Você acredita em DEUS? -=Topico Infinito=- [2]

Os dinossauros são a prova de que Deus não existe

Pense, se você é um ser supremo e acabou de criar um universo infinito, para que matar todos os dinossauros com uma bola de fogo flamejante?

Não faz sentido, era mais fácil criar um planeta parecido com a Terra em algum canto remoto e colocar os humanos lá
Vai ver ele (deus cristão) acordou de mau humor... ou tropeçou e pressionou um botão sem querer, acidentes acontecem...
Já o monstro do spaghetti voador largou uns fósseis por aí só pra trollar a galera mesmo.
 
Consegui. Depois que mudei meu home para Yamaha usando tanto o PotPlayer quanto o KMP ficou tranquilo. Era algo no antigo Onkyo que dificultava.

OFF-TOPIC

Blza, o meu tb é Yamaha. Já pensei em pegar uma placa de som (ASUS Xonar) com saída HDMI, mas não sei se valeria a pena em passthrough.

Como a placa de vídeo já faz passthrough, creio que daria na mesma com a Xonar, mas posso estar enganado.

De qualquer modo, o driver de áudio da Nvidia tem dado conta do recado.
 
OFF-TOPIC

Blza, o meu tb é Yamaha. Já pensei em pegar uma placa de som (ASUS Xonar) com saída HDMI, mas não sei se valeria a pena em passthrough.

Como a placa de vídeo já faz passthrough, creio que daria na mesma com a Xonar, mas posso estar enganado.

De qualquer modo, o driver de áudio da Nvidia tem dado conta do recado.

Idem, idem. Tb uso placa de vídeo Nvidia. To com uma placa mãe asrock profissional e a placa de som dela é espetacular, mas nem faz diferença na TV já que é a placa de vídeo que está mandando para a TV.
 
Os dinossauros são a prova de que Deus não existe

Não existe prova de 'não existência' de algo. Se você acredita em X, prove que X existe, o ônus é seu.

Ou seja, ausência de evidência não significa uma evidência da ausência
 
Não existe prova de 'não existência' de algo. Se você acredita em X, prove que X existe, o ônus é seu.

Ou seja, ausência de evidência não significa uma evidência da ausência

Não existe prova de não existência mas existem evidencias de que algo certamente pode não existir...
Como se sabe que unicórnios não existem? Não se sabe... Mas temos quase certeza que não existem porque eles nunca foram vistos, documentados, etc...

Para mim a maior prova da “não existência” de um Deus é a maldade no mundo...
No “The Atheist Experience” eles citam um exemplo:
Se voce visse que uma garotinha iria ser estuprada, você impediria? Deus ve isso O TEMPO TODO! E não faz nada...
Se deus existe e compartilha com a maldade... Para que adora-lo? Ou chama-lo de Deus?
 
Não existe prova de não existência mas existem evidencias de que algo certamente pode não existir...
Como se sabe que unicórnios não existem? Não se sabe... Mas temos quase certeza que não existem porque eles nunca foram vistos, documentados, etc...

Para mim a maior prova da “não existência” de um Deus é a maldade no mundo...
No “The Atheist Experience” eles citam um exemplo:
Se voce visse que uma garotinha iria ser estuprada, você impediria? Deus ve isso O TEMPO TODO! E não faz nada...
Se deus existe e compartilha com a maldade... Para que adora-lo? Ou chama-lo de Deus?

A maioria dos crentes irá dizer que foi dado o livre-arbítrio para esse bandido estuprar ou não estuprar a garota.

Claro, assim como foi dado o livre-arbítrio para a garota escolher ou não escolher ser estuprada...

Se você é um ente que permite esse jogo "você pode fazer isso, mas vou te punir" e acha que isso é o sfuciente para deixar um inocente sofrer, então esse livre-arbítrio não passa de um jogo divertido de maldade.

Caso o tal amor incondicional existisse, a mera intenção e tentativa de estuprar uma garota seriam impedidos de alguma forma, e o indivíduo teria seu castigo garantido por ter tentado. Mas no mundo real, a garota é violentada e possivelmente assassinada posteriormente.
 
Não existe prova de não existência mas existem evidencias de que algo certamente pode não existir...

Errado.

De novo, ausência de evidencia não significa evidência de não ausência

A maldade existe pois existe homens que a cometem. Nem vou me alongar em relação a isso....
 
De novo, ausência de evidencia não significa evidência de não ausência

Ausência de evidência de algo extraordinário e com conseqüências físicas, observáveis ou mensuráveis é, sim, uma evidência de ausência. Por exemplo, se eu te falasse que existe um gigante de 50m de altura na Amazônia, apesar de ninguém nunca ter visto, de não haver nenhuma pegada encontrada, nenhum sinal de sua existência (restos de comida, rastros, caminhos, ruídos, imagens de satélites etc.) é, em si, uma evidência que um gigante de 50m não existe - nada definitivo, concordo... como qualquer evidência é.
 
"O homem é um macaco que não deu certo." [Millôr Fernandes]

E dá para fugir dessa prisão? E se sairmos dela, cairemos em outra? Ou cairemos no eterno nada? (...)

[video=youtube;0oWq6uw_mUw]https://www.youtube.com/watch?v=0oWq6uw_mUw[/video]​

"De fato, somos uma liberdade que escolhe, mas não escolhemos ser livres: estamos condenados à liberdade." [Jean-Paul Sartre]

[video=youtube;t9N460CHI2U]https://www.youtube.com/watch?v=t9N460CHI2U[/video]​

Para mim a maior prova da “não existência” de um Deus é a maldade no mundo...

No “The Atheist Experience” eles citam um exemplo:

Se voce visse que uma garotinha iria ser estuprada, você impediria? Deus ve isso O TEMPO TODO! E não faz nada...

Se deus existe e compartilha com a maldade... Para que adora-lo? Ou chama-lo de Deus?

A maioria dos crentes irá dizer que foi dado o livre-arbítrio para esse bandido estuprar ou não estuprar a garota.

Claro, assim como foi dado o livre-arbítrio para a garota escolher ou não escolher ser estuprada...

Se você é um ente que permite esse jogo "você pode fazer isso, mas vou te punir" e acha que isso é o sfuciente para deixar um inocente sofrer, então esse livre-arbítrio não passa de um jogo divertido de maldade.

Caso o tal amor incondicional existisse, a mera intenção e tentativa de estuprar uma garota seriam impedidos de alguma forma, e o indivíduo teria seu castigo garantido por ter tentado. Mas no mundo real, a garota é violentada e possivelmente assassinada posteriormente.

(...) "Em qualquer corte justa, Deus teria de responder por: 1) – Omissão de socorro: deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo, sem risco pessoal... (cf. Art. 135, Código Penal) e por 2) – Homicídio qualificado: à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (cf. Artigo 121, § 2°, inciso IV, Código Penal). Ou seja, se Deus fosse um homem, ele já estaria apodrecendo numa penitenciária de segurança máxima onde ficam enclausurados os criminosos mais hediondos. Se a pena pelos seus crimes fosse provar um pouco do veneno que ele próprio criou, certamente preferiria nunca ter existido – e desaparecia num estalar dos dedos!" (...)

"Se cada pessoa tivesse honestidade suficiente para admitir a insignificância e o ridículo que representa, não acreditaria que sequer merece uma vida eterna. Mas contra esta lucidez ante a insignificância que causa tanto mal-estar à maioria das pessoas é possível forjar uma pequena fórmula bastante prática:

1) – Acreditar, sem ter motivos, em tudo que conforta;
2) – Ser totalmente parcial e só ver aquilo que convém;
3) – Imaginar que aquilo que está faltando para ser feliz chegará em boa hora;
4) – Acima de tudo, fechar os olhos para todo o resto.

Mas, para a satisfação dos descrentes, também há uma fórmula ateísta para evitar discussões inúteis com quem decidiu utilizar a fórmula apresentada acima:

1) – Nunca discuta com pessoas que creem firmemente em algo sem precisar de motivos ou provas;
2) – Se acontecer uma inevitável discussão, não se preocupe, apenas ria bastante das explicações espúrias que darão para justificar suas crenças." (...)
[André Cancian]

"Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração." (...)

"Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso frequento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.

Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.

Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem… sem que ele estale.

Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma, não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! Vai inundando tudo…
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos – voltarão?

Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo
desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)

Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.

Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.

Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.

Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
– Ó vida futura! Nós te criaremos."
[Carlos Drummond de Andrade]

Os dinossauros são a prova de que Deus não existe

Pense, se você é um ser supremo e acabou de criar um universo infinito, para que matar todos os dinossauros com uma bola de fogo flamejante?

Não faz sentido, era mais fácil criar um planeta parecido com a Terra em algum canto remoto e colocar os humanos lá

Não existe prova de 'não existência' de algo. Se você acredita em X, prove que X existe, o ônus é seu.

Ou seja, ausência de evidência não significa uma evidência da ausência

Ausência de evidência de algo extraordinário e com consequências físicas, observáveis ou mensuráveis é, sim, uma evidência de ausência. Por exemplo, se eu te falasse que existe um gigante de 50m de altura na Amazônia, apesar de ninguém nunca ter visto, de não haver nenhuma pegada encontrada, nenhum sinal de sua existência (restos de comida, rastros, caminhos, ruídos, imagens de satélites etc.) é, em si, uma evidência que um gigante de 50m não existe - nada definitivo, concordo... como qualquer evidência é.

"Indução em filosofia (Raciocínio/Método indutivo) é considerado o método de pensamento ou raciocínio com o qual se extraem de certos fatos conhecidos, mediante observação, alguma conclusão geral que não se acha rigorosamente relacionada com eles.

Indução pode ser considerada também a inferência conjectural que conclui, da regularidade de certos fatos, a existência de outros fatos ligados aos primeiros na experiência anterior." (...)


"A indução consiste em afirmar acerca de todos, aquilo que foi possível observar em alguns. Ou seja, através de uma amostra definimos uma teoria genérica, incluindo elementos que não faziam parte dessa amostra/estudo. A indução faz a generalização, isto é, cria proposições universais a partir de proposições particulares. É, portanto, uma forma de raciocínio pouco credível e muito mais susceptível de refutação.

Exemplo: Pedro joga basquetebol e é alto.

Portanto, todo jogador de basquetebol é alto.

A indução pode ser completa ou incompleta.

Completa - Faz a enumeração de casos particulares, para chegar a uma síntese ou proposição geral. Não faz comparação entre o predicado e o sujeito, fazendo apenas a redução de várias proposições a uma preposição geral.

Incompleta - É a passagem de um juízo particular a um juízo universal. Quanto maior o número de experiências, menor é a incerteza.

Quando o número de experiências for suficientemente grande, permite-nos formular uma lei, daí a ciência recorrer a este tipo de indução. Todavia, a indução nunca deixa de ser um raciocínio provável.

Em suma, no contexto da Filosofia indução faz-se quando se parte de casos particulares para se fazer uma generalização (conceito geral a tudo)." (...)


Fonte: Wikipedia

"“Se todos os cães são mamíferos e todos os mamíferos são seres vivos, então todos os cães são criaturas vivas”. Isto é um argumento dedutivo: podemos deduzir logicamente a conclusão das premissas. Se as premissas são verdadeiras, a conclusão (logicamente) tem de ser verdadeira. Se todos os que estavam a bordo do navio morreram afogados e a Marisa estava a bordo do navio, então a Marisa morreu afogada. Isto não prova que a Marisa morreu afogada; ela pode não ter estado a bordo e talvez nem todos os que estavam a bordo morreram afogados. Sabemos apenas que se todos a bordo do navio morreram afogados e ela estava a bordo do navio, então ela morreu afogada.

Os argumentos indutivos não são assim. Os argumentos indutivos não são dedutivamente válidos e a conclusão não se segue logicamente das premissas. As premissas apenas fornecem indícios para a conclusão; fazem a conclusão mais provável, mas não certa. Se todas as vezes que largaste uma pedra, ela caiu, consideras provável que ela caia também da próxima vez.

Podes dizer que isso é certo. Mas não é de forma alguma logicamente certo: “Caiu mil vezes, logo cairá da próxima vez”, não é um argumento logicamente válido. No entanto, se certos acontecimentos naturais, como pedras a cair, ocorreram milhares de vezes no passado, sem nenhuma exceção, confiamos que acontecerá o mesmo da próxima vez. Consideramos o fato de ter acontecido sempre da mesma maneira no passado como uma evidência de que vai continuar a ocorrer assim no futuro.

Contudo, com frequência o fato de algo ter ocorrido repetidamente no passado não é visto como uma evidência de que vai continuar a ocorrer assim no futuro.

1. Brincaste no recreio da escola várias vezes por semana nos últimos cinco anos. Contudo, mesmo com 12 anos não consideras provável que continues a fazê-lo nos cinco anos seguintes. Por que não? Porque vês que a maioria das crianças não o faz a partir de uma certa idade e que tu próprio começas a divertir-te de outras formas. O que consideras provável é que as crianças continuem a brincar no recreio durante mais alguns anos e depois, gradualmente, se interessem por outra coisa qualquer; tens para isto alguma evidência indutiva.

2. No passado, as pessoas usavam animais para se deslocar. Se vivesses há um século, dirias que era provável que este continuasse a ser o meio de transporte principal? Talvez, se não visses alternativa — andar a cavalo é mais cômodo que caminhar e provavelmente continuará a sê-lo; mas se tivesses sabido de algumas invenções, como a bicicleta e o automóvel, dirias: “As invenções são mais rápidas e eficientes. Penso que provavelmente irão em larga medida substituir os cavalos e os camelos.” É mais provável que as pessoas continuem a fazer o que é mais fácil, do que a prenderem-se indefinidamente a uma prática.

3. Se todos os presidentes dos Estados Unidos eleitos num ano terminado em zero tivessem morrido no exercício do cargo, considerarias isso como evidência de que o próximo presidente eleito num ano terminado em zero vai morrer também no exercício do cargo? Não. Por que não? Não vês qualquer relação entre o acontecimento (morrer no exercício do cargo) e os números dos anos. Eventualmente dizes: “Foi uma coincidência — pode acontecer novamente, mas não é muito provável.” Se acontecer da próxima vez ficarás admirado.

4. Uma pessoa de vinte anos diz que acordou vivo 20 X 365 noites e que, portanto, é altamente provável que acorde amanhã de manhã depois do seu sono noturno. Mas então uma pessoa com 90 anos diz que tem ainda mais evidência a favor de que ele estará vivo amanhã: ele tem a evidência de 90 X 365 noites! Contudo, temos maior confiança em que a pessoa de vinte anos esteja viva amanhã do que em que a pessoa de noventa anos o esteja. Mas de certeza que há uma muito maior acumulação de indícios a favor da pessoa de noventa anos?

Porque estamos mais seguros no caso da pessoa de vinte anos? Acreditamos na indução, mas não na “indução por simples enumeração”. O maior número de anos não fornece por si só a evidência necessária. De fato, a evidência indutiva é em sentido contrário: morrem mais pessoas com noventa anos do que com vinte. Além do mais, sabemos alguma coisa sobre a deterioração das células e a incidência de doenças, e toda esta evidência favorece a pessoa com vinte anos; apostaríamos nele em vez de na pessoa de noventa anos. As leis biológicas que temos favorecem os jovens e vigorosos.

Quando estamos perante uma lei da natureza, esperamos que ela continue a operar no futuro — ao contrário dos fenômenos históricos como o transporte por intermédio de animais. Mas por que deveremos esperar que continuem a operar no futuro?

“Uma lei natureza é definida como aberta: se deixasse de operar no ano 2000, já não seria uma lei da natureza” Não há dúvida de que isto é verdade — faz parte da forma como concebemos uma lei da natureza. Mas isso não prova que existam quaisquer uniformidades que se estendam ao futuro. Não podes definir algo de modo a que tenha que existir e não podes afirmar que a lei continuará a operar no futuro porque é assim que nós definimos “lei”. Podemos definir as palavras como quisermos, mas pode não existir nada na realidade que corresponda à nossa definição; talvez não existam leis da natureza do modo que nós concebemos. David Hume colocou este ponto de forma dramática numa passagem famosa:

O pão que comi anteriormente alimentou-me; isto é, um corpo com certas qualidades sensíveis estava, naquele momento, dotado com certos poderes secretos. Mas segue-se daqui que outro pão deva alimentar-me noutro momento e que qualidades semelhantes devem ser sempre acompanhadas de poderes secretos semelhantes? A consequência não parece necessária. Pelo menos, deve reconhecer-se que há aqui uma consequência extraída pela mente, que se deu um certo passo, um processo de pensamento e uma inferência que tem de ser explicada. Constatei que determinado objeto está sempre acompanhado de determinado efeito e prevejo que outros objetos aparentemente semelhantes também serão acompanhados por efeitos semelhantes. Admitirei, se quiserdes, que uma das proposições pode ser inferida da outra; na realidade, sei que é sempre inferida. Mas se insistirdes que a inferência é feita por intermédio de uma cadeia de raciocínios, desejo que façais esse raciocínio. A ligação entre estas proposições não é intuitiva. É necessário um meio que permita à mente extrair essa inferência, se pode de fato ser extraída por intermédio do raciocínio e do argumento. Que meio é esse tenho que confessar que ultrapassa a minha compreensão …

Que não existe aqui qualquer argumento demonstrativo parece evidente, uma vez que não implica qualquer contradição que o curso da natureza possa mudar e que um objeto, parecendo semelhante aos que experimentamos, possa ser acompanhado por efeitos diferentes ou contraditórios. Não posso eu claramente e distintamente conceber que um corpo, caindo das nuvens e que se assemelhe em tudo a neve, tenha, contudo, o sabor do sal ou a sensação do fogo? Há alguma proposição mais inteligível do que a que afirma que todas as árvores vão florescer em Dezembro e Janeiro e declinar em Maio e Junho? Ora, tudo o que é inteligível e pode ser concebido distintamente não implica nenhuma contradição e não pode ser provado como falso por nenhum argumento demonstrativo ou raciocínio abstrato a priori.

Alguém pode dizer: “De fato, não podemos deduzir validamente proposições sobre o futuro de proposições sobre o passado; isso seria uma dedução e nós não a temos neste caso. Mas a evidência aqui é indutiva: a indução nos dá probabilidades, não certezas, mas diz-nos que se as pedras sempre caíram há a probabilidade, não a certeza, de que cairão amanhã.” Mas isto, claro, é o que Hume põe em questão: a aceitabilidade dos argumentos indutivos. Dizer que há evidência indutiva de que a indução continuará a ser fiável é assumir o que está em questão:

Dizeis que uma proposição [sobre o futuro] é uma inferência da outra [sobre o passado]; mas tendes de admitir que a inferência não é nem intuitiva nem demonstrativa. Então de que natureza é? Dizer que é experimental é assumir o que está em questão. Todas as inferências com base na experiência supõem, como seu fundamento, que o futuro se assemelhará ao passado … É impossível, portanto, que quaisquer argumentos baseados na experiência possam provar esta semelhança do passado com o futuro, uma vez que todos estes argumentos se fundam na suposição dessa semelhança. Admitamos que o curso das coisas tem sido até agora bastante regular, por si só, sem qualquer novo argumento ou inferência, isso não prova que no futuro o continuará a ser. [2]

E assim Hume lança-nos o desafio: como saímos deste impasse?

Podemos tentar sair enunciando um princípio geral, chamado por vezes o Princípio da Uniformidade da Natureza: “As leis da natureza serão no futuro como foram no passado.” Não nos estamos a referir a acontecimentos particulares ou a séries de acontecimentos particulares, como o fato da moeda sair sempre caras, que poderiam mudar completamente sem ocorrer uma mudança das leis; estamos a referirmo-nos antes às próprias leis; e talvez devêssemos dizer “pretensas leis”, uma vez que uma lei da natureza genuína por definição opera no futuro tal como no passado e no presente. Armados deste principio, podemos argumentar: “A lei X manteve-se no passado; logo, manter-se-á no futuro”. Este argumento é válido:

Certos tipos de eventos (instâncias de leis da natureza) que ocorreram regularmente no passado vão continuar a ocorrer regularmente no futuro.

Este tipo de evento ocorreu regularmente no passado.

Logo,

Este tipo de evento vai ocorrer regularmente no futuro.

Mas é claro que isto não serve: a premissa maior, o Princípio da Uniformidade da Natureza é aquilo que estamos a tentar estabelecer. Assumi-la no processo de tentar prová-la é a falácia lógica chamada “petição de princípio”. Não te podes erguer sem ajuda.

Hume tenta explicar por que esperamos que as uniformidades que observamos no passado continuem no futuro em termos de costume e hábito. Quando alguém foi amigável ou hostil para conosco no passado, esperamos que aja outra vez da mesma maneira. Um cão que tenha sido maltratado pelo seu dono no passado, tenderá a agir com suspeição para com ele agora, mas se foi bem tratado, irá abanar a cauda e esperar que o comportamento amigável continue. Mas isto apenas nos dá uma explicação de por que nos comportamos desta forma: somos por natureza criaturas indutivas. Não fornece o que queremos: uma justificação para as nossas expectativas indutivas. (Não serve dizer “A justificação é que as nossas expectativas foram realizadas no passado”, porque uma vez mais não resolve a questão de como este fato nos habilita a fazer qualquer afirmação para o futuro.)"
[John Hospers]

"Se, em geral, os homens se contentassem em preferir a filosofia fácil à filosofia abstrata/profunda, sem censurar ou desprezar a última, não seria, talvez, inadequado, concordar com esta opinião geral e permitir a cada homem o direito de desfrutar livremente de seu próprio gosto e sentimento. Mas, como a questão é, frequentemente, levada mais longe, até a completa rejeição de todo raciocínio profundo, ou o que é geralmente denominado de metafísica, passaremos a examinar o que se pode considerar razoável pleitear em seu favor." (...) "Se não houvesse nenhuma vantagem a ser colhida destes estudos além da satisfação de uma curiosidade ingênua, mesmo assim este resultado não devia ser desprezado, pois ele se acrescenta aos poucos prazeres seguros e inofensivos que são conferidos à raça humana. O caminho da vida, o mais agradável e o mais inofensivo, passa pelas avenidas da Ciência e do saber; e, quem quer que possa remover quaisquer obstáculos desta via ou abrir uma nova perspectiva, deve ser considerado um benfeitor da humanidade. Embora estas pesquisas possam parecer árduas e fatigantes, ocorre aqui como com certos espíritos ou com certos corpos que, por estarem dotados de grande vitalidade, necessitam de exercícios severos e colhem prazer daquilo que, para a maioria dos homens, parece penoso e laborioso. A obscuridade é, de fato, penosa tanto para o espírito como para os olhos; todavia, trazer luz da obscuridade, por mais trabalhoso que seja, deve ser agradável e regozijador." [David Hume]
 
É tanto copy-paste que eu não sei se ele concordou comigo, com o Techmaster ou se ele discordou dos dois :haha:

Eu ficaria muito mais interessado em ler a sua conclusão a partir desses textos (bastaria o link para conferir depois as fontes)
 
esta é minha mão:

mo-humana-vazia-mo-da-mulher-da-beleza-15719522.jpg



stock-photo-15686575-apple-in-someones-hand.jpg


Nas fotos acima eu afirmo que estou segurando uma maça.

Quais das duas é loucura afirmar isso?


Desta analogia eu tiro a minha sanidade pra ter certeza que deus não existe, invenção pra pegar os idiotas de mente fraca, se tu acredita em deus nas duas fotos tem uma maça na minha mão.
 
"O começo das ciências é o espanto das coisas serem o que são." [Aristóteles]

esta é minha mão:

mo-humana-vazia-mo-da-mulher-da-beleza-15719522.jpg


stock-photo-15686575-apple-in-someones-hand.jpg

Nas fotos acima eu afirmo que estou segurando uma maça.

Quais das duas é loucura afirmar isso?

Desta analogia eu tiro a minha sanidade pra ter certeza que deus não existe, invenção pra pegar os idiotas de mente fraca, se tu acredita em deus nas duas fotos tem uma maça na minha mão.

ceci-n-est-pas-une-pipe.jpg

René Magritte - La trahison des images ("A Traição das Imagens"), 1929.

René Magritte foi um pintor surrealista que abordava em suas obras o mundo do inconsciente, da imaginação, dos sonhos e das ideias.

Quando ele diz que "isso não é uma maçã", ele quer dizer que é somente a imagem da maçã e não propriamente o objeto real.

A partir disso, surgem questões do que é e do que não é real: o objeto representado na imagem é real? Ele existe ou foi imaginado?

As obras dele nos deixam repletos de dúvidas... difícil não se encantar com Magritte. Dos pintores surrealistas, é o meu predileto! :megusta:


É tanto copy-paste que eu não sei se ele concordou comigo, com o Techmaster ou se ele discordou dos dois
haha.png


"Edit do inconsciente":
:resumo:​

Ironia ON:

Importa saber qual de nós estamos certos e errados? :hmm:

Concordar, discordar: todos vocês tem suas opiniões e convicções; E algUns, ironia para dar e vender!
haha.png


Tirando os indivíduos que acreditam em Deus (ou em coelhinho da páscoa, papai noel, duendes, fadas, alienígenas, fantasmas, deuses, espíritos, etc) e os indivíduos céticos (os "não-curiosos" - se é que existem), e me referindo especificamente aos indivíduos que acreditam numa "Verdade", será que ela virá à tona para mostrar sua cara? Ou é ela é tão tímida e vai continuar no anonimato até o momento de vestirmos o "pijama de madeira"? :hmm:

Ironia OFF:

Em suma, indução é o raciocínio que, partindo de fatos particulares/observáveis, chega-se a uma conclusão geral (ou relativa). É a maneira de racionar própria dos jornalistas (quando há insuficiência de informações), investigadores (quando faltam pistas dum crime) e cientistas (quando faltam dados duma pesquisa), por exemplo.

Concordando ou discordando: a "DIALÉTICA" nos auxilia a aprimorar nossas "habilidades verbais" - argumentação e discussão (e também nos ensina a ter mais paciência e tolerância com os outros). :thatfeel:

Eu ficaria muito mais interessado em ler a sua conclusão a partir desses textos (bastaria o link para conferir depois as fontes)

[video=youtube;H9tN2uWRpbE]https://www.youtube.com/watch?v=H9tN2uWRpbE[/video]​

"Nossa visão de mundo é apenas mental, constitui-se de ideias e noções abstratas. Usamos os dados fornecidos pela civilização e pela experiência para construir nossa representação da realidade. Nosso conhecimento é como um corpo de ideias coerentes entre si, e desenvolve-se de modo orgânico – crescendo, entrelaçando-se, sendo lapidado ao longo do tempo. Nossa visão de mundo, portanto, não pode ser mais do que um afloramento, um desenvolvimento das premissas que usamos para ancorá-la. Diga-se de passagem, é por isso que aquele que questiona a veracidade das premissas fundamentais de toda a sua visão de mundo sente um enorme peso sobre suas costas. Assim, devido ao modo caótico como os dados chegam a nós, o conhecimento abstrato tem seus perigos – se a premissa que usamos para julgar os fatos for falsa, isso faz ruir todo o edifício do nosso conhecimento. E, afinal, quem garante a veracidade dos alicerces, das premissas? Ninguém. Nosso conhecimento não passa de uma suposição. Entretanto, se quisermos pelo menos tentar estar próximos da realidade, devemos sempre escolher premissas que se ancorem em fatos que podem ser verificados, para que possamos ver se nossas noções possuem alguma correspondência na realidade. Isso é o fundamento de toda ideia que se pretende científica. No fundo, isso também não garante coisa alguma, mas, sendo humanos, é o melhor que podemos fazer." (...)

"Quando abrimos um livro, estamos diante de um sem-número de ideias que não cabem todas em nosso cérebro. Devemos escolher apenas aquelas que nos interessam pessoalmente, para depois refletir sobre elas. Contudo, para extrair qualquer sentido de uma leitura, ainda mais de obras densas e abstratas, é necessário possuir pleno domínio das próprias ferramentas intelectuais. Não basta saber ler, abrir os olhos, seguir as linhas e esperar que as coisas aconteçam magicamente: é necessário ruminar, concluir, por a mão na massa, algo que requer muito esforço e tato — razão pela qual a sabedoria dos livros só é acessível àqueles que pensam. Portanto, se não soubermos exatamente o que procuramos numa obra, não conseguiremos distinguir entre o útil e o inútil. Ansiosos, tentaremos absorver tudo e, como isso é impossível, não absorveremos nada." (...)

"Diante de um livro, é comum alguns pensarem que aquelas letrinhas pouco têm a ver com suas vidas. Quando forçados, leem a contragosto como quem faz um favor aos demais. Entretanto, uma resposta instintiva e positiva a essa questão é o pressuposto de qualquer aprendizado. Sem isso, qualquer estudo será tempo escorrendo pelo ralo. Todas as palavras lidas serão deixadas ao vento. O conceito de leitura será reduzido a uma corrida na qual nossos olhos devem percorrer as linhas o mais rapidamente possível a fim de que reste tempo para fazermos aquilo que nos importa. Todo estudo será associado a uma crescente e justificável repulsa em digerir algo que não faz sentido e, por isso mesmo, acabará vomitado. É evidente que, quando não temos interesse, não nos damos ao trabalho de relacionar os conceitos, de pensar sobre o que lemos. Parece uma perda de tempo dupla: além de ler, ainda temos de pensar sobre o assunto — mas esse é o único modo de incorporá-lo à nossa visão de mundo. Sem reflexão, abrimos mão exatamente da realidade daquilo que lemos, deixamos de dar o último passo, que é o mais interessante. Como alguém que, depois de ler um livro de culinária, deixa de empregá-lo em suas refeições, pois aprender as receitas já foi muito cansativo. Eram receitas teóricas, que nada têm a ver com aquilo que se faz na cozinha."

"A maioria dos indivíduos sequer reconhece que, ao ler, está entrando em contato com outra pessoa que tenta dizer-lhe alguma coisa, exatamente como em uma conversa. Há uma espécie de repúdio automático, um preconceito que a impede de reconhecer que ler se trata de entrar em contato com as ideias de outro ser humano, não de uma atividade excêntrica à qual alguns indivíduos superdotados e chatos se dedicam por motivos incompreensíveis. Parece que, num diário, numa carta, fala-se de um mundo real; num livro, fala-se de um mundo imaginário que não nos diz respeito para além das portas da universidade. Nem todos os livros dizem a verdade porque humanos também mentem por escrito, assim como em conversas; nem todos são interessantes porque nem todos têm algo interessante a dizer, ou porque não sabem expressá-lo de modo cativante. Assim como dialogar com certas pessoas pode ser entediante e, com outras, muito interessante, o mesmo ocorre com os livros. Pelo mesmo motivo que somos criteriosos na seleção de nossas amizades, devemos escolher cuidadosamente os livros aos quais dedicamos nosso tempo. Repudiar a leitura porque alguns livros são maçantes é o mesmo que rejeitar quaisquer amizades porque certos indivíduos nos aborrecem." (...)

"Muitos menosprezam a leitura porque, quando o assunto é conhecimento, parece-nos à primeira vista que aprender algo numa conversa, numa aula ou numa leitura seria exatamente a mesma coisa. Que diferença faz se o conhecimento que queremos está na cabeça de outrem ou em folhas de papel? Muita. Em interações sociais, aprendemos muito pouco, e isso por dois motivos. O primeiro é que a maioria dos indivíduos tem pouco a nos ensinar que seja de nosso interesse. O segundo é que, mesmo que alguém tenha algo a nos ensinar, e mesmo que esteja disposto a fazê-lo, muitas vezes o conflito de vaidades impede que o aprendizado ocorra. Como priorizamos o teatro social, o conhecimento e a reflexão acabam em segundo plano. Perdemos inúmeras oportunidades de aprender simplesmente porque estamos preocupados demais em impressionar, em provar que somos superiores. Aquilo que temos a dizer sempre parece mais importante que aquilo que temos a ouvir. O fato, entretanto, é que só aprendemos quando estamos com a boca fechada. Ao repetir como papagaios aquilo que já sabemos, isso só garante que nada de novo chegará aos nossos cérebros. Numa leitura a situação é diferente, pois não sentimos nossa vaidade ser afrontada. Não estamos disputando nem tentando provar algo, pois não há testemunhas. Ninguém rirá se formos refutados, se não entendermos alguma passagem. Estamos anônimos, protegidos da vergonha pública. Então, enquanto numa conversa, por motivos óbvios, não podemos falar tudo o que nos passa pela cabeça, numa leitura poderemos pensar o que quisermos sem qualquer receio."

"Isso explica por que aquele que lê aprende muito mais que aquele que apenas conversa. Teoricamente, o resultado deveria ser o mesmo, mas não é. Num debate intelectual, quase tudo se resume à guerra de orgulhos, à troca de farpas. Se o que queremos é conhecimento, estamos apenas perdendo tempo. Por outro lado, numa leitura, também há uma guerra, só que de ideias, coisa que favorece grandemente nosso crescimento intelectual. A leitura, mesmo sendo um diálogo, cria uma atmosfera impessoal extremamente propícia ao aprendizado, colocando não o ego, mas a reflexão como prioridade. Imersos num livro, situamo-nos num universo no qual inexistem interesses pessoais e sociais. Isso tudo fica em segundo plano. No domínio do intelecto, tudo é conhecimento, e o único interesse é o entendimento. Sem espectadores, a vaidade adormece, e vemo-nos aptos a refletir livremente. Esse distanciamento é o que torna a leitura eficiente, mas também gera a impressão de que livros não dizem respeito à realidade. Parece-nos que o autor é um personagem de ficção. Parece-nos que ele é o próprio livro, que nasceu dentro dele, não que o escreveu. Sentimo-nos um pouco ridículos ao discutir com um bloco de papel, pois temos a impressão de estar falando sozinhos, ou seja, perdendo tempo. Se nossa intenção for fazer amigos ou impressionar os demais, isso não deixa de ser verdade. Entretanto, se quisermos aprender, o diálogo com livros é o melhor caminho."

"Acrescentemos que estaremos dialogando com alguém que, ao menos no assunto em questão, provavelmente sabe muito mais que nós. Aquilo que custou a outrem anos de disciplina, pesquisa, estudo e reflexão está condensado em páginas que podemos ler em poucas horas. Como podemos pensar que sua leitura é uma perda de tempo? Levaríamos o mesmo tempo, ou talvez mais, para chegar às mesmas conclusões por nós mesmos. O quebra-cabeça já está resolvido, e cabe a nós apenas entender os detalhes da montagem. Algumas horas de leitura, somadas a outras tantas de reflexão, resultam na aquisição de um conhecimento que levou anos para ser lapidado. Se tivermos um mínimo interesse na aquisição daquele conhecimento, temos de admitir que, com a leitura, ganhamos tempo. Desse modo, quando empregada inteligentemente, a leitura nos alavanca, nos poupa muito esforço. Conseguimos extrapolar as limitações do aprendizado individual e evitar muitos erros. Nosso entendimento torna-se capaz de investigar lugares extremamente distantes, que nos seriam inacessíveis caso nos limitássemos ao aprendizado proporcionado pelas nossas próprias experiências pessoais. Dentro de poucos anos, nossa visão particular concentra a sabedoria de incontáveis gerações."
[André Cancian]

Fonte: Ateus

Raríssimos são os que querem ouvir opinião. Alguns poucos só querem dizer o que pensam. E outros mais só querem ter razão." [Augusto Branco]
 
Não existe prova de não existência mas existem evidencias de que algo certamente pode não existir...
Como se sabe que unicórnios não existem? Não se sabe... Mas temos quase certeza que não existem porque eles nunca foram vistos, documentados, etc...

Para mim a maior prova da “não existência” de um Deus é a maldade no mundo...
No “The Atheist Experience” eles citam um exemplo:
Se voce visse que uma garotinha iria ser estuprada, você impediria? Deus ve isso O TEMPO TODO! E não faz nada...
Se deus existe e compartilha com a maldade... Para que adora-lo? Ou chama-lo de Deus?

Bem paradoxo de Epicuro.
Na verdade, deus foi morto antes mesmo de criarem o cristianismo!

Paradoxo-de-Epicuro.jpg
 
Não existe prova de não existência mas existem evidencias de que algo certamente pode não existir...
Como se sabe que unicórnios não existem? Não se sabe... Mas temos quase certeza que não existem porque eles nunca foram vistos, documentados, etc...

Para mim a maior prova da “não existência” de um Deus é a maldade no mundo...
No “The Atheist Experience” eles citam um exemplo:
Se voce visse que uma garotinha iria ser estuprada, você impediria? Deus ve isso O TEMPO TODO! E não faz nada...
Se deus existe e compartilha com a maldade... Para que adora-lo? Ou chama-lo de Deus?

É possível provar a inexistência de certas coisas sim, coisas inventadas (como a gigante de 50m da Amazonia - bastando quem o inventou assuma que tenha sido inventado) ou que contrariam leis da físicas (como gerador de energia perpétuo ou telecinésia). Qualquer coisa pode ser provada inexistente desde que haja um ponto de falseabilidade.

Não é possível provar a inexistência de Deus pois ele não tem um ponto de falseabilidade. Ele tem a premissa de ser invisível, indetectável e, sem nenhum tipo de problema, pode ser completamente inoperante, ele pode ter qualquer característica/comportamento possível e imaginável. Nem mesmo o próprio afirmando sua inexistência serviria :haha:

O que poderia ser contestado é a sua Palavra, mas ela tem [R]desculpas[/R] características igualmente imbatíveis: Tudo que não faz sentido vira metáfora, parábola, mistério, diferença de interpretação, fora de contexto, etc.
 
A morte sob a perspectiva de um ateu

[video=youtube;OL4RwgWTYyE]https://www.youtube.com/watch?v=OL4RwgWTYyE&feature=youtu.be[/video]
 
A morte sob a perspectiva de um ateu

[video=youtube;OL4RwgWTYyE]https://www.youtube.com/watch?v=OL4RwgWTYyE&feature=youtu.be[/video]

Não tinha visto esse video ainda, mas ele 'falou bonito', pensando bem, mesmo tendo nosso 'foco', pois nossa vida sabemos que é finita, ainda assim deixamos muitas coisas para o 'amanhã', e esse 'amanhã' muitas vezes leva anos a chegar!
Mas é muito interessante a visão de uma 'vida eterna' que Neil tem!
:awesome:
 
"E o homem em seu orgulho, criou Deus a sua imagem e semelhança." [Nietzsche]

[video=youtube;1A9Fk_pbpfw]https://www.youtube.com/watch?v=1A9Fk_pbpfw[/video]​

(...)

Músicas

[video=youtube;c_NiQRtwLNU]https://www.youtube.com/watch?v=c_NiQRtwLNU[/video]

[video=youtube;xWZSweIYjqE]https://www.youtube.com/watch?v=xWZSweIYjqE[/video]

[video=youtube;Bbzv_OidOVE]https://www.youtube.com/watch?v=Bbzv_OidOVE[/video]

[video=youtube;74a_-LPqMdo]https://www.youtube.com/watch?v=74a_-LPqMdo[/video]

[video=youtube;EBh2-oqtXoo]https://www.youtube.com/watch?v=EBh2-oqtXoo[/video]

[video=youtube;uuLv7fND6DI]https://www.youtube.com/watch?v=uuLv7fND6DI[/video]

Álbuns

[video=youtube;SC6DvbEVHcI]https://www.youtube.com/watch?v=SC6DvbEVHcI[/video]

[video=youtube;4KySr2rBvHE]https://www.youtube.com/watch?v=4KySr2rBvHE[/video]

[video=youtube;PdW13bQcpPQ]https://www.youtube.com/watch?v=PdW13bQcpPQ[/video]

[video=youtube;Nb6JiKL3d1s]https://www.youtube.com/watch?v=Nb6JiKL3d1s[/video]

[video=youtube;HgcoIu9JNaU]https://www.youtube.com/watch?v=HgcoIu9JNaU[/video]

[video=youtube;W-dfL3FqDd0]https://www.youtube.com/watch?v=W-dfL3FqDd0[/video]​

"Existe no mundo apenas um ser mentiroso: o homem. Todos os outros seres são verdadeiros e sinceros, pois mostram-se abertamente como são e manifestam o que sentem." (...) "O saber humano se espalha para todos os lados, a perder de vista, de modo que nenhum indivíduo pode saber sequer a milésima parte daquilo que é digno de ser sabido." (...) "O conhecimento é limitado, só a estupidez é ilimitada." (...) "A música exprime a mais alta filosofia numa linguagem que a razão não compreende." [Arthur Schopenhauer]

Deus, Criador. Se é certo que um Deus fez este mundo, não queria eu ser esse Deus: as dores do mundo dilacerariam meu coração. Se imaginássemos um demônio criador, ter-se-ia o direito de lhe censurar, mostrando-lhe a sua obra: “Como te atreves a perturbar o sagrado repouso do nada, para criares este mundo de angústia e de dores?”

O Grande Desengano. O laço formado com inconstância pela criação é desfeito pela morte, sendo a penosa aniquilação o principal erro do nosso ser; o grande desengano.

A Filosofia; Filha da Morte. Morte, gênio inspirador, a musa da filosofia. Sem a qual dificilmente se teria filosofado.

A Noite Eterna. Quão longa é a noite da eternidade comparada com o curto sonho da vida.

Não Sobreviver; Persistir. A indestrutibilidade que a duração infinita da matéria oferece, poderia consolar aquele que não pode conceber outra imortalidade. “O quê?” – dir-se-á – “a persistência de uma matéria bruta, de um pouco de pó, seria a continuidade do nosso ser?” Sim, um pouco de pó. Conhecem o que é esse pó? Aprendam a conhecê-lo antes de o desprezar. Essa matéria, pó e cinza, dentro em pouco dissolvida na água, brilhará no esplendor dos metais, projetará faíscas elétricas, manifestará o seu poder magnético, converter-se-á em animal e em planta, e no mistério de sua essência criará essa vida, cuja perda chora amargamente nosso espírito acanhado. Não será nada, então, persistir na indestrutível matéria?

A Vida é Dor. Quem deseja, sofre; quem vive, deseja; a vida é dor. Quanto mais elevado é o espírito do homem, mais sofre. A vida não é mais do que uma luta pela existência com a certeza de sermos vencidos. A vida é uma incessante e cruel caçada onde, às vezes como caçadores, outras como caça, disputamos em horrível carnificina os restos da presa. A vida é uma história da dor, que se resume assim: sem motivo queremos sofrer e lutar sempre, morrer logo, e assim consecutivamente durante séculos dos séculos, até que a Terra se desfaça.

Dogma da Imortalidade. A natureza nos ensina a doutrina da imortalidade, quando se observa, no Outono, o pequeno mundo dos insetos, e se nota que um prepara o leito para o longo sono do Inverno, que outro prepara o casulo onde se transforma em crisálida, para renascer na Primavera, e que, enfim, esses insetos se contentam, quando próximos da morte, em colocar os ovos em lugar favorável para renascerem um dia rejuvenescidos, num novo ser? A natureza nos expõe a esses exemplos com o intuito de demonstrar que não há diferença fundamental entre a morte e o sono; ambos, perigo algum constituem à existência. O cuidado com que o inseto prepara a célula, o buraco, o ninho e o alimento para a larva, que há de nascer na Primavera, e morre, uma vez isso feito, – assemelha-se muito ao cuidado com que o homem, à noite, arruma a roupa, prepara o almoço para o dia seguinte, indo depois dormir sossegadamente. E isto não sucederia se o inseto que morre no Outono não fosse exatamente igual ao que deve nascer na Primavera, assim como o homem que se deita, é o mesmo que se levanta no dia seguinte.

A Vida e a Morte. Nascimento e morte são condições da vida, e se equilibram, formando os dois polos, as duas extremidades da existência, e ao seu redor giram todas as suas manifestações. Um símbolo da mitologia hindu, a mais sábia de todas, dá como atributo a Siva, o Deus da morte e da destruição, um colar de caveiras e o “lingam”, órgão e símbolo da geração, pois o amor é a compensação da morte, e um ao outro se neutralizam. Para tornar mais evidente o contraste da morte do homem com a vida imortal da natureza, os gregos e os romanos adornavam os seus sarcófagos com baixos relevos figurando danças, caças, lutas entre animais, bacanais e, numa palavra, todos os espetáculos de uma vida mais forte, mais agradável e alegre, e até mesmo sátiros unidos a cabras.

Necessidade da Morte. A individualidade do homem tem tão pouco valor que nada perde com a morte; há alguma importância nos característicos gerais da humanidade, que são indestrutíveis. Se concedessem ao homem uma vida eterna, sentiria tanta repugnância por ela que acabaria desejando a morte, farto da imutabilidade de seu caráter e de seu ilimitado entendimento. Se exigíssemos a imortalidade perpetuaríamos um erro porque a individualidade não deveria existir, e o verdadeiro fim da vida é livrar-nos dela. Se não houvesse penas e trabalhos, acabaria o homem por enfastiar-se, e voltaria a sofrer as dores do mundo em tudo o que se encontrasse ao seu alcance. Num mundo melhor o homem não se sentiria feliz, o essencial seria fazer com que ele seja o que não é, isto é, transformá-lo completamente. A morte realiza a principal condição; deixar de ser o que é; tendo isto em conta, concebe-se-lhe a necessidade moral. Ser colocado noutro mundo, e mudar inteiramente de ser, é no fundo uma só e mesma coisa. Seria conveniente que a morte, que destruiu uma consciência individual, a reanimasse de novo dando-lhe uma vida eterna? Qual o conteúdo, quase invariável desta consciência? Uma torrente de ideias e preocupações mesquinhas, acanhadas, terrenas. Melhor seria deixá-la repousar eternamente.

Supremo Consolo. Contemplando a expressão de suave serenidade refletido no rosto da maioria dos mortos, parece que o fim de toda a atividade da vida, seja um consolo para a força que a mantém.

Indiferença da Natureza perante a Morte. A vida e a morte, o nascer e o morrer, é o maior jogo de dados que conhecemos; ansiosos, interessados, agitados assistimos a cada partida, porque a nossos olhos tudo se resume nisso. A natureza, pelo contrário, que é sempre sincera e nunca mente, contempla a partida com ar indiferente, não se preocupa com a morte ou a vida do indivíduo, entregando a vida do animal e também a do homem a todos os acasos, não fazendo o mínimo esforço para os salvar. Esmagamos sem querer o inseto que se acha em nosso caminho; a lesma necessita de todo meio para se defender, não pode fugir, esconder-se, nem enganar, está condenada a ser presa de todos os seus inimigos; o peixe saltita tranquilamente na rede ainda aberta; o sapo devido a sua moleza não pode salvar-se; o pássaro não vê o falcão voar sobre sua cabeça, nem a ovelha vê o lobo que a espreita oculto na mata. Todos esses animais inofensivos e fracos, vivem no meio de perigos ignorados, dos quais podem ser vítimas a todo momento. A natureza exprime com esse procedimento, no seu estilo lacônico, oracular, que lhe é indiferente a destruição de seus seres, não podendo ser por eles prejudicada, e que em casos semelhantes tão indiferente é o efeito como a causa. Por isso abandona sem defesa esses organismos, obras de uma arte eterna, à vontade do mais forte, aos caprichos da sorte, à crueldade da criança, ao mau numor de um imbecil. A natureza, mãe soberana e universal de todo o criado, sabe que quando seus filhos sucumbem, voltam ao seu seio, onde os conserva ocultos, expondo-os a mil perigos sem temor algum; a sua morte é para ela um divertimento, um jogo. A natureza é indiferente no que se relaciona ao homem ou ao animal; não se deixa impressionar conosco, durante a vida ou na morte. Tampouco devíamos nos comover porque fazemos parte dela.

A Folha Seca Interroga o Destino. Se dirigíssemos o pensamento para um longínquo futuro e procurássemos representar-nos às futuras gerações com os milhões de homens distintos e diferentes de nós pelos usos e costumes, perguntaríamos a nós mesmos: “De onde vieram? Onde estão agora? Onde se achará o profundo seio do nada, produtor do mundo, que os oculta?” Mas a esta pergunta, devíamos sorrir, por onde se poderá achar senão onde toda a realidade é, e será, no presente em tudo o que este representa e contém, em ti, insensato que interrogas, pois ignorando a tua própria essência, assemelhas-te a uma folha seca que oscila no ramo de uma árvore, e, no Outono, pensando na sua próxima queda, lamenta sua sorte, sem querer consolar-se com a ideia dos tenros brotos que na Primavera virão adornar a árvore. E a folha seca se queixa: “Já não sou eu, serão outras folhas”. Oh! folha insensata onde queres tu ir? De onde poderiam vir as outras folhas? Onde está esse nada em que temes sucumbir? Reconhece, pois, o teu próprio ser oculto na força íntima, sempre ativa da árvore, nessa energia que não acarreta a morte nem o nascimento de todas as suas gerações de folhas. Não sucede com as gerações de homens o mesmo que com as folhas de uma árvore?

Nosso Inferno. O inferno de nossa vida supera o de Dante no ponto de que cada um de nós é o demônio do seu vizinho. Há também um arquidemônio, a quem os outros obedecem: é o conquistador, que dispõe os homens uns em frente dos outros e lhes grita: “Vosso destino é sofrer e morrer; portanto, matem-se mutuamente”. E assim procedem os homens.

O Melhor dos Mundos. Se mostrássemos aos homens as horríveis dores e os atrozes tormentos a que está constantemente exposta sua existência, tremeriam de espanto; e se ao mais convencido otimista fizéssemos visitar os hospitais, os lazaretos, as salas de tortura dos cirurgiões, as prisões, os campos de batalha, os tribunais de justiça, os sombrios refúgios da miséria, e se por último, o fizéssemos contemplar a torre de Ugolino(1), acabaria por reconhecer de que modo é este “o melhor dos mundos possíveis”.

Nosso Mundo; Modelo de Horrores. Se considerarmos a dificuldade que teve Dante em descobrir o céu e suas alegrias, logo se verá que classe de mundo é o nosso. Por quê? Porque o nosso mundo nada apresenta de análogo. E para descrever o Paraíso viu-se o poeta obrigado a dar parte das notícias que lhe deram os seus antepassados, sua Beatriz e vários santos. Sem dúvida, Dante descobriu muito bem o Inferno. Por quê? Porque achou o assunto e o modelo na realidade do nosso mundo.

A Tragicomédia de Nossa Vida. Vista e examinada minuciosamente de alto e de longe, a vida de cada homem tem o aspecto de uma comédia; em sua total consideração ou em seus aspectos mais dignos de apreço, se apresentará como uma contemplação trágica. O afã e o trabalho de cada dia, os desejos e receios cotidianos, as desgraças de cada hora, os acasos da sorte sempre disposta a nos enganar são outras tantas cenas da comédia. As aspirações iludidas, as ilusões desfeitas, os esforços baldados, os erros que completam nossa vida, as dores que se acumulam até terminar na morte, o último ato, eis a tragédia. Parece que o destino quis juntar o escárnio ao desespero, e, fazendo de nossa vida uma tragédia, não nos permite conservar a dignidade de uma personagem trágica. Por isso é que em todos os atos da vida representamos o lamentável papel de cômicos.

Da Dor ao Aborrecimento. A dor e o aborrecimento são os dois últimos elementos entre os quais oscila a vida do homem. Os homens exprimiram esta oscilação de modo curioso; depois de haverem feito do inferno o lugar de todos os tormentos e dores, que deixaram para o céu? Justamente o aborrecimento.

Rio Abaixo. A vida é um mar cheio de escolhos e turbilhões que o homem evita à força de prudência e cuidados, sem embora desconhecer que, à medida que avança sem poder retardar a marcha, corre para o definitivo e inevitável naufrágio, a morte, fim fatal de sua acidentada navegação, é parte ele muito mais perigoso que todos os turbilhões e escolhos de que conseguiu escapar.

Disfarces da Dor. Nossos esforços para banir a dor de nossa vida não conseguem outro resultado senão o de fazê-la mudar de forma. Em sua origem tomam o aspecto da necessidade, cuidado, para atender as coisas materiais da vida, e quando, após um trabalho incessante e penoso, conseguimos afastar a horrível máscara da dor neste determinado aspecto, adquire outros mil disfarces, segundo a idade e as circunstâncias: o instinto sexual, o amor apaixonado, a inveja, o rancor, os ciúmes, a ambição, a avareza, o temor, a enfermidade, etc. Toma o aspecto triste e desolado do tédio, da sociedade, quando não encontra outro modo de se apresentar. E se com novas armas conseguimos afastá-la novamente, recuperará sua antiga máscara, e a dança recomeça.

Condenados à Morte. Na primeira mocidade, colocamo-nos perante o destino, como as crianças, que, em frente ao pano de um teatro, impacientes e alegres, esperam as maravilhas que virão surgir em cena. É uma felicidade não podermos saber nada de antemão. Para quem sabe o que realmente vai se passar, as crianças são inocentes condenados não à morte, mas à vida, e que desconhecem ainda a sua sentença.

Todos Desterrados. Se não fosse a dor, poderíamos dizer que a nossa existência no mundo não teria nenhuma razão de ser. É um absurdo pensar que a dor, que nasce da vida e enche o mundo, seja apenas um acidente, e não o próprio fim. Cada desgraça pessoal apresenta-se com uma exceção, mas, como somos todos desgraçados, a desgraça geral é a regra.

Vivemos Combatendo. Na desgraça, pensar em outros que são mais desgraçados, é o nosso maior consolo: é este o remédio eficaz ao alcance de todos. Porém, como os carneiros, que saltam no prado, enquanto o carniceiro faz a sua escolha no meio do rebanho, assim, em nossas horas felizes, não sabemos que desastre nos prepara o destino, justamente nesse momento: enfermidade, ruína, loucura, perseguições, etc. Tudo que defendemos, resiste-nos, tudo tem uma vontade hostil que é preciso vencer. A história nos diz que a vida dos povos é uma sucessão de guerras e revoltas; os anos de paz não passam de curtos entreatos. O mesmo acontece com a vida do homem, em constante luta contra as penas ou o aborrecimento, males abstratos, e contra seus semelhantes. Em todas, as partes e ocasiões temos que travar combate com um adversário. A vida é uma guerra sem quartel, e a morte nos encontra com as armas na mão.

O Tempo, mais um Tormento. A rapidez do tempo, que se conserva atrás de nós como um vigia dos forçados, é mais um tormento da existência, que nos faz viver apressadamente sem sossego e sem deixar-nos respirar. São poupados semente aquele que o tempo condenou ao aborrecimento.

Necessidade da Dor. Todos nós necessitamos sofrer certo número de preocupações, de penas e misérias, da mesma maneira que um barco tem necessidade de lastro para conservar seu equilíbrio. Se assim não fosse, se súbito nos libertássemos do peso da dor e das contrariedades,o orgulho do homem o faria em bocados ou pelo menos ele seria levado às maiores irregularidades e até à loucura furiosa, do mesmo modo que o nosso corpo rebentaria se repentinamente deixasse de sentir a pressão atmosférica. O quinhão de quase todos os homens durante sua vida resume-se em pesares, trabalho e miséria, porém, se todas as aspirações humanas se realizassem, como que se preencheria o tempo? O que preencheria sua vida? Se os homens vivessem no país das fadas, onde nada exigisse esforço e onde as perdizes voassem já assadas e recheadas ao alcance da mão, num país, onde cada um pudesse obter a sua amada sem dificuldade alguma, eles morreriam de tédio ou se enforcariam, outros despedaçar-se-iam entre si, causando-se maiores males que os impostos pela natureza. E isto demonstra que para nós não há melhor cenário que aquele que ocupamos, nem melhor existência do que a atual. Se pensamos (e só é possível ter-se uma ideia aproximada) na dor, nos tormentos de todas as espécies que o sol ilumina no seu curso, sentimo-nos propensos a desejar que a sua luz perca o poder criador da vida, como acontece com a Lua, e que a superfície do nosso planeta se faça tão gelada e estéril como a do astro da noite.

A Grande Mentira da Vida. Nossa vida é um episódio que perturba, sem nenhuma utilidade, a serenidade do nada. Mesmo aquele que não considera a existência como uma carga, à medida que passam os anos tem a consciência clara do que a vida é, em todos os seus aspectos, uma imensa mistificação, para não dizer uma formidável zombaria.

O Espectador se Aborrece. O homem que sobrevive a duas ou três gerações pode ser comparado ao espectador de um circo, que assiste às mesmas farsas duas ou três vezes seguidas. Como a farsa estava calculada para uma única representação sua repetição não causa efeito no ânimo do espectador, o qual se aborrece por estarem dissipadas a ilusão e a novidade.

Uma Bela Expressão. A vida é uma carga enfadonha e aborrecida, uma tarefa que devemos desempenhar com tanto trabalho, que involuntariamente pensamos no descanso: e neste sentido a palavra defunctus é uma bela expressão.

Vítimas e Algozes. Povoado por almas torturadas e por diabos que torturam, o mundo é um imenso inferno.

A Filosofia não é o Catecismo. Ainda ouvirei dizer que a minha filosofia entristece tudo, isto porque digo a verdade àqueles que só gostariam que eu lhes dissesse: “Deus, Nosso Senhor fez tudo muito bem”. Ide à igreja, e deixai os filósofos em paz, ou, pelo menos, não lhes exijam que ajustem as suas doutrinas ao vosso catecismo. Recorrei aos filosofastros e encomendai-lhes teorias ao vosso gosto. Não há nada que dê mais prazer ou que seja mais fácil do que perturbar o otimismo dos que ensinam filosofia.

A Dor de Viver. Se o ato da geração fosse somente obra de razão e reflexão, em vez de ser uma necessidade ou uma voluptuosidade, subsistiria a espécie humana? Não sentiríamos piedade pela geração futura, para lhe poupar a dor de viver, ou, ao menos, não hesitaríamos em impor-lhe a sangue frio tão pesada carga?

Inveja e Compaixão. Não há uma só pessoa que seja verdadeiramente digna de inveja; e quantas são dignas de compaixão.

Pranto, Dor e Aborrecimento. Nossa razão se obscurece ao considerarmos que as inúmeras estrelas fixas, que brilham no céu, não têm outro fim senão o de iluminar mundos onde reinam o pranto, a dor, e onde, no melhor dos casos, só vinga o aborrecimento; pelo menos a julgar pela amostra que conhecemos.

O Mundo; Lugar de Expiação. Brama criou o mundo por uma espécie de pecado ou desvario, e permanece nele para expiar sua falta. – Muito bem! – Segundo o budismo, uma perturbação inexplicável criou o mundo, produzindo-se depois um longo repouso na beatitude serena, chamada Nirvana, que será conquistada pela penitência. Perfeitamente. Para os gregos o mundo e os deuses eram a obra de uma necessidade insondável, explicação admissível, porque nos satisfaz provisoriamente. Ormuzd combate com Ariman: isto podemos admitir. Mas um Deus como esse Jeová, que animi causa, por seu bel-prazer, criou este mundo de lágrimas e dores, e que ainda se alegra e se aplaude de o haver criado, achando-o bom, isso já é demasiado forte. Sob este ponto de vista, podemos considerar a doutrina dos judeus como a última entre todas as que professam os povos civilizados, sobretudo, sendo que tomemos em consideração de ser ela a única que não possui qualquer vestígio de imortalidade. Ainda que a teoria de Leibnitz fosse verdadeira, embora se admitisse que entre os mundos possíveis este é o melhor, essa demonstração não nos daria nenhuma teodiceia, porque o Criador não se limitou a criar o mundo, mas também a possibilidade de sua criação: por isso deveria ter criado um mundo melhor. A dor que enche o mundo protesta irada contra a hipótese de uma obra perfeita devida a um ser infinitamente bom e sábio, e também todo poderoso. E, por outra parte, é bem evidente a notória imperfeição, a burlesca caricatura que é o homem, obra acabada da criação. Não é possível explicar essa dissonância. Quando consideramos o mundo como obra de nossa própria culpa, e, portanto, como alguma coisa que não pode ser melhor, as dores e miséria da humanidade são provas em apoio desta tese. Se o mundo é obra de um criador, as dores voltam-se contra ele dando lugar a cruéis sarcasmos; mas se é obra nossa, a acusação é contra o nosso ser e a nossa vontade. Isto nos faz pensar que viemos ao mundo já viciados, como os filhos de pais gastos pelos desregramentos, e que se a nossa existência é tão miserável, e tem por desfecho a morte, é porque assim merecemos, para expiar nossa culpa. Generalizando, nada é mais certo: a culpa do mundo é que causa os sofrimentos, e entendemos esta relação no sentido metafórico, e não no físico e empírico. Por isso, a história do pecado original reconcilia-me com o Antigo Testamento; para mim é a única verdade metafísica que o livro contém – expressa em forma alegórica. A nada se assemelha tanto nosso destino como à consequência de uma falta, de um desejo culpado. Para ter orientação na vida, e considerar a vida em seu verdadeiro aspecto, basta habituarmo-nos ao pensamento de que este mundo é um vale de lágrimas, em lugar de penitência; a penal colony, como a definiram os mais antigos filósofos, e alguns padres da Igreja. Não é mister que eu diga o que vale a sociedade de nossos semelhantes; aquele estão conscientes que mereciam outra melhor, assim como se sabe que não é a menor pena do presidiário a sociedade em que ele se encontra. Um espírito elevado, uma alma delicada, um gênio pode sentir a mesma necessidade de isolamento que um nobre prisioneiro que se encontra na cadeia rodeado de criminosos vulgares. Se sempre nos lembrássemos de que viemos ao mundo para expiar uma culpa, acolheríamos sem surpresa e sem indignação as imperfeições de nossos semelhantes, os tormentos que aqui sofremos, cuja miserável constituição intelectual e moral se revela até no rosto. A certeza de que o mundo e o homem não podem mudar nos encheria de dó pelo próximo. Com efeito, que podemos esperar de tais seres? Penso, às vezes, que a melhor maneira dos homens se cumprimentarem em vez de ser “Cavalheiro, Senhor, Sir”, poderiam ser, “companheiro de sofrimentos, soci malorum, my fellow-sufferer”… Por mais irritante que pareça esta expressão, tem mais fundamento que as usuais, e recorda-nos a paciência, indulgência e amor ao próximo, e, usada por todos, beneficiaria a cada um.

A Dor é a Única Positiva. Do mesmo modo que o rio corre manso e sereno, enquanto não encontra obstáculos que se oponham à sua marcha, assim corre a vida do homem quando nada se lhe opõe à vontade. Vivemos inconscientes e desatentos: nossa atenção desperta no mesmo instante em que nossa vontade encontra um obstáculo e choca-se contra ele. Sentimos ato contínuo tudo o que se ergue contra a nossa vontade, tudo o que a contraria ou lhe resiste: ou o que é mesmo, tudo o que nos é penoso e desagradável. No entanto, não prestamos atenção à saúde geral do nosso corpo, mas percebemos ligeiramente aonde o sapato nos molesta; não pensamos nos negócios e só nos importamos com uma ninharia que nos incomoda. Isto quer dizer que o bem-estar e a felicidade são valores negativos, e só a dor é positiva. É um absurdo acreditar o contrário; que o mal é negativo. Ele é positivo, porque se faz sentir. Toda a felicidade, todo o bem é negativo, e toda a satisfação também o é, porque suprime um desejo ou termina um pesar. Acrescentamos a isto que, em geral, nunca sentimos uma alegria maior que a que sonhávamos, e que a dor sempre a excede. Se quereis certeza das diferenças entre o prazer e a dor, comparem a impressão do animal que devora outro, com a impressão do devorado.

Bolhas de Sabão. O homem só vive no presente, que se converte no passado, e afunda-se na morte. Exceto as consequências que podem influir no presente, e que são filhas de sua vontade, ou de seus atos, a sua vida passada já não existe. Devia portanto ser-lhe indiferente que esse passado fosse de prazeres ou tristezas. O presente foge-lhes das mãos, transformando-se no passado. O futuro é incerto. Fisicamente, o andar não é mais do que uma queda evitada a cada instante; da mesma maneira a existência é a morte suspensa, adiada, e a atividade de nosso espírito não é mais que uma luta constante contra o tédio. É pois fatal que a morte alcance a vitória. Por haver nascido lhe pertencemos, e durante nossa vida não faz senão brincar com a presa antes de a devorar. E assim como quem faz bolhas de sabão, e apesar da segurança de que acabará por rebentar, se entretém em fazê-la aumentar de volume, assim seguimos o curso de nossa existência, prodigalizando-lhe cuidados e atenções.

A Felicidade Não Pode Viver no Presente. A vida é uma constante mentira, quer nas coisas pequenas como nas grandes. Quando nos faz uma promessa, não a cumpre, a não ser para mostrar-nos que era pouco desejável o nosso desejo. Da mesma maneira nos engana a esperança quando não se realiza o que esperávamos. E se a vida cumpre o que nos prometeu, é só para nos tornar a tirar. A beleza do paraíso, que à distância admiramos, desaparece logo que nos deixamos seduzir. A felicidade está no futuro, ou no passado; o presente é uma pequena nuvem escura que o vento impele sobre a planície cheia de sol. Diante e atrás dela, tudo é luminoso; só a nuvem é que projeta uma sombra.

A Vida na Paz e na Guerra, e Sua Finalidade. A vida nunca se apresenta como um mimo que nos é dado gozar, mas sim como uma tarefa que tem de se cumprir à força de trabalho; disto nasce e toma origem uma concorrência sem tréguas, uma luta sem fim, uma miséria geral, uma agitação em que tomam parte todas as forças do espírito e do corpo. Milhões de homens, reunidos em nações, trabalham para o bem público, trabalhando assim cada um em seu próprio interesse, porém, as vítimas deste trabalho morrem aos milhares. Às vezes, por preconceitos absurdos, outras, por uma política sutil, as nações se aniquilam numa guerra. É preciso que o sangue do povo corra em abundância para expiar a culpa de alguns, ou para realizar os caprichos de outros. Enquanto reina a paz no mundo, a indústria e o comércio prosperam, as invenções se multiplicam, os navios sulcam os mares, transportando para toda parte produtos do mundo, as ondas tragam milhares de homens. O tumulto é imenso, enquanto uns se agitam e movem, outros meditam. Mas qual é a suprema finalidade de tantos esforços? Manter, no caso mais favorável, a vida de seres efêmeros em uma miséria suportável, e uma ausência relativa de dor que o tédio aceita constantemente, e ademais a reprodução desses seres, e a renovação de seus esforços.

Indefesa do Homem. De todos os seres, o homem é o mais necessitado: só tem vontades e desejos, um conjunto de centenas de necessidades. Abandonando a si próprio, vive na terra sem segurança nenhuma a não ser sua miséria. A luta pela vida, cada dia renovada, a necessidade que o constrange, e as imperiosas exigências materiais, preenchem a sua existência. Ao mesmo tempo, outro instinto o atormenta; o de perpetuar a sua raça. Ameaçado por todos os lados pelos perigos que o rodeiam, usa de sua prudência sempre vigilante para poder escapar. Com passo inquieto, lançando em volta olhares angustiosos, segue o seu caminho em luta constante com os casos e com seus inúmeros inimigos. O homem não se sente seguro entre os da sua raça e nem nos mais longínquos desertos. Qualibus in tenebris vitae, quantisque periclis degitur hocc’aevi, quodcunque est! Lucr. 11, 15.

Trabalhar ou Aborrecer-se. A necessidade imperiosa do homem é assegurar a existência, e feito isto, já sabe o que fazer. Portanto, depois disso, o homem se esforça para aliviar o peso da vida, torná-la agradável e menos sensível: “matar o tempo”, isto é, fugir ao aborrecimento. Livres da preocupação de assegurar a existência, e livres seus ombros de todo fardo moral ou material, eles mesmos constituem sua própria carga, e sentem-se felizes porque viveram uma hora desapercebida, embora isto significa que sua vida a qual se esforçam com tanto zelo para prolongá-la, ficou encurtada pelo mesmo espaço de tempo. O aborrecimento merece tê-lo em conta; ele se reflete na fisionomia. O aborrecimento é a origem do instinto social, porque faz com que os homens, que pouco se amam, se procurem e se relacionem. O Estado considerado como uma calamidade pública, e por prudência toma medidas para o combater. O aborrecimento como o seu extremo oposto, a fome, pode impelir o homem aos maiores desvarios; o povo precisa panem et circenses. Fundado na solidão e na inatividade, o rude sistema penitenciário de Filadélfia faz do aborrecimento um instrumento de suplício tão terrível, que mais de um condenado tem-se suicidado para fugir a ele. A miséria é sofrimento pungente do povo; o desgosto é para os favorecidos. Na vida civil, o domingo significa o tédio, e os seis dias, o desgosto.

A Felicidade é um Sonho. Sentimos a dor, mas não a ausência da dor; sentimos a inquietação mas não a ausência; o temor, mas não a tranquilidade. Sentimos o desejo e a aspiração, como sentimos a sede e a fome; mas, apenas satisfeitos, se acabam, como o bocado que, uma vez engolido, já não existe para o nosso paladar. Enquanto possuamos os três maiores bens da vida, saúde, mocidade e liberdade, não temos consciência deles, e só com a perda deles é que os apreciamos, porque são bens negativos. Somente os dias de tristeza é que nos fazem recordar as horas felizes da vida passada. À medida que os prazeres aumentam, nossa sensibilidade diminui; o hábito já não é um prazer. As horas passam lentamente quando estamos tristes; correm rapidamente quando são agradáveis; porque a dor é positiva e faz sentir sua presença. O aborrecimento nos dá a noção do tempo e a distração nos faz esquecer. Isto prova que a nossa existência é mais feliz quando menos a sentimos: de onde se deduz que mais feliz seríamos se nos livrássemos dela. Uma grande alegria, assim não a julgaríamos se ela não viesse atrás de uma grande dor. Não podemos atingir um estado de alegria serena e duradoura. Esta é a razão porque os poetas são obrigados a rodear seus protagonistas de tristes ou perigosas circunstâncias, para no fim os livrar delas. No drama e na poesia épica, o herói sofre mil torturas: nos romances os heróis lutam pondo em relevo os tormentos do coração humano. “A felicidade não passa de um sonho – dizia Voltaire, tão favorecido pelo destino? – a única realidade é a dor”. E acrescenta: “Há oitenta anos que a experimento e nada faço senão resignar-me e dizer a mim mesmo que as moscas nasceram para serem comidas pelas aranhas, e os homens para serem devorados pelos desgostos”.

O Eterno Estribilho. Vista exteriormente assombra a insignificância da vida da maioria dos homens, vista interiormente é sinistra e lúgubre. Formada por inúmeras dores e aspirações impossíveis, o homem passa sonhando pela meninice, mocidade, virilidade e velhice, rodeado de ideias banais. Os homens assemelham-se a relógios que não sabem porque andam: cada vez que um novo ser nasce, dá-se corda no relógio da vida humana para seguir repetindo o eterno e gasto estribilho de uma caixa de música, frase por frase, compasso por compasso, com pequenas variações.

Joguetes da Natureza. O homem, cada um dos homens, é um sonho a mais, um sonho fugaz criado pela tenaz e constante vontade de viver, imagem efêmera que o espírito infinito da natureza desenha na página do tempo e do espaço; impressa nela alguns instantes logo se desfaz para dar lugar a muitas outras. O mais triste, o ponto que nos deve fazer pensar profundamente, é que a vontade de viver há de pagar cada uma dessas imagens efêmeras e caprichosas com o preço de dores profundas e inúmeras, e da morte por longos anos. Eis porque nos tornamos repentinamente sérios perante um cadáver.

O Teatro e os Artistas. O mundo é um vasto campo de batalha onde os seres somente devorando-se uns aos outros conseguem conservar e defender a vida; onde todo animal carnívoro é o túmulo vivo de tantos outros; onde o viver significa sofrer longos tormentos; onde a capacidade para a dor aumenta na proporção da inteligência, e atinge, portanto, no homem o mais elevado grau. Os otimistas quiseram adaptar o mundo ao seu sistema, e apresentá-lo a prior como o melhor dos mundos possíveis. O absurdo é evidente. Dizem-me para abrir os olhos e contemplar a beleza do céu iluminado pelo sol, as montanhas, os vales, as torrentes, as plantas, os animais, que sei eu! Acaso será o mundo uma lanterna mágica? A contemplação é bela, confesso, mas aí representar, é coisa completamente diferente. Após o otimista surge o homem que nos fala das causas finais, e elogia as sábias leis que preservam os astros de se chocarem no seu percurso; que evitam o mar e a terra de se confundirem, e os mantém separados; que faz com que nem o frio nem o calor sejam eternos, e que, pela inclinação da eclítica, não permite a primavera, ser eterna podendo assim amadurecer os frutos, etc. Mas tudo isso não são mais que simples “conditiones sine quibus non”. Porque se os planetas devem ter uma existência mais longa, embora seja o período que demora em chegar a eles a luz de uma estrela longínqua, e se não desaparecem após o nascimento, era preciso que as coisas estivessem mal arquitetadas, para que a base fundamental ameaçasse ruína. Chegamos aos resultados desta obra tão elogiada, e observamos os atores que se movimentam nesta, tão sábia e solidamente construída. Vemos que a dor aparece juntamente com a sensibilidade, e à medida que esta se torna inteligente, a dor e o desejo caminham par a par, e o primeiro chega a tal desenvolvimento que finalmente, a vida do homem nada mais é que um assunto trágico ou cômico. A sinceridade de certos homens não lhes permite a união ao coro dos otimistas, e com eles entonar a aleluia.

A Vida é um Pesado Gracejo. Se considerarmos a vida objetivamente, é duvidoso que ela seja preferível ao nada. Atrever-me-ia até a dizer que se a reflexão e a experiência pudessem fazer um acordo, elevariam a voz em favor do nada. Se batêssemos nas pedras dos sepulcros e perguntássemos aos mortos se querem ressuscitar, moveriam negativamente a cabeça. É esta a opinião de Sócrates na Apologia de Platão. O alegre e feliz Voltaire dizia: “Amamos a vida, porém o nada não deixa de ter o seu lado bom”. Em outra parte dizia: “Ignoro o que seja a vida eterna, mas esta é um pesado gracejo”.

De Ontem a Hoje. A juventude é uma infatigável aspiração de felicidade; a velhice, pelo contrário, é dominada por um vago e persistente sentimento de dor, porque já estamos nos convencendo que a felicidade é uma ilusão, que só o sofrimento é real. Por isso, o homem sensato deseja mais sofrer que gozar. Em plena juventude, quando eu ouvia bater à porta, saltava de alegria, e pensava: “Bom! Alguma coisa sucede”. Mais tarde, experimentado pela vida, o mesmo ruído sobressaltava-me de angústia, e pensava: “Que sucederá, meu Deus?…”

A Dura Jornada. Na velhice ao perder os sonhos da sua juventude todo homem que estudou a história do passado e a da sua época, e recolheu o fruto da sua experiência e da alheia, se não estiver com o espírito perturbado por preconceitos muito arraigados, chegará à conclusão de que este mundo é o reino do acaso e do erro, que é governado a seu modo sem compaixão alguma, auxiliados pela maldade e pela loucura, que ao homem empolgam constantemente. Mil trabalhos e esforços é preciso para impor uma ideia nobre, porque dificilmente encontra uma oportunidade de apresentar-se, enquanto que a vulgaridade artística, os sofismas, a malícia e a astúcia reinam de geração em geração, aqui e alhures sem serem interrompidos.

Fonte: Ateus
 
wrong post page, sorry.
 
Tópico infinito mesmo, antigamente eu ficava aqui tentando mostrar a visão cristã de algumas coisas, mas talvez não faz sentido para quem não acredita em Deus.
 
Última edição:
Tópico infinito mesmo, antigamente eu ficava aqui tentando mostrar a visão cristã de algumas coisas, mas talvez não faz sentido para quem não acredita em Deus.

Não faz o menor sentido partir do princípio que se acredita em algo para demonstrar porque esse algo estaria correto.

Se ao menos estivéssemos falando apenas de questões morais/filosóficas, entreter a ideia de uma divindade apenas como exercício mental não só é possível, como também muito proveitoso (arrisco-me a dizer que é mais fácil um desacreditado fazer isso do que um acreditador fazer o contrário); porém, a imensa maioria dos assuntos e temas aqui discutidos são questões observáveis, verificáveis e falseáveis.

O simples fato de não ser incomum os cristãos do tópico não conseguirem nem mesmo concordarem entre si, é sinal, para mim, que quando se fala de "visão religiosa" está, na verdade, falando de visão pessoal suportada pela uma parte de uma doutrina - assim, ainda que eu quisesse saber qual é a "visão cristã" dobre determinado ponto, qual eu deveria dar ouvidos:

- O mundo segundo o Cristianismo segundo jklpuzo;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo wanderpc82;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo VyMajoris;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo TechMaster;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja Católica Apostólica Romana;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja Protestante;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo Alan Kardec;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja da Bola de Neve;
- ...

Pelo menos, até onde eu acompanhei aqui, a parte científica que é colocada aqui por mim, pelo Lightman, pelo Deultra etc. nunca foram conflitantes, e o único motivo para isso é porque não é a "minha visão", ou a "minha versão", ou a "minha verdade"; é apenas "a ciência". Não que ter apenas uma versão marque algo como necessariamente correto (até onde eu sei, cientologia não tem ramificações, e olha o nível da coisa que eles acreditam... :haha:).

No final, o problema é que "Partindo do princípio que X seja verdadeiro", podemos demonstrar que QUALQUER COISA pode ser lógica ou até mesmo comprovável (quem gosta de matemática pode ver isso facilmente através de tabelas-verdade), mas isso não quer dizer que X seja realmente verdadeira ou que essa coisa lógica e/ou "comprovada" representa ainda que remotamente qualquer coisa do que chamamos de "realidade".

Acho que a pergunta mais [R]importante[/R] interessante para mim aqui, seria: com base no nosso conhecimento e sem apelar para recursos que seriam recusados em qualquer outra situação, há alguma boa demonstração da existência de um ser superior e, no caso afirmativo, seria possível ainda especificar que ele é, de fato, conforme suas crenças o descrevem?
 
Não faz o menor sentido partir do princípio que se acredita em algo para demonstrar porque esse algo estaria correto.

Se ao menos estivéssemos falando apenas de questões morais/filosóficas, entreter a ideia de uma divindade apenas como exercício mental não só é possível, como também muito proveitoso (arrisco-me a dizer que é mais fácil um desacreditado fazer isso do que um acreditador fazer o contrário); porém, a imensa maioria dos assuntos e temas aqui discutidos são questões observáveis, verificáveis e falseáveis.

O simples fato de não ser incomum os cristãos do tópico não conseguirem nem mesmo concordarem entre si, é sinal, para mim, que quando se fala de "visão religiosa" está, na verdade, falando de visão pessoal suportada pela uma parte de uma doutrina - assim, ainda que eu quisesse saber qual é a "visão cristã" dobre determinado ponto, qual eu deveria dar ouvidos:

- O mundo segundo o Cristianismo segundo jklpuzo;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo wanderpc82;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo VyMajoris;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo TechMaster;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja Católica Apostólica Romana;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja Protestante;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo Alan Kardec;
- O mundo segundo o Cristianismo segundo a Igreja da Bola de Neve;
- ...

Pelo menos, até onde eu acompanhei aqui, a parte científica que é colocada aqui por mim, pelo Lightman, pelo Deultra etc. nunca foram conflitantes, e o único motivo para isso é porque não é a "minha visão", ou a "minha versão", ou a "minha verdade"; é apenas "a ciência". Não que ter apenas uma versão marque algo como necessariamente correto (até onde eu sei, cientologia não tem ramificações, e olha o nível da coisa que eles acreditam... :haha:).

No final, o problema é que "Partindo do princípio que X seja verdadeiro", podemos demonstrar que QUALQUER COISA pode ser lógica ou até mesmo comprovável (quem gosta de matemática pode ver isso facilmente através de tabelas-verdade), mas isso não quer dizer que X seja realmente verdadeira ou que essa coisa lógica e/ou "comprovada" representa ainda que remotamente qualquer coisa do que chamamos de "realidade".

Acho que a pergunta mais [R]importante[/R] interessante para mim aqui, seria: com base no nosso conhecimento e sem apelar para recursos que seriam recusados em qualquer outra situação, há alguma boa demonstração da existência de um ser superior e, no caso afirmativo, seria possível ainda especificar que ele é, de fato, conforme suas crenças o descrevem?
Você precisa de um motivo ou uma desculpa para ser ateu?
 
Última edição:
Você precisa de uma motivo ou uma desculpa para ser ateu?

Já que você perguntou especificamente sobre mim, eu darei primeiramente uma resposta pessoal, mas que reconheço não ser necessariamente a única possibilidade.

Sim, eu busco sempre um BOM motivo para qualquer denominação, título ou outra forma de classificação que eu adote; se eu não tivesse nenhum motivo para me dizer ateu, eu provavelmente não me identificaria como um (da mesma forma como eu não me identifico com nenhuma ideologia política específica, por exemplo). Um dos motivos principais para eu adotar a o termo sem muitos problemas é que "ser ateu" é um conceito atômico muito bem definido e sem grandes repercussões em outros aspectos da minha vida, permitindo que eu analise suas premissas e suas implicações na minha vida, especialmente quando eu for associado à outro ateu apenas por essa característica em comum.

Mas, de uma maneira geral, a princípio, eu diria que alguém não precisa necessariamente de um motivo para adotar qualquer coisa ("desculpa", na minha visão, nada mais é do que um motivo forte o suficiente para convencer a si mesmo, mas fraco demais para qualquer outra pessoa).

Mas perceba que isso só se aplica para si mesmo: os motivos que levam alguém a adotar uma religião, por exemplo, podem ser suficientes para essa pessoa (ou ela pode adotar sem qualquer critério), mas isso não quer dizer que esses mesmo motivos sejam válidos como demonstração para outras pessoas. É claro que o fato do interlocutor em questão ser mais ou menos criterioso também influencia no nível da qualidade dos motivos apresentados, mas utilizar um critério pobre simplesmente porque o interlocutor não tem nenhum filtro rigoroso é simples manipulação.

Exatamente por isso que eu limito-me a falar apenas em rejeitar as afirmações religiosas sobre divindades, quando, na verdade, eu realmente acredito que não existe qualquer coisa divina. A diferença crucial é que eu não tenho um bom motivo para a segunda afirmação (pelo contrário, eu não teria nada para apresentar exceto algumas teses filosóficas osbre a questão), mas eu tenho muitos para a primeira.

E você? Teria algum motivo ou desculpa para a sua crença? Ou, se me permite alterar um pouco a questão inicial, você tem algum motivo ou desculpa para conferir mais credibilidade aos elementos da sua crença do que a de outras? A primeira pergunta, eu provavelmente já ouvi a resposta, mas a última eu dificilmente vejo alguém falando a respeito.
 
É impossível provar ou não a existência de Deus. Somos meros animais em um dos quase infinitos planetas que existem e ainda querem entender de onde veio e como provar ou não a existência de algo "infinito".

Eu, assim como muitos religiosos temos certeza da existência porque já vimos (acontecer coisas "impossíveis"), sentimos e recebemos bençãos.

Entendo que os ateus querem coisas cientificamente prováveis e respeito isso, mas julgar como absolutamente impossível a existência de Deus é grande burrice. Ciência é o que sabemos hoje, não o que é de fato.
 

Users who are viewing this thread

Voltar
Topo