Devilman: Crybaby --- Nota: 9,7/10 [MASTERPIECE]
- Conta a história de dois amigos de infância e sua relação a partir do momento que um deles é possuído por um demônio;
- Arte belíssima: muito parecido com as pinturas clássicas japonesas, gadô, os traços são marcados por poses muito exageradas, em uma mistura de seres humanos com animais em movimento, dando uma ideia muito animalisca dos humanos. O que combina DEMAIS com a proposta e nós faz sentir na pele a ferocidade primal que estas bestas sentem;
- Construção de personagens MARAVILHOSA: basicamente o enredo envolve o desenvolvimento de todos os personagens e suas questões pessoais, passando, quase sempre, até pelos eventos principais, apesar de sua grandiosidade (e bota grandiosidade nisso);
- A importância do universo bem estruturado: Devilman mostra exatamente o porquê essa onda de protagonistas OP é triste. O fato do personagem ser possuído por um demônio poderoso, só existe para possibilitar o embate do protagonista com o vilão principal, tirando isso, percebemos claramente que o corpo deu força para ele, mas muito menos do que poderia, afinal de contas para vc ser realmente poderoso vc deve treinar, não há vitória por mera mágica (e por isso a Rey, de Star Wars, é um lixo de personagem);
- O fato do protagonista não ser OP, estar em desenvolvimento e ser muito humano, faz com que cada atitude que ele tenha seja genuína, afinal de contas, se ele não conseguir vencer uma batalha ele acabará morrendo, o que mostra que sua motivação é forte o bastante para significar algo e transcender sua própria existência. E também propicia sua vitória final na última batalha (sabe qual a verdadeira vitória? A verdadeira vitória não é quando o protagonista esmaga o inimigo na pancada, a verdadeira vitória é quando ele consegue imprimir sua empatia/sua humanidade na alma de seus adversários);
- A humanidade não é nada humana: é linda a representação da verdadeira natureza humana. Acho que, no fundo, sempre que somos ameaçados por algo mostramos o pior de nós. E Devilman leva esse pior ao limite (basta ver o como a empatia de Akira e Miki encontram resistência no discurso de ódio. Típico discurso que vemos todos os dias até em nosso humilde e insignificante país tropical);
- Aonde foi parar nossa empatia como espécie? Impressionante como nossa sociedade perde, a cada dia, a empatia pelo próximo. Mesmo quando nos damos conta que evoluímos como espécie sobre os outros homos por sermos os mais sociáveis (e, como se não bastasse as comprovações, a outra espécie de homo que mais perdurou, os Neandertais, conseguiram por ser mais sociáveis que os outros, formando núcleos familiares fortes - já nós formamos núcleos maiores que a família);
- AKIRA, 1988, está vivo: fazia MUITO TEMPO que não sentia o terror de construção de mundo de AKIRA em uma produção. PARABÉNS equipe de Devilman, vcs conseguiram construir aquela sensação de um mundo apocalíptico sem qualquer tipo de salvação;
- E graças ao ponto acima fica o aviso: DEVILMAN É PESADO PARA UM CARVALHO! Não espere ver esta, MAGNÍFICA, série sem sair com um clima EXTREMAMENTE pesado. Assim como AKIRA, o mundo de Devilman é pesado e adulto de verdade, não pelo sexo e violência gráfico (que, diga-se de passagem, tem e muito), mas sim pela falta completa de empatia e selvageria no comportamento dos personagens - nada vale nada em um universo sem empatia e aonde as massas são manipuladas por governantes que só querem nos usar.
Devilman, meu velho, vai lá dar um abraço nos seus brothers A Viajem de Chihiro, AKIRA, O Túmulo dos Vagalumes, Evangelion, Madoka Magica e Yakusoku No Neverland que vc é MASTERPIECE!
OBS.: único ponto negativo digno de ser mencionado: a animação peca em vários momentos, tanto na questão do desenho em si (há quadros notavelmente mal desenhados), quanto na questão de iluminação (tem pontos que são tão escuros que, simplesmente, não da para ver nada).