Brother, realmente se não curte jogos em primeira pessoa, o Gamepass perde metade da vantagem, pois é notório a ênfase que a Microsoft e Bethesda dão aos jogos em primeira pessoa, até pela proximidade com o PC.
Brother, penso que a Sony se especializar em jogos em terceira pessoa com gráficos excepcionais e foco narrativo foi uma estratégia muito acertada da Sony.
São jogos que tem um apelo de público e marketing muito grande, tem relativamente pouca concorrência e vem se destacando todos os anos.
Jogos em primeira pessoa, shooters, esporte, multiplayers, RPG, etc, são estilos com vários títulos bem estabelecidos no mercado. A Sony teria dificuldade em encontrar seu lugar nesses estilos.
Mas ao focar em jogos em terceira pessoa, com gráficos cinematográficos e foco narrativo, encontrou um lugar em aberto que estava sendo pouco explorado e fez seu nome.
Como a Microsoft está 100% focada no Gamepass, a empresa se preocupa mais em ofertar uma maior diversidade de estilos, sendo fato que os estúdios da Microsoft tem uma diversidade bem maior de estilos de jogos.
Acerca do estilo de jogos oferecidos pela Sony, penso mais ou menos desse modo também. Não que eu não queira ver coisas novas, mas, para mim, a divisão PlayStation me parece muito mais um "ponto de encontro" àqueles que buscam oferecer trabalhos parecidos com o que vemos na Naughty Dog, por exemplo, e não um lugar onde os estúdios, necessariamente, são adquiridos/comprados ou orquestrados para desenvolver especificamente aquele estilo de jogo. Ou seja: parece muito mais o caso de pensar (e se pensar) de maneira similar do que apenas tentar copiar a fórmula cinematográfica. Se ainda formos considerar todas as manifestações dos agentes de dentro da indústria alegando que, por parte da Sony, os estúdios dispõem de tanto arbítrio de modo que a capacidade criativa só pode ser limitada pelas ideias do próprio criador, a tese ganha ainda mais força.
Há algum tempo, enxergo na Sony e Microsoft o seguinte: em Naruto, não me lembro se na saga clássica ou Shippuden, há uma conversa envolvendo Jiraiya e Orochimaru. A ideia por trás dela é a seguinte: Orochimaru, gênio e conhecido por ter sido uma criança prodígio, para além da vontade louca de tomar para si um poder particularmente muito especial, buscava apenas por aprendizes igualmente geniais. Quando, por exemplo, após a tentativa de tomar sua vila natal perde a capacidade de usar os próprios braços, ordena que seu braço direito, Kabuto, libere os cativos mantidos para testes (cobaias, em outras palavras) sob a promessa de libertar o povo/família daquele que subjugar/dominar/derrotar/aniquilar a todos os outros [cativos]. Ainda antes disso, como revelado na saga Shippuden, ordena que Kimimaro, outro discípulo incrivelmente forte que, não fosse seu problema de saúde, teria sido o receptáculo ideal -- nas palavras do próprio Orochimaru -- encontre a Jugo (o cara dos selos amaldiçoados) a fim de que
1) possa o Kimimaro recuperar sua saúde, pois era interesse do próprio Orochimaru ou
2) não sendo isso possível, tomar, para si, o poder de Jugo. E ainda antes disso, a tentativa de tomar o corpo de Itachi quando ainda integrava o time Akatsuki. Esta é a Microsoft e a compra recente de pouco mais de $7.5Bi.
Jiraiya, por sua vez, era uma criança desatenta e descompromissada. Tinha muita volúpia sexual e, de certo modo, é possível dizer que a única coisa levada a sério eram as mulheres. A despeito de tudo isso, após muito conversar com Hiruzen (que foi seu mestre na infância e que também era Hokage/líder de sua vila natal), foi o cara com maior senso de propósito dentro de toda a história no universo Naruto. Todos os grandes acontecimentos pós-nascimento do Jiraiya passam obrigatoriamente pelo Sannin. Em Amegakure (Vila da Chuva), na sua jornada em busca da realização da profecia feita por Gamamaru, um sapo sábio gigante, foi o mestre de 03 crianças durante uma das Grandes Guerras Ninja, mas que teriam sido mortas por Orochimaru não fosse sua compaixão. Apesar de também ter sido o mestre de um gênio, que era o Quarto Hokage, também teve como discípulo, ninguém mais, ninguém menos, Uzumaki Naruto. Uma criança sem talento algum e ainda pior em quase todos os sentidos se comparado ao Jiraiya na sua fase juvenil. E apesar da profecia que tentava levar à cabo tratar-se do encontro de uma pessoa que viria para dar paz ao mundo Shinobi (quase como um messias), foi ajudando os pequeninos que toda a história do Naruto, desde o clássico, foi possível.
Guardadas as devidas proporções, neste paralelo, diria que Jiraiya = Sony quando esta compra estúdios de pequeno/médio porte, firma parcerias com desenvolvedoras que não dispõem de uma centelha dos recursos da ZeniMax, Take Two, EA ou Ubisoft, por exemplo, e cria estúdios a partir do zero dentro de uma perspectiva: liberdade criativa. Nós sabemos que não há preço para a liberdade; que se você está livre, você está livre. E se você está livre e age a partir de um sistema onde seus pares pensam como você (não apenas no estilo, mas na forma), então o que temos é um mais do que um conglomerado: temos um organismo vivo, pulsante,
livre e que trabalha para e com um foco a serviço de um único propósito. Se o propósito é oferecer obras épicas e cinematográficas, ou experiências menores, mas ainda cativantes, DEIXEM QUE SEJA. E se, ao final, houver um rearranjo, um reajuste ou uma nova calibração de todo esse (senso de) propósito, permitam que isso aconteça da forma como já está disposta: organicamente. Antes que a roda seja reinventada, acho importante se certificar de que não haja nenhuma lasca comprometendo sua finalidade. Mais um pouco de polimento e voilà -- de preferência, sem freio e com partida do pico de uma montanha com descida perfeitamente trafegável desembocando numa cama gigante de espumas e travesseiros de pena de ganso.