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[TÓPICO OFICIAL] Discussão sobre os pensamentos da Esquerda - Aqui você é livre para pensar

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Mas a esquerda sempre foi e é livre para pensar, mas quem não concorda com os pensamentos da esquerda é que é proibido de pensar !!
 
Cara eu penso que a esquerda, assim como a direita tem muitas vertentes. Existem posições progressistas ou conservadoras, no plano cultural, e posições de esquerda ou direita no campo da política e economia.

Enfim, existem muitas esquerdas e direitas, tentar restringir a uma posição é uma atitude autoritária e que discordo fortemente.

Eu reconheço que existam trocentas variantes de uma ideologia - assim como tantas outras ideologias, um "esquerdista" reconhecerá como uma bandeira da esquerda somente aquilo que é compatível com seu pensamento, descartando o resto como falsa ideologia, ou simplesmente agregação errada. E, ainda que eu entenda que o conceito de "esquerda" possa ser aplicado em várias áreas, eu sempre achei cômico aqueles discursos de "eu sou liberal na economia e conservador no social".

A minha pergunta, no fundo, se resumia ao que seria visto como extrema esquerda, ou até mesmo, direita, até para entender o que pode (ou não) ser discutido aqui. Pessoas criticam socialismo por ele estar, historicamente, relacionado à revoluções e regimes totalitários - ainda que eu discorde dessa simplificação, vejo um ponto válido na questão de todo mundo que defende o socialismo não abre espaço para uma transição voluntária, onde aqueles que quiserem seguir um paradigma socialista/comunista estaria livre para fazê-lo da mesma forma que aqueles que quiserem se prender ao "antigo" regime capitalista também poderia fazê-lo. Eu puxei o assunto do feminismo exatamente por ser bem amplo, com diversas interpretações e bandeiras, e indo do simples "eu só quero que as mulheres seja felizes" até "se nascer um filho homem, eu mato para evitar que ele seja um estuprador".

Concordo que ninguém pode ser o dono da verdade a ponto de desenhar uma linha definindo (ou restringindo) esta ou aquela ideologia - mas também acho que qualquer um pode (e deve!) ter uma definição própria (que era exatamente minha pergunta inicial).

Toda definição é, em si, autoritária, e não há problema nenhum nisso. Claro, que quanto maior embasamento e racionalização por trás de uma definição, mais esclarecedora ela é - e, geralmente, isso só é possível restringindo-a cada vez mais. Um conceito não existe se ele não estiver limitado a uma definição. Dizer que não se pode restringir a definição de algo é, efetivamente, dizer que aquilo não pode ser definido, e, no caso de ideologias, isso as tornam, necessariamente, irrelevantes. Para alguém abrir um tópico para falar de temas "da esquerda", ele precisa, sim, ter muito claro para ele o que pertence a essa "esquerda", do contrário, do que ele está falando? Mas não era essa a pergunta que eu queria ver o OP responder, então, deixo para vc, se tiver interesse: quais são os limites da sua esquerda, tanto pendendo para o lado radical, quanto pendendo para o lado conservador?
 
Eu reconheço que existam trocentas variantes de uma ideologia - assim como tantas outras ideologias, um "esquerdista" reconhecerá como uma bandeira da esquerda somente aquilo que é compatível com seu pensamento, descartando o resto como falsa ideologia, ou simplesmente agregação errada. E, ainda que eu entenda que o conceito de "esquerda" possa ser aplicado em várias áreas, eu sempre achei cômico aqueles discursos de "eu sou liberal na economia e conservador no social".


A minha pergunta, no fundo, se resumia ao que seria visto como extrema esquerda, ou até mesmo, direita, até para entender o que pode (ou não) ser discutido aqui. Pessoas criticam socialismo por ele estar, historicamente, relacionado à revoluções e regimes totalitários - ainda que eu discorde dessa simplificação, vejo um ponto válido na questão de todo mundo que defende o socialismo não abre espaço para uma transição voluntária, onde aqueles que quiserem seguir um paradigma socialista/comunista estaria livre para fazê-lo da mesma forma que aqueles que quiserem se prender ao "antigo" regime capitalista também poderia fazê-lo. Eu puxei o assunto do feminismo exatamente por ser bem amplo, com diversas interpretações e bandeiras, e indo do simples "eu só quero que as mulheres seja felizes" até "se nascer um filho homem, eu mato para evitar que ele seja um estuprador".


Concordo que ninguém pode ser o dono da verdade a ponto de desenhar uma linha definindo (ou restringindo) esta ou aquela ideologia - mas também acho que qualquer um pode (e deve!) ter uma definição própria (que era exatamente minha pergunta inicial).


Toda definição é, em si, autoritária, e não há problema nenhum nisso. Claro, que quanto maior embasamento e racionalização por trás de uma definição, mais esclarecedora ela é - e, geralmente, isso só é possível restringindo-a cada vez mais. Um conceito não existe se ele não estiver limitado a uma definição. Dizer que não se pode restringir a definição de algo é, efetivamente, dizer que aquilo não pode ser definido, e, no caso de ideologias, isso as tornam, necessariamente, irrelevantes. Para alguém abrir um tópico para falar de temas "da esquerda", ele precisa, sim, ter muito claro para ele o que pertence a essa "esquerda", do contrário, do que ele está falando? Mas não era essa a pergunta que eu queria ver o OP responder, então, deixo para vc, se tiver interesse: quais são os limites da sua esquerda, tanto pendendo para o lado radical, quanto pendendo para o lado conservador?


Tem muita coisa aí. Primeiro "a questão de todo mundo que defende o socialismo não abre espaço para uma transição voluntária" isso simplesmente não é verdadeiro.



https://www.marxists.org/reference/archive/bernstein/works/1899/evsoc/preface.htm


Bernstein já tinha defendido uma via legislativa e pacifica para o socialismo antes do final do século XIX, e de fato muitos partidos sociais democratas e socialistas democráticos, espalhados pelo mundo, inspirados em parte nessas ideias, procuraram participando das eleições em países capitalistas, encaminhar reformas na direção de um Estado de Bem-estar Social. A falha desses foram na opinião de economistas como Richard Wolff e devo dizer que concordo foram duas: uma é esses partidos aceitaram muito dinheiro de grandes corporações e foram gradualmente abandonando as causas da social democracia, que no início estava alinhada com defesa de direitos dos trabalhadores, defesa de expansão dos diretos sociais, para se tornarem partidos que fazem cada vez mais o que os financiadores das campanhas querem, e isso é bem visível no PT, PSDB aqui no Brasil, no Partido Democrata nos EUA, e no partido trabalhista britânico (embora hoje ele tenha dado uma guinada para esquerda com Jeremy Coryn). A outra falha foi não ter apostado na democratização do espaço do trabalho, nem mesmo como algo gradual. Embora existam partidos como o PCI italiano que criou políticas para esse fim, na Itália, e experiências na Espanha, como o caso de Mondragon, a verdade é que muito mais poderia ter sido feito se os partidos e organizações socialistas tivessem visto que uma das melhores vias para a transição para o socialismo seria na gradual, não violenta, produção de negócios cooperativos, em que os trabalhadores fossem os donos dos meios de produção e esses fossem organizados democraticamente.


Outra coisa, eu não disse que definição é autoritária e sim a postura de dizer que vc precisa ser X,Y, ou Z para ser de esquerda. Dizer que só é de esquerda quem é feminista radical, por exemplo, é uma postura autoritária, que acaba excluindo aqueles que entendem a importância do feminismo, mas criticam seus excessos. Segundo essa definição, por exemplo, talvez eu não fosse considerado de esquerda, assim como muitos, que compartilham dos mesmos ideais de igualdade dos gêneros no que tange direitos e remuneração. Eu posso, reconhecer que homens e mulheres são diferentes, ao mesmo passo que defendo que devem ter direitos iguais e remuneração equivalente pelo mesmo trabalho.

Se vc quer saber de definições eu particularmente gosto da definição de esquerda e direita, de Bobbio, ou da forma com que ele lida com questão e procura definir, com nuances históricas, essas tendências políticas.


Vamos a ela (retiro isso de um artigo meu, só que essa parte foi resumida na versão final do artigo, aqui trouxe a versão integral).


A fim de compreender o que estamos chamando de espetro político é necessário discutir esquerda e direita, que são, os extremos desse espetro. Entendemos que:

“Direita” e “esquerda” não são conceitos absolutos. São conceitos relativos. Não são conceitos substantivos ou ontológicos. Não são qualidades intrínsecas ao universo político. São lugares do “espaço político”. Representam uma determinada topologia política, que nada tem a ver com ontologia política: Não se é de direita ou de esquerda no mesmo sentido em que se diz que se é ‘comunista’, ‘liberal’ ou ‘católico’. Em outros termos, direita e esquerda não são palavras que designam conteúdos fixados de uma vez para sempre. Podem designar diversos conteúdos conforme os tempos e as situações (BOBBIO,2001 , p.107-108)



A partir do momento que entendemos direita e esquerda dessa forma temos, mesmo que resumidamente, indicar quais os critérios dessa distinção em nosso trabalho. O mais importante se refere a postura que se assume diante do ideal da igualdade. Ao utilizar igualdade-desigualdade enquanto critério diz Bobbio:

Com respeito aos sujeitos, o sufrágio universal masculino e feminino é mais igualitário do que o sufrágio universal apenas masculino: o sufrágio universal masculino é mais igualitário ao sufrágio masculino limitado aos possuidores ou aos não-analfabetos. Com respeito aos bens, a democracia social que estende a todos os cidadãos, além dos direitos de liberdade, também os sociais, é mais igualitária do que a democracia liberal. Com respeito ao critério, a máxima ‘a cada um segundo suas necessidades’ é, como já se disse, mais igualitária do que a máxima, ‘a cada um segundo sua posição’, que caracteriza o Estado de estamentos ao qual se contrapôs o Estado liberal(BOBBIO,2001 , p.115).



Nesse sentido está mais à esquerda quanto mais igualitária for à posição em cada questão, e pela somatória das posições, se traça um perfil predominante do programa. Ao contrário, quanto menos defender propostas igualitárias, ou quanto menos se comprometer com valores igualitários, mais a direita estarão. Isso é bem evidente na relação com as ideias da RSB, quanto mais defender democratização do Estado, democratização de acesso, e os direitos sociais, mais à esquerda estará. Quanto mais defender um sistema de acesso via mercado, que cria desigualdade no acesso devido às diferenças de poder aquisitivo, manifestadas na população, mais a direita está.

Também diferenciamos perspectivas progressistas de perspectivas conservadoras. Nesse sentido, se aproxima da direita aquelas posições que mais defendem a tradição, são logo conservadoras, pois desejam manter a tradição. As progressistas são inovadoras, querem transformar, modificar a tradição. Bobbio embora não tenha abordado especificamente o termo progressista, fala da dicotomia entre tradição e emancipação, mas defende, e nós concordamos, que deveria ser oposição entre tradição (aqui entendida como defesa de valores tradicionais, logo conservadora) e inovação. Os programas que buscam inovar, modificar a perspectiva da sociedade em relação a temas culturais como aborto, drogas, são progressistas, e os progressistas, dentro do critério que adotamos, estão no espectro da esquerda. Vale dizer que ser progressista e ser igualitário não são posições necessariamente interconectadas, o mesmo para conversador, e liberal[1] (BOBBIO, 2001).


[1] Posição que tende a valorizar ou enfatizar mais as desigualdades naturais. Existe na tradição liberal defesa da igualdade política, igualdade diante da lei, mas a ênfase na defesa da desigualdade é que coloca essa perspectiva no espectro da direita em nosso trabalho.

Vale dizer que Bobbio enfatiza a diferença em defender igualdade e ser igualitarista, que significa dizer que todos devem ser iguais em tudo. O que Bobbio classifica como obviamente algo não razoável. Já defender a igualdade no sentido de reduzir as desigualdades econômicas, ou "tornar menos penosas as desigualdades naturais" algo absolutamente razoável.

Exemplo de discórdia de definição. Durante o século XIX o termo libertário era usado para falar dos diferentes anarquistas de esquerda, mas ai nos EUA, ele foi apropriado por uma direita, que eu chamaria dos libertários de direita, para significar algo próximo do anarco-capitalismo.
 
Última edição:
Antes de mais nada, obrigado pela resposta. Bem mais embasada do que costumo ver por aí. Mas algumas coisas ainda me parecem nebulosas, talvez por eu não ter sido claro o suficiente.

Tem muita coisa aí. Primeiro "a questão de todo mundo que defende o socialismo não abre espaço para uma transição voluntária" isso simplesmente não é verdadeiro.

https://www.marxists.org/reference/archive/bernstein/works/1899/evsoc/preface.htm
Mea culpa. Usei uma hipérbole sem avisar... mas você talvez concorde comigo que há uma parcela muito barulhenta e evidente que não só por vezes é ignorada pela ala mais calma da esquerda, como também é protegida - haja visto movimentos como Antifa nos EUA, que inclusive rejeitaram o discurso do Trump de que houve excessos de ambos os lados em Charlottesville. Pessoas com algum poder de divulgação costumam tentar justificar ditaduras como Cuba e Venezuela (como Luciana Genro e Jeremy Corbyn), que pela simples existência da figura de um ditador foge completamente de qualquer definição de igualdade que eu consideraria coerente.

Mas um ponto me deixou curioso e não fui capaz de encontrar no link que vc colocou: no final do texto, Bernstein reconhece que muitas das ideias que ele apresenta ali não estão em pleno acordo com as ideias de Marx/Engels, mas não fica clara quais são...

O Estado de Bem-estar social é um ponto complexo para mim: com certeza suas propostas estão mais à esquerda do que o que havia antes, mas ele existe claramente para manter o Capitalismo como sistema vigente. Ainda que exista uma preocupação com o bem-estar social (e eu tenho certo receio em admitir que isso é uma causa exclusiva da esquerda; talvez historicamente, mas não necessariamente), esse bem-estar traz claros benefícios para o sistema capitalista e não aponta nenhuma resolução para o acúmulo dos meios de produção.

Sobre a Mondragon, eu acho extremamente válido esse modelo, e acho que deveria ser adotado por quem quisesse. O que eu não percebo, é como seria a transição final, pois não consigo perceber uma ressocialização dos meios de produção sem a entrega voluntária pelos atuais capitalistas - o que eu acho meio utópico. Em algum momento, essa "troca de mãos" deverá ser exercida pela força ou pela lei... sempre se usa essa questão de não-violência, mas o único meio dessa transição ser não-violenta é se a entrega dos meios de produção for vantajosa para quem hoje os detém - mais do que isso, é necessário convencê-los disso.

Outra coisa, eu não disse que definição é autoritária e sim a postura de dizer que vc precisa ser X,Y, ou Z para ser de esquerda.
Isso continua não fazendo sentido. Uma vez definida uma ideia, considerar-se-á (hehehe) partidário daquela ideologia quem compartilhar de suas ideia. É claro que sempre se pode cair na Falácia do Escocês de Verdade e dizer, por exemplo, para ser vermelho tem que ter tatuado a foice e o martelo... mas não faz o menor sentido vc defender todas as pautas da direita e ainda assim querer ser reconhecido como esquerda porque "vc não precisa de X,Y ou Z para ser de esquerda". O que eu pretendia era exatamente tentar separar essa carga que as pessoas atualmente carregam em ideologias, que não são intrínsecas a ele - como o Ateísmo+, feminismo interseccional etc.

“Direita” e “esquerda” não são conceitos absolutos. São conceitos relativos. Não são conceitos substantivos ou ontológicos. Não são qualidades intrínsecas ao universo político. São lugares do “espaço político”. Representam uma determinada topologia política, que nada tem a ver com ontologia política: Não se é de direita ou de esquerda no mesmo sentido em que se diz que se é ‘comunista’, ‘liberal’ ou ‘católico’. Em outros termos, direita e esquerda não são palavras que designam conteúdos fixados de uma vez para sempre. Podem designar diversos conteúdos conforme os tempos e as situações (BOBBIO,2001 , p.107-108)
Por essa definição, entendo que pode-se adotar uma postura caso-a-caso (por exemplo, a favor da liberação das drogas, mas contra o aborto), e reconhecer-se como esquerda ou direita pelo saldo dessas posições ou o resultado daquelas que a pessoa consideraria mais importante. É isso?

Com respeito aos sujeitos, o sufrágio universal masculino e feminino é mais igualitário do que o sufrágio universal apenas masculino: o sufrágio universal masculino é mais igualitário ao sufrágio masculino limitado aos possuidores ou aos não-analfabetos. Com respeito aos bens, a democracia social que estende a todos os cidadãos, além dos direitos de liberdade, também os sociais, é mais igualitária do que a democracia liberal. Com respeito ao critério, a máxima ‘a cada um segundo suas necessidades’ é, como já se disse, mais igualitária do que a máxima, ‘a cada um segundo sua posição’, que caracteriza o Estado de estamentos ao qual se contrapôs o Estado liberal(BOBBIO,2001 , p.115).
"A cada um segundo suas necessidades", indica, para mim, um atendimento do mínimo necessário (por exemplo, uma pessoa precisa em média 2000kcal para sobreviver, mas eu quero umas 3500kcal pq eu gosto de chocolate e sorvete... atualmente, eu tenho que me ganhar mais dinheiro do que alguém q vive bem sem chocolate e sorvete e eu tenho condições de fazer isso, pq quem satisfaz minhas vontades sou eu, ainda que ela seja vista como supérflua). Assim, como você confrontaria essa frase com a máxima "a cada um segundo seu merecimento" (e eu não estou falando, necessariamente, de meritocracia aqui).

Nesse sentido está mais à esquerda quanto mais igualitária for à posição em cada questão, e pela somatória das posições, se traça um perfil predominante do programa. Ao contrário, quanto menos defender propostas igualitárias, ou quanto menos se comprometer com valores igualitários, mais a direita estarão. Isso é bem evidente na relação com as ideias da RSB, quanto mais defender democratização do Estado, democratização de acesso, e os direitos sociais, mais à esquerda estará. Quanto mais defender um sistema de acesso via mercado, que cria desigualdade no acesso devido às diferenças de poder aquisitivo, manifestadas na população, mais a direita está.
O que você reconheceria como valores igualitários? A igualdade de oportunidade ou a igualdade de resultados? Porque eu vejo as duas como impossiblidades utópicas do mais alto nível - ainda que seja desejável tentar garantir a igualdade de oportunidade, praticamente qualquer coisa pode ser lida como uma desvantagem que grupo X tem que o grupo Y não tem - às vezes, com razão, mas nas proporções atuais que vejo, isso está fora de controle já...

Também diferenciamos perspectivas progressistas de perspectivas conservadoras. Nesse sentido, se aproxima da direita aquelas posições que mais defendem a tradição, são logo conservadoras, pois desejam manter a tradição. As progressistas são inovadoras, querem transformar, modificar a tradição. Bobbio embora não tenha abordado especificamente o termo progressista, fala da dicotomia entre tradição e emancipação, mas defende, e nós concordamos, que deveria ser oposição entre tradição (aqui entendida como defesa de valores tradicionais, logo conservadora) e inovação. Os programas que buscam inovar, modificar a perspectiva da sociedade em relação a temas culturais como aborto, drogas, são progressistas (...)
Você reconheceria o NAMBLA como uma organização progressista? A defesa da descriminalização do assassinato seria uma causa de esquerda, a rigor? Se não, por que, uma vez que eles simplesmente apresentam uma nova proposta contrária à tradição? Se sim, você não acha que isso abre uma brecha no entendimento que fará com que muitas pessoas se afastem de serem identificados como esquerda por conta de diversas pautas que são (eu espero) unanimente asquerosas?

Exemplo de discórdia de definição. Durante o século XIX o termo libertário era usado para falar dos diferentes anarquistas de esquerda, mas ai nos EUA, ele foi apropriado por uma direita, que eu chamaria dos libertários de direita, para significar algo próximo do anarco-capitalismo.
É claro que nomes e definições flutuam ao longo do tempo... mas uma vez bem definido o tempo (duvido que o intuito do OP era fazer debates sobre a esquerda dos anos 20), essa definição tem, sim, que ser clara (ainda que não seja absoluta! Por exemplo, vc deixou bem claro o que você quer dizer quando se diz ser de esquerda, mas nada impede que outra pessoa tenha um outro entendimento e se considere também de esquerda, apesar de não compactuar com seus pontos - na verdade, eu diria que esse é o primeiro problema que aparece sempre nesse tipo de discussão)...
 
Antes de mais nada, obrigado pela resposta. Bem mais embasada do que costumo ver por aí. Mas algumas coisas ainda me parecem nebulosas, talvez por eu não ter sido claro o suficiente.


Tb agradeço, sua mensagem muito mais educada e com conteúdo do que tenho visto em fóruns. Devo dizer que gosto muito de suas mensagens no tópico “Você acredita em Deus?” e acredito que em parte isso me motivou.


Mea culpa. Usei uma hipérbole sem avisar... mas você talvez concorde comigo que há uma parcela muito barulhenta e evidente que não só por vezes é ignorada pela ala mais calma da esquerda, como também é protegida - haja visto movimentos como Antifa nos EUA, que inclusive rejeitaram o discurso do Trump de que houve excessos de ambos os lados em Charlottesville. Pessoas com algum poder de divulgação costumam tentar justificar ditaduras como Cuba e Venezuela (como Luciana Genro e Jeremy Corbyn), que pela simples existência da figura de um ditador foge completamente de qualquer definição de igualdade que eu consideraria coerente.

Concordo integralmente e vou além a eleição de Trump é tanto uma ascensão de sentimentos fascistas, como uma reação popular a uma política que economicamente é de centro-direita, falo da ala corporativa do partido Democrata, quanto no campo social e cultural uma reação aos excessos do politicamente correto, aplicado por uma esquerda com tendências autoritárias, e contraria a liberdade de expressão, que eu tenho muitas críticas.

Se Corbyn faz desculpas para Cuba e Venezuela eu lamento, pq em outras questões concordo muito com ele, imagino, mas teria que ver, que ele esteja criticando o bloqueio americano, como algo desumano, e criticando no caso da América Latina, as diversas ações dos países de primeiro mundo de interferir nos países latino americanos. Agora se ele não critica as prisões políticas, e o autoritarismo, ai ele está simplesmente errado. É possível criticar duramente o intervencionismo, especialmente dos EUA, na América Latina, o que explica em parte isolamento de certos países, sem com isso querer justificar crimes e autoritarismo.

Eu sinceramente não sei se ele cruza essa linha que aqui expus.


Mas um ponto me deixou curioso e não fui capaz de encontrar no link que vc colocou: no final do texto, Bernstein reconhece que muitas das ideias que ele apresenta ali não estão em pleno acordo com as ideias de Marx/Engels, mas não fica clara quais são...


Ele tinha várias divergências, embora concordasse que as relações de produção levassem o capitalista a concentração de poder, ele não concordava com o caminho revolucionário, do que ele chamaria de Marx imaturo, e defende a visão posterior de Marx que incluía a possibilidade de uma via legislativa.

Gramsci inclusive bem depois expandiu sobre esse caminho que não era baseado em violência, que chamou de Guerra de posição. A guerra de movimento seria a tomada brusca do poder, e seria necessária, na visão de Gramsci, nos países que não se tem mediação, países com regimes autocráticos, como o czarismo (na Rússia), aonde não há como fazer p0ela via legislativa, e a repressão é muito grande para a prática da política, sendo o confronto a única forma, nesses casos.

Vale dizer que não sou especialista em Bernstein para detalhar a natureza de outras divergências que ele tinha. Posso falar com mais propriedade sobre divergências que eu tenho com Marx, embora muitas dessas tem um que de anacronismo, já que são divergências em que eu tive a possibilidade de examinar uma história que ele não viveu.



O Estado de Bem-estar social é um ponto complexo para mim: com certeza suas propostas estão mais à esquerda do que o que havia antes, mas ele existe claramente para manter o Capitalismo como sistema vigente. Ainda que exista uma preocupação com o bem-estar social (e eu tenho certo receio em admitir que isso é uma causa exclusiva da esquerda; talvez historicamente, mas não necessariamente), esse bem-estar traz claros benefícios para o sistema capitalista e não aponta nenhuma resolução para o acúmulo dos meios de produção.


A defesa do Estado de Bem-Estar Social não é um ponto pacifico na esquerda. Alguns entendem a defesa de direitos sociais como um passo intermediário, algo que precisa ser feito agora, para diminuir o impacto das desigualdades socioeconômicas, mas essas políticas são insuficientes a longo prazo. Já outros como Bernie Sanders, parecem defender o Estado de Bem-Estar Social como objetivo último, que precisa apenas ser aprimorado.

Eu me coloco mais no primeiro bloco, ou seja, em um país que não temos nem Estado de Bem-Estar social, ou seja, um sistema universal de saúde de qualidade, educação de qualidade, seguridade social, isso é prioridade. Porém, eu entendo que estimular e expandir o setor cooperativo é algo que um governo de esquerda deve fazer, visando a longo prazo gradualmente dar mais poder aos trabalhadores no espaço de trabalho, a democratização do espaço de trabalho seria o objetivo último, no que tange a economia.

Sobre a Mondragon, eu acho extremamente válido esse modelo, e acho que deveria ser adotado por quem quisesse. O que eu não percebo, é como seria a transição final, pois não consigo perceber uma ressocialização dos meios de produção sem a entrega voluntária pelos atuais capitalistas - o que eu acho meio utópico. Em algum momento, essa "troca de mãos" deverá ser exercida pela força ou pela lei... sempre se usa essa questão de não-violência, mas o único meio dessa transição ser não-violenta é se a entrega dos meios de produção for vantajosa para quem hoje os detém - mais do que isso, é necessário convencê-los disso.


Não é necessário convencer, nem é necessária violência. É possível estimular o setor cooperativo de forma que ele se torne mais competitivo, e assim ele gradualmente vai substituindo as empresas tradicionais. E existem exemplos de empresas cooperativas que se tornaram líderes em seu setor. Um Governo que favorece cooperativas, ajudando elas no que tange formação, administração, poderia contribuir para essa substituição gradual, sem nunca precisar recorrer a subsídios diretos, algo que sou contrário, aliás se dependesse de mim o Estado não daria subsídios a nenhum setor privado.

Agora eu concordo que esse processo seria cercado por conflitos, e risco de violência, mas ele poderia ser feito de forma gradual, com o estimulo ao setor cooperativo, e a democratização do Estado, das instituições, empresas públicas, convertendo a forma democrática de se administrar empresas no padrão, a longo prazo. Eu não seria favorável a proibição de empresas não cooperativas, mas sim defenderia que a forma cooperativa e democrática fosse estimulada.

Veja o exemplo da Itália. Se vc é demitido do seu trabalho vc pode receber auxílio desemprego por 2 anos, ou receber o valor de 2 anos de trabalho, na integra, assinando um compromisso de montar uma cooperativa, com outros trabalhadores que fazem parte desse programa estatal de criação de cooperativas. Os trabalhadores juntam o dinheiro que é deles, por direito, e fundam uma empresa em que todos são donos, e continuam trabalhando, agora em sua empresa, invés de ficar 2 anos recebendo salário fora do mercado de trabalho. Defendo iniciativas como essa. Vale dizer que o Estado age como facilitador, mas não é dono do empreendimento, distinção fundamental.



Isso continua não fazendo sentido. Uma vez definida uma ideia, considerar-se-á (hehehe) partidário daquela ideologia quem compartilhar de suas ideia. É claro que sempre se pode cair na Falácia do Escocês de Verdade e dizer, por exemplo, para ser vermelho tem que ter tatuado a foice e o martelo... mas não faz o menor sentido vc defender todas as pautas da direita e ainda assim querer ser reconhecido como esquerda porque "vc não precisa de X,Y ou Z para ser de esquerda". O que eu pretendia era exatamente tentar separar essa carga que as pessoas atualmente carregam em ideologias, que não são intrínsecas a ele - como o Ateísmo+, feminismo interseccional etc.


Sem dúvida existem critérios, e não são inteiramente arbitrários, eu diria que são históricos. Minha preferência pelos de Bobbio tem a ver com a clareza e o fato de serem mais tranquilos de serem aplicados a uma grande variedade de movimentos. Por exemplo, políticos que se colocam contra o aborto, mesmo em caso de estupro, por motivos religiosos, estão na direita, baseados no princípio do apelo a tradição. Já os que defendem que aborto deve ser escolha da mulher (claro que é necessário definir até que mês...), estão na esquerda, culturalmente, no campo tradicionalmente chamado de progressista. Mas o critério da igualdade, que citei antes, também ajuda, enquanto a direita tende a defender sobremaneira o direito individual, a esquerda privilegia os direitos sociais, como prioritários, tendo em vista promover maior igualdade. Isso fica bem visível quando a direita defende a privatização da saúde, e que cada um pague a sua, e a esquerda defende universalização do direito a acesso de serviços de saúde, como um direito de cidadania.








Por essa definição, entendo que pode-se adotar uma postura caso-a-caso (por exemplo, a favor da liberação das drogas, mas contra o aborto), e reconhecer-se como esquerda ou direita pelo saldo dessas posições ou o resultado daquelas que a pessoa consideraria mais importante. É isso?

Sim...
Eu separaria fundamentalmente o campo cultural, por exemplo: liberalização das drogas, aborto, pena de morte, ensino secular/religioso(criacionismo)...

do campo econômico: privatização vs direitos sociais, diminuição dos impostos inclusive das grandes corporações vs estimular o setor cooperativo....

e o campo político: financiamento privado das campanhas vs financiamento público(ou apenas de indivíduos com limites rigorosos), restrição da democracia e do poder popular (apoio a ditaduras) vs apoio a democratização do Estado e da sociedade.


Uma pessoa pode ser progressista culturalmente, mas liberal economicamente. Uma pessoa pode ser conservadora culturalmente, mas pode ser socialdemocrata ou socialista economicamente. Na política a pessoa pode tender para uma postura elitista, ou pode ser democrata-popular.


Esses três eixos, cultura, economia e política, não se alinham perfeitamente nas pessoas pois seres humanos são complexos, e aderem a ideologias por motivos diversos. Vale dizer que existem questões que cruzam esses eixos, quem defende como eu democratização do Estado e do espaço de trabalho, defende por razões muito semelhantes, embora uma posição está mais relacionada a grande política, ou política do Estado, das instituições que administram uma nação, e a outra está relacionada aos meios de produção, e a produção econômica de uma sociedade.


Concordo com sua visão sobre o saldo, mas acho que eu faria um saldo cultural, separado do saldo econômico, separado do saldo político. Se estivesse fazendo um questionário para descobrir se a pessoa é conservadora ou progressista, se é liberal ou socialdemocrata, e se é autoritária ou libertária. Vale dizer que o eixo autoritário ou libertário não é esquerda ou direita, pois existem autoritários e libertários tanto de esquerda quanto direita.

Peço desculpas se fui prolixo, mas o tema, é de meu interesse e vc fez boas perguntas. Lembrando que muitas dessas questões são polemicas, e embora minhas preferencias, por exemplo, pelas definições de Bobbio, tenham embasamento, eu jamais sugeriria que se trata de uma questão fechada. Ao contrário, diria que a natureza histórica da controvérsia faz com que essa questão fica aberta, mas podemos fazer tentativas de aproximação e usar teorias para compreender melhor, e afinal, essa é essência do trabalho cientifico.
 
Última edição:
Parei a leitura no ¨Nesse ponto o leitor pode estar se perguntando se algo do que foi descrito aqui não valeria para setores da esquerda. Talvez.¨
É bom saber.

Da minha parte, já achei surpreendente teres iniciado a leitura.
 
Independente de ideologia, ou de julgamentos, achei esse vídeo muito bonito.



Isso que é ser brasileiro, isso que é lutar pelo Brasil, isso que é morrer pelo Brasil.

Que todos nós possamos aprender a sermos brasileiros, como essa figura ímpar da nossa história foi.
 
A China abriu sim o capitalismo lá e os impostos são super barato 5% ~ 10%.

Mas não falam que eles tem um projeto de desenvolvimento de nação !? fala isso ? Nãoooooo.

A china tem MAIS funcionários publicos do que do setor privado. Isso ninguém conta.
83% das empresas que são categorizadas como "capitalistas" só trabalham porque o governo CONTRATA elas para fazer determinado serviço.

mapa+2020.jpg



você acha que as tecnologias da China são desenvolvidas pela iniciativa privada ? KKKKKKK

O governo chines empresa 100mil e pede para a "iniciativa privada" devolver 90mil daqui a 2 anos.

No Brasil o governo empresta 100mil e pede pro pequeno empresário devolver 200mil :fanboys:

Tudo na China tem mais MÃO do Estado envolvido do que da iniciativa privada.
 
China;
Minha casa minha vida com juros negativo
Meu emprego, minha vida, bancado pelo estado comunista
Meu negócio, minha vida, bancado com juros negativo


Brasil;
mInha casa minha vida com juros de 300%
minha empresa, meu caixão, impostos sufocando até onde não pode mais


Se a China tivesse atualmente 600milhões de pessoas, todas estariam EMPREGADAS, com formação, sustentando suas familias. O unico lado ruim da China é a super população, pois o território deles não são grande o suficiente para sustentar 1,3bilhões de pessoas.

juros negativos na china ?

juros reais negativos quem pegou foi os hucks da vida lá no BNDES
 
Se vc acha que liberdade e grandes corporações comprando eleições são compatíveis, nós não concordamos sobre o que significa liberdade. E por favor citar regimes que condeno não refuta nada.

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/04/140418_vlog_oligarquia_pu

O problema são grandes corporações comprarem eleições na base da propaganda usando dinheiro próprio? Não é pagar pra quase 50% da população diretamente na conta usando dinheiro da própria população, ameaçando deixarem passar fome se outro governo for eleito? Isso não é compra de voto né?

Liberdade está longe de ter seu pote de ração cheio todos os dias, cachorros tem saúde, tem alimento mas são os seres vivos menos livres que existem, então não fala em liberdade na mesma frase que fala em auxílio e esquerda, fala em erradicação da fome, fala em saúde grátis, fala em educação grátis, Pode falar tudo, menos liberdade.
 
Última edição:
O problema são grandes corporações comprarem eleições na base da propaganda usando dinheiro próprio? Não é pagar pra quase 50% da população diretamente na conta usando dinheiro da própria população, ameaçando deixarem passar fome se outro governo for eleito? Isso não é compra de voto né?

Liberdade está longe de ter seu pote de ração cheio todos os dias, cachorros tem saúde, tem alimento mas são os seres vivos menos livres que existem, então não fala em liberdade na mesma frase que fala em auxílio e esquerda, fala em erradicação da fome, fala em saúde grátis, fala em educação grátis, Pode falar tudo, menos liberdade.

Para mim uma população dos países que garantem direitos sociais a todos seus cidadãos, como saúde, educação, são bem mais livres que a população de países que vc tem que pagar. Pq em ambos os casos vc paga, mas ter a possibilidade de não ter acesso a direitos básicos é que te priva de se desenvolver e realizar as próprias escolhas. Direitos de cidadania, longe de restringir a liberdade, eles ampliam, quem mede a liberdade apenas naquilo que pode pagar, tem uma visão muito restrita, pobre, da liberdade. A ideia que as pessoas devem ser livres para morrer de fome, ser livres para não ter acesso a saúde ou educação, é uma visão que usa a noção de liberdade para impor tirania dos conglomerados econômicos que estão no poder.

Ah sim, as corporações comprarem as eleições, é bem pior do que um governo usar seus programas para se reeleger, ainda mais um programa que não chega a 1 por cento do PIB. Se governos não pudessem usar seus programas, FHC não poderia ter usado o plano real e a estabilização da moeda, e dizer que o governo seguinte iria acabar com isso, que é a mesma chantagem, que podemos classificar como uma tática baixa, condenável, em ambos os casos, mas que nem se aproxima do dano que as corporações produzem, estimulando sistemas de corrupção, pré-selecionando candidatos corruptos, que são os que mais aceitam "doações" vulgo propina. A pesquisa feita em Princeton demonstra que a democracia americana é de fato uma oligárquica, e aqui é ainda pior.
 
A esquerda vem sendo atacada nos últimos anos de forma mais intensa, o ápice desses ataques havia sido golpe parlamentar em 2016 que lançou o país num abismo infinito, mas confesso que não imaginava uma escalada de ódio reacionário, fascista que culminaria na execução a sangue frio de uma liderança política de esquerda, como ocorreu com a Marielle Franco e o motorista Anderson, ela defensora dos Direitos Humanos, dos jovens, dos negros, dos favelados, da população LGBT, crítica das operações violentas, abusivas e truculentas da polícia nas favelas, uma vereadora da segunda capital mais importante do país, é um ataque contra a democracia, contra o estado de direito, contra a civilidade, um ataque contra os pilares da humanidade, justamente aquilo que nos diferencia dos animais selvagens.

É absolutamente chocante observar a que ponto chegou a intolerância, o ódio, a desumanização, mostra o estágio pré civilizatório em que ainda estamos inseridos, um estágio pré Declaração Universal dos Direitos Humanos, o ataque a uma liderança política que defendia os DH, que tinha como agenda a dignidade e o direito a vida é um ataque a própria estrutura de organização social, é o início do fim, é a luz verde para a barbárie e o caos generalizado, em nome do ódio e da intolerância ao outro, ao que outro pensa e defende, mesmo que esse outro esteja defendendo o que é de interesse de todos em sociedade, independente de orientação política-ideológica, o direito ao respeito, o direito à dignidade, o direito à vida.

Mas para confirmar esse estágio pré-civilizatório em que vivemos, não satisfeitos em executar fisicamente e friamente a Marielle, com o intuito de também executar as suas ideias, as suas pautas e lutas de vida política, começaram, mesmo sendo uma minoria(maioria prestava homenagens, condolências e protestava contra a morte da vereadora), uma fábrica de informações falsas sobre ela, com o intuito de não somente executá-la fisicamente, politicamente, ideologicamente, mas com o intuito de executar também a sua honra, a sua reputação, a sua memória. Como não poderia deixar de ser, surgiram em correntes de whatsapp, onde transbordam boatarias de toda sorte, com os mais variados objetivos escusos, que a Marielle teria sido eleita com ajuda de facções criminosas, que tinha relação com bandidos, uma desembargadora chegou a replicar isso evocando seu cargo, dando ainda mais proporção ao boato, utilizando inclusive termos e expressões para se referir a Marielle de forma absolutamente vil, um deputado do DF chegou a afirmar que ela tinha sido casada com traficante, que tinha tido filho com 16 anos, como se isso fosse um crime, nada disso foi confirmado, pelo contrário, tudo foi desmentido rapidamente, pq mentira tem perna curta, vendo a repercussão negativa da tentativa de assassinar também a reputação da vereadora, tanto a desembargadora quanto o deputado apagaram seus posts, mas o mal já tinha sido causado, até aquele grupelho fascista do MBL replicou o post da desembargadora na sua página oficial.

Percebe-se que o ataque à esquerda e à pauta civilizatória que ela defende, não tem limites, vai da calúnia, injúria, difamação midiáticas, passando pelo golpe, perseguição institucionalizada, e agora execução a sangue frio de lideranças políticas no exercício de seus mandatos, seguido de tentativa de assassinar também a reputação, a honra e a memória da mesma, é uma verdadeira cruzada fascista contra a esquerda, contra a democracia e contra a humanidade, que aparentemente saiu do controle deles, pq além da esquerda e a sociedade não terem tolerado o crime político que foi o assassinato da Marielle, não toleraram também as tentativas de sujar o nome e a memória dela. O PSOL, o PT e a OAB vão protocolar responsabilização criminal contra desembargadora e o deputado que disseminaram boatarias contra a Marielle, por calúnia e difamação, além de terem dado o maior dos motivos para a união das esquerdas nesse ano eleitoral, tudo aquilo que a Marielle lutava e defendia até minutos antes de ser executada, o direito à civilidade, à democracia, o direito à vida, foi amplificado nos movimentos sociais e sociedade organizada, reacendeu a chama de luta e resistência, o tiro fascista saiu pela culatra, o luto pelo assassinato da Marielle se tornou o maior combustível de luta da esquerda e dos democratas civilizados daqui em diante, fato que repercutirá por décadas na busca da esquerda por um país democrático, civilizado e humano.
 
Esquerda é bom pra quem está no poder ou mamando na teta do estado com ótimo emprego público... População recebe migalhas e tem que dar graças, é impedida até de se defender e viva a bandidagem, viva o MST assaltando os produtores rurais!


Para o resto da população é melhor que empresários e fazendeiros lucrem muito com competição saudável entre eles e forneçam bons salários para garantir o pão de todo dia e muitas coisas mais. Se não for assim, não funciona...
 
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Posso não concordar com que escreve, diz ou fala mas defenderei seu direito democrático de escrever, dizer e falar.
 
Agora sim eu vi vantagem. Vou esperar passar o hype dos xaropes de sempre.

P.S: postaram ótimos links aqui, mas os melhores lugares para o pensamento de esquerda ainda são um bom livro e o trabalho junto à base.
 
Tradução:

"Os melhores lugares para o pensamento de esquerda são aonde eles não são contestados."

Contestar é uma coisa diferente de ficar papagaiando reducionismos e coisa que aprendeu no grupinho de liberal do Facebook.

Enfim, tô aqui mais pra trocar ideia com os outros camaradas visto que, pelas threads e pelo contato com o mundo real (sim, existe ideologia e política em constante movimento fora da internet), nós mesmos, de "esquerda" temos várias divergências.
 
Última edição:
Eu honestamente não acredito no socialismo nem no comunismo, mas sou completamente a favor de um estado forte, de políticas estatais, altos impostos, programas sociais e órgãos reguladores - além da redução máxima da desigualdade, mas com mínima atuação nas decisões pessoais relacionadas a religião, drogas, aborto etc. Talvez um social-democrata, o que seria o PSDB no Brasil se eles de fato seguissem a social-democracia dos países europeus (onde eu moro no momento) e não esse modelo neo-liberal de estatizar tudo a preço de banana.

Tenho amigos que viraram ancaps, outros do estado mínimo, outros só seguidores do MBL mesmo tipo o Lightman etc mas a esquerda em si está bem enfraquecida no BR e esse crime político da Marielle foi extremamente tenso.
 
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