Curioso com parte da mídia está estupidamente pintando isso como positivo, parece que qualquer coisa que seja contra os interesses da Rússia ou Irã é automaticamente classificado como positivo, aquele raciocínio binário, simplista e por isso, estúpido.
Parece que "esquecem" que os rebeldes anti-Assad incluem grupos muçulmanos extremamente radicas, como Al Qaeda e o Estado Islâmico.
Na real, Assad caindo ou não, o país só vai trocar um ditador por outro, e talvez pior. O contexto na Síria é bem complicado, pois tanto o regime de Assad quanto os rebeldes que querem derrubá-lo são totalitaristas, mas cada um à sua maneira.
Por um bom tempo um dos principais opositores do regime de Assad eram a Al-Quaeda e o Estado Islâmico, que queriam derrubar Assad por este ser "muito ocidental", especialmente por ser secularista (promovia tolerância religiosa), e também por ser alauíta (um vertente mais branda do Islã xiita), enquanto a Al-Qaeda e Estado Islâmico segue uma ideologia sunita extremista.
Note que ser "mais brando" e secularista não significa que Assad não era um ditador brutal, ele sempre foi, esmagava qualquer oposição, matava civis no atacado, usava armas químicas e etc.
Mas por outro lado, o objetivo dos rebeldes anti-Assad sempre foi criar um regime muito mais rígido e muçulmano tradicional no país, baseado fortemente na interpretação rígida e radical sunita das Leis da Sharia, como é no Afeganistão e Arábia Saudita. Ou seja: sem tolerância religiosa, mulher não pode ir pra escola e blablabla, tudo aquilo que já sabemos. E claro, 100% anti-ocidente e patrocinadores de terrorismo
Assad é um ditador vindo de um família que domina a Síria há muitas décadas com mão de ferro, pregava o nacionalismo árabe, o socialismo e o secularismo, com isso tentava criar uma unidade nacional à força e combatia violentamente os movimentos islâmicos mais radicais que poderiam ameaçar essa unidade e claro, sua estabilidade no poder.
Enfim... é trocar merda por bosta, e acho que uma bosta até mais fedida, pois, repetindo, estes rebeldes anti-Assad são muçulmanos radicais do pior tipo, aqueles que querem adotar as super-rígidas leis da Sharia e eram apoiados pela "gente boa" da Al Quaeda e Estado Islâmico.
Com relação ao ocidente, pelo menos Assad não promovia terrorismo fora do Oriente Médio. Embora Assad apoie o Hamas e Herzbolah e seja anti-Israel, nunca apoiou atividades terroristas contra países ocidentais (EUA e Europa), ou seja, fora da região, na verdade sempre adotou uma aproximação pragmática com o ocidente, assim como Rússia e China.
Só fico imaginando a Síria daqui a uns anos, agora dominada por um destes grupos ultra-radicais muçulmanos, começar a incomodar muito o ocidente, e aí o pessoal vai ficar "surpreso" vendo que a coisa só piorou.
Sempre pode piorar. Vejam abaixo o naipe do grupo rebelde que pretende tomar o poder na Síria
O que é o grupo Hayat Tahrir al-Sham, que tenta derrubar o ditador Assad na Síria
A milícia foi responsável pela ofensiva rebelde iniciada em novembro que resultou na captura de cidades-chave da Síria, em um dos mais violentos avanços nos 13 anos de guerra civil no país
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O fundador da frente al-Nusra, Abu Mohammed al-Golani, é considerado o “rosto” do HTS e principal estrategista da milícia. Logo após assumir a liderança do grupo,
Golani e seu grupo logo assumiram a responsabilidade por atentados mortais, prometeram atacar forças ocidentais, confiscaram propriedades de minorias religiosas e enviaram a polícia religiosa para impor vestimentas modestas às mulheres.
Nas áreas sob o seu controle, o HTS implantou um governo civil e estabeleceu uma espécie de estado na província de Idlib, ao mesmo tempo que esmagava os rebeldes rivais. Mas, no processo
, enfrentou acusações de residentes e grupos de direitos humanos de abusos brutais contra dissidentes que a ONU classificou como crimes de guerra.
De acordo com o portal de notícias Middle East Eye, Jolani
começou a ser atraído pelos postulados jihadistas após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, quando começou a “assistir a sermões e discussões clandestinas nos subúrbios marginais de Damasco”.
Após a invasão do Iraque pelos EUA, o agora líder rebelde deixou a Síria para participar nos combates.
Aí juntou-se à Al Qaeda no Iraque, liderada por Abu Musab al Zarqawi, e passou cinco anos detido, o que o impediu de subir posições na organização jihadista.