Senhores, tive a oportunidade de adquirir um Oculus Rift e o touch lá fora, amigo meu trouxe de Miami e aí vão minhas singelas impressões:
Já tenho algum tempo de estrada hehehehe e pude ter algumas experiências com jogos que foram realmente marcantes e trouxeram aquela sensação de estupefaciência, que causaram aquela inércia e que me fizeram "desconectar" do mundo, encantado por aquilo. Mulheres e esportes radicais, como mountain bike, também me causam isso, mas não vem ao caso, aqui o papo é nerd
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Pois bem, alguns foram os marcos que balizaram minha rota pelo mundo da jogatina eletrônica, pontos de referência que marcaram de alguma forma e nunca mais foram esquecidos:
1 - Meu primeiro contato com os jogos foi com o "Pong", ok, já era "velho" quando eu joguei, mas eu nunca tinha mexido com nada disso e fiquei horas, era aquele moleque de uns 6/7 anos "embasbacado" com duas barrinhas que subiam e desciam girando um botão de cada lado e você não podia deixar o quadradinho passar, aquilo pra mim foi o máxima da revolução dos brinquedos e me prendeu por horas até meu pai me levar embora da festa onde um tio tinha aquilo e, por vários anos, sem contato fiquei.
2 - Depois os primeiros jogos de PC, que eram instalados com várias fitas cassetes, me lembro do a10 Thunder, que era de avião, umas linhas verdes no monitor preto, coisa mais linda do mundo, horas e horas naquele era "o jogo de caça e eu o melhor piloto do mundo que cumpria as missões e pousava até em porta-aviões"... isso na casa dos amigos porque eu mesmo não tinha
3 - O tempo passou, eu me comportei, e, junto com meus dois irmãos, ganhamos de natal um ATARI, entramos na "era moderna dos jogos", era só ligar na tv e se acabar, Decatlhon, River Raid, Hero, pac man, Enduro, tudo ao alcance de uma fita espetada no console que imitava madeira, lindo...
4 - Os jogos de PC - DOS, Windows 3.1, 95... eu adentrava a nova revolução, disquete, drive de cd rom, dvd rom, dois três cds, instalava need for speed, Tomb Raider, Wing commander, depois esses mesmos jogos "acelerados pela VGA", me lembro ainda quando instalei uma voodoo em meu pc e as bolhas voavam pela tela do monitor quando a Lara pulava na água, que profundidade, que imagem...
Enfim, foram muitos os incrementos no mundo dos games, jogos em alta definição, som espacial, jogos que mais parecem imitar a vida real, só que nada mais me fez ter aquela sensação só causada por uma mudança radical, brilhante, que você pare e realmente pire ao ver/jogar, até ontem...
5 - Depois de ficar pelo menos uns 40 minutos configurando a parada no micro, ainda vão minhas impressões sobre o Oculus Rift CV1.
Como o VIVE, agora o Rift também faz o mapeamento do seu espaço, então, antes de começar, você tem que marcar a área que ele deve mapear, desta forma, espaço no quarto é fundamental para jogar em pé, onde é preciso se movimentar, 2 mts² é o que ele recomenda.
Criada a área virtual, você pode ficar tranquilo, se você se aproximar muito dos limites, uma grade aparece, se você encosta nela, entorta para trás e a sensação é que o negócio te joga de volta, é incrível, aliás, esta é a minha maior dificuldade, narrar sensações é muito difícil, cada um se comporta de um jeito e encara de uma maneira, o que eu escrever, com certeza não será nem próximo do que é "sentir" o mundo virtual e será diferente do que os colegas já narraram no tópico.
Vencida esta etapa de configuração, vamos fazer o "tutorial" do oculus. O primeiro é uma sala com várias tranqueiras de informática, algo como uma loja de reparos e você esta ali, literalmente, em frente ao balcão onde quem vem te atender é um simpático robô que flutua.
Antes disso, um rápido adendo, o Touch. Os dois controles, em todos os reviews que li, era o que faltava no Oculus, "vesti-los" te da "mãos virtuais", mãos mesmo, ao ligá-los pela primeira vez, duas mãos brilhantes surgem na sua frente, o mais incrível, "suas mãos", exige um pouco de treino, mas eu consegui pegar o jeito até rápido, apontar, dar jóia, dar tchau, pegar as coisas, empurrar, puxar, tudo é muito natural, exige um pouco de treino, mas o jeito se pega rápido.
Bom, voltando ao robô, ele faz várias coisas, se você faz um movimento muito brusco, ou um barulho, derruba alguma coisa, o bicho se esconde, voa pra longe, vai para o fundo e você tem que chamar ele de novo, é simplesmente hilário, eu ria igual criança interagindo com aquilo, depois que ganhei a confiança dele, ele começou a me entregar vários disquetes que eu inseria em uma impressora, ou em um micro e o desenho do disquete se "tornava real" na impressora ou pulava da tela do computador. Ele me entregou um disquete com um desenho de um foguete, a impressora o tornou "real", embaixo tinha um cordão, quando eu puxei, o bicho decolou pela sala toda, juro que me abaixei, o susto que deu foi muito engraçado, ele saiu batendo em tudo, o robô saiu voado, derrubou um monte de coisas, voou por trás de mim (você olha para trás e vê tudo que tem ali) até explodir em centenas de faíscas, aquilo foi de outro mundo, fiquei ali rindo igual besta sem acreditar no que tava vendo.
Coloquei outro teste, desta vez, no meu moleque de 4 anos e nunca ri tanto na vida, era um cenário de uma floresta, com bichos, crocodilo, um cervo, um crocodilo e fiquei balizando o guri ali para ele não ir embora, daí o cenário mudou e ele meio que caiu em um planeta, aí o menino paralisou olhando pra baixo, perguntando o que tinha acontecido, bolado absurdo, até olhar para frente e dar de cara com um ET, KKKKK, tive que segurar o moleque que queria voar dali, só faltou jogar o óculos longe, agora mesmo, sai até lágrima de tão engraçado que foi, coitado do meu moleque, devia ter filmado a cena srsrsrs.
Teve um outro teste muito legal, com várias salas virtuais enormes e uma bancada na frente para você pegar várias coisas, um tanque radio controlado, um estilingue, arma laser, raquete de ping-pong com a bolinha, uns bonecos, enfim, dezenas de itens para você interagir. Nesse não pude brincar porque não consegui tirar minha esposa, ela adorou a novidade, pela primeira vez na vida a vi brincar com um "videogame" isso foi uma das coisas que mais me impressionou e me fez ter a certeza que aquilo é realmente o futuro da diversão eletrônica, realidade virtual.
6 - (sim, em uma noite dois marcos seguidos) Depois que consegui "ter paz" com Oculus, fui testar com um dos jogos que mais adoro, Elite Dangerous.
Ao iniciar, o negócio não iniciava, falava que tava demorando muito para responder e era para eu verificar os cabos, rever a instalação, etc, aquilo me deu uma certa frustração inicial, até eu me lembrar de mudar a "fonte do vídeo", sai monitor, entra alguma coisa com VR (não lembro o nome certo) e, depois de ter jogado mais um ano, pela segunda vez (a primeira foi quando instalei o jogo em si) fiquei de boca aberta (literalmente) com o que estava vendo, o menu inicial muda para um gigantesco hangar dentro de uma estação, logo a minha frente um gigantesco SRV (veículo), sim, enorme, do tamanho de um caminhão de três eixo, com rodas de trator, um verdadeiro monstrengo que eu nunca sonhei ser daquele tamanho e, ao fundo, uma gigantesca (sim gigantesca) Eagle verde, do tamanho ou maior que um Lear Jet e bem mais encorpada, na boa, devo ter ficado uns 10 min olhando os detalhes daquele hangar gigante, a movimentação, a dimensão das coisas ali dentro, enorme mesmo. Então vamos para o jogo, carrego meu save e apareço no SRV, estou atrás de um material raro de superfície e dou de cara com... COMIGO sentado, de verdade, de verdade mesmo!!! no banco do motorista!!! o que é aquilo???? o avatar do piloto sou eu, os braços, o corpo, as pernas, ombro, tudo tá ali como se sentado ali eu estivesse e que planície gigantesca é aquela??? os detalhes do carro, tudo parece que da para tocar, os menus flutuam pelo painel, ao seu lado, você vê todos os ângulos, as alças da cabine, da para segurar naquilo se o boneco tirasse as mãos dos controles, ao olhar para cima, um colossal planeta roxo e seus anéis flutuavam, muito maior do que ver a lua, é impressionante a sensação. Coloco o carro para andar a suspensão trabalhando, as pedras pulando no vidro... sigo o radar que indica meteoritos que podem ser quebradas a frente e, bblllluuurrrgghhhhhh, meu cérebro pira e um enjôo desgraçado vem, que porra é essa? eu balanço no sofá junto com o movimento do carro, o cérebro manda uma informação, vê uma coisa e o corpo outra, a parada da um tilt feio mas não adianta o corpo reclamar, o cérebro ta louco e eu não desisto, suando frio toco o carro, pego velocidade e capoto, uuuuaaaaaaaaa, vou vomitar tudo, jesuis que isso, tiro o óculos e fico respirando pesado, todo suado, meto a cara no ventilador para passar o enjôo, minha mulher pergunta se eu to maluco, por que eu to suando daquele jeito e eu só respondo que é a emoção srsrsrsrsrs.
Volto para o jogo, li que o fps não pode ser baixo senão da nóia no cérebro, vou baixar a resolução e ver no que dá (puto, pois coloquei uma 1080 só para não ter esse tipo de problema) aí, vem a luz, como eu travo o vsync no refresh do monitor, ele tava travado em 60 fps, vou lá, desabilito o vsync e tiro o limite de frames e a coisa melhora da água para o vinho, ficou mais fluído e meu cérebro, mesmo resistindo, tava sendo enganado mais fácil pelos frames acima de 100, ufa.
Continuando, dei um pulo acionando as turbinas do SRV e a sensação de altitude do vôo deu até vertigem, o vôo na baixa gravidade e o toque no solo dando potência nas turbinas para não bater no solo, o trabalho da suspensão, as rodas enormes passando do meu lado ao pousar, foi tudo muito incrível.
Então, chamei a nave de volta (uma Beluga) e simplesmente não acreditei naquilo, fui me aproximando do local de pouso e uma verdadeira monstrenga estava ali, passar debaixo das asas traseiras dela foi como passar debaixo um enorme viaduto, simplesmente gigantesca, sei lá, do tamanho de um navio de cruzeiro. Estacionar debaixo da entrada de embarque e ver o tamanho do "hangar" que guarda o SRV é muito animal, a noção de espaço muda completamente e quando cheguei na cabine de comando???!!! só ela deve ter uns 60m², da para ver o que tem atrás, toda ela é visível, ta tudo pronto lá e quem joga no monitor simplesmente não consegue ver, dezenas de detalhes, as cadeiras da tripulação, monitores espalhados, o piso metálico, luzes, é um salão enorme fora do campo de visão normal do jogo, daí eu fiz o que? fiquei em pé!!! daí virei um "espírito", o boneco (eu) ficou sentado na cadeira (sem cabeça) e pude "andar" até onde demarquei a grade, antes do fio acabar (aliás, a fiarada que fica é cabulosa, to pensando em como arrumar direitinho aquilo para não ficar feio, mas em uso, você não sente o fio do capacete), aquilo foi muito fera, preparem-se para as "pernas espaciais" vai ser muito insano.
Decolei com a belugona, aquele "navio" é uma delícia de pilotar, o som, o barulho do vento, os menus flutuantes, o radar tridimensional acima do painel, da para abaixar e ver a distância do radar até o painel, tudo ao alcance das mãos, um 3D verdadeiro, coisa que cinema nenhum chega perto de mostrar (só naqueles simuladores fodas da Universal eu pude sentir algo assim, mais foda porque a cadeira mexe, vento sopra, etc), tudo ali, no sofá de casa (to sem o escritório do micro até hoje, maldita obra).
Daí eu pego o fighter, putz, a cabine estreita, perto da mão, um cockpit de carro de corrida, muito irado, da para sentir a velocidade do bicho, mergulhei em uma cratera do planeta passando pela gigante beluga, deu até medo ver a bichona virando, e voei baixo dentro do buraco, a velocidade, o medo de errar uma manobra, passar raspando na borda e subir em direção ao planeta acima, 3D, gigantesco, é impossível de explicar, tem que colocar o negócio na cara e testar.
Daí o início da experiência já tinha feito o estrago e desliguei tudo duas horas da manhã, fui tomar uma água gelada, respirar um pouco e tomar um banho, na certeza de que toda a grana que investi valeu cada famigerado centavo, o sorriso, que não cabia na cara, já me dizia tudo, esse é o futuro (já presente) dos games.
Abraço galera.
PS. Ao deitar na cama, ainda sentia o corpo balançar dentro do carro, o cérebro tava doidão mandando "idéias" de coisas que não aconteceram.