Horizon Zero Dawn:
NOTA: 7.5/10
Terminei o jogo esta madrugada com 32h no total. Dá pra jogar por muito mais tempo se você for o tipo de gamer que curte explorar o mapa e catar cada colecionável que o jogo oferece.
Esse "meta" atual de jogos mundo aberto com trocentos colecionáveis e elementos RPG é inclusive um norte que decidi usar para este review: eu, particularmente, estou cansado de jogos assim.
Terminei o jogo a pulso, porque já tinha comprado mesmo (um pouco no hype + promoção). Mas com 10h de jogatina honestamente me bateu um arrependimento. Trabalho e faço faculdade e tento espremer umas 2h ainda no dia pra jogar, quando dá. Nesse sentido ter que ficar fazendo missãozinha pra upar de nível/catar item pra crafting/andar mil léguas no mapa simplesmente não dá mais pra mim.
Enfim, escrita a introdução vamos a um breve perfil da história do jogo, incluindo o bom, o ruim, e o mais ou menos.
COMEÇO DO JOGO
HZD é ambientado num mundo pós-apocalíptico em que a humanidade não domina mais ou planeta. Máquinas agora reinam por algum misterioso motivo. O que resta da humanidade é segregada em tribos que, semelhante às civilizações dos tempos do Egito antigo e anteriores, são formadas ao redor de um mito fundador pagão. Entre esses mitos fundadores há tribos que adoram o "deus" Sol, tribos que adoram o "espirito" das máquinas, etc. enquanto há também tribos mais tecnologicamente avançadas com dinâmicas mais sofisticadas de comércio e diplomacia. Muitas tribos também não se bicam e travam guerras motivadas por líderes loucos, superstição e competição por terras férteis/sagradas.
A personagem principal, Aloy, é uma mulher de origem desconhecida que cresceu ao redor da terra sagrada da tribo Nora. O que se sabe dela é que a montanha onde os Nora vivem um dia "entregou" um bebê do nada e as matriarcas, líderes religiosas e políticas da tribo, resolveram baní-la da tribo por acreditar que o nascimento de Aloy significa um mau presságio, principalmente por ela não ter mãe (a tribo Nora e seu culto são focados no conceito de maternidade e construídos em cima de uma sociedade matriarcal). Sem saber o que fazer com a criança, uma das matriarcas, Teersa, decide entregá-la aos cuidados de Rost, um ex-membro da tribo Nora que também foi banido devido a uma circunstância especial que o jogador aprende mais tarde no jogo.
Aloy cresce sendo humilhada e ignorada pelos demais membros da tribo, sendo também proibida de pôr os pés na terra sagrada deles. Ela cresce sofrendo rejeição de seus pares por não saber quem são seus pais e sem entender o porquê dela ser banida. Felizmente para ela Rost é um homem de boa índole e alma e a acolhe como uma verdadeira filha, ensinando-a a caçar, sobreviver na selva e às máquinas e também os meios e mitologia Nora. Com o passar dos anos e contínua insistência da Aloy em saber mais sobre sua origem, Rost conta que ela pode ter seu banimento anulado e ganhar um favor especial das matriarcas se ela ganhar a competição de iniciação, que consagra os candidatos como guerreios Nora. Aloy topa e vence a competição. A história começa mais ou menos nesse ponto.
JOGABILIDADE
Sobre a jogabilidade e dinâmica, o jogo tem elementos de craft, caça e stealth. O mundo é visualmente impressionante e os gráficos são de longe a maior qualidade do jogo, eu colocaria a sonoplastia como a segunda. No começo ele segue o que na minha opinião é um clichê de mundo aberto atual: você tem que jogar no modo stealth enquanto mata inimigos menores pra fazer loot e daí craft de equipamentos e bolsas maiores, que te permitem ser um(a) melhor caçador(a) e daí em diante. Esse é o típico jogo que vai te forçar a fazer umas missões secundárias até ter tutano pra ir explorar a história. Pelo menos no modo difícil pra cima.
E esse é o ponto que para mim foi o maior aspecto negativo do jogo: mundo vasto como um oceano, mas raso como uma poça. A história do jogo em si é boa (vou evitar entrar na história) mas o que o mundo te oferece deixa a desejar. Eu particularmente estou cansado da mecânica "far cry" em mundo aberto, eu queria mesmo poder acompanhar a história e focar no combate sem a necessidade de looting, crafting e leveling up. Nada de errado com as mecânicas em si, eu simplesmente não quero ter que gastar 60h em cada jogo AAA pra poder experimentar o que ele tem a oferecer. Esse provavelmente vai ser meu último jogo mundo aberto em muito tempo. Simplesmente não tenho mais paciência pra isso.
A mecânica de combate me lembra bastante Tomb Raider. Você tem uma lança curta para golpes melee e uma variedade de arcos para combate a distância. Os arcos variam entre flechas elementares (choque, fogo, e gelo), caça e precisão (sniper). Além disso você pode montar armadilhas e o item que eu diria mais inovador é um estilingue que te permite armar uma armadilha do tipo "trip wire", que detona uma corrente de choque, explosão e outro tipo que honestamente não lembro.
Ao contrário de Tomb Raider no entanto o combate na minha opinião se torna repetitivo rapidamente. Apesar de haver uma boa variedade de máquinas com estratégias relativamente diferentes pra cada uma, a inserção delas no avanço da história é um pouco esparsa. Pessoalmente eu não senti nem um impacto significativo em ter que voltar e aprender como derrotar um inimigo específico para um missão com excessão da primeira vez que lutei contra um Deathbringer. O fato do jogo ser muito baseado em looting e crafting de certa forma matou a experiência pra mim.
A exploração do mapa é muitas vezes insignificante para o progresso e os colecionáveis deixam a desejar. No fim das contas os colecionáveis servem pra você trocá-los por caixas de loot com os comerciantes da cidade de Meridian, o hub mais desenvolvido no universo do jogo. Essas caixas te dão modificadores para as armas, mas há outras formas de obter modificadores, não necessariamente tão bons quanto mas cuja diferença não é tão significante.
GRÁFICOS E SONOPLASTIA
De longe a melhor parte do jogo e, sinceramente, foi o que me convenceu a terminar a história. Na versão pra pc logo no lançamento o jogo teve problemas de desempenho e fps travados em algumas cenas se não me engano. O mapa tem diversos tipos de clima: deserto, montanhas cobertas de neve, selva, etc e eles são bem representados. A arquitetura das cidades, especialmente Meridian, é belíssima e bem detalhada. Eu gostaria que essas áreas tivessem um peso maior na história (elas servem como plano de fundo para as batalhas e guerras diplomáticas). Quem jogou RDR2 e interagiu com os cidadãos em Saint Denis ou Strawberry vai entender o que eu estou falando: as cidades/aldeias em HZD são previsíveis e mortas, servem pra te levar de ponto A a ponto B e comprar dos comerciantes apenas. Você também recebe missões secundárias nas cidades mas elas são bem esquecíveis honestamente.
A exploração das ruínas do século XXI está entre os pontos altos também. Sinceramente enquanto explorava essas ruínas eu sentia que o jogo melhorava 100%. Não é a toa que vi críticas que falavam que a narrativa da história do passado (que explicao o porquê de as máquinas dominarem o mundo e o das sociedades humanas terem regredido ao tribalismo e superstição) é superior à do jogo no presente e faz o último ficar menos e menos interessante a medida que o jogo progride. Os efeitos de partícula e iluminação rivalizam AC Odyssey e RDR2.
A sonoplastia é no geral top de linha. Durante a jogatina alternei entre a minha soundbar Yamaha ATS-1080 e meu headset Corsair Void e em ambos eu conseguia ouvir uma reprodução bem detalhada do que estava na tela, até o efeito do calçado pisando e saindo da neve é bem capturado e reproduzido. Minha única observação é que ao colher tanto os gravetos de madeira quanto as flores e folhas os sons reproduzidos eram os mesmos. Poderia ter havido maior variedade nesse aspecto.
Aqui vão algumas ss tiradas com o photo mode do jogo. Na minha configuração rodei tudo no ultra numa média de 105 fps.
CONCLUSÃO
O jogo vale a pena, em promoção. Se você curte o gênero e tem uma máquina boa pra aproveitar os gráficos oferecidos eu diria que você vai ter uma boa experiência. Se você já tem alguns anos na bagagem gamer, como é o meu caso, eu recomendaria passar ou jogar com ressalvas. O jogo fica cansativo pela metade, mas é justamente pela metade que a história engrena.
Talvez por eu estar ficando velho jogos como HZD não são mais tão divertidos para mim. Daqui pra frente vou escolher com mais cuidado antes de começar. Prefiro um jogo mais curto com uma direção um pouco mais linear ou, se for mundo aberto, com um mundo diverso e bem scriptado, não tenho mais paciência pra ficar coletando peças de armas e etc. Gostaria que mais desenvolvedores botassem um freio nesse meta de misturar rpg, mundo aberto e ação. Ou, se possível, que fossem mais criativos na entrega do gameplay. Uma alternativa seria ter níveis de dificuldade para coisas como xp, looting e crafting e combate. Desse modo eu poderia ir no "easy" nos dois primeiros, upar logo sem perder meu precioso tempo e ainda assim ter um combate desafiador.