ATUALIZAÇÃO
Depois que a bomba explodiu e as críticas vieram de todos os lados, a Unity tentou remediar a situação e
revisou algumas regras. A taxa por múltiplas instalações de um mesmo usuário caiu, passando a contar apenas a primeira (provavelmente por dispositivo), e a inclusão de um game no Game Pass ou PS+ não se reverterá em cobrança para o desenvolvedor.
Claro, tem pegadinha: a taxa passará a ser cobrada da plataforma, ou seja: digamos que um game, presente no iPhone e Game Pass, é instalado 2 milhões de vezes em cada plataforma. Apple e Microsoft terão que, cada uma, pagar à Unity US$ 400 mil por mês, se o dev for usuário do plano Personal e morar nos Estados Unidos, ou US$ 40 mil/mês caso seja de um país emergente.
Como Mike Blackney
apontou no X, há a possibilidade bastante real de que Apple, Google, Microsoft, Sony, Nintendo, Valve, GOG e outras lojas para PC, barrem a submissão de games desenvolvidos em Unity a partir de janeiro de 2024, para não terem que pagar nada, e isso pode inclusive ser estendido a jogos já presentes em suas plataformas, que poderiam ser sumariamente removidos, pois a taxa é retroativa.
É uma questão do que será mais "barato" para as empresas, se entubar a cobrança dos games já lançados, ou apagar tudo e ressarcir os jogadores, mas é bem provável que novos títulos não sejam aceitos num futuro próximo.
Vários desenvolvedores apontaram para o óbvio cenário em que muitos estúdios pequenos (os grandes têm dinheiro o bastante para contornar tais problemas)
terão que investir mais tempo e dinheiro para, em um cenário extremo, abandonar a Unity e migrar para outro motor gráfico, como a Unreal Engine 5, considerada mais amigável, mas que, como manda a oferta e procura, pode se tornar menos interessante (leia-se mais cara e restrita) se o número de usuários aumentar significativamente.
Por fim, mesmo com a Unity tendo revisto alguns dos pontos mais polêmicos sobre a taxa de instalação de games, o estrago já foi feito: somando-se este caso
ao lançamento recente de ferramentas que usam IAs generativas, no que a empresa foi acusada de compactuar com o roubo de trabalhos autorais de artistas, a mesma já vem sendo considerada
não confiável.
Em uma mensagem privada enviada ao site
Kotaku, o desenvolvedor indie Xalavier Nelson Jr. (
El Paso, Elsewhere) explicou como a comunidade se sente agora em relação à Unity Technologies:
A Unity defende a cobrança da taxa, dizendo que "cerca de 10%" dos desenvolvedores terão que pagar a taxa, baseado nos limites que a companhia estabeleceu, mas não esclareceu como o cálculo será feito, e nem o fará, se limitando a dizer que usarão "um modelo de coleta de dados proprietário".
No mais, grupos de desenvolvedores estão se organizando e pretendem entrar com
uma ação coletiva contra a Unity, caso todo o plano não seja revisto.