Mais um para a lista.
Depois de White Orchard, local o qual já achei magnifico em sua construção como um todo, fui para Velen. Cheiro de morte no ar, pobreza, guerra, fome, tristeza. Uma quest aqui e ali e, ao norte, vejo Novigrad. Decido ir para lá sem tantas pretensões.
Cruzo o ponto de controle entre as ilhas e aí noto que Witcher 3 conseguiu um feito incrível: Clima, a emoção, a passagem de algo ruim para o bom. Toda a melancolia fica para trás dando lugar a uma vida dinâmica, rotineira, pesada e opressora até, mas longe das aniquilações do sul. Ou quaisquer outros termos que vocês acharem melhor. Me faltou palavras, realmente.
Witcher 3 é muito, mas muito competente em seu fundamento base. Toda a criação dos cenários é algo feito de maneira única pensando em detalhes, em momentos. Se eu fosse descrever tudo o que de belo eu vi, passaria horas e palavras não poderiam evidenciar. E não só as estruturas, mas também as roupas, as músicas, os locais, os personagens.
Personagens, aliás, memoráveis. Alguns você pode amar enquanto que outros provavelmente odiará. Os diálogos de cada um mostram a sua personalidade e é aí que você cria sentimentos bons ou ruins acerca de todos.
Witcher 3 conseguiu contar uma história baseada em uma busca e caçada à um vilão que você terá pouco contato, mas que em determinado momento - frente a frente - você terá uma ótima batalha. Para uns pode ser um problema, para outros não, mas é uma questão pessoal neste ponto.
A história, por si só, é boa. Bem explicada, sem pontas a serem lapidadas. O porém da questão fica por conta de um problema comum em jogos, pelo menos em sua maioria: O excesso de troca de favores para se conseguir algo ou alguma informação.
Confesso que no começo do jogo, pelo menos até cerca de 50 horas somadas, eu buscava fazer tudo o que fosse possível para ter cada detalhe daquele mundo. E cada side quest ou ponto de interesse no mapa resultava em um conhecimento novo ou semelhante. Chegou um momento, porém, que tudo ao redor deixou de ser importante pela perca no foco da história principal. Optei por focar então no mais interessante, mas em meio a uma busca incansável por alguém importante você parar para
ir ali, fazer isso e depois voltar em troca daquilo soava meio incoerente.
Entendam: Não é um desmerecimento ao jogo, mas talvez estender demais o gameplay pode se tornar um fator negativo. Talvez daqui há algum tempo, um bom tempo, eu sinta falta de tudo isto.
Witcher 3 apresenta alguns problemas crônicos que, a depender do jogador, pode influenciar negativamente na experiência. Escrevendo sobre os fatos já evidenciados por muitos, há aqueles problemas de paredes invisíveis em determinados locais, Geralt que potencialmente não responde bem aos seus comandos (e no primeiro dia de lançamento foi algo terrível a se acostumar), câmera que às vezes atrapalha... Problemas que, no geral, já conhecemos em outros jogos. O tempo total de jogo irá mostrar mais ou menos problemas, entretanto estes não afetam diretamente a jogabilidade.
Exceto pelo Carpeado. Ah, o Carpeado. Ou Roach em inglês. Perdi a conta de quantas vezes perdi alguma corrida à cavalo por conta de seus controles estranhos e estúpidos ou ainda quando cai em algum local ou no meio de inimigos. Talvez por ter jogado o excelente
Red Dead Redemption no PS3 ou por não entender o que fizeram com alguns pontos na jogabilidade aqui. Nem vou considerar o fato dele se tele transportar para tudo quanto é canto, na verdade foi bem útil e nem me importei na (falta de) lógica.
Pessoalmente, outro ponto que incomodou pode até ser superficial e questionado por alguns ou muitos: Quando se vai para Novigrad e afins, as tavernas ou nas ruas possuem músicas tocadas por artistas. Música ao vivo. Esplêndido! Há uma missão em que uma das personagens, Priscilla, faz uma música realmente linda e você fica ali apreciando aquele momento. O problema, entretanto, é que tirando esta quest as demais músicas são iguais. Possuem lá "seu disco" em modo repeat não importa aonde você vá. Não há variação, não importa se você está em Novigrad ou Skellige que tem uma cultura diferente: As músicas serão as mesmas. Talvez isto quebre um pouco da imersão do jogo.
Graficamente o jogo é belo, um dos mais bonitos que joguei mesmo que sem grandes atrativos. Talvez seja pela simplicidade de fato. Alguns momentos, especialmente em uma quest em particular mais para o final, parece que houve total falta de capricho nos trazendo aquela nostalgia de jogos dos anos 2000. Se foi intencional ou não, bem, não quero saber.
Não dá para esperar uma mega produção em Witcher 3. Estúdio relativamente pequeno e de orçamento apertado comparando a títulos de maior expressão no mercado. Isto fica claro na movimentação dos personagens que por vezes são repetitivas (e enjoativas). Além, claro, de alguns pontos já citados.
Mas a história compensa as falhas, a ligação de vários momentos (mesmo alguns que você pode se questionar "porque eu tenho que fazer isso?", caindo até num certo paradoxo quanto a uma critica feita na metade do texto), os personagens, o ambiente e, porque não, a dublagem em inglês que trouxe muitos momentos únicos e sensacionais com um voice acting que não deixa a desejar.
Witcher 3 teve mudanças de seus jogos anteriores. E foi isto que justamente me atraiu. Pude jogar desde o primeiro dia do lançamento e, mesmo com suas falhas, ele se supera aos demais. Não sei ainda se seria o jogo do ano, especialmente por ser de um tema o qual não sou grande fã, mas certamente estará entre os potenciais candidatos e, sim, será uma escolha até que difícil pela grandiosidade que o jogo entregou.
Nota: 8/10