Um dos melhores survival horror que já joguei, um clássico moderno que pra mim está ao lado de obras-primas como Amnesia, Silent Hill 2, Soma, Resident 1 e outros.
Não se enganem com a câmera por cima e gráficos 2D, Darkwood é uma aula de atmosfera, ambientação e tensão sem jumpscares baratos. Se passa em 1987 na Polônia, onde uma floresta misteriosa tomou conta de tudo e isolou os habitantes de uma região. Tão densa e cresce tão rápido ao ser cortada que ninguém consegue sair. As pessoas continuam vivendo como podem, lidando com doença, loucura e fome, em vilarejos ou cabanas no meio das árvores. Encontramos vários personagens excêntricos e misteriosos em meio ao isolamento, sujeira, desolação e ar de malícia de uma floresta que parece ter consciência. Aquela vibe estranha do leste europeu. História é muito interessante, com caminhos alternativos, escolhas (algumas que me senti mal de ter feito) e documentos, diálogos e cenário revelando mais sobre o mundo.
Nosso personagem é alguém que entrou na floresta, coisas deram errado e agora está tentando sair a todo custo. Não será algo fácil ou rápido e precisamos nos equipar e encontrar abrigo. Sobrevivência é o centro do gameplay, com um crafting intuitivo, recursos, combate e habilidades. De dia exploramos, coletando recursos e completando quests, ao anoitecer é hora de correr pro esconderijo, ligar o gerador e as luzes e se entrincheirar pra passar a noite; passos do lado de fora, vultos, alguém batendo na porta... e outras surpresas. Mesmo de dia o jogo é tenso, o cone de visão limitado e o excelente design de som fazem a gente ficar sempre alerta, as vezes até paranoico. Além do tempo passando e lembrando que daqui a pouco é hora de voltar correndo se não quiser morrer. O jogo não pega na mão, ensina o básico e deixa livre pra experimentar e ir onde quiser no mapa que é aberto com 3 regiões distintas. A mensagem na tela de loading dizendo pra respeitar a floresta e ter foco é o melhor e mais verdadeiro conselho que ele dá.
Selvagens e animais são os principais inimigos, com outras aberrações se tornando mais presentes com o avançar do jogo. Temos armas brancas com dois tipos de ataque, armas de fogo, consumíveis como molotovs e esquiva, que é meio ruim de usar pois é só pra trás, precisando olhar pro lado contrário ao qual quer ir. Morri pouco mas é relativamente fácil de acontecer pois o personagem tem pouco hp e stamina, o que torna principalmente o corpo a corpo do começo quando não temos armas bem arriscado, tive vários momentos de aperto, adrenalina e correria sendo atacado no meio das árvores ou a noite no esconderijo com inimigos quebrando barricadas e ativando armadilhas por todos os lados.
Gráfico é um 2D com arte bonita e concisa, cenários e personagens (nas telas de diálogo) bem detalhados, cenas e locais marcantes, seja pela beleza ou bizarrice. Design de som como já falei é excelente; a brisa calma entre as árvores, galhos estalando do nada, gritos dos inimigos, choros e gemidos, som das armas. Trilha sonora é bem minimalista com uma pegada surreal e etérea. Diálogo é apenas escrito, sem vozes.
Jogo obrigatório pra quem curte survival horror, uma experiência única, original e memorável que merece mais atenção. Ambientação fenomenal e gameplay sólido com desafio na medida. Tava já a um tempinho pra jogar, esperando dar aquele momento certo, um dos melhores jogos que joguei esse ano.