Não tenho muito o que dizer sobre o jogo além do que já foi dito. É um ótimo jogo e um bom Resident Evil, embora tenho receio de que a franquia esteja, novamente, flertando perigosamente com a ação e deixando o survival horror de lado (e antes que alguns espertões venham falar algo, são palavras do próprio produtor do jogo que não queria que os jogadores ficassem tensos o tempo todo e que RE7 foi "assustador demais":
https://www.nme.com/news/resident-evil-village-scares-toned-down-according-producer-2935000).
Enfim, se procura um survival horror, vá de RE7.
Um jogo no universo W40K em sua melhor e pior qualidade. Esteticamente, o jogo acerta em cheio no tema, a localização, os personagens, a forma de falar, o ambiente, as armas, o peso das armas, a violência gráfica, tudo, muito cuidadosamente feito, de deixar qualquer fã satisfeito (exceto com algumas liberalidades tomadas com as armas de algumas facções). Já a execução técnica tem muitos problemas. Incontáveis bugs, alguns inaceitáveis (como ficar preso no cenário) outros simplesmente ridículos (como a animação quebrada em TODO ataque melee). A jogabilidade, quando brilha, lembra Doom: rápida, frenética, violenta, divertida. Contudo, em boa parte, ela é apenas truncada e quebrada. Isso sem falar em outros problemas como A.I. completamente incapaz, sons faltando, comandos sem resposta e diversos glitches visuais. Aguardem (muitos) patches de correção e uma boa sale.
Greedfall é estranho. Enquanto tecnicamente o jogo seja bem mediano: o combate é simples e repetitivo, os gráficos são apenas "OK", a atuação é bonachona e as mecânicas do jogo são todas conhecidas, nada de novo. O RPG, porém, salva o jogo e da coesão ao conjunto de elementos que, se analisados separadamente, são bem fracos.
A história é intrigante, tem como pano de fundo um tema não muito explorado na mídia (e é até certo tabu) como a colonização. E isso aos detalhes. Encarregado da diplomacia, em muitas quests o jogador vai passar tentando contornar a burocracia típica de um Estado moderno: passando por guardas, subtenentes, repartições e comissários, precisando, muitas vezes, dar carteirada para obter uma licença. É refrescante travar um diálogo e ver que o seu companheiro reage ao que foi dito se lhe diz respeito (por exemplo, em uma parte se você pergunta para um NPC o que ele acha de um dos seus companheiros e ele está na sua party, o NPC vai falar diretamente com o seu companheiro, alertando-o de que o mesmo está presente e não é elegante falar sobre ele, cuidado que sumiu em muitos jogos, nos quais você fala merda do seu companheiro e ele do seu lado sem reagir). Isso faz com que seja preciso ponderar quem deve acompanhá-lo em alguns diálogos para evitar conflitos (ou, justamente, causar). Há elementos típicos de RPG, como skill check em diálogos e atividades como pular um muro ou pegar um atalho, porém sempre é ofertada mais de uma forma de resolver, não havendo skills ou builds obrigatórias.
Enfim, Greedfall é um RPG sobre diálogos, política, a história e suas side quests (algumas medianas, algumas muito boas), o combate e a exploração são totalmente secundários e de menor importância, embora existam. Se analisados individualmente, não há nada de especial. Como um todo, é um bom jogo.
Aliás, o jogo me fez pensar o quão infernal deve ter sido a vida de diplomatas e emissários nesse período, tendo que equilibrar, na mesma bandeja, o poder político, o poder religioso, o poder econômico, o poder militar e o poder local, cada um nas mãos de grupos diferentes e em conflitos constantes.