Há alguns dias atrás eu finalmente terminei Final Fantasy XVI, e bom, vim relatar a experiência que eu tive com o jogo à quem interessar com um textão enorme. Não falo sobre spoilers no texto porque o intuito também é ajudar quem tá indeciso se compra ou não o jogo, principalmente a galera que nunca jogou FF.
Quando fizeram o primeiro PS Showcase lá em 2020 o FFXVI foi o primeiro anúncio do evento e selou minha compra do console. Ele ter sido colocado como primeiro anúncio mostrava a importância que a Sony dava para a franquia FF em seu console e a confiança de aquele seria um jogo grandioso e ousado que marcaria a primeira metade da geração do PS5.
A missão dos desenvolvedores do FFXVI era entregar um jogo completo que restaurasse o prestígio perdido pela saga FF com a trilogia FFXIII e FFXV, sendo que este último se tornou uma experiência fragmentada que exigia a visualização de filmes, animes, aquisição de DLCs e a espera pela versão Royal para uma experiência completa. Embora o FFVII Remake tenha sido uma excelente adição que resgatou a franquia junto ao público, é importante notar que FFVII é, em muitos aspectos, uma franquia separada. Muitas pessoas se concentram apenas no FFVII e não têm interesse nos outros títulos da série. Além disso, o Remake dividiu a base de fãs devido às alterações na história e à divisão em partes.
Após terminar o FFXVI, ficou claro que, embora o jogo não seja uma obra-prima, ele se aproximou muito disso. Somado ao sucesso do FFVII Remake, ele revitalizou a franquia, proporcionando uma experiência completa. Ao final dos créditos, fiquei satisfeito por ter tido o privilégio de jogar esse título. Embora tenham sido anunciadas duas DLCs para o FFXVI, eu não as vejo como necessárias, considerando que o jogo em si é extenso e abrangente, como se espera de um FF numerado já que só saí um por geração.
O ponto mais forte de FFXVI é a história e narrativa, o que acontece e como é contado. A história me surpreendeu bastante, rapidamente você se sente na pele de Clive Rosfield que é o protagonista que tem que encarar o mundo cruel e injusto de Valisthea, um mundo que está sendo consumido por uma praga misteriosa que destrói a vida por onde passa e onde aqueles que conseguem utilizar magia são escravizados, e as nações brigam pelo território onde grandes Cristais estão localizados para obter mais cristais dos quais eles dependem para tudo. Clive mesmo tendo perdido tudo no início de sua jornada e apanhando da vida de novo e de novo, escolhe lutar e ser bom num mundo onde 75% da população é composta por pessoas terríveis, na esperança de que suas ações façam com que as pessoas repensem seus modos de viver, nem que isso custe muitas vidas no processo. Esse jogo tem uma forte ênfase no aspecto cinematográfico, são 17 horas de cutscenes espalhadas ao longo do jogo, e eu ouso dizer que as cutscenes possuem a qualidade vista em God of War Ragnarok na direção, captura de movimentos e atuação, em nenhum momento eu reclamei de estar vendo cutscenes pois mesmo as mais lentas são um espetáculo.
Particularmente, gosto muito da maneira como o jogo representa os Dominantes, aqueles que abrigam os Eikons em seu interior, criaturas gigantescas de poder destrutivo inigualável. Eles são retratados quase como divindades acorrentadas pelo pesar de serem portadores, meramente utilizados para a guerra e vistos como monstros. Ao longo da trama, uma personagem fornece informações cruciais sobre a situação de Valisthea em momentos cruciais, apresentando-as com belas ilustrações dos personagens que protagonizam os conflitos e uma trilha sonora belíssima. Apesar de ser uma exposição, a imersão gerada por esses momentos é surpreendente, realçando esses personagens como lendas que transcendem o próprio mundo em que habitam.
Na parte de gameplay temos um jogo quase totalmente action. Eu digo quase porque os golpes especiais tem cooldown e o jogo ainda tem números aparecendo na tela, o equipamento afeta dano, defesa e atordoamento. Eu preferiria que tivessem rebalanceado as habilidades e deixado o jogo completamente action, sem cooldowns e equipamentos, somente sendo possível craftar outras espadas, desta forma teria mais variedade no combate desde o início pois apesar do combate ser excelente ele não floresce até chegar na metade do jogo. O combate começa bom e depois fica excelente mas o mesmo não pode ser dito da dificuldade, o jogo é fácil e na história principal apenas morri em 2 batalhas, a dificuldade padrão deveria ser a do NG+ afinal do que adianta um sistema de combate bem feito se o jogador não tem incentivo pra melhorar seus habilidades contra inimigos que o desafiam?
De qualquer forma, na minha opinião, esse sistema de combate oferece os eventos mais marcantes de qualquer jogo de ação que já joguei. As batalhas contra os Eikons superam até mesmo os momentos épicos de jogos como Bayonetta, God of War e Metal Gear Rising, que são conhecidos por terem algumas das sequências mais insanas dos games. Já falei aqui antes em outro post, se você jogar esse jogo no modo qualidade durante alguns chefes é impossível acreditar que o que está acontecendo na tela é in-game. Para mim todo mundo que tem um PS5 deveria comprar e jogar FFXVI apenas para presenciar o evento que acontece em 68% do jogo, é simplesmente outro nível e sem dúvidas estaria em meu "Top 3 momentos dos games" se eu fizesse uma lista do tipo.
Agora vou falar sobre os pontos negativos, sendo eles:
Por exemplo, no caso do Cyberpunk 2077, as missões que têm o propósito de encher linguiça são chamadas de "Gigs," enquanto as side-quests bem desenvolvidas e envolventes são denominadas como "Side Jobs." Isso significa que o conteúdo de menor qualidade será jogado principalmente por aqueles que buscam a conclusão total do jogo ou que são entusiastas extremos, enquanto as side-quests de alta qualidade, devido à sua fácil identificação, atraem a maioria dos jogadores.
No contexto do FFXVI, a situação das sides é terrível, pois a segunda metade do jogo contém muitas side-quests boas que culminam em cutscenes impactantes e enriquecem a construção do mundo do jogo. Elas têm um impacto tão significativo que dois jogadores podem interpretar o final do jogo de maneiras distintas devido ao contexto adicional fornecido pelas side-quests. Embora eu não me arrependa de ter completado todas as side-quests, teria sido útil poder diferenciar as de alta qualidade das demais. No entanto, é importante destacar que mesmo as side-quests consideradas menos satisfatórias mais tarde no jogo têm seu propósito, gerando momentos belos que contribuem para a trama. Em Valisthea, cada acontecimento é relevante, até mesmo os diálogos dos NPCs se ajustam de acordo com o desenvolvimento da história.
Uma outra crítica recorrente que vejo bastante mas não concordo é a que diz que os mapas do jogo não tem muito o que explorar. Honestamente, é verdade, mas eu não poderia me importar menos, eles cumprem sua finalidade para um jogo com foco em action que é ter uns monstros nos caminhos da main quest, outros monstros espalhados para caçadas e te levar daqui e ali numa side-quest pra dar uma sensação de jornada. Os cenários são todos bonitos sendo que o deserto é o deserto mais bonito que já vi num jogo. Já entro e falo dos gráficos, em modo qualidade é um dos jogos mais bonitos do PS5 ao lado de Demon's Souls e Horizon Forbidden West.
E é isso, esqueci apenas de mencionar a trilha sonora fenomenal, do início ao fim. Para mim, FFXVI é o terceiro jogo mais marcante que joguei desde o início desta geração, com Elden Ring em primeiro lugar e Deltarune em segundo. Trata-se de um jogo com uma trama complexa envolvendo personagens igualmente complexos, transmitindo mensagens belas e proporcionando momentos de gameplay que serão lembrados por muitos anos. Na minha opinião, FFXVI é melhor que a primeira parte do Remake de Final Fantasy VII mesmo que ligeiramente, mas ambos recebem a mesma nota.
Nota final: 9
A missão dos desenvolvedores do FFXVI era entregar um jogo completo que restaurasse o prestígio perdido pela saga FF com a trilogia FFXIII e FFXV, sendo que este último se tornou uma experiência fragmentada que exigia a visualização de filmes, animes, aquisição de DLCs e a espera pela versão Royal para uma experiência completa. Embora o FFVII Remake tenha sido uma excelente adição que resgatou a franquia junto ao público, é importante notar que FFVII é, em muitos aspectos, uma franquia separada. Muitas pessoas se concentram apenas no FFVII e não têm interesse nos outros títulos da série. Além disso, o Remake dividiu a base de fãs devido às alterações na história e à divisão em partes.
Após terminar o FFXVI, ficou claro que, embora o jogo não seja uma obra-prima, ele se aproximou muito disso. Somado ao sucesso do FFVII Remake, ele revitalizou a franquia, proporcionando uma experiência completa. Ao final dos créditos, fiquei satisfeito por ter tido o privilégio de jogar esse título. Embora tenham sido anunciadas duas DLCs para o FFXVI, eu não as vejo como necessárias, considerando que o jogo em si é extenso e abrangente, como se espera de um FF numerado já que só saí um por geração.
O ponto mais forte de FFXVI é a história e narrativa, o que acontece e como é contado. A história me surpreendeu bastante, rapidamente você se sente na pele de Clive Rosfield que é o protagonista que tem que encarar o mundo cruel e injusto de Valisthea, um mundo que está sendo consumido por uma praga misteriosa que destrói a vida por onde passa e onde aqueles que conseguem utilizar magia são escravizados, e as nações brigam pelo território onde grandes Cristais estão localizados para obter mais cristais dos quais eles dependem para tudo. Clive mesmo tendo perdido tudo no início de sua jornada e apanhando da vida de novo e de novo, escolhe lutar e ser bom num mundo onde 75% da população é composta por pessoas terríveis, na esperança de que suas ações façam com que as pessoas repensem seus modos de viver, nem que isso custe muitas vidas no processo. Esse jogo tem uma forte ênfase no aspecto cinematográfico, são 17 horas de cutscenes espalhadas ao longo do jogo, e eu ouso dizer que as cutscenes possuem a qualidade vista em God of War Ragnarok na direção, captura de movimentos e atuação, em nenhum momento eu reclamei de estar vendo cutscenes pois mesmo as mais lentas são um espetáculo.
Particularmente, gosto muito da maneira como o jogo representa os Dominantes, aqueles que abrigam os Eikons em seu interior, criaturas gigantescas de poder destrutivo inigualável. Eles são retratados quase como divindades acorrentadas pelo pesar de serem portadores, meramente utilizados para a guerra e vistos como monstros. Ao longo da trama, uma personagem fornece informações cruciais sobre a situação de Valisthea em momentos cruciais, apresentando-as com belas ilustrações dos personagens que protagonizam os conflitos e uma trilha sonora belíssima. Apesar de ser uma exposição, a imersão gerada por esses momentos é surpreendente, realçando esses personagens como lendas que transcendem o próprio mundo em que habitam.
Na parte de gameplay temos um jogo quase totalmente action. Eu digo quase porque os golpes especiais tem cooldown e o jogo ainda tem números aparecendo na tela, o equipamento afeta dano, defesa e atordoamento. Eu preferiria que tivessem rebalanceado as habilidades e deixado o jogo completamente action, sem cooldowns e equipamentos, somente sendo possível craftar outras espadas, desta forma teria mais variedade no combate desde o início pois apesar do combate ser excelente ele não floresce até chegar na metade do jogo. O combate começa bom e depois fica excelente mas o mesmo não pode ser dito da dificuldade, o jogo é fácil e na história principal apenas morri em 2 batalhas, a dificuldade padrão deveria ser a do NG+ afinal do que adianta um sistema de combate bem feito se o jogador não tem incentivo pra melhorar seus habilidades contra inimigos que o desafiam?
De qualquer forma, na minha opinião, esse sistema de combate oferece os eventos mais marcantes de qualquer jogo de ação que já joguei. As batalhas contra os Eikons superam até mesmo os momentos épicos de jogos como Bayonetta, God of War e Metal Gear Rising, que são conhecidos por terem algumas das sequências mais insanas dos games. Já falei aqui antes em outro post, se você jogar esse jogo no modo qualidade durante alguns chefes é impossível acreditar que o que está acontecendo na tela é in-game. Para mim todo mundo que tem um PS5 deveria comprar e jogar FFXVI apenas para presenciar o evento que acontece em 68% do jogo, é simplesmente outro nível e sem dúvidas estaria em meu "Top 3 momentos dos games" se eu fizesse uma lista do tipo.
Agora vou falar sobre os pontos negativos, sendo eles:
- Muitas side-quests, sendo a maioria ruim. De 76 side quests, eu diria que 30 deveriam estar no jogo. Pra quem souber inglês recomendo muito jogar olhando a lista de quests essenciais que a IGN fez, é bem precisa. As caçadas vale a pena fazer todas por sinal.
- Algumas missões da história tem qualidade de side-quest. São poucas representando no máximo 2 horas e meia de jogo num jogo que só a história principal dura 35 horas, mas atrapalham o ritmo do jogo.
- Principalmente em side-quests o jogo tem díalogos em que os personagens tem expressões faciais e corporais "duras". Por mais bem escrito que os díalogos sejam isso é um grande problema porque a diferença de qualidade entre as cutscenes e esses díalogos é enorme, parece outro jogo. Algumas vezes até que convence, já em outros momentos você percebe que faltava um pouco mais de trabalho em certos momentos pra trazer mais emoção, mas na história principal isso não acontece muito.
Por exemplo, no caso do Cyberpunk 2077, as missões que têm o propósito de encher linguiça são chamadas de "Gigs," enquanto as side-quests bem desenvolvidas e envolventes são denominadas como "Side Jobs." Isso significa que o conteúdo de menor qualidade será jogado principalmente por aqueles que buscam a conclusão total do jogo ou que são entusiastas extremos, enquanto as side-quests de alta qualidade, devido à sua fácil identificação, atraem a maioria dos jogadores.
No contexto do FFXVI, a situação das sides é terrível, pois a segunda metade do jogo contém muitas side-quests boas que culminam em cutscenes impactantes e enriquecem a construção do mundo do jogo. Elas têm um impacto tão significativo que dois jogadores podem interpretar o final do jogo de maneiras distintas devido ao contexto adicional fornecido pelas side-quests. Embora eu não me arrependa de ter completado todas as side-quests, teria sido útil poder diferenciar as de alta qualidade das demais. No entanto, é importante destacar que mesmo as side-quests consideradas menos satisfatórias mais tarde no jogo têm seu propósito, gerando momentos belos que contribuem para a trama. Em Valisthea, cada acontecimento é relevante, até mesmo os diálogos dos NPCs se ajustam de acordo com o desenvolvimento da história.
Uma outra crítica recorrente que vejo bastante mas não concordo é a que diz que os mapas do jogo não tem muito o que explorar. Honestamente, é verdade, mas eu não poderia me importar menos, eles cumprem sua finalidade para um jogo com foco em action que é ter uns monstros nos caminhos da main quest, outros monstros espalhados para caçadas e te levar daqui e ali numa side-quest pra dar uma sensação de jornada. Os cenários são todos bonitos sendo que o deserto é o deserto mais bonito que já vi num jogo. Já entro e falo dos gráficos, em modo qualidade é um dos jogos mais bonitos do PS5 ao lado de Demon's Souls e Horizon Forbidden West.
E é isso, esqueci apenas de mencionar a trilha sonora fenomenal, do início ao fim. Para mim, FFXVI é o terceiro jogo mais marcante que joguei desde o início desta geração, com Elden Ring em primeiro lugar e Deltarune em segundo. Trata-se de um jogo com uma trama complexa envolvendo personagens igualmente complexos, transmitindo mensagens belas e proporcionando momentos de gameplay que serão lembrados por muitos anos. Na minha opinião, FFXVI é melhor que a primeira parte do Remake de Final Fantasy VII mesmo que ligeiramente, mas ambos recebem a mesma nota.
Nota final: 9
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