Enquanto Control não chega, tirei a semana pra me aquecer com...
QUANTUM BREAK
Eu vejo que rola algum hate contra esse jogo, mas é sacanagem, pq ele é MUITO BOM!
O ponto forte de Quantum Break é a história. Viagem no tempo é algo que sempre me pega, mas esse fez de um jeito novo pra mim, o que me levou a ficar pensando muito sobre a filosofia envolvida. Ao contrário de múltiplas realidades paralelas de filmes como De Volta Para o Futuro e Efeito Borboleta, as regras do universo aqui funcionam de acordo com o princípio de autoconsistência de Novikov, ou seja, é completamente impossível alterar o passado, e todas as tentativas disso simplesmente farão o que já tinha acontecido acontecer, do exato mesmo jeito. Fazer uma história de acordo com essas regras requer talento, mas tem potencial de ficar ainda mais interessante, e a Remedy mandou bem demais nessa aqui.
A história rola em torno de um acidente em uma experiência com uma máquina do tempo que transforma o herói e o antagonista em uma espécie de "x-men" capazes de manipular o tempo. O mesmo acidente gera "fraturas" aleatórias no tempo, nas quais tudo fica congelado e caótico (com efeitos visuais do caralho) e nas quais apenas eles conseguem se mover até o tempo começar a fluir de novo. Na tentativa de se salvar, o antagonista acaba indo parar em um futuro próximo, no qual, como consequência desse acidente, tudo ficou congelado, permanente, sendo na prática o fim do universo, congelado em um instante eterno. Daí o jogo se desenrola entre esses dois tentando se matar e/ou dando um rolê no passado na tentativa de achar algum jeito de evitar o inevitável fim dos tempos.
Os gráficos são ótimos, tanto nas expressões faciais e modelos bem realistas quanto nos efeitos especiais sci-fi de cair o queixo. Mas a performance no PC é um lixo, prepare-se pra abaixar settings.
Jogabilidade simples mas legal, é um corridor shooter em terceira pessoa. Um pouco repetitivo até, mas os poderes são muito maneiros e efetivos, e dão uma boa liberdade de ação e variedade nos confrontos.
O que não gostei é que, principalmente nas fases intermediárias do jogo, tem coisa demais pra ler, pqp. Cada salinha vai ter um, dois, três laptops (aliás, laptop de peão da firma em que vc magicamente consegue ler e-mails ultra-secretos do alto escalão, vai entender), o que dá uma belíssima quebrada no flow. Vc pode simplesmente não ler e toca o barco, mas eles dão uma aprofundada interessante demais na história, eu só preferia que isso tivesse sido entregue de outro jeito.
Talvez o ponto mais polêmico de Quantum Break é que ele é um híbrido de vídeo-game e série de TV. (!) O jogo é dividido em cinco atos, e no final dos quatro primeiros, a história segue em episódios de live action de 20 fucking minutos. E a série rola em streaming, então quem não tiver uma internet ok se fudeu. A qualidade da série não é lá essas coisas, mas também não é trash, dá pra curtir legal, quem tá envolvido com a história pode até gostar. Apesar de a série focar mais em side characters, eu curti a parada, gosto de experimentalismo.
Quem tiver interesse em uma experiência única e uma história intrigante, considere esse aí. A execução podia ter sido melhor, então minha nota é 8/10, mas um 8 honroso.