Então quer dizer que não há qualquer similaridade entre os termos “mito” e “mitologia”, e os termos “crendice”, “conhecimento falacioso”, “ignorância” e “erro”? Qual a diferença fundamental entre essas “gamas de mentiras”, ou se assim preferir, entre esses “termos”?![]()
Em uma explicação bem superficial, mitologia se refere, de forma variada, ao conjunto de mitos de um grupo populacional ou o estudo de tais mitos. Mitos são narrativas popularmente difundidas, empregadas na explanação da natureza, história e costumes.
O mito é uma característica de todas as culturas. Muitas fontes para as suas formulações já foram propostas, variando da personificação da natureza ou de fenômenos naturais, relatos verídicos ou hiperbólicos de eventos históricos até a explicação da existência de condutas rituais. Nas estruturas culturais, a mitologia coletiva de certa comunidade fornece auxilio na transmissão e expressão de pertencimento, experiências religiosas e compartilhadas, modelos comportamentais, ensinamentos morais e práticos.
Os estudiosos de mitologia comparada do Século XIX reinterpretavam os mitos como uma contraparte primitiva e falha da Ciência (E. B. Taylor), uma “patologia da linguagem” (Max Muller) ou uma interpretação errônea de rituais mágicos (J. G. Frazer). Entretanto, abordagens recentes, muitas vezes, analisam os mitos como manifestações de verdades psicológicas, culturais ou sociais, ao invés de descrições históricas imprecisas.
Considerando que não sou professor de universidade, e não estamos no meio acadêmico, e sim num fórum - especificamente no tópico sobre a crença (ou descrença) em Deus (contendo inúmeras controvérsias, contradições e as opinião dos membros), considere que a Verdade, o Absoluto, o conceito puro ou a objetividade são vagos ou inexistentes (não estamos lidando com objetos das ciências naturais, exatas e nem com objetos das linguagens de programação), então que cada “alma-corpo” ou indivíduo-consciência expresse sua subjetividade-relatividade, manifeste a vontade ser o que é, e de seguir seu próprio caminho em função dos atos e valores que julgar mais elevados: acho que isso é tudo (ou nada; ou o suficiente). Mas posso aqui, sugerir um critério (e termos) que talvez soe bastante interessante aos “Espíritos Livres”: enquanto uns tendem a colocar a autoridade dos valores e conceitos fora de si mesmos, outros fazem exatamente o oposto - pois aqueles que são capazes de compreender e se fazer entender aos demais, a seu bel prazer e naquilo que desejarem expor, são muito mais livres do que aqueles cuja integridade intelectual limita sua percepção e ponto de vista àquilo que seu horizonte permite.
Acredito que entendi o que você quis dizer, mas (se estiver certo em minha interpretação daquilo que foi escrito) observo sua fala como posicionada em um perspectivismo cego que não admite sua condição como ponto-de-vista. De certo, TODA PERCEPÇÃO É LIMITADA ÀQUILO QUE SEU HORIZONTE LHE PERMITE. E isso independe da integridade intelectual do "individuo percebedor". Trata-se de uma reflexão epistemológica fundamental (e básica).
No mais, gostaria de pedir perdão por muito daquilo que venho escrevendo.
De fato, tenho minha vida vinculada ao meio acadêmico por tanto tempo que me acostumei a cobrar de quase todos com quem interajo como se nele estivessem.
Entretanto, e novamente, gostaria de posicionar essa "Mea Culpa" naquilo que já expressei:
De certa forma, por ter estudado ritual e religião de uma forma acadêmica séria e metodologicamente rigorosa por tanto tempo, quando vejo tópicos que simplificam os conceitos e contextos de maneira tão grave eu acabo por tentar comentar a respeito, principalmente quando vários usuários se baseiam em argumentos de cientistas e filósofos que não estudam tais hábitos e fenômenos e, dessa forma, possuem, apenas, uma opinião informal sobre tais questões. O que proponho é que vocês tentem ler alguns estudos vindos do campo dos Estudos Rituais e dos Estudos da Religião, que são as áreas modernas e seculares de pesquisa nesse assunto (evitando se basear unicamente em textos teológicos, para a defesa de argumentos religiosos, ou em textos físicos e filosóficos, para seu detrimento).
Quando se trata do conceito de Ciência, também sugiro que leiam o que o campo da História da Ciência e da Filosofia da Ciência vem produzindo sobre o assunto. Acredito que muitos aqui tem em "Ciência" algo muito diferente daquilo que os estudos do campo concebem.
De forma geral, vejo - na maioria dos posts desse tópico - um entendimento metafórico e caricaturado de "Ciência" e "Religião" que não condiz com aquilo que se tem no meio acadêmico. Entretanto, assumo que a interpretação popular dos conceitos, embora, muitas vezes superficial quando comparada ao seu trato profissional, tem papel fundamental na ilustração da mentalidade e das ideologias socioculturais (Em termos grosseiros, tratam-se de "programas de verdade", aparentemente opostos, mas, de fato, intercomunicados).