Sim, sim, mas o meu ponto é que sair de 6x1 e ir direto para 4x3 é um salto muito grande, pois sequer reduzimos a carga horária, que estagnou nas 9 horas diárias (excetuando 1 hora de almoço) para a escala 5x2 e 45 horas semanais, o que dirá remover (mais) um dia inteiro trabalhado assim, numa única canetada.
Sim, sair direto de 6x1 para 4x3 pode ser um salto meio grande, mas na verdade no Brasil a maior parte das pessoas (exceto comércio) já faz 5x2 há tempos, então para essas seria o próximo passo natural. Quanto aos que ainda fazem 6x1 (e na verdade só costumam fazer 5,5x1,5 pois sábado em geral é meio expediente) o ideal seria primeiro reduzir a jornada diárias para 6 horas (o que até geraria mais empregos por permitir 2 turnos e poderia MELHORAR a economia como um todo) como acontece na Europa já faz algum tempo.
Pois se vc fizer as contas, na Europa já temos em vários locais 5x2 com 6 horas por dia , o que daria 30 horas semanais, se no Brasil ainda temos que trabalhar 40 ou 44 horas semanais é por conta de baixa produtividade e/ou cultura empresarial, ou ambos.
E como hoje em dia quase tudo pode ser medido em termos de produtividade, pois temos métricas, ferramentas e etc para aferir isso, o que interessa mesmo ao empregado e empregador é bater as metas, e não quantas horas ele trabalha.
Essas propostas não são estudadas sobre os impactos na nossa sociedade, mas feitas com uma ideia romantizada, por vezes caricata e dicotômica.
Concordo que devemos testar etapas mais graduais, mas não necessariamente são ideias romantizadas ou coisa do tipo, repito o que aconteceu historicamente há uns 100 a 150 anos atrás, quando todos diziam que baixar de 14 ou 12 para 8 horas diárias e dar descanso também nos sábados iria "destruir a economia e a sociedade". Claro que nada disso aconteceu.
Inclusive, os defensores do sistema escravista nos EUA e Brasil século 18 e 19 também diziam que o fim da escravidão iria "destruir completamente os EUA e Brasil enquanto nação", seria um colapso total, não somente econômico, mas social também! Previam que a "pretaida" (niggers) solta nas russas iria ser um caos de roubos, estupros, brigas e etc.
Novamente, no governo Getúilio Vargas, nos anos 1930, a resistência para a normalização das 8 horas diárias aqui no Brasil por parte da classe agrícola e empresarial foi enorme, o Vargas só conseguiu convencê-los a dotar isso dizendo que se não fosse feito teríamos um grande risco de revolução comunista/trabalhista no Brasil, e disse na cara deles "Vcs querem que sejamos a próxima URSS e que vcs sejam decapitados"?
Portanto, o que costuma imperar é justo o discurso oposto, um discurso catastrofista e reacionário ao extremo, essas sim caricatas.
O problema é que quase ninguém consegue enxergar além do contexto em que está inserido, e tendem a dizer que mudanças como essa serão catastróficas. Especialmente, é claro, o senhor de engenho ou os donos das fábricas que tinham lucros insanos e não querem abrir mão de absolutamente nada.