Uma coisa tem me deixado brochado com a comunidade 'gamer': Passionalidade.
Por exemplo, você entra no Youtube e vai olhar o review de um carro, de uma câmera, de uma TV, de uma série, enfim, qualquer produto ou serviço. Você vai notar que a maioria dos 'YouTubers' vão entregar um material com o mínimo de subjetividade possível. Eles vão tentar ser imparciais e fazer uma análise desprovidade de romântismos e emotividade. Via de regra, vão tentar fundamentar todas as falas em argumentos racionais e, em muitas oportunidades, comparando o produto/serviço com o de uma marca concorrente.
Você dificilmente vê, por exemplo, um cara falando: "Porra Chevrolet, ta de sacanagem comigo? Olha essa bosta desse painel que você fez! Como alguém tem coragem de comprar esse lixo de carro! Vocês são uma vergonha. Isso é uma falta de respeito com o consumidor! Como coloca um plástico vagabundo desse em um carro de 90 mil reais. Tem que ser louco pra comprar uma bomba dessas!"
Não! Normalmente o cara manda um: "A Chevrolet pecou em utilizar um plástico de baixa qualidade no painel, o que empobreceu o visual do veículo e o deixou com um acabamento muito inferior se comparado a seus concorrentes diretos, o Toyota X e o Honda Y, que possuem revestimento de couro em seus painéis."
Ou seja, passionalidade versus razão.
Hoje, a maioria dos 'YouTubers' famosos não conseguem fazer análises racionais. É como se os 'games' fossem a religião dos caras e eles, com um comportamento quase que fanático, veem o lançamento de um game que não atingiu suas expectativas como uma heresia, uma blasfêmia da qual não se cogita qualquer espécie de perdão. Os caras realmente se sentem ofendidos e explodem de forma extremamente passional nos vídeos, só porque o produto desenvolvido pela empresa não é o que ele esperava que fosse.
A parte mais bizarra nisso é que você percebe que o termo "digital influencer" faz todo sentido, quando nota a quantidade de pessoas que se deixam levar por esse comportamento e assumem a mesma passionalidade que esses YouTubers tem (ou fingem ter), se colocando como vítimas que foram ofendidas e desrespeitadas pelas empresas (mesmo sem se quer ter comprado o produto).
Sinceramente, se uma empresa lança um game ruim, eu simplesmente ignoro e procuro outro título que me agrade. Porque tanta efusão? É só mais um jogo! Fazemos isso com séries, com filmes, com carros, com TVs. Porque não podemos fazer com games?
Como já dizia o ditado: "A paixão cega a razão."