubou? Mas disto talvez entenda eu, e te diria como, o porquê e o quando se soubesse escolher das minhas inumeráveis palavras as que tu pudesses compreender. Já não vale a pena. O mundo continuará sem ti — e sem mim. Não teremos dito um ao outro o que mais importava. Não teremos, realmente? Eu não te terei dado, porque as minhas palavras não são as tuas, o mundo que te era devido. Fico com esta culpa de que me não acusas - e isso ainda é pior. Mas porquê, avô, por que te sentas tu na soleira da tua porta, aberta para a noite estrelada e imensa, para o céu de que nada sabes e por onde nunca viajarás, para o silêncio dos campos e das árvores assombradas, e dizes, com a tranquila serenidade dos teus noventa anos e o fogo da tua adolescência nunca perdida: "O mundo é tão bonito, e eu tenho tanta pena de morrer!" É isto que eu não entendo — mas a culpa não é tua. (...)

Talvez o dia chuvoso seja o responsável desta melancolia. Somos uma máquina complicada, em que os fios do presente ativo se enredam na teia do passado morto, e tudo isto se cruza e entrecruza de tal maneira, em laçadas e apertos, que há momentos em que a vida cai toda sobre nós e nos deixa perplexos, confusos, e subitamente amputados do futuro. Cai a chuva, o vento desmancha a compostura árida das árvores desfolhadas — e dos tempos passados vem uma imagem perdida, um homem alto e magro, velho, agora que se aproxima, por um carreiro alagado. Traz um cajado na mão, um capote enlameado e antigo, e por ele escorrem todas as águas do céu. À frente, caminham animais fatigados, de cabeça baixa, rasando o chão com o focinho. Homem e bichos avançam sob a chuva. É uma imagem comum, sem beleza, terrivelmente anônima. Mas o homem que assim se aproxima, vago, entre cordas de chuva que parecem diluir o que na memória não se perdeu, é meu avô. Vem cansado, o velho. Arrasta consigo setenta anos de vida difícil, de desconforto, de ignorância. E, contudo, é um homem sábio, calado e metido consigo, que só abre a boca para dizer palavras importantes, aquelas que importam. Fala tão pouco (são poucas as palavras realmente importantes) que todos nos calamos para o ouvir quando no rosto se lhe acende qualquer coisa como uma luz de aviso. Fora isso, tem um modo de estar sentado, olhando para longe, mesmo que esse longe seja apenas a parede mais próxima, que chega a ser intimidade. Não sei que diálogo mudo o mantém alheado de nós. O seu rosto é talhado a enxó, fixo mas expressivo, e os olhos, pequenos e agudos, têm de vez em quando um brilho claro como se nesse momento alguma coisa tivesse sido definitivamente compreendida. Parece uma esfinge, direi eu mais tarde, quando as leituras eruditas me ajudarem nestas comparações tão abonatórias de uma fácil cultura. Hoje digo que parecia um homem. E era um homem. Um homem igual a muitos desta terra, deste mundo, um homem sem oportunidades, talvez um Einstein perdido sob uma camada espessa de impossíveis, um filósofo (quem sabe?), um grande escritor analfabeto. Alguma coisa seria, que não pôde ser nunca. Recordo agora aquela noite morna de verão, que dormimos, nós dois, debaixo da figueira — ouço-o ainda falar da vida que tivera, da Estrada de Santiago que sobre as nossas cabeças resplandecia (as coisas que ele sabia do céu e das estrelas), do gado que o conhecia, das histórias e lendas que eram o seu cabedal da infância remota. Adormecemos tarde, enrolados na manta lobeira, que a madrugada refrescaria com certeza e o orvalho não caía só sobre as plantas. Mas a imagem que me não larga é a do velho que caminha sob a chuva, obstinado e silencioso, como quem cumpre um destino que nada pode modificar. A não ser a morte. Mas, nesta altura, este velho, que é meu avô, ainda não sabe como vai morrer. Ainda não sabe que poucos dias antes do seu último dia vai ter a premonição (...) de que o fim chegou, e irá, de árvore em árvore do seu quintal, abraçar os troncos, despedir-se deles, dos frutos que não voltará a comer, das sombras amigas. Porque terá chegado a grande sombra, enquanto a memória o não fizer ressurgir no caminho alagado ou sob o côncavo do céu e a interrogação das estrelas. Só isto — e também o gesto que de repente me põe de pé e a urgência da ordem que enche o quarto aquecido onde escrevo.”
["Deste Mundo e do(s) Outro(s)", José Saramago]

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“Olhem de novo para o ponto. É ali. É a nossa casa. Somos nós. Nesse ponto, todos aqueles que amamos, que conhecemos, de quem já ouvimos falar, todos os seres humanos que já existiram, vivem ou viveram as suas vidas. Toda a nossa mistura de alegria e sofrimento, todas as inúmeras religiões, ideologias e doutrinas econômicas, todos os caçadores e saqueadores, heróis e covardes, criadores e destruidores de civilizações, reis e camponeses, jovens casais apaixonados, pais e mães, todas as crianças, todos os inventores e exploradores, professores de moral, políticos corruptos, “superastros”, “lideres supremos”, todos os santos e pecadores da historia da nossa espécie, ali – num grão de poeira suspenso num raio de sol.

A Terra é um palco muito pequeno em uma imensa arena cósmica. Pensem nos rios de sangue derramados por todos os generais e imperadores para que, na glória do triunfo, pudessem ser os senhores momentâneos de uma fração desse ponto.

Pensem nas crueldades infinitas cometidas pelos habitantes de um canto desse pixel contra os habitantes mal distinguíveis de algum outro canto, em seus frequentes conflitos, em sua ânsia de recíproca destruição, em seus ódios ardentes. Nossas atitudes, nossa pretensa importância, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no Universo, tudo é posto em dúvida por esse ponto de luz pálida.

O nosso planeta é um pontinho solitário na grande escuridão cósmica circundante. Em nossa obscuridade, em meio a toda essa imensidão, não há nenhum indício de que, de algum outro mundo, virá socorro que nos salve de nós mesmos.

A Terra é, até agora, o único mundo conhecido que abriga a vida. Não há nenhum outro lugar, ao menos no futuro próximo, para onde nossa espécie possa migrar. Visitar, sim. Goste-se ou não, no momento a Terra é o nosso posto. Tem-se dito que a astronomia é uma experiência que forma o caráter e ensina humildade.

Talvez não exista melhor comprovação da loucura das vaidades humanas do que esta distante imagem de nosso mundo minúsculo. Para min, ela sublinha a responsabilidade de nos relacionarmos mais bondosamente uns com os outros e de preservarmos e amarmos o pálido ponto azul, o único lar que conhecemos.”
[Carl Sagan]
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“Lembre-se de olhar para as estrelas e não para baixo e para seus pés. Tente achar sentido no que você vê e se pergunte sobre o que faz Universo existir (apenas esse - mais um entre outros). Seja curioso. E por mais difícil que a vida possa parecer, existe sempre alguma coisa que você pode fazer e se bem sucedido. O que importa é não desistir.” [Stephen Hawking]
 
Vamos supor que sim, exista vida eterna. Isso traz uma enorme qtde de problemas.

De acordo com a crença cristã, alguns irão para o paraíso e outros não. Você certamente ama sua esposa, sua mãe, seu pai, seus filhos. Digamos que vc teve uma vida digna de ir para o paraíso, mas um de seus entes queridos não. Como é que vc vai ser feliz eternamente sabendo que esse ente querido está no inferno ou sei lá onde?

Esse é só um dos problemas.
Por isso que existe reencarnação meu caro. Afinal Deus não seria justo se te julgasse eternamente por 30 ou menos anos. O universo tem pelo menos 13 bilhões de anos segundo nossos cientistas, imagina passar mais 13 bilhões de anos queimando no inferno por besteiras que vc fez em tão pouco tempo e com condições tão diferenciadas para cada um. Se até para os homens existe o princípio da proporcionalidade da pena, imagina para Deus?
Isso não impede que existam regiões bem ruins para quem agiu mal em sua vida. Porém nenhum mal é eterno e na medida do possível quando com mérito, os parentes podem e ajudam seus familiares em regiões "trevosas", ou para sair delas ou preparando para estarem aptos a receber ajuda.
A maioria das religiões acredita em reencarnação até por grandes evidências, memórias de vidas anteriores, mediunidade que sempre existiu e foi confundida com magia, etc. A própria religião católica também acreditava nos primórdios mas no tal Concílio de Trento resolveram unificar algumas subdivisões e optaram por difundir o conceito do inferno eterno como forma de através do medo obter recursos financeiros. Depois viram que segundo suas próprias leis e costumes medievais a maioria iria pro inferno mesmo e então começaram a vender indulgências (perdão de pecados) e criaram o purgatório (que poderia ser alcançado também com ajuda financeira dos familiares, curioso não?).


EDIT: Andei lendo muito sobre esse tópico e observei que existe um pessoal "materialista até a alma", trocadilho de péssimo gosto. Não vou citar nem responder especificamente para não parecer provocação mas acho e isso é só achismo mesmo sem fonte, que todas as opiniões devem ser respeitadas. Pode-se questionar e dialogar mas jamais desrespeitar a fé alheia, assim como não se deve desrespeitar a falta de fé de quem não a tem.
Ademais não existe religião perfeita ou completa, até pq o supremo Deus trouxe vários de seus "embaixadores" no nosso mundo em diversas épocas: Buda, Cristo, Meishu Sama no Japão, Kardek na França, Gandhi na Índia e outros que a seu modo pregavam o amor. Cada um trouxe um pouco do que deve ser a religião universal, cada qual com conhecimentos específicos e apropriados ao povo da região e época.
Eu mesmo estudei bastante da escola Kardecista, porém por motivos de mediunidade e por problemas pessoais acabei sendo ajudado na Umbanda, local o qual eu até tinha preconceito. Porém pra lutar contra certos adversários digamos, um pouquinho mais fortes, como o processo obsessivo que eu passei, necessitava de medidas mais enérgicas. Ficar esperando que os meus colegas kardecistas catequizassem os espíritos trevosos que me obsediavam ainda estaria sendo obsediado, a mediunidade é uma porta de mão dupla, quando se abre a passagem vc fica vulnerável. Nisso os kardecistas pecam bastante pois acreditam apenas no poder do bem e o mal embora mais fraco deve ser respeitado também, se fosse tão fraco assim o mundo não estava como está. Doutrinar espíritos que estão imersos em ódios seculares é o mesmo que tentar levar o Fernandinho Beira-mar a se tornar bonzinho com conversa, não rola. Ainda bem que existem "policiais" do outro lado, bem mais justos e preparados que os nossos do mundo material mas com direito outorgado por superiores a cometer o uso de alguma força repressora quando necessário.
No fundo foi bom para eu aprender a lição da humildade e da procura da diversidade, hoje leio de tudo e filtro o que acho correto ou o que especificamente me atrai.
É o recado que deixo para todos sobre religião, leiam bastante, procurem fontes diversas, não se prendam a uma única opinião.
 
Última edição:
Aqui vai a reposta pra todos: Alguns milhares de anos atrás "existiam" o Deus do sol, Deus da chuva, Deus do mar e de qualquer outra coisa que o ser humano não conseguia explicar. Hoje em dia já sabemos que o deus da chuva nada mais é do que a evaporação, movimento e condensação da água. E todos os outros deuses já foram explicados e justificados. Só falta um. É uma questão de tempo até entendermos e conseguirmos comprovar cientificamente o único "deus" que falta, o "deus da criação". Até lá o meu palpite continua o mesmo, estamos aqui por um mero acaso. Uma bactéria mordeu outra que não devia e teve filhos esquisitos e alguns milhões de anos depois, aqui estamos nós! Jajá a gente está bem esquisito e diferente do que somos agora, igual cachorro quando cruza com um de outra raça e vira praticamente um bixo novo. Então, sem frescura e sem estrelismo, somos um acidente! Um abraço.
 
Por isso que existe reencarnação meu caro...
Algo não existe só porque pessoas querem ou para que padrões abstratos de justiça façam sentido.

Todas as evidências apontam que no evento da morte com o fim da atividade cerebral a consciência se extingue, qualquer pessoa que alegue algo além disso precisa provar, sem provas é só uma crença sem fundamento, baseada em anseios e não em fatos.
 
Algo não existe só porque pessoas querem ou para que padrões abstratos de justiça façam sentido.

Todas as evidências apontam que no evento da morte com o fim da atividade cerebral a consciência se extingue, qualquer pessoa que alegue algo além disso precisa provar, sem provas é só uma crença sem fundamento, baseada em anseios e não em fatos.

Mas há "provas" disso aos montes como pessoas, livros, estudos, enfim, acontece que o cético não acredita em nada além da vida material/física, a crença na vida espiritual precisa necessariamente e primeiramente de um "desligar", ainda que momentâneo, da vida diária (trabalho/consumo/stress).

Se vc mostrar um vídeo a um cético, ele dirá que é falso ou que é editado. Se vc disser que vê espíritos, lhe dirão que é maluco e vão te receitar remédios tarja preta e um hospício. Se vc escrever um livro sobre fenômenos paranormais, lhe dirão que vc escreve livros de ficção científica.

Acreditar em algo além da "realidade" do dia a dia, demanda desprendimento, pois uma coisa é o inverso doutra, um evento é físico, outro é imaterial.
 
1- Mas há "provas" disso aos montes como pessoas, livros, estudos, enfim, acontece que o cético não acredita em nada além da vida material/física, a crença na vida espiritual precisa necessariamente e primeiramente de um "desligar", ainda que momentâneo, da vida diária (trabalho/consumo/stress).

2- Se vc mostrar um vídeo a um cético, ele dirá que é falso ou que é editado. Se vc disser que vê espíritos, lhe dirão que é maluco e vão te receitar remédios tarja preta e um hospício. Se vc escrever um livro sobre fenômenos paranormais, lhe dirão que vc escreve livros de ficção científica.

3- Acreditar em algo além da "realidade" do dia a dia, demanda desprendimento, pois uma coisa é o inverso doutra, um evento é físico, outro é imaterial.
1- Vejamos...

Relatos de pessoas devem ser considerados como provas? Nesse caso recebemos visitas de aliens pelo menos uma vez por mês, ressuscitamos, reencarnamos e transmigramos ao mesmo tempo (variando de acordo com a crença da região), e santas tem costumes estranhos como fazer estátuas chorarem sangue ou se materializarem em janelas usando detergente.

Livros devem ser considerados como prova? Papel aceita tudo, se livros servirem de prova minha dificuldade seria imaginar o que não seria real...

Estudos podem ser forjados para atenderem uma determinada demanda, por isso o método científico se tornou tão importante, ele filtra o máximo possível a realidade do fator humano.

A realidade não "desliga", ela continua funcionando 100% do tempo querendo ou não, o que você chama de "desligar ainda que momentâneo" é o que os céticos chamam com toda a propriedade de se auto-iludir.

2- E eles estão certos ao fazer isso já que dispomos de muito mais casos de fraude e doença do que de comprovações da existência dos alegados fenômenos sobrenaturais.

3- Quando eu puder voar simplesmente escolhendo me "desprender" da gravidade eu penso sobre isso, até lá a realidade não tira férias.
 
Algo não existe só porque pessoas querem ou para que padrões abstratos de justiça façam sentido.

Todas as evidências apontam que no evento da morte com o fim da atividade cerebral a consciência se extingue, qualquer pessoa que alegue algo além disso precisa provar, sem provas é só uma crença sem fundamento, baseada em anseios e não em fatos.

Provas? Centenas de casos de psicografias com informações que jamais seriam descobertas se não houvesse relato do morto. No Brasil houve até o caso clássico de inocência de um réu por confissão do próprio morto de que não foi assassinado e sim morreu de acidente. Outros milhares de casos de eventos de "pós-morte" onde o hospitalizado em coma descreve coisas que aconteceram perto ou longe do seu "corpo". Outros tantos casos de terapia da regressão notificados e até verificados, onde a pessoa dá nomes e datas de suas encarnações anteriores, como a pessoa adivinharia algo em outros países em outras épocas distantes sobre pessoas desconhecidas do grande público?
Só não vê quem não quer. O status quo de forma geral é materialista pois quer que a maioria continue acreditando que não há nada depois da vida, assim continua alimentando o consumismo desenfreado. Por sua vez, os ricos sempre recorreram a adivinhações, "magia", etc... Vide maçonaria e outras seitas.
No fundo é melhor que seja assim mesmo, quem se interessar pesquisa e acha, no Brasil em especial é muito fácil de verificar, basta ir em um centro sério, seja kardecista ou umbandista e conversar com uma entidade incorporada, elas lêem seu pensamento e te respondem antes de vc perguntar a maioria das coisas... Mas procure em um lugar cujo objetivo seja caridade, não em locais "dinheiristas" do tipo "trago seu amor em 3 dias". Até porque se o médium não for picareta certamente é um local de baixo astral, já que entidades de luz não tem interesse nenhum em dinheiro terrestre. Do outro lado a moeda é outra, rsrs E entidades trevosas por sua vez trocam favores com esses médiuns.
 
Última edição:
Se vc mostrar um vídeo a um cético, ele dirá que é falso ou que é editado. Se vc disser que vê espíritos, lhe dirão que é maluco e vão te receitar remédios tarja preta e um hospício. Se vc escrever um livro sobre fenômenos paranormais, lhe dirão que vc escreve livros de ficção científica.

Existe uma nuance muito importante que geralmente é o que faz com que as pessoas não enxerguem porque o ceticismo deveria ser a posição inicial sempre que aparece algo de novo e extraordinário. O que você escreveu é o comportamento de um negacionista - ninguém diz, por exemplo, que negadores do Holocausto são céticos. Ninguém diz que os anti-vacinas são céticos; simplesmente negar não faz de ninguém um cético automaticamente. Permita-me reescrever sua frase para tentar deixar mais claro o que realmente é a posição cética esperada:

"Se você mostrar um vídeo com cenas extraordinárias, ele dirá que existem explicações mais mundanas e razoáveis, e que o simples fato de algo parecer sobrenatural, não deveria resultar em assumir que tal coisa fosse, necessariamente, sobrenatural. Se você disser que vê espíritos, lhe dirão que é impossível analisar a sua afirmação, e dado que há outras possibilidades para explicar os espíritos que você diz ver (lembre-se sempre que alguém sempre pode mentir; alucinação é apenas uma das outras respostas perfeitamente possíveis), esperar que alguém simplesmente acate a sua versão de coisas que talvez aconteceram, é perfeitamente normal, e é fácil perceber que mudando um pouco o cenário, todo mundo concordaria que simplesmente acreditar porque a compreensão de alguém sobre algo que não pode ser verificado é absurdo (para aqueles que não perceberam isso ainda, ou acham que eu estou errado, Deus apareceu e falou comigo ontem e disse que você deveria dar todo o seu dinheiro para mim... você acredita?). Se você escrever um livro sobre fenômenos paranormais, você pode muito bem estar imaginando, mentindo ou simplesmente enganado - tomar uma posição diferente com relação a livros sobre assuntos extraordinários sem qualquer tipo de verificação resulta em coisas como Jedismo e Cientologia, ambas religiões que existem e surgiram de obras de ficção.

Acreditar em algo além da "realidade" do dia a dia, demanda desprendimento, pois uma coisa é o inverso doutra, um evento é físico, outro é imaterial.
Eu duvido que alguém duvide disso; o que se questiona é até que ponto deve-se "despreender" - imaginar uma pós-vida para encontrar conforto na morte de um ente querido não tem problema nenhum; achar que fósseis foram enterrados pelo demônio para confundir o homem e fazê-lo cair em pecado, é um pouco de despreendimento demais, não? Eu diria que a grande maioria das discussões que acontecem aqui no tópico, por exemplo, são sobre fatos verificados e estudados que são ignorados porque as pessoas preferem "se despreender" e ignorar o conhecimento verificado por algo totalmente sem sentido - como a Teoria da Evolução.

Provas? Centenas de casos de psicografias com informações que jamais seriam descobertas se não houvesse relato do morto. No Brasil houve até o caso clássico de inocência de um réu por confissão do próprio morto de que não foi assassinado e sim morreu de acidente. Outros milhares de casos de eventos de "pós-morte" onde o hospitalizado em coma descreve coisas que aconteceram perto ou longe do seu "corpo". Outros tantos casos de terapia da regressão notificados e até verificados, onde a pessoa dá nomes e datas de suas encarnações anteriores, como a pessoa adivinharia algo em outros países em outras épocas distantes sobre pessoas desconhecidas do grande público?
Isso se chama "desvio de confirmação". Você está considerando apenas os casos que deram certo, mas ignora todos os casos que deram errado (como o caso da médium falando que estava falando "com a alma" de alguém sequestrado, que estava vivo), o caso Houdini, o caso Peter Poppof etc. Perceba que as pessoas garantiriam que Peter Popoff realmente falava com Deus, que sabia coisas que mais ninguém sabia, até ser provado que tudo foi forjado. O que pessoas céticas, como eu, pedem é uma explicação, que consiga verificar quem realmente tem poderes, e quem está fingindo, porque, até hoje, os casos são indistingüíveis até que seja provado ser uma mentira.

Só não vê quem não quer. O status quo de forma geral é materialista pois quer que a maioria continue acreditando que não há nada depois da vida, assim continua alimentando o consumismo desenfreado. Por sua vez, os ricos sempre recorreram a adivinhações, "magia", etc... Vide maçonaria e outras seitas.
Sinto muito, mas achar que o status quo tenha uma "vontade", que não acreditar em vida após a morte leva ao consumismo desenfreado, e achar que ricos recorrem à magia porque alguns deles são maçons, mostra que você não pensou muito sobre o assunto, ou que não sabe do que está falando...

No fundo é melhor que seja assim mesmo, quem se interessar pesquisa e acha, (...)
Você realmente acha que seja melhor que as pessoas "desgarradas" continue na ignorância e siga um caminho que provavelmente levaria à danação eterna? Neste caso, qual seria o destino dessa pessoa? A danação pelos seus atos na ignorância ou o gozo eterno pois afinal "os céus pertencem aos pobres de espírito"?
 
Existe uma nuance muito importante que geralmente é o que faz com que as pessoas não enxerguem porque o ceticismo deveria ser a posição inicial sempre que aparece algo de novo e extraordinário. O que você escreveu é o comportamento de um negacionista - ninguém diz, por exemplo, que negadores do Holocausto são céticos. Ninguém diz que os anti-vacinas são céticos; simplesmente negar não faz de ninguém um cético automaticamente. Permita-me reescrever sua frase para tentar deixar mais claro o que realmente é a posição cética esperada:

"Se você mostrar um vídeo com cenas extraordinárias, ele dirá que existem explicações mais mundanas e razoáveis, e que o simples fato de algo parecer sobrenatural, não deveria resultar em assumir que tal coisa fosse, necessariamente, sobrenatural. Se você disser que vê espíritos, lhe dirão que é impossível analisar a sua afirmação, e dado que há outras possibilidades para explicar os espíritos que você diz ver (lembre-se sempre que alguém sempre pode mentir; alucinação é apenas uma das outras respostas perfeitamente possíveis), esperar que alguém simplesmente acate a sua versão de coisas que talvez aconteceram, é perfeitamente normal, e é fácil perceber que mudando um pouco o cenário, todo mundo concordaria que simplesmente acreditar porque a compreensão de alguém sobre algo que não pode ser verificado é absurdo (para aqueles que não perceberam isso ainda, ou acham que eu estou errado, Deus apareceu e falou comigo ontem e disse que você deveria dar todo o seu dinheiro para mim... você acredita?). Se você escrever um livro sobre fenômenos paranormais, você pode muito bem estar imaginando, mentindo ou simplesmente enganado - tomar uma posição diferente com relação a livros sobre assuntos extraordinários sem qualquer tipo de verificação resulta em coisas como Jedismo e Cientologia, ambas religiões que existem e surgiram de obras de ficção.


Eu duvido que alguém duvide disso; o que se questiona é até que ponto deve-se "despreender" - imaginar uma pós-vida para encontrar conforto na morte de um ente querido não tem problema nenhum; achar que fósseis foram enterrados pelo demônio para confundir o homem e fazê-lo cair em pecado, é um pouco de despreendimento demais, não? Eu diria que a grande maioria das discussões que acontecem aqui no tópico, por exemplo, são sobre fatos verificados e estudados que são ignorados porque as pessoas preferem "se despreender" e ignorar o conhecimento verificado por algo totalmente sem sentido - como a Teoria da Evolução.


Isso se chama "desvio de confirmação". Você está considerando apenas os casos que deram certo, mas ignora todos os casos que deram errado (como o caso da médium falando que estava falando "com a alma" de alguém sequestrado, que estava vivo), o caso Houdini, o caso Peter Poppof etc. Perceba que as pessoas garantiriam que Peter Popoff realmente falava com Deus, que sabia coisas que mais ninguém sabia, até ser provado que tudo foi forjado. O que pessoas céticas, como eu, pedem é uma explicação, que consiga verificar quem realmente tem poderes, e quem está fingindo, porque, até hoje, os casos são indistingüíveis até que seja provado ser uma mentira.


Sinto muito, mas achar que o status quo tenha uma "vontade", que não acreditar em vida após a morte leva ao consumismo desenfreado, e achar que ricos recorrem à magia porque alguns deles são maçons, mostra que você não pensou muito sobre o assunto, ou que não sabe do que está falando...


Você realmente acha que seja melhor que as pessoas "desgarradas" continue na ignorância e siga um caminho que provavelmente levaria à danação eterna? Neste caso, qual seria o destino dessa pessoa? A danação pelos seus atos na ignorância ou o gozo eterno pois afinal "os céus pertencem aos pobres de espírito"?

Se vc ler meu post acima verá que não existe danação eterna. Vc pode até não acreditar em Deus mas ele acredita em vc e não o criaria pra sofrer eternamente, isso é inconsistente com a lógica de um Deus bom.
Assim como os maus espíritos também existem, e em grande quantidade vide a distribuição do bem/mal no mundo dos vivos; estes por sua vez também existem e acreditam em vc, mas diferente de Deus não querem o seu bem, por experiência própria te sugiro a não menosprezá-los. Não há mal nenhum em ser ateu, vc terá apenas uma surpresa boa quando desencarnar se vc for um ateu responsável, não for daqueles que vivem uma vida desregrada e egoísta por achar que não terão punição, senão a surpresa será outra, provavelmente ficará vagando na terra como muitos agarrados ao seu antigo corpo, "suas riquezas", "suas mulheres", etc... Caso seja alguém realmente ruim, pagará por isso durante um tempo, proporcional ao seu comportamento, independente da religião que teve.

Bom, agora voltando aos outros argumentos, quando disse que os verdadeiros ricos sempre tiveram algum conhecimento místico é verdade, antigamente não se ía as guerras sem antes passar por adivinhos. Reis e rainhas sempre tiveram seus conselheiros místicos, se isso não tivesse alguma utilidade não seria um costume tão repetido. Por outro lado, era melhor deixar a maioria leiga e se aproveitar de algum conhecimento de forças externas, era uma "vantagem comparativa" ter um bom oráculo, adivinho no seu reino e usufruir disso só para si e para elite. O problema é que muitas dessas forças externas, se não dizer a maioria, trabalhavam pro lado errado e muitos que se utilizaram delas acabaram pagando contas caras, nesse e no outro plano, muitas vezes venceram guerras, se mantiveram no trono mas pagaram por isso. Como dizia "Tio Bem": grandes poderes, grandes responsabilidades... Também pagaram na devida proporção do seu uso, a justiça divina não cobra juros, pelo contrário dá grandes descontos quando há merecimento e esforço verdadeiro.

O caso de fraudes é aquela coisa, uma maçã podre estraga todo o cesto. Qua há picaretas médiuns, fraudes, etc, não há dúvidas. Inclusive existem espíritos maus que se utilizam destes justamente para fazer com que a maioria não acredite em nada, para eles é o mundo ideal, pessoas sem fé são mais suscetíveis a cometer suicídios por exemplo. Vou até mais longe por experiência própria, existem falanges especializadas em influenciar suicídios, eu mesmo fui atacado por elas em momentos de depressão. É uma estratégia cruel porém eficiente colocar espíritos suicidas perto de pessoas deprimidas e eles o fazem.

Tive um processo depressivo pesado e quando entrava nas sessões de desobssessão esperava encontrar inimigos seculares que me acusassem de tê-los prejudicado, matado, etc... Pelo contrário, encontrei muitas estórias tristes de suicidas que foram colocados perto de mim justamente para me entristecer, se não fosse o conhecimento e a fé provavelmente teria me matado também, hoje até agradeço ter sido um veículo para resgate de tantas almas sofridas. Deus as ajudou através do meu sofrimento, então valeu a pena, reforçou minha fé.

Engraçado que pelo meu nível mediúnico estar desenvolvido, os "bichos" as vezes até conversavam diretamente comigo. Me lembro de um dia que eu fiquei revoltado pois estava vindo de uma sessão de desobsessão "puto da vida" pensando:
"Esses #@#$@%¨$ covardes usam até suicidas pra me prejudicar, que absurdo". Nesse momento veio um pensamento na minha mente: "A gente é do mal cara, vc queria o quê, na guerra vale tudo". Tive que rir com a entidade infeliz, mas depois de alguns segundos mandei um recado pra ele, "Vc tem razão meu amigo, mas tá do lado errado, mesmo jogando sujo vai perder essa batalha." E perdeu pois tô vivo pra contar a estória e continuo fazendo caridade e ajudando as pessoas inclusive com meu testemunho, a depressão passou e me deixou mais forte, hoje não caio tão fácil. Porém aprendi a lição respeito tudo e todos, até o mal, pois apesar de infinitamente inferior ao bem ele tem lá suas forças e os espíritos desencarnados possuem vantagens comparativas, por exemplo: eles sabem seus pontos fracos e te atacam neles. Mas Deus é maior.

Como disse em posts acima, exercitar a mediunidade sem o devido preparo e estudo é perigoso. A porta pro outro lado fica aberta, tanto para espíritos bons como para ruins. Eu cometi alguns erros justamente por achar que era bom demais pra ter algum prejuízo. E achar que podia errar um pouquinho que teria controle, é como o viciado que bebe pouco e acha que vai sempre controlar a quantidade. eu queria ser médium e ao mesmo tempo dar umas escapadas traindo minha esposa, frequentando lugares com vibração mais baixa. Assim fiquei vulnerável, não demorou muito pro "pessoal do outro lado lado" me identificar como um alvo fácil, existem grupos especializados em desviar médiuns promissores, pois não querem que ninguém ajude ninguém, quanto mais tempo o mundo estiver um caos melhor para o mal. Por isso que aconselho as pessoas, estudem, procurem informações, não passem a refutar todas as religiões porque algumas erram explorando financeiramente ou porque pessoas nessas religiões erram também. Estamos em um mundo chamado de provas e expiações, "traduzindo": "nesse bordel não tem freira". A média das pessoas neste planeta é de pessoas que falham demais, possuem seus altos e baixos, o que não significa que também exista muita gente boa e disposta a afazer o bem sem interesse. Em suma, procurem uma religião ou pelo menos não se fechem a possibilidade, na pior das hipóteses vão adquirir alguma experiência, mesmo que seja para ser um ateu mais convicto :)
 
Última edição:
“É verdade, a qualquer momento está pronta a acreditar que toda essa vida não é a excitação de um sentimento, não é uma miragem, não é um engano da imaginação, mas que isto é de fato real, presente, existente!” [Fiódor Dostoiévski]
A CIÊNCIA FINALMENTE CHEGOU AO PONTO DE PODER EXPLICAR A CRIAÇÃO DO UNIVERSO. E DEUS NÃO TEM NADA A VER COM ISSO, AFIRMA O FÍSICO AMERICANO LAWRENCE KRAUSS: "DEUS SE TORNOU REDUNDANTE", por Emerson Borges.
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O ateísmo militante está na moda. Depois do biólogo Richard Dawkins e do físico Stephen Hawking, chegou a vez de o cosmologista americano Lawrence Krauss atacar as crenças na existência de Deus. Krauss, de 57 anos, é mundialmente conhecido por seu trabalho teórico, por livros como A física de Jornada nas Estrelas e por seus programas no Discovery Channel. Em seu novo livro, A universe from nothing (Um universo a partir do nada, ainda inédito no Brasil), ele parte das leis da física para dizer que os mistérios em torno da origem do Universo são uma mistificação. Nesta entrevista, ele diz que a ciência finalmente é capaz de explicar como o Universo surgiu. “Os religiosos afirmam saber que Deus criou o Universo. Isso é preguiça intelectual”, afirma.

O que aprendemos sobre a origem do Universo, graças ao avanço da ciência, tornou obsoleta a crença em Deus?

Lawrence Krauss
- Até o século XVI, a religião detinha o monopólio da explicação dos mistérios da criação. A responsabilidade pela criação de tudo era divina, e ai de quem duvidasse! Aquele monopólio da fé começou a ser solapado a partir da obra de Copérnico (Nicolau Copérnico, astrônomo polonês do século XV) e a de Galileu (Galileu Galilei, astrônomo italiano do século XVI), que substituíram o milagre metafísico pela realidade física. Quando, há 300 anos, Newton (Isaac Newton, físico e matemático inglês do século XVII) explicou que o movimento dos planetas podia ser compreendido por meio de leis físicas bem simples que não requeriam a intromissão dos anjos, tudo mudou. O avanço da física, da química e da biologia nos fez desvendar o funcionamento da matéria e dos fenômenos biológicos. Ao mesmo tempo, esse avanço foi reduzindo o alcance do termo milagre até deixá-lo restrito ao que teria existido antes do big bang, a explosão primordial que criou o Universo há 13,7 bilhões de anos. Agora, o milagre divino perdeu esse último bastião. A cosmologia do século XX chegou ao ponto em que podemos falar sobre a criação e a evolução de todo o Universo, um tema que não é mais do domínio exclusivo da teologia.

Os religiosos sempre disseram que há algumas questões fundamentais para as quais nenhuma teoria científica jamais encontrou respostas. Ainda não é o caso?

Krauss
– Não é nem nunca foi o caso. A religião alegava ter as respostas para as perguntas mais básicas do Universo e da vida antes mesmo de essas perguntas terem sido feitas. A religião também afirma que suas respostas são verdades inquestionáveis. Ora, nós, cientistas, somos movidos pela dúvida. O que move nossa curiosidade é a busca de respostas para os mistérios da natureza. Sabemos que não temos todas as respostas e que as respostas que temos não são verdades definitivas. Que questões ficariam sem resposta? Só o tempo e o esforço concentrado de pesquisa dirão. Por isso, não podemos nos deixar satisfazer com as respostas científicas já reveladas nem descansar sobre os louros conquistados, relegando a busca de novas respostas que tenham o poder de revelar uma visão mais profunda da natureza.

Os religiosos afirmam que a humanidade jamais descobrirá as verdades mais fundamentais, como a origem do Universo e como surgiu a vida.

Krauss
– Jamais saberemos se essas são de fato verdades inatingíveis se não tentarmos elucidá-las. Os religiosos afirmam que conhecem as verdades fundamentais... É inacreditável. Eles afirmam saber que Deus criou o Universo. Isso é preguiça intelectual. A ciência lida muito bem com a existência de mistérios à espera de ser revelados. Sempre haverá perguntas sem resposta e mistérios a descobrir. Os milagres se tornaram obsoletos.

A ciência ensina que o Universo começou com o big bang e que antes dele não havia nada.

Krauss
– A ciência nos ensina que houve um big bang, mas não diz o que havia antes. Em meu livro, explico por que, com base nos conhecimentos de ponta atuais, é plausível imaginar a hipótese de que o Universo tenha surgido a partir do nada. E, a partir do nada, o Universo teria evoluído por meio de processos naturais que levaram à formação de átomos, moléculas, estrelas, planetas, galáxias e vida.

Como o Universo surgiu do nada?

Krauss
– Nosso Universo tem todas as características de um universo criado a partir do nada. Uma das descobertas mais notáveis da física moderna é que o vácuo espacial não é vazio. O vácuo pode ser inteiramente vazio de matéria, mas não de energia. Se pudéssemos observar o vácuo em dimensões infinitamente pequenas e lapsos de tempo infinitamente curtos, muito menores e mais curtos do que a tecnologia atual é capaz de fazer, veríamos que o vácuo é tudo, menos estático, e que nele partículas pipocam a partir do nada e desaparecem instantaneamente. Em determinadas condições, entretanto, essas partículas virtuais não precisariam necessariamente desaparecer. Elas poderiam não só continuar existindo, como se multiplicar, dando origem a um big bang e a um novo universo em expansão. A evidência de que isso pode ter sido realmente o caso da origem de nosso Universo é um feito notável.

Aconteceu apenas uma vez? O pipocar de partículas não poderia ter criado outros universos?

Krauss
– Sim, tudo leva a crer que é o caso, embora não tenhamos como provar. Podemos viver num “multiuniverso”. Nosso Universo pode ser apenas um entre infinitos outros de um “multiuniverso que é eterno e infinito”.

Os religiosos afirmam que Deus é anterior ao Universo e existiria antes do big bang.

Krauss
– O principal problema dessa noção da criação é que ela requer a existência de alguma coisa que anteceda o Universo, de modo a poder criá-lo. É aí que quase sempre entra a noção de Deus, alguma entidade que existiria em separado do espaço, do tempo e da realidade física. Para mim, Deus não passa de uma solução semântica fácil para uma questão tão profunda como a criação. Os religiosos nunca tocam na questão da criação de Deus, pois essa é ainda mais confusa do que a solução religiosa que deram para a criação do Universo. Para os religiosos, Deus simplesmente existe, não importando quantas e quão fortes sejam as evidências que a ciência fornece para indicar a extrema improbabilidade de tal coisa ser verdade.

O Universo se expandirá para sempre? Num futuro remoto, as galáxias desaparecerão, as estrelas evaporarão e o cosmos voltará ao nada? Saber disso não torna a vida sem sentido?

Krauss
– A vida não precisa ter nenhum sentido, a não ser aquele que damos a ela. Por que ficarmos deprimidos? Para mim, essa é uma imagem revigorante. Justamente porque a vida é efêmera, todos nós deveríamos tirar o máximo proveito do breve momento que desfrutamos sob o sol. Deveríamos aproveitar ao máximo o fato de evoluirmos com uma consciência que nos possibilita apreciar a beleza do cosmos, ao mesmo tempo que buscamos melhorar a vida na Terra. Prefiro viver num universo onde a vida é breve e preciosa a noutro onde o sentido da vida nos é ditado por um Saddam Hussein dos céus!

O senhor diz que vivemos num momento especial da história do Universo. Como assim?

Krauss
– O Universo tem 13,7 bilhões de anos. Ele é muito antigo. Quando olhamos o infinito futuro a nossa frente, o Universo ainda é muito jovem. Todas as evidências de que um dia há 13,7 bilhões de anos aconteceu um big bang ainda podem ser vistas por meio de nossos observatórios astronômicos. É o que acontece quando os astrônomos verificam que todas as galáxias estão se afastando cada vez mais rápido umas das outras. Num futuro distante, as galáxias estarão tão longe de nossa Via Láctea que não poderão mais ser observadas. Elas desaparecerão no breu cósmico. Para todos os efeitos, será como se jamais tivessem existido. Uma civilização que viva num planeta da Via Láctea naquele futuro jamais saberá como o Universo surgiu.

Para entender e aceitar a origem do Universo como descrita pela ciência, é preciso ter bom nível cultural e intelectual, pois não se trata de conceitos simples. A religião lida com conceitos que podem ser apreendidos por qualquer criança.

Krauss
– Ninguém precisa ser um especialista em cosmologia para apreciar o panorama do surgimento e da evolução do Universo, da mesma forma como não é preciso ser músico para apreciar a música de Bach (que, aliás, era muito complexa!). Sim, as versões da ciência são mais complicadas que as da religião, mas também são muito mais interessantes. O Universo tem uma imaginação muito maior que a nossa e seus fenômenos que observamos, como a explosão de supernovas ou a criação de buracos-negros, são muito mais fascinantes do que os contos de fadas criados por gente que viveu há milhares de anos, muito antes de descobrirmos que a Terra orbita o Sol e que não estamos no centro do Universo.

Nos últimos anos, muitos cientistas e intelectuais começaram a defender a bandeira do ateísmo. É o caso de dois célebres ingleses, o biólogo Richard Dawkins e o físico Stephen Hawking. O senhor pertence a esse movimento?

Krauss
– Acho que sim. As pessoas com frequência me colocam ao lado de Dawkins e Hawking, o que me enche de orgulho. Mas prefiro pensar em mim não como um ateu, e sim como um antiteísta. Não posso provar sem sombra de dúvidas que Deus não existe, mas posso afirmar que preferiria muito mais viver num universo em que ele não exista.

Deus se tornou irrelevante para a humanidade?

Krauss
– Porque eu penso que Deus é uma invenção da humanidade, minha resposta é não. Se existisse um Deus, ele certamente teria deixado de se preocupar com os desígnios do cosmos logo depois de criá-lo, há 13,7 bilhões de anos, pois tudo o que aconteceu desde então pode ser explicado pela ciência. Não, Deus talvez não seja irrelevante. Ele é redundante.


Fonte: Deuses e Homens
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“Chegamos ao grau mais sofisticado de toda fantasia moral ou imoral: a crença nela. De tanto repetir códigos e preconceitos, acabamos acreditando que somos o que enunciamos. Filhos todos do pó da Terra e destinados ao pó final, cada um supõe sua poeira como fino mármore e refinado alabastro. Com o tempo, se estabelece esta estranha e dolorosa esquizofrenia: falamos de alguém que desejamos ser como se fôssemos. A distância entre o pó e o mármore é o espaço da nossa vida.” [“Pecar e Perdoar”, Leandro Karnal]​


“Indefesa do Homem. De todos os seres, o homem é o mais necessitado: só tem vontades e desejos, um conjunto de centenas de necessidades. Abandonando a si próprio, vive na terra sem segurança nenhuma a não ser sua miséria. A luta pela vida, cada dia renovada, a necessidade que o constrange, e as imperiosas exigências materiais, preenchem a sua existência. Ao mesmo tempo, outro instinto o atormenta; o de perpetuar a sua raça. Ameaçado por todos os lados pelos perigos que o rodeiam, usa de sua prudência sempre vigilante para poder escapar. Com passo inquieto, lançando em volta olhares angustiosos, segue o seu caminho em luta constante com os casos e com seus inúmeros inimigos. O homem não se sente seguro entre os da sua raça e nem nos mais longínquos desertos. Qualibus in tenebris vitae, quantisque periclis degitur hocc’aevi, quodcunque est! [Lucr. 11, 15]" (...) "O Teatro e os Artistas. O mundo é um vasto campo de batalha onde os seres somente devorando-se uns aos outros conseguem conservar e defender a vida; onde todo animal carnívoro é o túmulo vivo de tantos outros; onde o viver significa sofrer longos tormentos; onde a capacidade para a dor aumenta na proporção da inteligência, e atinge, portanto, no homem o mais elevado grau. Os otimistas quiseram adaptar o mundo ao seu sistema, e apresentá-lo a priori como o melhor dos mundos possíveis. O absurdo é evidente. Dizem-me para abrir os olhos e contemplar a beleza do céu iluminado pelo sol, as montanhas, os vales, as torrentes, as plantas, os animais, que sei eu! Acaso será o mundo uma lanterna mágica? A contemplação é bela, confesso, mas aí representar, é coisa completamente diferente. Após o otimista surge o homem que nos fala das causas finais, e elogia as sábias leis que preservam os astros de se chocarem no seu percurso; que evitam o mar e a terra de se confundirem, e os mantém separados; que faz com que nem o frio nem o calor sejam eternos, e que, pela inclinação da eclítica, não permite a primavera, ser eterna podendo assim amadurecer os frutos, etc. Mas tudo isso não são mais que simples “conditiones sine quibus non”. Porque se os planetas devem ter uma existência mais longa, embora seja o período que demora em chegar a eles a luz de uma estrela longínqua, e se não desaparecem após o nascimento, era preciso que as coisas estivessem mal arquitetadas, para que a base fundamental ameaçasse ruína. Chegamos aos resultados desta obra tão elogiada, e observamos os atores que se movimentam nesta, tão sábia e solidamente construída. Vemos que a dor aparece juntamente com a sensibilidade, e à medida que esta se torna inteligente, a dor e o desejo caminham par a par, e o primeiro chega a tal desenvolvimento que finalmente, a vida do homem nada mais é que um assunto trágico ou cômico. A sinceridade de certos homens não lhes permite a união ao coro dos otimistas, e com eles entonar a aleluia." (...) "A Vida é Dor. Quem deseja, sofre; quem vive, deseja; a vida é dor. Quanto mais elevado é o espírito do homem, mais sofre. A vida não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de sermos vencidos. A vida é uma incessante e cruel caçada onde, às vezes como caçadores, outras como caça, disputamos em horrível carnificina os restos da presa. A vida é uma história da dor, que se resume assim: sem motivo queremos sofrer e lutar sempre, morrer logo, e assim consecutivamente durante séculos dos séculos, até que a Terra se desfaça.” [Arthur Schopenhauer]​

“A noite em que me sentei para ler Dostoiévski pela primeira vez foi um acontecimento muito importante em minha vida, mais importante mesmo que meu primeiro amor. Foi o primeiro ato deliberado e consciente que teve significação para mim; mudou toda a face do mundo. Não sei mais se é verdade que o relógio parou naquele momento em que levantei os olhos depois do primeiro e profundo trago. Mas o mundo ficou parado e morto por um momento, isso eu sei. Foi o primeiro vislumbre que tive da alma de um homem, ou poderei dizer mais simplesmente que Dostoiévski foi o primeiro homem que me revelou sua alma? Talvez eu fosse um pouco excêntrico antes disso, sem perceber, mas a partir do momento em que mergulhei em Dostoiévski fiquei definitivamente, irrevogavelmente, contentemente excêntrico. O mundo comum, da vida desperta e do trabalho cotidiano, acabou-se para mim.(...) Eu era como aqueles homens que estiveram muito tempo nas trincheiras, muito tempo sob o fogo.” [Henry Miller]
 
Estou exatamente assim nesse momento:
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. Na verdade, não consegui segurar e ri para car#*@%.
 
Esse Gotoa vem de vez em quando desenterrar esse tópico, tava tão bom ele no ostracismo.....
 
A população mundial atingiu 1bi por volta de 1800, atualmente é de 7bi e 400 milhões.

Se todo mundo foi criado por Deus, possui uma alma, e retorna, e retorna, e retorna até deixar de ser pecador e poder ir para o paraíso não deveria ser o contrário? A população deveria diminuir, conforme a alma vai se aperfeiçoando vai para o paraíso e para de reencarnar.
 
ai entra a teoria de universos paralelos
 
A população mundial atingiu 1bi por volta de 1800, atualmente é de 7bi e 400 milhões.

Se todo mundo foi criado por Deus, possui uma alma, e retorna, e retorna, e retorna até deixar de ser pecador e poder ir para o paraíso não deveria ser o contrário? A população deveria diminuir, conforme a alma vai se aperfeiçoando vai para o paraíso e para de reencarnar.
Há um tempo atrás postei um link pruma estimativa de quantos seres humanos já viveram no planeta nos últimos 55 mil anos. Tem a ver; dá uma olhada.
 
A população mundial atingiu 1bi por volta de 1800, atualmente é de 7bi e 400 milhões.

Se todo mundo foi criado por Deus, possui uma alma, e retorna, e retorna, e retorna até deixar de ser pecador e poder ir para o paraíso não deveria ser o contrário? A população deveria diminuir, conforme a alma vai se aperfeiçoando vai para o paraíso e para de reencarnar.

Se este fosse o único planeta habitado no Universo, até teria algum sentido, só que não.
Li em um livro uma vez a estimativa de que a média de tempo para um espírito evoluir a ponto de não precisar mais encarnar em nenhum local equivale a 28 mil anos terrestres, em média, obviamente. Já em outro livro li que o mínimo de idade dos espíritos na Terra era de 7 mil anos e a média ultrapassava os 10 mil anos, como ser humano, sendo a grande maioria de espíritos banidos de mundos mais evoluídos (alguns banidos 2 ou 3 vezes até). Bem, se esses números estiverem perto da verdade ainda temos um grande caminho pela frente.
 
Se este fosse o único planeta habitado no Universo, até teria algum sentido, só que não.
Li em um livro uma vez a estimativa de que a média de tempo para um espírito evoluir a ponto de não precisar mais encarnar em nenhum local equivale a 28 mil anos terrestres, em média, obviamente. Já em outro livro li que o mínimo de idade dos espíritos na Terra era de 7 mil anos e a média ultrapassava os 10 mil anos, como ser humano, sendo a grande maioria de espíritos banidos de mundos mais evoluídos (alguns banidos 2 ou 3 vezes até). Bem, se esses números estiverem perto da verdade ainda temos um grande caminho pela frente.
O mais legal das invenções humanas é que são super detalhadas.
 
“Niilismo não causa paralisia. Niilistas pulam em abismos e escalam montanhas – só não acreditam estar caindo ou se elevando no processo. Com a suspensão do juízo, a contradição é apenas aparente – trata-se somente de mais um absurdo em andamento.” [André Cancian]
Esse Gotoa vem de vez em quando desenterrar esse tópico, tava tão bom ele no ostracismo.....

Esse TechMaster vem toda vez (escrever errado) e “bostar” no tópico (para não perder o costume), o tópico estaria tão bom se ele parasse de criticar os outros (ou simplesmente ignorar quem ele não tem simpatia) e começasse acrescentar conteúdo (relevante, ou pelo menos, interessante) ao tópico. :coolface:

Estou exatamente assim nesse momento:
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. Na verdade, não consegui segurar e ri para car#*@%.

Estou exatamente assim nesse momento:​

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Na verdade, não consegui segurar e chorei... :facepalm:

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“Vamos agradecer aos idiotas. Não fosse por eles, não faríamos tanto sucesso.” [Mark Twain]​


“A vida são deveres, que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas...
Quando se vê, já é sexta-feira
Quando se vê, já é Natal...
Quando se vê, já terminou o ano.
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, passaram-se 50 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho,
a casca dourada e inútil das horas...
Eu seguraria todos os meus amigos, que Já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim!
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.” [Mário Quintana]

Da religiosidade ao ateísmo niilista, por Márcio Lima.
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(...) “A Idade Média foi um período histórico em que o cristianismo se tornou a crença predominante em toda Europa Ocidental.1 Em quase todo continente, a maior parte da vida social, moral e política das pessoas era determinada pelos ensinamentos e pela ação da Igreja Católica Romana.

A disseminação dos dogmas cristãos era tão intensa que no século IX, não existia na Europa Ocidental ninguém que não acreditasse em Deus. A Igreja controlava a fé, normatizava os costumes, a produção cultural, o comportamento e, sobretudo, a ordem social. Até mesmo o tempo era controlado pela religião cristã, pois, as pessoas marcavam o ritmo de suas vidas pelo toque dos sinos das igrejas. Como eram completamente voltados para as práticas religiosas, acreditavam que a vida na Terra seria apenas um momento antes da eternidade, que seria vivida ao lado de Deus.

A influência da Igreja também se fazia presente nas relações políticas, onde os Papas sagravam os Reis e legitimavam o poder dos senhores feudais. Como a sociedade era constituída por pessoas iletradas e desprovidas de conhecimento, a Igreja mantinha o controle do saber erudito, pois, detendo informações e conhecimentos importantes, garantia de forma inabalável a extensão de seu domínio ao longo de vários séculos.

Aqueles que questionavam ou discordavam das práticas impostas pelos dogmas religiosos, eram considerados adversários da Igreja de Deus, chamados de hereges. Contra os hereges, a religião desencadeou uma guerra sem tréguas. Como forma de repressão, criou a Excomunhão e o Tribunal do Santo Ofício, conhecido como Santa Inquisição. A excomunhão era o ato que impedia o cristão receber os benefícios da salvação, concedidos por seu intermédio. Nesse caso, era preferível para muitos homens medievais, morrer a ser excomungado. A Inquisição julgava os hereges dissidentes e os que recusavam a se retratar eram condenados à morte na fogueira.” (...)

“A Modernidade é marcada, principalmente, pela nova concepção do pensar. A rejeição de Deus, dos dogmas e instituições eclesiásticas; o individualismo; a crítica das ilusões; o desenvolvimento das técnicas e o fortalecimento do Estado democrático. A ruptura do indivíduo com o bloco sócio-religioso, aparece logo no início da modernidade, tendo conseqüências em todos os segmentos: cultura, economia, direito e política.7 Para os modernos, a vida moral deverá desprender-se da religião. A Igreja terá que renunciar ao governo e ao controle da vida política.

No pensamento moderno, Descartes rompeu com o aparato escolástico e iniciou o discurso racional. Kant, com sua visão agnóstica, afastou a fé de qualquer entendimento racional (Fé e razão atuam distintamente). Strauss identificou a vida de Cristo com a Teoria do Mito, entendendo o Evangelho como algo historicamente datado, longe de qualquer caráter sobrenatural ou divino. Feuerbach assegurou ser Deus uma projeção dos desejos de perfeição do homem. Para ele, era a alienação do homem que havia criado a crença no Ser Supremo. Marx afirmou que a religião seria o ópio do povo. Darwin, com sua "Origem das Espécies",8 abalou a teoria bíblica da criação do homem e da natureza. Por fim, Freud mostrou que as ações humanas são determinadas pelo inconsciente e que Deus seria uma projeção da imagem paterna impregnada desde cedo na mente do homem.

A modernidade destruiu a "totalidade" da religião, ou seja, separado o que era revelado por Deus e codificado pela Igreja, daquilo que era percebido pelos homens e por eles transformado em teorias. A religião autorizou a Ciência, como também a Arte, a Política e, mais tarde, a Ética a adquirir sua autonomia e constituir sua própria escala de valores. Uma distinção encontrada no próprio livro sagrado cristão, (dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus) 9 divisão direta entre poder temporal e poder espiritual. A partir daí, uma nova visão vai marcar o pensamento do homem moderno. Se antes era tarefa da religião oferecer uma consciência à sociedade, agora cabia às Ciências apresentar explicações racionais para os fenômenos ocorridos no mundo (dentro e fora dele).

Essa forma de pensamento teve seu ponto culminante no século XX, quando não só a Ciência desagregou, de forma definitiva, qualquer apelo ao sobrenatural, como também, a maioria das constituições políticas que surgiram, afirmaram sua posição secular e agnóstica, separando-se das crenças. O próprio regime socialista soviético chegou a se declarar um Estado Ateu. Desta forma, mesmo que a religião ainda constitua um poderoso fator de mobilização das massas e um insubstituível apoio ético e moral, faz-se necessário o reconhecimento de que as elites modernas deram as costas para Deus.”

“Diante desse contexto, e analisando de forma reflexiva a sua volta, Nietzsche (1844-1900) declarou, nas palavras do personagem Zaratustra, A morte de Deus:

"Zaratustra, porém, ao ficar sozinho falou assim ao seu coração: Será possível que este santo ancião ainda não ouviu no seu bosque que Deus já morreu?"

A morte de Deus é a constatação do niilismo na modernidade, é a percepção cada vez maior da ausência de Deus no pensamento e nas práticas do Ocidente moderno. Para ele, o homem moderno perdeu a confiança em Deus e suprimiu a crença no "mundo verdadeiro", o mundo perfeito que vem após a morte do corpo material, originário da metafísica e do cristianismo. A substituição da Teologia pela Ciência e o ponto de vista de Deus pelo ponto de vista do homem, provocou a ruptura com os valores absolutos, com a essência e com o fundamento divino.

Na verdade, a morte de Deus já se fazia presente na consciência do europeu desde o século XIX, o que ainda não haviam percebido era que esse fato implicava na desvalorização dos valores morais, ou seja, o fim do Deus cristão também foi o fim da moral por ele estabelecido, através do cristianismo. O culto do progresso, a proclamação da igualdade e o crescimento do conhecimento científico, transformaram a humanidade numa massa de indivíduos indefinidos ainda mais escravizados, sem força e sem autenticidade. Ao perder a legitimidade provinda de suas origens tradicionais e as suas garantias exteriores, representada pelos deuses, heróis e as monarquias de instituição divina, a sociedade moderna é condenada a tomar a si mesma como fundamento, pois não existe mais proteção divina (ela é auto-suficiente, atéia). Terá agora que reinventar seus próprios valores.” (...)

“O homem moderno agora faz pergunta tipo: Como ser um santo sem Deus? Ou como substituir Deus? Os primeiros modernistas responderam que seria através da moral da humanidade, baseada na razão. Mas esta razão é fria, seca e individualista. Na medida em que os valores se contradizem, os fatos e a realidade demonstram inconsistência. Como fugir da barbárie? A segunda fase da modernidade, iniciada com a primeira Grande Guerra, faz a humanidade tomar consciência de que é frágil e que sua salvação encontra-se na sua própria capacidade de recriar, sem cessar, seus valores e suas instituições. Deverá o homem moderno agora, relançar permanentemente a democracia. A pergunta talvez seja a seguinte: Recriar valores e relançar democracia, baseado em quê? Na fé ou na ciência? O homem moderno parece perdido, solitário e desprotegido.” (...)

“Nietzsche percebeu a humanidade em sua elevada pretensão de aumentar seu conhecimento e seu poder, sem perguntar sobre os fins (mais tarde, a bomba atômica foi o exemplo). O moderno, acreditando que tudo seria explicado, descobre que há uma falha na explicação. Agora, tudo se afunda, nada mais tem sentido. Percebe-se que nada é visado, não existe objeto futuro, instalou-se o niilismo. O homem será agora uma consciência infeliz, sabe que o mundo, tal como imaginara, não existe, e o que existe de fato, não deveria existir.” (...)

“Para Nietzsche, o niilismo tem início ainda na antiguidade a partir da teoria socrático-platônica que inventa um mundo ideal, onde a verdade pode ser encontrada, e condena o mundo real, dito das aparências e ilusões. Esta teoria é mantida pelo cristianismo. Porém, se esse mundo em que vivemos não existe, toda filosofia desenvolvida em nome dele é um erro, o que remete ao niilismo do homem moderno. Após a morte de Deus, a interpretação moral da vida e do mundo se esfacelou, abrindo caminho para a propagação do niilismo.

A morte de Deus marca o fim da dualidade entre o sensível e o supra-sensível, o mundo que sobrou parece falso e desprovido de valor. Ao eliminar o mundo ideal, formulado pelo cristianismo, a morte de Deus elimina também o mundo real em que estamos. Como conseqüência, se o mundo verdadeiro não existe, tudo em que se acreditou até aqui, era mentira. A morte de Deus criou um vazio na modernidade. Este vazio pode ser preenchido, segundo Nietzsche, pelo super-homem, produto da manifestação de novos valores.

Noutros tempos, blasfemar contra Deus era a maior das blasfêmias; mas Deus morreu, e com ele morreram tais blasfêmias. Agora, o mais espantoso é blasfemar da terra, e ter em maior conta as entranhas do impenetrável do que o sentido da terra.” (...)

“Diante dos fatos, o homem moderno se encontra cansado da vida, sua vontade deseja o nada, pois há muito já está esgotada. A morte de Deus representa a falta de perspectiva para criar novos valores e superar o estado niilista em que se encontra. Até este acontecimento, toda moral era divina, aceitava-se e obedecia-se sem questionar, mas, e agora? A desvalorização desses valores trouxe o niilismo, a falta de sentido. Porém o niilismo possibilita também, como dizia Nietzsche, a possibilidade de criar novos valores, uma mudança na mentalidade, que só a partir daí seria possível. A questão é: qual a base para fundamentar esses novos valores, a fé representada pela religião, ou a razão representada pelas ciências? Na contemporaneidade, o homem tem bastante o que refletir. Só através da reflexão analítica a razão poderá prevalecer sobre o niilismo.”


Fonte: AB
“Até onde sabemos, a essência de todas as coisas é a sua própria existência. O ser, em si mesmo, não carrega qualquer razão, valor ou significado incrustado em seu âmago – portanto, tampouco nossas vidas. Fora dela própria, a vida não pode ser reconhecida como algo importante ou tampouco necessário. Estarmos aqui é fato puramente contingente, de modo que, se não estivermos olhando pela perspectiva humana – ou seja, despejando nossos juízos na realidade – nada pode diferenciar uma pedra rolando montanha abaixo ou uma vida nascendo. Para o universo impessoal, externo a nós, à nossa realidade subjetiva, a vida não se distingue de um amontoado de átomos sem significado. Estarmos aqui, vivos e pensando, é algo totalmente vazio de qualquer significância objetiva. À parte isso, podemos fazer o que quisermos, decorar a existência com a roupagem que preferirmos. Podemos dizer que a vida é tudo; podemos dizer que a vida é nada; que é uma bênção com espinhos ou sem espinhos, que é uma maldição completa ou incompleta; podemos inventar regras para definir e julgar os seres; podemos importunar todos com teorias sobre como devemos nos comportar e no que devemos acreditar etc.; podemos gritar nossas opiniões ou permanecer calados. Nada disso despertará o interesse dos átomos; o mundo não procura nos imitar. Como humanos, o nonsense essencial consiste em acreditarmos naquilo que inventamos e fazer de conta que a realidade estava de férias quando decretamos a verdade absoluta.” [André Cancian]
 
“Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali.” (...) “Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo...” [Charles Bukowski]

Doze provas da inexistência de Deus, por Sebastien Faure.

“A existência em Deus implica necessariamente a escravidão de tudo abaixo dele. Assim se Deus existisse, só haveria um meio de servir a liberdade humana: seria o de deixar de existir.” [Mikhail Bakunin]


Há duas maneiras de estudar e procurar resolver o problema da existência de Deus.

A primeiro consiste em eliminar a hipótese Deus do campo das conjecturas plausíveis ou necessárias, por meio de uma explicação clara e precisa, isto é, por meio de uma exposição de um sistema positivo do Universo, das suas origens, dos seus desenvolvimentos sucessivos, dos seus fins. Esta exposição inutilizaria a ideia de Deus e destruiria antecipadamente a base metafísica em que se apoiam os teólogos e os filósofos espiritualistas.

Dado, porém, o estado atual dos conhecimentos humanos, em tudo o que tem sido demonstrado ou passa a demonstrar-se, verificado ou verificável, somos forçados a concluir que nos falta esta exposição e que não existe um sistema positivo do Cosmos. Existem, é certo, várias hipóteses engenhosas que não se chocam com o razão; sistemas mais ou menos aceitáveis que se apoiam numa série de investigações, que se baseiam na multiplicidade de observações contínuas e que dão um caráter de probabilidade impressionante. Também se pode afirmar, sem receio de ser desmentido, que esses sistemas, essas hipóteses, suportam vantajosamente as asserções deístas. Mas a falar a verdade, não há, sobre este posto, senão teses que não possuem ainda o valor da exatidão cientifica; — cada um, no fim das contas, tem a liberdade de preferir tal ou qual sistema a um outro que lhes é oposto; e a solução do problema assim apresentado afigura-nos, pelo menos na atualidade, cheio de reservas.

Os adeptos de todas as religiões aproveitam assim as vantagens que lhes oferece o estudo deste problema, bem árduo e bem complexo, não para o resolver por meio de afirmações concretas ou de raciocínios admissíveis, mas tão-somente para perpetuar a dúvida no espírito de seus correligionários, que é, para eles, o ponto de capital importância.

E nesta luta titânica entre o materialismo e o deísmo, luta em que as duas teses opostas se empenham e se reforçam para conseguir o triunfo, os deístas recebem rudes golpes; e, conquanto se encontrem numa postura de vencidos, ainda tem a petulância de se apresentar à multidão ignara como dignos cantores da vitória! Uma prova concludente do seu procedimento baixíssimo encontramo-la na maneira como se exprimem nos jornais da sua devoção; e é com essa comédia que procuram manter, com cajado de pastor, a imensa maioria do rebanho.

Também é isto que desejam ardentemente esses maus pastores.

Apresentação do Problema em Termos Precisos

Todavia, há uma segunda maneira de estudar e de tentar a resolução da inexistência de Deus: consiste em examinar a existência de Deus que as religiões apresentam à adoração dos crentes.

Suponhamos que se nos depara um indivíduo sensato e refletido, que admite a existência de Deus — um Deus que não está envolto em nenhum mistério, um Deus que não se ignora nenhuma particularidade, um Deus que lhe confiou todo o seu pensamento e lhe transmitiu todas as suas confidências, e que nos diz:

— Ele fez isto e aquilo, e ainda isto e aquilo. Ele tem precedido e falado com tal fim e com tal razão. Ele quer tal coisa, mas também quer tal outra coisa. Ele recompensará tais ações, mas punirá tais outras. Ele fez isto e quer aquilo, porque é infinitamente sábio, infinitamente justo, infinitamente poderoso, infinitamente bom!

Ah! Que felicidade! Ora aqui está um Deus que se faz conhecer. Abandona o império do inacessível, dissipa as nuvens que o rodeiam, desce das alturas, conversa com os mortais, expõe-lhes o seu pensamento, revela-lhes a sua vontade e confia a alguns privilegiados a missão de espalharem a sua Doutrina, de propagarem a sua Lei, de a representarem enfim, cá em baixo, com plenos poderes para mandarem no Céu e na Terra.

Este Deus não é, com certeza, o Deus Força, Inteligência, Vontade, Energia, que, como tudo o que é Energia, Vontade, Inteligência, Força, pode ser alternadamente, segundo as circunstancias e, por consequência, indiferentemente, bom ou mau, útil ou inútil, justo ou iníquo, misericordioso ou cruel. Este Deus é o Deus em que tudo é perfeição e cuja existência não é nem pode ser compatível — visto que ele é perfeitamente sábio, justo, bom, misericordioso — senão com um estado de coisas criado por ele e no qual se afirmariam a sua infinita justiça, a sua infinita sabedoria, o seu infinito poder, a sua infinita bondade e a sua infinita misericórdia.

Este Deus é o Deus que, por meio de catecismo, nos insuflam no cérebro quando somos crianças; é o Deus vivo e pessoal, em honra do qual se erguem templos, a quem se rezam orações em borda, por quem se fazem sacrifícios estéreis e a quem pretendem representar, na Terra, todos os clérigos, todas as castas sacerdotais.

Este Deus não é o “desconhecido”, essa força enigmática, essa potência impenetrável, essa inteligência incompreensível, essa energia incognoscível, esse princípio misterioso: hipótese, enfim, que no meio da impotência para explicar o “como” e o “porquê” das coisas, o espírito do homem aceita complacente. Este Deus também não é o Deus especulativo dos metafísicos: é o Deus que os seus representantes nos tem descrito abundantemente e luminosamente detalhado. É o Deus das religiões, e como estamos na França, é o Deus dessa religião que a quinze séculos domina o nossa história: a religião católica ou cristã. É o Deus que nego e que vou discutir. É o Deus que estudaremos, se quisermos obter, desta exposição filosófica, algum proveito e algum resultado prático.


Quem é Deus?

Visto que os encarregados de seus negócios no Terno tiveram a amabilidade de no-lo descrever com toda a pompa e luzimento, aproveitemos a fineza e examinemo-lo de perto, detidamente: para discutir uma coisa, é preciso, igualmente, conhecê-la bem.

Com um gesto potente e fecundo, este Deus fez todas as coisas do nada: o ser do não-ser. E, por sua própria vontade, substituiu o movimento pela inércia, a vida universal pela morte universal. É um Deus Criador!

Este Deus é o Deus que, terminada a obra da criação, em vez de volver à inatividade secular, ficando indiferente à coisa criada, ocupa-se de sua obra, interessando-se por ela, intervém nela quando o julga necessário, rege-a, administra-a, governa-a: é um Deus Governador ou Providência.

Este Deus é o Deus arvorado em Tribunal Supremo, obriga, depois da morte, a comparecer à sua presença todos os indivíduos. Uma vez aí, julga-as segundo os atos de suas vidas; pesa, na balança, as suas boas e más ações e pronuncia, em último extremo — sem apelo nem agravo — a sentença que fará do réu, pelos séculos dos séculos, o mais feliz ou o mais desgraçado dos seres: É um Deus Justiceiro ou Magistrado.

Logo, este Deus possui todos os atributos; e não é somente bom: é a Bondade Infinita; não é somente misericordioso: é o Misericórdia Infinita; não é somente poderoso: é o Poder Infinito; não é somente sábio: é a Sabedoria Infinita.

Em conclusão: tal é o Deus que eu nego e que por doze provas diferentes (em rigor bastaria uma só), vou demonstrar a inexistência.


Divisão do Problema

Dividi os meus argumentos em três séries: a primeira trataria particularmente do Deus-Criador e compor-se-á de seis argumentos; o segundo ocupar-se-á do Deus-Governador ou Providência, e contém quatro argumentos; a terceira apresentará o Deus-Justiceiro ou Magistrado, em dois argumentos. Em suma, seis argumentos contra o Deus-Criador, quatro contra o Deus-Governador e dois argumentos contra o Deus-Justiceiro. Estes doze argumentos constituem doze provas da inexistência de Deus.

Com este plano das minhas demonstrações será mais fácil seguir o curso do meu trabalho.


Primeira série de argumentos: contra o Deus criador

1º argumento: O gesto criador é inadmissível

Que se entende por criar?

É tomar materiais diferentes, separados, mas que existem, e, valendo-se de princípios experimentados e aplicando-lhes certas regras conhecidas, aproximá-los, agrupá-los, associá-los, ajustá-los, para fazer qualquer coisa deles?

Não! Isso não é criar. Exemplos: podemos dizer que uma casa foi criada? Não, foi construída; podemos dizer que um móvel foi criado? Não, foi fabricado; podemos dizer que um livro foi criado? Não, foi composto e depois impresso.

Assim, pegar materiais que já existem e fazer qualquer coisa com eles não é criar.

Que é, pois, criar?

Criar... com franqueza, encontro-me indeciso para poder explicar o inexplicável, definir o indefinível. Procurei, contudo, fazer-me compreender.

Criar é tirar qualquer coisa do nada; é, com nada, fazer qualquer coisa do todo; é formar o existente do não-existente.

Ora, eu imagino que é impossível encontrar-se uma única pessoa dotada de razão que conceba e admita que do nada se possa tirar e fazer qualquer coisa. Suponhamos um matemático. Procurai o calculador mais autorizado; colocai-o diante de uma lousa e pedi-lhe que escreva zero sobre zeros. Terminada a operação, solicitai-lhe que os multiplique da forma que entender, que os divida até se cansar, que faça enfim toda a sorte de operações matemáticas, e haveis de ver como ele não extrairá, desta acumulação de zeros, uma única unidade.

Com nada, nada se pode fazer; de nada, nada se obtém. É por isso que o famoso aforismo de Lucrécio ex nihilo nihil é de uma certeza e de uma evidência manifesta. O gesto criador é um gesto impossível de admitir, é um absurdo.

Criar é, pois, uma expressão místico-religiosa, que pode ter algum valor aos olhos das pessoas a que agrada crer naquilo que não compreendem e a quem a fé que se impõe tanto mais quanto menos o percebem. Mas devemos convir que a palavra criar é uma expressão vazia de sentido para todos os homens cultos e sensatos, para quem uma palavra só tem valor quando representa uma realidade ou uma possibilidade.

Consequentemente, a hipótese de um ser verdadeiramente criador é uma hipótese que a razão repudia.

O ser criador não existe, não pode existir.


2º argumento: O “puro espírito” não podia determinar o Universo

Aos crentes que, a despeito de todo o raciocínio, se obstinam em admitir a possibilidade da criação, direi que, em todo o caso, é impossível atribuir esta criação ao seu Deus. O Deus deles é puro espírito. Portanto, é inteiramente impossível sustentar-se que o puro espírito, o imaterial, tenha podido determinar o Universo, o Material.

Eis o porquê:

O puro espírito não está separado do universo por uma diferença de grau, de quantidade, mas sim por uma diferença de natureza, de qualidade. De maneira que o puro espírito não é, nem pode ser, uma ampliação do Universo, assim como o Universo não é, nem pode ser, uma redução do puro espírito. Aqui a diferença não é somente uma distinção; é uma oposição: oposição de natureza — essencial, fundamental, irredutível, absoluta.

Entre o puro espírito e o Universo não há somente um fosso mais ou menos largo e profundo, fosso que possa, a rigor, encher-se ou franquear-se. Não. Entre o puro espírito e o Universo há um verdadeiro abismo, duma profundidade e de uma extensão tão imensos, que por colossais que sejam os esforços que se empreguem, não há nada nem ninguém que consiga enchê-lo ou franqueá-lo.

Reportando-me ao meu raciocínio, desafio o filósofo mais sutil, bem como o matemático mais consumado, a estabelecer uma relação, qualquer que ela seja (e, com a mais forte razão, uma relação tão direta quanto estreita, como a que liga a causa ao efeito) entre o puro espírito e o universo.

O puro espírito não suporta nenhuma aliança material. O puro espírito não tem forma nem corpo, nem linha, nem matéria, nem proporções, nem extensão, nem dureza, nem profundidade, nem superfície, nem volume, nem cor, nem som, nem densidade. Ora, no Universo, tudo é forma, corpo, linho, matéria, proporção, extensão, dureza, profundidade, superfície, volume, cor, som, densidade.

Como admitir que isto tenha sido determinado por aquilo? Impossível.

Chegando a este ponto da minha demonstração, a conclusão seguinte:

Vimos que a hipótese de um Deus verdadeiramente criador é inadmissível; que persistindo mesmo na crença desse poder, não pode admitir-se que o Universo, essencialmente material, tenha sido determinado por um puro espírito, essencialmente imaterial.

Mas se os crentes se obstinam em afirmar que foi o seu Deus o criador do Universo, nos impõe-se o dever de lhes fazer esta pergunta: segundo a hipótese Deus, onde se encontrava a Matéria, na sua origem, no seu princípio?

De duas, uma: ou a matéria estava fora de Deus, ou era o próprio Deus (a não ser que lhe queiram dar um terceiro lugar). No primeiro caso, se a matéria estava fora de Deus, Deus não teve necessidade de criá-la, visto que ela já existia; e, se ela coexistia com Deus, estava concomitantemente com ele, do que se depreende que Deus não é o criador.

No segundo caso, se a matéria não estava fora de Deus, encontrava-se no próprio Deus.

E, daqui, tiro a conclusão seguinte:

1º Que Deus não era puro espírito, porque encerrava em si uma partícula de matéria — e que partícula! A totalidade dos mundos materiais!

2º Que Deus, encerrando em si próprio a matéria, não teve a necessidade de criá-la, porque ela já existia. Assim, existindo a matéria, Deus não fez mais do que retirá-la de onde estava; e, neste caso, a criação deixa de ser um ato de verdadeira criação para se reduzir a um ato de exteriorização.

Nos dois casos não existe, pois, criação.


3º argumento: O perfeito não pode produzir o imperfeito

Estou plenamente convencido de que se eu fizer a um religioso a pergunta: “Pode o imperfeito produzir o perfeito?”, ele responderia sem vacilar: — Não, o imperfeito não pode produzir o perfeito!

Pelas mesmas razões, e com a mesma força de exatidão, eu posso afirmar — O perfeito não pode produzir o imperfeito!

Mais: entre o perfeito e o imperfeito não há somente uma diferença de grau, de quantidade, mas uma diferença de qualidade, de natureza, uma oposição essencial, fundamental, irredutível, absoluta.

E mais ainda: entre o perfeito e o imperfeito não há somente um fosso, mais ou menos largo e profundo, mas um abismo tão vasto e tão estonteante, que ninguém o pode franquear ou entulhar. O perfeito é o absoluto, o imperfeito o relativo. Em presença do perfeito que é tudo, o relativo, o contingente não é nada; em presença do perfeito, o relativo não tem valor, não existe. E nem o talento de um matemático e nem o gênio de um filósofo serão capazes de estabelecer uma relação entre o relativo e o absoluto: a fortiori sustentamos a impossibilidade de evidenciar, neste caso, a rigorosa concomitância que deve necessariamente unir a Causa ao Efeito.

É, portanto, impossível que o perfeito haja determinando o imperfeito.

Além disso, há uma relação direta, fatal e até matemática entre uma obra e seu autor: tanto vale a obra quanto vale o autor, tanto vale o autor quanto vale a obra. E pela obra que se conhece o autor, como é pelo fruto que se conhece a árvore.

Se eu examino um texto mal redigido, em que se abundam os erros de ortografa e as frases são mal construídas, o estilo é pobre e frouxo, as ideias raras e banais, e os conhecimentos inexatos, eu sou incapaz de atribuir este péssimo escrito a um burilador de frases, a um dos mestres da literatura.

Se observo um desenho malfeito, em que as linhas estão mal traçadas, violadas as regras do perspectiva e da proporção, jamais me acudirá o pensamento de atribuir este esboço rudimentar a um professor, a um grande mestre, a um grande artista. Bem à menor hesitação direi: isto é obra de um aprendiz, de uma criança, certo de que pela obra se conhece o artista.

Ora, a natureza é bela, o Universo é grandioso. E eu admiro apaixonadamente — tanto o que mais admiro — os esplendores e as magnificências que nos oferecem estes espetáculos incessantes. Mas, por muito entusiasmado que eu seja das belezas naturais, e por grande que seja a homenagem que eu lhes tribute, não me atrevo o afirmar que o Universo é uma obra sem defeitos, irrepreensível, perfeita. E não acredito que haja alguém que me desminta.

Sim, o Universo é uma obra imperfeita.

Consequentemente, digo: há sempre, entre uma obra e seu autor, uma relação rigorosa, íntima, matemática. Ora, se o Universo é uma obra imperfeita, o autor desta obra não pode ser senão imperfeito.

Esse silogismo leva-me a admitir a imperfeição de Deus, e por consequência a negá-lo.

Mas eu posso ainda raciocinar assim: ou não é Deus o autor do Universo (exprimo desta forma a minha convicção), ou o é, na suposição dos religiosos. Neste caso, sendo o universo uma obra imperfeita, vosso Deus, ó crente, é também imperfeito.

Silogismo ou dilema, a conclusão do raciocínio é esta: o perfeito não pode determinar o imperfeito.


4º argumento: O ser eterno, ativo, necessário, não pode, em nenhum momento, ter estado inativo ou ter estado inútil

Se Deus existe é eterno, ativo e necessário.

Eterno? — É-o por definição. É a sua razão de ser. Não se pode conceber que ele esteja enclausurado nos limites do tempo. Não se pode imaginar como tendo tido começo e venha a ter fim. Não pode haver aparição e desaparição. É de sempre.

Ativo? — É, e não pode deixar de ser. Segundo os religiosos, foi sua atividade que engendrou tudo quanto existe, como foi a sua atividade que se afirmou pelo gesto mais colossal e majestoso que imaginar se pode: a criação dos mundos.

Necessário? — É-o e não pode deixar de ser, visto que sem a sua vontade, nada existiria: ele é o autor de todas as coisas, o ponto inicial de onde saiu tudo, a fonte única e primeira de onde tudo emanou. Bastando-se a si próprio, dependeu de sua vontade que tudo fosse tudo ou que fosse nada.

Ele é, portanto: eterno, ativo e necessário.

Mas eu pretendo e vou demonstrar que se Deus é eterno, ativo e necessário, também deve ser eternamente ativo, e eternamente necessário. E que, por consequência, ele não pôde, em nenhum momento, ter sido inativo ou inútil, e que enfim, ele jamais criou.

Negar que Deus seja eternamente ativo equivale o dizer que nem sempre o foi, que chegou a sê-lo, que começou a ser ativo, que antes de o ser não o era. Dizer que foi pela criação que ele manifestou a sua atividade é admitir, ao mesmo tempo, que por milhares e milhares de séculos que antecederam a ação criadora, Deus esteve inativo.

Negar que Deus seja eternamente necessário equivale a admitir que ele nem sempre o foi, que chegou a sê-lo, que começou o ser necessário e que antes de o ser não o era. Dizer que a criação proclama e testemunha a necessidade de Deus equivale a admitir, ao mesmo tempo, que, durante milhares e milhares de séculos, que seguramente precedeu a ação criadora, Deus era inútil.

Deus ocioso e preguiçoso! Deus inútil e supérfluo! Que triste postura para um ser essencialmente necessário.

É preciso, pois, confessar que Deus é de todo o tempo ativo e de todo o tempo necessário.

Mas então Deus não pôde criar, porque a ideia de criação implica, de maneira absoluta, a ideia de começo, de origem. Uma coisa que começou é porque nem sempre existiu. Existiu necessariamente num tempo em que, antes de o ser, não o era. E, curto ou longo, este tempo foi que precedeu a coisa criada; é impossível suprimi-lo, visto que, de todos os modos, ele existe.

Assim, temos de concluir:

a) Ou Deus foi eternamente ativo e eternamente necessário, e só chegou a sê-lo por causa da criação (e, se é assim, antes da criação faltavam a este Deus dois atributos: a atividade e a necessidade; este Deus era um Deus incompleto; era só um pedaço de Deus e mais nada, que teve necessidade de criar para chegar a ser ativo e necessário, e completar-se).

b) Ou Deus é eternamente ativo e eternamente necessário, e neste caso tem criado eternamente. A criação é eterna, e o Universo jamais começou — existiu em todos os tempos, é eterno como Deus, é o próprio Deus, com o qual se confunde. E, sendo assim, o Universo não teve princípio — não foi criado.

Em conclusão: No primeiro caso, Deus antes da criação não era ativo nem era necessário: era um Deus incompleto, quer dizer, imperfeito, e, portanto, não existia. No segundo caso, sendo Deus eternamente ativo e eternamente necessário, não pôde chegar a sê-lo, como não pôde criar.

É impossível sair daqui.


5º argumento: O ser imutável não criou

Se Deus existe, é imutável, não se desfigura e nem se pode desfigurar. Enquanto que, na natureza, tudo se modifica, se metamorfoseia, se transforma; que nada é definitivo, mas que chega a sê-lo Deus, ponto fixo, imóvel no tempo e no espaço, não está sujeito a nenhuma modificação, não se transforma, nem pode transformar-se. É hoje o que era ontem, será amanhã o que é hoje. E tanto faz procurá-lo nos séculos passados, como nos séculos futuros: ele é, e será constantemente idêntico em si. Deus é imutável.

No entanto, eu sustento que, se ele criou, não é imutável, porque, neste caso, transmudou-se duas vezes.

Determinar-se a querer é mudar de posição. Ora, é evidente que há mudança entre o ser que quer uma coisa e o que, querendo-a, a põe em execução.

Se eu desejo e quero o que eu não desejava e nem queria a quarenta e oito horas, é porque se produziu em mim, ou a minha volta, uma ou várias circunstâncias que me levaram a querê-lo. Este novo desejo ou querer constitui uma modificação que não se pode por em dúvida, que é indiscutível.

Paralelamente: agir, ou determinar-se a agir, é modificar-se.

Esta dupla modificação — querer e agir — é tanto mais considerável e saliente quando é certo que se trata de uma resolução grave, de uma ação importante.

Deus criou, dizeis vós, crentes. Então modificou-se duas vezes: a primeiro, quando se determinou a criar; a segunda, quando resolveu por em prática sua determinação, completando o gesto criador.

Se ele se modificou duas vezes, não é imutável. E, se não é imutável, não é Deus — não existe.

O ser imutável não criou.


6º argumento: Deus não criou sem motivo; mas é impossível encontrar um único motivo que o levasse a criar

De qualquer forma que se pretende examiná-la, a criação é inexplicável, enigmática, falha de sentido.

Há uma coisa que salta à vista de todos: se Deus criou, como vós dizeis, não pôde ter realizado este ato grandioso — cujas consequências deviam ser, fatalmente, proporcionais ao próprio ato, e por conseguinte incalculáveis — sem que fossem determinado por uma razão de primeiro ordem.

Pois muito bem. Qual foi esta razão? Porque motivo tomou Deus a resolução de criar? Que móbil o impulsionaria a isto? Que desejo germinaria em seu cérebro? Qual seria o seu intuito? Que ideia o perseguiria? Que fim perseguiria ele?

Multiplicais, nesta ordem de ideias, as perguntas; gravito, conforme quiserdes, em torno deste problema; examinai-o em todos os seus aspectos e em todos os sentidos, e eu desafio seja quem for a que o resolve em outro sentido que não seja o das incoerências.

Por exemplo: Eis uma criança educada na religião cristã. O seu catecismo afirmou-lhe, e os seus mestres confirmam, que foi Deus que a criou e a colocou no mundo. Suponhamos que a criança faz a si própria a pergunta: porque é que Deus me criou e me lançou no mundo?, e que quer obter uma resposta judiciosa, racional. Nunca obterá.

Suponhamos ainda que a criança, confiando na experiência e no saber de seus educadores, persuadida do caráter sagrado de que eles — padres ou pastores — estão revestidos, possuindo luzes especiais e graças particulares; convencido de que, pela sua santidade, estão mais próximos de Deus e, portanto, melhores iniciados que elas nas verdades reveladas; suponhamos que esta criança tem a curiosidade de perguntar aos seus mestres por que e para que Deus a criou e a pôs no mundo, e eu afirmo que os mestres são incapazes de contestar a essa simples interrogação com uma resposta plausível, sensata. Não lhe poderão dar, porque, em verdade, ela não existe.

Mas, rodeemos bem a questão e aprofundemos o problema. Com o pensamento, examinaremos Deus antes da criação. Tomemo-lo mesmo no seu sentido absoluto. Está completamente só; bastando-se a si próprio. E perfeitamente sábio, perfeitamente feliz, perfeitamente poderoso. Ninguém lhe pode acrescentar sabedoria, ninguém lhe pode aumentar a felicidade, ninguém lhe pode fortificar o poderio.

Este Deus não experimenta nenhum desejo, visto que a sua felicidade é infinita. Não pode perseguir nenhum fim, visto que nada falta à sua perfeição. Não pode ter nenhum intuito, visto que nada falta ao seu poder. Não pode determinar-se a fazer seja o que for, visto que não tem nenhuma necessidade.

Eita! Filósofos profundos, pensadores sutis, teólogos prestigiosos, respondei a esta criança que vos interroga e dizei-lhe por que é que Deus a criou e lançou no mundo!

Eu estou tranquilo. Vós não lhe podeis responder, a não ser que lhe digais: “Os mistérios de Deus são impenetráveis”! — e aceitais esta resposta como suficiente. E fareis bem, abstendo-vos de lhes dar outra resposta, porque esta outra resposta — previno-vos caritativamente — cava a ruína de vosso sistema e o derribamento de vosso Deus. A conclusão impõe-se, lógica, impiedosa: Deus, se criou, criou sem motivos, sem saber por que, sem ideal.

Sabeis onde nos conduzem as consequências de tal conclusão? Vamos vê-las.

O que diferencia os atos de um homem dotado de razão dos atos de um louco, o que determina que um seja responsável e o outro irresponsável, é que um homem dotado de razão sabe sempre — ou pode chegar o sabê-lo — quando procede, quais são os móbiles que o impulsionam, quais são os motivos que o levam a praticar aquilo que pensava. Quando se trata de uma ação importante, cujas consequências podem hipotecar gravemente as suas responsabilidades, é preciso que o homem entre na posse de sua razão, se concentre, se entregue a um sério exame de consciência, persistente e imparcial, exame que, pelas suas recordações, reconstitua o quadro dos acontecimentos de que ele foi agente. Em resumo, é preciso que ele procure reviver as horas passadas para que possa discernir quais foram as causas e o mecanismo dos movimentos que o determinaram a obrar. Frequentemente, não pode vangloriar-se das causas que o impulsionaram, e que, amiúde, o levam a corar de vergonha. Mas, quaisquer que sejam os motivos, nobres ou vis, generosos ou grosseiros, ele chega sempre o descobri-los.

Um louco, pelo contrário, precede sem saber por que; e, uma vez realizado o ato, por grandes que sejam as responsabilidades que dele possam deriva-se, interrogai-o, encerrai-o, se quiserdes, numa prisão, e apertai-o com perguntas: o pobre demente não vos balbuciará senão coisas vagas, verdadeiras incoerências.

Portanto, o que diferencia os atos de um homem sensato de um homem insensato, é que os atos dos primeiros podem explicar-se, tem uma razão de ser, distinguem-se neles a causa e o efeito, a origem e o fim, enquanto que os atos do segundo não se podem explicar, porque um louco é incapaz de discernir a causa e o que o levam a realizá-los.

Pois bem! Se Deus criou sem motivo, sem fim, procedeu como um louco. E, neste caso, a criação aparece-nos como um ato de demência.


Duas objeções capitais

Para terminar com o Deus da criação, parece-me indispensável examinar duas objeções.

Os leitores sabem muito bem, sobre este assunto, abundam objeções. Por isso quando falo em duas objeções, refiro-me a duas objeções capitais clássicas.

Estas duas objeções têm tanto mais importância quanto é certo que, com a beldade da discussão, se podem englobar todas as outras nestas duas.


1ª objeção: “Deus escapa-vos!”

Dizem-me:

“O senhor não tem o direito de falar de Deus segundo a forma que o faz. O senhor não nos apresenta senão um Deus caricaturado, sistematicamente reduzido a proporções que seu cérebro abarca. Esse Deus não é nosso Deus. O nosso Deus não o pode o senhor concebê-lo, visto que lhe é superior, escapando por isso à suas faculdades intelectuais. Fique sabendo que o que é fabuloso, gigantesco para o homem mais forte e mais inteligente, é para Deus um simples jogo de crianças. Não se esqueça que a Humanidade não pode mover-se no mesmo plano que a Divindade. Não perca de vista que é tão impossível ao homem compreender a maneira como Deus procede, como os minerais imaginar como vivem os vegetais, como os vegetais conceber o desenvolvimento dos animais, e como os animais saber como vivem e operam os homens.

Deus paira a umas alturas que o senhor é incapaz de atingir ocupa montanhas inacessíveis ao senhor. Qualquer que seja o grau de desenvolvimento de uma inteligência humana; por muito importante que seja o esforço realizado por essa inteligência; seja qual for a persistência deste esforço, jamais poderá elevar-se até Deus. Lembre-se, enfim, que, por muito vasto que seja o cérebro do homem, ele é finito, não podendo, por consequência, conceber Deus, que é infinito.

Tenha pois a lealdade e a modéstia de confessar que não lhe é possível compreender nem explicar, não o cabe o direito de negar”.

Eu respondo aos deístas:

Dais-me conselhos de humildade que estou disposto a aceitar. Fazeis me lembrar que sou um simples mortal, o que legitimamente reconheço e não procuro olvidar-me.

Dizeis-me que Deus me ultrapassa e que o desconheço. Seja. Consinto em reconhecê-lo; afirmo mesmo que o finito não pode compreender o infinito, porque é uma verdade tão certa e tão evidente, que não está em meu ânimo fazer-lhe qualquer oposição. Vede, pois, até aqui estamos de acordo, com o que espero, ficareis muito contentes.

Somente, senhores deístas, permiti que, por meu turno, eu vos dê os mesmos conselhos de humildade, para terdes o franqueza de me responder estas perguntas: Vós não sois homens como a mim? A vós, Deus não se depara como para a mim? Esse Deus não vos escapa como a mim? Tereis vós a pretensão de moverdes no mesmo plano da divindade? Tereis igualmente a mania de pensar e a loucura de crer que, de um voo, podereis chegar às alturas que Deus ocupa? Sereis presunçosos ao extremo de afirmar que o vosso cérebro, o vosso pensamento que é finito, possa compreender o infinito?

Não vos faço a injuria, senhores deístas, de acreditar que sustentais uma extravagância venal. Assim, pois, tende a modéstia e a lealdade de confessar que, se me é impossível compreender e explicar Deus, vós tropeçais no mesmo obstáculo. Tende, enfim, a probidade de reconhecer que, se eu não posso conceber nem explicar Deus, não o podendo, portanto, negar, a vós, como a mim, não vos é permitido concebê-lo e não tendes, por consequência, o direito de afirmá-lo.

Não julgueis, no entanto, que, por causa disto, ficamos na mesma situação que antes. Foste vós que, primeiramente, afirmastes a existência de Deus; deveis, pois, ser os primeiros a pôr de parte vossas afirmações. Sonharia eu, alguma vez, com negar a existência de Deus, se vós não tivésseis começado a afirmá-la? E se, quando eu era criança, não me tivessem imposto a necessidade de acreditar nele? E se, quando adulto, não tivesse ouvido afirmações nesse sentido? E se, quando homem, os meus olhos não tivessem constantemente contemplado os templos elevados a esse Deus? Foram as vossas afirmações que provocaram as minhas negações.

Cessai de afirmar que eu cessarei de negar.


2ª objeção: “Não há efeito sem causa”

A segunda objeção parece-nos mais invulnerável. Muitos indivíduos consideram-na ainda sem réplica. Esta objeção provém dos filósofos espiritualistas: Não há efeito sem causa. Ora, o Universo é um efeito; e, como não há efeito sem causa, esta causa é Deus.

O argumento é bem apresentado; parece, mesmo, bem construído e bem carpintejado. O que resto saber é se tudo quanto ele encerra é verdadeiro.

Em boa lógica, este raciocínio chama-se silogismo. Um silogismo é um argumento composto por três proposições: a maior, a menor e a consequência, e compreende duas partes: as premissas, constituídas pelas duas primeiras proposições e a conclusão, representada pela terceira. Para que um silogismo seja inatacável, é preciso:

1º que a maior e a menor sejam exatas;

2º que a terceira proposição dimane logicamente as duas primeiras.

Se o silogismo dos filósofos espiritualistas reúne estas duas condições, é irrefutável e nada mais me resta senão aceitá-lo; mas, se lhe falta uma só dessas condições, então o silogismo é nulo, sem valor, e o argumento destrói-se por si mesmo.

A fim de conhecer o seu valor, examinemos as três proposições que o compõe.


1ª proposição (maior): “Não há efeito sem causa”.

Filósofos, tendes razão. Não há efeito sem causa: nada mais exato. Não há, não pode haver, efeito sem causa. O efeito não é mais do que a continuação, o prolongamento, o limite da causa. Quem diz efeito diz causa. A ideia de efeito provoca, necessariamente e imediatamente a ideia de causa. Se, ao contrário, se concebe um efeito sem causa, isto seria o efeito do nada, o que equivaleria a crer no absurdo.

Sobre esta primeira proposição, estamos, pois, de acordo.


2ª proposição (menor): “Ora, o Universo é um efeito”.

Antes de continuar, peço explicações:

Sobre o que se apoia esta afirmação tão franca e tão categórica? Qual o fenômeno, ou conjunto de fenômenos, na qual a verificação, ou conjunto de verificações, que permitem uma afirmação tão rotunda?

Em primeiro lugar, comecemos suficientemente o Universo? Temo-lo estudado profundamente, temo-lo examinado, investigado, compreendido, para que nos seja permitido fazer afirmações desta natureza? Temos penetrado nas suas entranhas e explorado os seus espaços incomensuráveis? Já descemos a profundeza do oceano? Conhecemos todos os domínios do Universo? O Universo já nos declarou todos os seus segredos? Já lhe arrancamos todos os véus, penetramos todos os seus mistérios, descobrimos todos os seus enigmas? Já vimos tudo, apalpamos tudo, sentimos tudo, entendemos tudo, observamos tudo, afrontamos tudo? Não temos nada mais que aprender? Não nos resta nada mais que descobrir? Em resumo, estamos em condições de fazer uma apreciação formal do Universo?

Supomos que ninguém ousará responder afirmativamente a todas estas questões; e seria digno de lástima todo aquele que tivesse a tenebridade e a insensatez de afirmar que conhece o Universo.

O Universo! — quer dizer não somente este ínfimo planeta que habitamos e sobre o qual se arrastam as nossas carcaças; não somente os milhões de astros que conhecemos e que fazem parte do nosso sistema solar, ou que descobrimos com o decorrer dos tempos, mas ainda, esses mundos, aos quais, com conjectura, conhecemos a existência, mas cuja distancia e o número restam incalculáveis!

Se eu dissesse “o universo é uma causa”, tenho a certeza que desencadeariam imediatamente contra mim as vaias e os protestos de todos os religiosos; e, todavia, a minha afirmação não era mais descabelada que a deles. Eis tudo.

Se me inclino sobre o Universo, se o observo quanto me permitir o homem contemporâneo, os conhecimentos adquiridos, verificarei que é um conjunto inacreditavelmente complexo e denso, uma confusão impenetrável e colossal de causas e de efeitos que se determinam, se encadeiam, se sucedem, se repetem e se interpenetram. Observarei que o todo leva uma cadeia sem fim, cujos elos estão indissoluvelmente ligados.

Certificar-me-ei de que cada um destes elos é, por sua vez, causa e efeito: efeito da causa que o determinou, causa do efeito que se lhe segue.

Quem poderá dizer: “Eis aqui o primeiro elo — o elo causa”? Quem poderá afirmar: “Eis o último elo — elo efeito”? E quem poderá ainda dizer: “Há necessariamente uma causa número um e um efeito número... último”?

À segunda proposição, “ora, o Universo é um efeito”, falta-lhe uma condição indispensável: a exatidão. Por consequência, o famoso silogismo não vale nada.

Acrescento mesmo que, no caso em que esta segunda proposição fosse exata, faltaria estabelecer, para que a conclusão fosse aceitável, se o Universo é o próprio efeito de uma Causa única, de uma Causa primeira, da Causa das Causas, de uma Causa sem Causa, da Causa eterna.

Espero, sem me inquietar, esta demonstração, porque é uma demonstração que se tem desejado muitas vezes, sem que ninguém no-la desse; é também uma demonstração, da qual se pode afirmar, sem receio de desmentido, que jamais poderá se estabelecer de uma forma séria, positiva e científica.

Por último: admitindo que o silogismo fosse irrepreensível, ele poderia voltar-se facilmente contra a tese do Deus-Criador, colocando-se a favor da minha demonstração.

Expliquemos: “não há efeito sem causa!” — Seja! — “o Universo é um efeito!” — De acordo! — “Logo este efeito tem uma causa e é esta causa que chamamos Deus! — Pois seja!

Mas não vos entusiasmeis, deístas; escutai-me, porque ainda não triunfastes.

Se é evidente que não há efeito sem causa, é também rigorosamente exato que não há causa sem efeito. Não há, não pode haver, causa sem efeito. Que diz causa, diz efeito. A ideia de causa implica necessariamente e chama a ideia de efeito. Porque uma causa sem efeito seria uma causa do nada, o que seria tão absurdo quanto o efeito do nada. Que fique, pois, bem entendido: não há causa sem efeito.

Vós, deístas, afirmais, enfim, que o Deus-Causa é eterno. Desta afirmação concluo que o Universo-Efeito é igualmente eterno, visto que a uma causa eterna, corresponde, indubitavelmente, a um efeito eterno. Se pudesse ser de outro modo, quer dizer, se o Universo tivesse começado, durante os milhares e milhares de séculos que, talvez, precederam a criação do Universo, Deus teria sido uma causa sem efeito, o que é impossível; uma causa de nada, o que seria absurdo.

Em conclusão: se Deus é eterno, o Universo também o é: e, se o Universo também é eterno, é porque ele nunca principiou, é que jamais foi criado.

É clara a demonstração?


Segunda série de argumentos: Contra o Deus-governador

7º argumento: O governador nega o criador

São muitíssimos — formam legiões — os indivíduos que, apesar de tudo, se obstinam em crer. Concebo que, a rigor, se possa crer na existência de um criador perfeito, como também concebo que se possa crer na existência de um governador necessário. Mas, o que me parece impossível é que, ao mesmo tempo, se possa crer racionalmente num e noutro, porque estes dois seres perfeitos se excluem categoricamente: afirmar um é negar o outro; proclamar a perfeição do primeiro é confessar a inutilidade do segundo; sustentar a necessidade do segundo é negar a perfeição do primeiro.

Por outras palavras: pode-se crer na perfeição ou na necessidade do outro; mas o que não tem a menor sombra de lógica é crer na perfeição dos dois. É preciso, pois, escolher qualquer deles.

Se o Universo criado por Deus tivesse sido uma obra perfeita; se, no seu conjunto, como nos seus pormenores, esta obra não apresentasse nenhum defeito; se o mecanismo desta criação gigantesca fosse irrepreensível; se a sua perfeição fosse de modo que a ninguém despertasse a menor suspeita de qualquer desarranjo ou de qualquer avaria; se, enfim, a obra fosse digna deste operário genial, deste artista incomparável, desse construtor fantástico a que chamam Deus, a necessidade de um governador nunca se teria sentido.

É que é lógico supor que, uma vez a formidável máquina fosse posta em movimento, nada mais haveria a fazer do que abandoná-la a si própria, visto que os acidentes seriam impossíveis. Não seria preciso este engenheiro, este mecânico, para vigiar a máquina, para a dirigir, para a reparar, para a afinar, enfim. Não, este engenheiro seria inútil, este mecânico não teria razão de ser.

E, neste caso, o Deus-Governador era também inútil. Se o Governador existe, é porque a sua intervenção, a sua vigilância são indispensáveis. A necessidade do Governador é como que um insulto, como um desafio lançado ao Criador; a sua intervenção corrobora o desconhecimento, a incapacidade, a impotência desse criador.

O Deus-Governador nega a perfeição do Deus-Criador.


8º argumento: A multiplicidade dos deuses prova que não existe nenhum deles

O Deus-Governador é, e não pode deixar de ser, poderoso e justo, infinitamente poderoso e infinitamente justo.

Ora, eu afirmo que a multiplicidade das religiões atesta que falta a este Deus poder ou justiça, se não, ambas as coisas.

Não falemos dos deuses mortos, dos cultos abolidos, das religiões esquecidas, que se contam por milhares e milhares. Falemos somente das religiões de nossos dias. Segundo os cálculos mais bem fundados, há, presentemente, oitocentas religiões, que se disputam o império das mil e seiscentas milhões de consciências que povoam o nosso planeta. Ninguém pode duvidar que cada uma destas religiões reclama para si privilégio de que só o seu Deus é que é o verdadeiro, autêntico, o indiscutível, o único, e que todos os outros Deuses são Deuses risíveis, Deuses falsos, Deuses de contrabando e de pacotilha, e que, portanto, é uma obra piedosa combatê-los e pulverizá-los.

A isto, ajunta: Se em vez de oitocentas religiões, não houvesse senão cem ou dez, ou duas, o meu argumento teria o mesmo valor.

Pois bem, afirmo novamente que a multiplicidade destes Deuses atesta que não existe nenhum, certificando, ao mesmo tempo, que Deus não é todo-poderoso nem sumamente justo.

Se fosse poderoso teria podido falar a todos os indivíduos com a mesma facilidade com que falou isoladamente a alguns. Ter-se-ia mostrado, ter-se-ia revelado a todos sem empregar mais esforços do que o que empregou para se apresentar a poucos.

Um homem — qualquer que seja — não pode mostrar-se nem falar senão a um número reduzido de indivíduos: os seus órgãos vocais têm uma persistência que não pode exceder certos limites. Mas Deus... Deus pode falar a todos os indivíduos — por muito grande que seja o número — com a mesma facilidade que falaria a uns poucos. Quando se eleva, a voz de Deus pode e deve perpetuar-se nos quatro pontos cardeais! O verbo divino não conhece distâncias nem obstáculos. Atravessa os oceanos, escala as alturas, franqueia os espaços, sem a menor dificuldade.

E visto que ele quis — é a religião que o afirma — falar com os homens, revelar-se-lhes, confiar-lhes os seus desejos, indicar-lhes a sua vontade, fazer-lhes conhecer a sua lei, bem teria podido fazê-lo a todos e não a um punhado de privilegiados.

Mas Deus não fez assim, visto que uns o negam, outros o ignoram, e outros, enfim, opõe tal Deus a tal outro Deus dos seus concorrentes.

Nestas condições não será mais sensato pensar que ele não falou a ninguém, e que as múltiplas revelações que me atribuem, não são, senão, múltiplas imposturas, ou arma que, se ele falou a uns poucos, é porque era incapaz de falar com todos?

Sendo assim, eu acuso-o de impotência. E se não quiserdes que o acuse de impotência, acuso-o de injustiça. Que pensar, com efeito, de um Deus que se mostra a um reduzido número e que se esconde das outras? Que pensar de um Deus que fala para uns e que, para outros, guarda o mais profundo silêncio?

Não esqueçais que os representantes desse Deus afirmam que ele é o pai de todos: e que todos, qualquer que seja o seu título ou grau, são os filhos bem amados desse Pai que reina lá no céu! Pois, muito bem, que pensais desse pai que, exuberante da ternura para alguns privilegiados, os desperta, revelando-se-lhes evitando-se as angustias da dúvida, arrancando-o das torturas da hesitação, enquanto que, violentamente, condena a maioria de seus filhos aos tormentos da incerteza? Que pensais desse pai que, no meio de seu esplendor de Majestade, se mostra a uma parte de seus filhos, enquanto que, para a outra, fica envolto nas mais profundas trevas? Que pensais desse pai que, exigindo de seus filhos a prática de um culto, com o seu contingente de respeitos e adorações, chama só alguns deles para escutarem a sua palavra de Verdade, enquanto que, com um propósito deliberado, nega aos demais esta distinção, este insigne favor?

Se julgais que este pai é justo e bom, não vos surpreendas com a minha apreciação, que é muito diferente:

A multiplicidade de religiões proclama que a Deus faltou poder ou justiça. Ora, Deus deve ser infinitamente poderoso e infinitamente justo — são os religiosos que o afirmam. E se lhe falta um destes dois atributos — poder ou justiça — não é perfeito: não sendo perfeito, não tem razão de ser, não existe.

A multiplicidade dos Deuses e das religiões demonstra que não existe nenhum deles.


9º argumento: Deus não é infinitamente bom: é o inferno que o prova

O Deus-Governador ou Providência é, deve ser, infinitamente bom, infinitamente misericordioso. Mas a existência do Inferno demonstra-nos que não é assim.

Atentai bem ao meu raciocínio: Deus podia — porque é livre — não nos ter criado; mas criou-nos. Deus podia — porque é todo poderoso — ter-nos criado todos bons; mas criou-nos bons e maus. Deus podia — porque é bom — admitir-nos todos, após a morte, no seu Paraíso, contentando-se, como castigo, com o tempo de sofrimento e atribulações que passamos na Terra. Deus podia, em suma — porque é justo — não admitir em seu Paraíso senão os bons, recusando ali lugar aos perversos; mas, neste caso, deveria destruir totalmente os maus com a morte, e jamais condená-lo aos sofrimentos do Inferno. E isto porque quem pode criar, pode destruir; quem tem poder para dar a vida, também tem o poder para tirá-la, para aniquilá-la.

Vejamos: vós não sois deuses. Vós não sois infinitamente bons, nem infinitamente misericordiosos. Sem vos atribuir qualidades que não possuís, eu tenho a certeza de que, se estivesse em vossas mãos — sem que isso vos exigisse um grande esforço, e sem que, de aí, resultasse para nós algum prejuízo moral ou material — evitar a um ser humano uma lágrima, uma dor, um sofrimento, eu tenho a certeza, repito, que o faríeis imediatamente, sem vacilar nem titubear. E, todavia, vós não sois infinitamente misericordiosos.

Sereis, por acaso, melhores e mais misericordiosos que o Deus dos cristãos?

Porque, enfim, o Inferno existe. A Igreja faz alarde dele: é a horrível visão, com a ajuda da qual semeia o pavor no cérebro das crianças e dos velhos, e entre os pobres de espírito e os medrosos; é o espectro que se estala na cabeceira dos moribundos, na hora em que a morte os arrebata toda a coragem, toda a energia, toda a lucidez.

Pois bem, o Deus dos cristãos, esse Deus que dizem cheio de piedade, de perdão, de indulgência, de bondade e de misericórdia, precipita para todo o sempre, uma parte dos seus filhos, num antro de torturas as mais cruéis, e de suplicias as mais horrendas.

Oh! Como ele é bom! Como ele é misericordioso!

Vós conheceis certamente estas palavras das escrituras: “Muitos serão os chamados, mas poucos os eleitos”. Bem abusos do seu valor, estas palavras significam que o número de salvos será ínfimo, enquanto que o número de condenados há de ser considerável. Esta afirmação é de uma crueldade tão monstruosa que os deístas têm procurado dar-lhe um outro sentido.

Mas pouco importa: o Inferno existe, e é evidente que os condenados — muitos ou poucos — aí sofrerão os mais dolorosos tormentos.

Agora, pergunto eu: a quem podem beneficiar os tormentos dos condenados? Aos eleitos? — Evidente que não. Por definição, os eleitos serão os justos, os virtuosos, os fraternais, os compassivos: e seria absurdo supor que a sua felicidade, já incomparável, pudesse ser aumentada com o espetáculo de seus irmãos torturados. Aos próprios condenados? — também não, porque a igreja afirma que o suplicio desses desgraçados jamais acabará; e que, pelos séculos dos séculos, os seus sofrimentos serão tão horripilantes como no primeiro dia.

Então? Então, aparte os eleitos e aparte os condenados, não há senão Deus, não pode haver senão ele. É, pois, Deus, quem obtém benefícios aos sofrimentos dos condenados? É, pois, ele, esse pai infinitamente bom, infinitamente misericordioso, que se regozija sadicamente com as dores e que voluntariamente condena os seus filhos?

Ah! Se isto é assim, esse Deus aparece-nos como carrasco mais feroz, como o inquisidor mais implacável que imaginar se pode.

O inferno prova que Deus não é bom nem misericordioso — a existência de um Deus de bondade é incompatível com a existência do inferno.

E de duas uma: ou o inferno não existe, ou Deus não é infinitamente bom.


10º argumento: O problema do mal

É o problema do mal que me fornece material para o meu último argumento contra o Deus-Governador, e, simultaneamente, para o meu primeiro argumento contra o Deus-justiceiro.

Eu não digo que a existência do mal — mal físico e mal moral — seja incompatível com a existência de Deus; o que digo é que é incompatível com o mal a existência de um Deus infinitamente poderoso e infinitamente bom.

O argumento é conhecido, ainda que o não seja senão pelas múltiplas refutações — sempre impotentes — que se lhes tem apresentado. Remontam-no a Epicuro. Tem, portanto, mais de vinte séculos de existência: mas, por velho que seja, conserva ainda todo o seu vigor. Esse argumento é o seguinte:

O mal existe. Todos os seres sensíveis conhecem o sofrimento. Deus, que tudo sabe, não pode ignorá-lo. Pois bem, de duas, uma: Ou Deus quer suprimir o mal e não pode; ou Deus pode suprimir o mal e não quer.

No primeiro caso, Deus pretendia suprimir o mal, porque era bom, porque compartilhava das dores que nos aniquilam, porque participava dos sofrimentos que suportamos. Ah! Se isso dependesse dele! O mal seria suprimido e a felicidade reinaria sobre a Terra...

Mais uma vez Deus é bom, mas não pode suprimir o mal — não é todo poderoso.

No segundo caso, Deus podia suprimir o mal. Bastava que o quisesse para que o mal fosse abolido. Ele é todo poderoso e não quer suprimir o mal; portanto, não é infinitamente bom.

Aqui, Deus é todo poderoso, mas não é bom; acolá, Deus é bom mas não é todo poderoso. Para admitir a existência de Deus, não basta que ele possua uma destas perfeições: poder ou bondade. É indispensável que possua as duas.

Este argumento nunca foi refutado. Entendamo-nos: ao dizer nunca foi refutado quero dizer que, racionalmente, ninguém a pode ainda refutar, embora tenham ensaiado isso muitas vezes. O ensaio de refutação mais conhecido é este:

Vós apresentais em termos errôneos o problema do mal. É um equivoco atirar para cima de Deus toda a responsabilidade. Bem, é certo que o mal existe — é inegável; mas só o homem é responsável por ele. Deus não quis que o homem fosse um autômato, uma máquina, que obedece cega e fatalmente. Ao criá-lo, Deus deu-lhe completa liberdade — fez dele um ser inteiramente livre; e, conforme com essa liberdade, que generosamente lhe outorgou, concedeu-lhe a faculdade de fazer dela, em todas as circunstâncias, o uso que quisesse. E se o homem, em vez de fazer uso nobre e justiceiro deste bem inestimável, faz dele um uso criminoso, porque seria injusto: devemos acusar mais é o homem, o que é razoável.

Eis a clássica objeção. Que é que ela vale? Nada!

Eu explico-me: façamos distinção entre o mal físico e o mal moral. O mal físico é a doença, o sofrimento, o acidente, a velhice, com o seu cortejo de vícios e enfermidades; é a morte, que implica perda de seres que amamos. Há crianças que nascem e que morrem, dias depois de seu nascimento, e cuja vida foi um sofrimento permanente. Há uma enorme multidão de seres humanos para quem a vida não é mais do que uma longa série de dores e aflições: seria preferível que não tivessem nascido. E, na ordem natural, as epidemias, os cataclismos, os incêndios, as secas, as inundações, as tempestades, a fome, constituem uma soma de trágicas fatalidades que originam a dor e a morte.

Quem ousará dizer que o homem é o responsável por este mal físico? Quem não compreende que se Deus criou o Universo, dotando-o com as formidáveis leis que o regem, o mal físico não é senão uma destas fatalidades que resultam de um jogo normal das forças da natureza? Quem não compreende que o autor responsável destas calamidades é, com toda a certeza, quem criou o Universo e quem o governa?

Suponho que, sobre este ponto, não há contestação possível. Deus que governa o Universo, é o responsável pelo mal físico. Esta resposta seria suficiente, e, no entanto, vou continuar.

Eu entendo que o mal moral é tão imputável a Deus quanto o mal físico. Se Deus existe, foi ele que presidiu à organização do mundo físico. Por consequência, o homem, vítima do mal moral, como do mal físico, não pode ser responsável por um nem por outro.

Vamos, pois, ver agora na terceira e última série de argumento, o que tenho a dizer sobre o mal moral.


Terceira serie de argumentos: Contra o Deus justiceiro

11º argumento: Irresponsável, o homem não pode ser castigado nem recompensado

Que somos nós? Presidimos às condições de nosso nascimento? Fomos consultados sobre se queríamos nascer? Fomos chamados a traçar o nosso destino? Tivemos, sobre qualquer destas questões, voz ou voto?

Se cada um de nós tivesse voz e voto para escolher, desde o nascimento, a saúde, a força, a beleza, a inteligência, a coragem, a bondade, etc..., seguramente que todos estes benefícios nos teríamos outorgado. Cada um de nós seria, então, em resumo de todas as perfeições, uma espécie de Deus em miniatura.

Mas, afinal, que somos nós? Somos aquilo que queríamos ser? Não, incontestavelmente.

Na hipótese Deus, somos — visto que foi ele que nos criou — aquilo que ele quis que fôssemos. Deus é livre, não podia nos ter criado. Ou podia ter-nos criado menos perversos, porque é bom. Ou, então, podia ter-nos criado virtuosos, bem comportados, excelentes, enchendo-nos de todos os dotes físicos, intelectuais e morais, porque é todo poderoso.

Pela terceira vez: Que somos nós? Somos o que Deus quis que fôssemos, visto que ele criou-nos segundo o seu capricho e o seu gosto.

Se se admite que Deus existe e que foi ele que nos criou, não se pode dar outra resposta a pergunta “quem somos nós?”. Com efeito, foi Deus que nos deu os sentidos, as faculdades de compreensão, a sensibilidade, os meios de perceber, de sentir, de raciocinar, de agir. Ele previu, quis determinar as nossas condições de vida; coordenou as nossas necessidades, os nossos desejos, as nossas paixões, as nossas crenças, as nossas esperanças, os nossos ódios, as nossas ternuras, as nossas aspirações. Toda a máquina humana corresponde àquilo que ele quis. Ele arranjou e concebeu todas as peças do meio em que vivemos, preparando todas as circunstâncias que, a cada momento, dão um assalto a nossa vontade, determinando as nossas ações.

Perante este Deus formidavelmente armado, o homem é, portanto, irresponsável.

O que não está sob a dependência de ninguém é inteiramente livre; o que está um pouco sob dependência de um outro é um pouco escravo, e livre só para a diferença; o que está muito sob a dependência de um outro é muito escravo, e não é livre senão para o resto; enfim, o que esta em absoluto sob a dependência de outro, é totalmente escravo, não gozando de nenhuma liberdade.

Se Deus existe, é nesta última postura — a do escravo — que o homem se encontra em relação a Deus; e sua escravidão é tanto maior quanto maior for o espaço entre o Senhor e ele.

Se Deus existe, só ele é que sabe, pode, quer, só ele é livre. O homem nada sabe, nada pode, nada quer, a sua dependência é completa. Se Deus existe, ele é tudo — o homem, nada.

O homem, submetido a esta escravidão, aniquilado sob a dependência, plena e inteira de Deus, não pode ter nenhuma responsabilidade. E, se o homem é irresponsável, não pode ser julgado. Todo o julgamento implica um castigo ou uma recompensa; mas os atos de um irresponsável, não possuindo nenhum valor moral, estão isentos de qualquer responsabilidade. Os atos de um irresponsável podem ser úteis ou prejudiciais. Moralmente não são bons nem maus, como não são meritórios nem repreensíveis; julgados equitativamente, não podem ser recompensados nem castigados.

Portanto, Deus, erigindo-se em justiceiro, castigando e recompensando o homem irresponsável, não é mais do que um usurpador, que se arroga um direito arbitrário, usando dele contra toda a justiça.

Do que fica escrito, concluo:

a) Que a responsabilidade do mal moral é imputável a Deus, como igualmente lhe é imputável a responsabilidade do mal físico;

b) Que Deus é um juiz indigno, porque, sendo o homem irresponsável, não pode ser castigado nem recompensado.


12º argumento: Deus viola as regras fundamentais de equidade

Admitamos por um instante que o homem é responsável, e veremos como, dentro desta hipótese, a justiça divina viola constantemente as regras mais elementares da equidade.

Se se admite que a prática de justiça não pode ser exercida sem uma sanção; que o magistrado tem, por mandato, fixá-la; e que há uma regra, segundo o qual o sentimento deve pronunciar-se unanimemente, é evidente que, da mesma forma, tem de haver uma escala de mérito e culpabilidade, assim como uma escala de recompensas e de castigos.

Admitindo este princípio, o magistrado que melhor pratica a justiça é aquele que proporciona o mais exatamente possível a recompensa ao mérito e o castigo a culpabilidade. E o magistrado ideal, impecável, perfeito, seria aquele que estabelece uma relação rigorosamente matemática entre o ato e a sanção.

Eu penso que esta regra elementar de justiça é acerta por todos. Pois bem, Deus, distribuindo o Céu e o Inferno, finge conhecer esta regra e viola-a. Qualquer que seja o mérito do homem, esse mérito é limitado (como o próprio homem); e, no entanto, a sanção da recompensa não o é: o Céu não tem limites, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade. Qualquer que seja a culpabilidade do homem, esta culpabilidade é limitada (como o próprio homem); e, no entanto, o castigo não o é: o Inferno o é: o Inferno é ilimitado, ainda que não seja senão pelo seu caráter de perpetuidade.

Há, pois, uma grande desproporção entre o mérito e a recompensa, entre a falta e a punição: o mérito e a falta são limitados, enquanto que a recompensa e o castigo são ilimitados.

Deus viola, pois, as regras fundamentais da equidade.

Finda aqui a minha tese. Resta-me apenas recapitulá-la e conclui-la.


Recapitulação

Prometi uma demonstração terminante, substancial, decisiva, da inexistência de Deus. Creio poder afirmar que cumpri esta promessa.

Não percais de vista que eu não me propus dar-vos um sistema do Universo que tornasse inútil todo o recurso à hipótese de uma Força sobrenatural, de uma Energia ou de uma Potência extramundial, de um Princípio superior ou anterior do Universo. Tive a lealdade, como era o meu dever, de vos dizer com toda a franqueza: apresentado assim, o problema não admite, dentro dos conhecimentos humanos, nenhuma solução definitiva; e que a única atitude que convém aos princípios refletidos e razoáveis é a expectativa.

O Deus que eu quis negar e do qual posso dizer que neguei a possibilidade é o Deus, é o Deus das religiões, o Deus Criador, Governador e Justiceiro, o Deus infinitamente sábio, poderoso, justo e bom, que os padres e os pastores se jactam de representar na Terra e que tentam impor a sua veneração.

Não há, não pode haver, equívoco. E este Deus que é preciso defender dos meus ataques.

Toda a discussão sobre outro terreno — e previno-vos disto, porque é necessário que vos ponhais em guarda contra as insídias do adversário — será apenas uma diversão, e, ainda mais: a prova provada de que o Deus das religiões não pode ser defendido nem justificado.

Provei que Deus, como criador, é inadmissível, imperfeito, inexplicável; estabeleci que Deus, como governador, é inútil, impotente, cruel, odioso, despótico; demonstrei que Deus, como justiceiro, é um magistrado indigno, pois que viola as regras essenciais da mais elementar equidade.


Conclusão

Tal é, portanto, o Deus que, desde tempos imemoriais, nos tem ensinado e que ainda hoje se ensina às crianças, tanto nas escolas como nos lares. E que de crimes se tem cometido em nome dele! Que de ódios, guerras, calamidades tem sido furiosamente desencadeados pelos seus representantes! Esse Deus de tanto sofrimento não tem sido a causa! E quantos males provoca ainda hoje!

Há quantos séculos a religião traz a humanidade curvada sob a crença, espojada na superstição, prostrada resignadamente!

Não chegará jamais o dia em que, deixando de crer na justiça eterna, nas suas sentenças imaginárias, nas suas recompensas problemáticas, os seres humanos começam a trabalhar com um ardor infatigável pelo vento de uma justiça imediata, positiva e fraternal sobre a Terra? Não soará jamais a hora em que, desiludidos das consolações e das esperanças falazes que lhes sugere a crença de um paraíso compensador, os seres humanos comecem a fazer do nosso planeta do Éden de abundância, de paz e de liberdade, cujas portas estejam fraternalmente abertas para todos?

Há muito tempo que o contrato social é inspirado num Deus sem justiça, como há muito tempo que ele se inspira numa justiça sem Deus. Há muito tempo que as relações entre os países e os indivíduos dimanam num Deus sem filosofia, como há muito tempo que elas dimanam uma filosofia sem Deus. Há muitos séculos que monarcas, governos, castas, padres, condutores do povo e diretores de consciências, tratam a humanidade como um vil rebanho de cordeiros, para, em último lugar, serem esfolados, devorados, atirados ao matadouro.

Há séculos que os deserdados suportam passivamente a miséria e a servidão, graças ao milagre procedente do Céu e à visão horrorosa do inferno. É preciso acabar com este odioso sortilégio, com esta burla abominável.

Tu, leitor, que me lês, abre os olhos, examina, observa, compreende. O Céu de que te falam sem cessar; o Céu com a ajuda do qual procuram insensibilizar a tua miséria, anestesiar os teus sofrimentos e afogar os gemidos que, apesar de tudo, saem do teu peito, é um Céu irracional, um Céu deserto. Só o seu inferno é que é povoado, que é positivo.

Basta aos lamentos: os lamentos são vãos! Basta de prosternações: as prosternações são estéreis! Basta de preces: as preces são impotentes!

Levanta-te homem! E, direito, altivo, declara guerra implacável a Deus que, a tanto tempo, impõe aos teus irmãos e a ti próprio uma veneração embrutecedora!

Desembaraça-te deste tirano imaginário e sacode o jugo dos indivíduos que pretendem ser os representantes dele na Terra!

Mas, lembra-te bem, que, com este gesto de libertação, não terás cumprido senão uma das tarefas que te incumbe.

Não te esqueças de que de nada servirá quebrar as cadeias que os Deuses imaginários, celestes e eternos, tem forjado contra ti, se não quebrares igualmente as cadeias que, contra ti, tem forjado os Deuses passageiros da Terra.

Estes Deuses giram em torno de ti, procurando envilecer-te e degradar-te. Estes Deuses são homens como tu.

Ricos e governantes, estes Deuses da Terra tem-na povoado de inúmeras vítimas, de tormentos inexplicáveis.

Possam, enfim, um dia, os condenados da Terra insurgirem-se contra os seus verdugos, para fundarem uma Cidade na qual não possa haver destes monstros.

Quando te tiveres emancipado dos Deuses do Céu e da Terra, quando te tiveres desembaraçado dos chefes de cima e dos chefes debaixo, quando tiveres levado à pratica este duplo gesto de libertação, então, mas então somente, ó meu irmão, sairás do Inferno em que te encontras para entrar no Céu que tu realizarás! Deixarás as trevas da tua ignorância, para abraçar as puras claridades da tua inteligência, desperta, já, das influências letárgicas das religiões!​

Fonte: Ateus

“Tudo o que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil.” (...) “Por que há tão poucas pessoas interessantes? Em milhões, por que não há algumas? Devemos continuar a viver com esta espécie insípida e tediosa? O problema é que tenho de continuar a me relacionar com eles. Isto é, se eu quiser que as luzes continuem acesas, se eu quiser consertar este computador, se eu quiser dar descarga na privada, comprar um pneu novo, arrancar um dente ou abrir a minha barriga, tenho que continuar a me relacionar. Preciso dos desgraçados para as menores necessidades, mesmo que eles me causem horror. E horror é uma gentileza.” (...) “Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora?” (...) “Frequentemente, os melhores momentos na vida são quando a gente não está fazendo nada, só ruminando. Quer dizer, a gente pensa que todo mundo é sem sentido, aí vê que não pode ser tão sem sentido assim se a gente percebe que é sem sentido, e essa consciência da falta de sentido já é quase um pouco de sentido. Sabe como é? Um otimismo pessimista.” (...) “Somos finos como papel. Existimos por acaso entre as porcentagens, temporariamente. E esta é a melhor e a pior parte, o fator temporal. E não há nada que se possa fazer sobre isso. Você pode sentar no topo de uma montanha e meditar por décadas e nada vai mudar. Você pode mudar a si mesmo para ser aceitável, mas talvez isso também esteja errado. Talvez pensemos demais. Sinta mais, pense menos.” (...) “Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura.” [Charles Bukowski]
 
Acredito em Santos, Pessoas que vierem tentar deixar esse mundo melhor e tambem acredito em demônios que cada vez pioram o mundo que vivemos..
eu acredito em pessoas, elas sim fazem coisas boas e coisas ruins
tanto que está na natureza humana nos destruir...
 
eu acredito em pessoas, elas sim fazem coisas boas e coisas ruins
tanto que está na natureza humana nos destruir...
Ultimamente tá difícil até acreditar em pessoas, quem dirá acreditar em coisas imaginárias!
 

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