Ghost Recon: Wildlands
Vou recomendar Wildlands por adorar a temática dele (sobretudo em sua época de lançamento, quando Narcos foi uma série bem popular retratando o narco tráfico na América do Sul).
Pela ambientação, é um senhor jogo. Jogabilidade também é agradável: vou de M4A1 em single shot e geralmente os inimigos morrem com 1 ou dois tiros silenciados, o que é muito bom e confere num realismo bem bacana dentro da proposta do jogo, claro.
Os caras fizeram um mapa IMENSO. São cerca de 24 km²! Cada região é única visualmente, tendo suas particularidades e detalhes. As transições são naturais, e em vários momentos você para para observar a beleza natural de uma Bolívia digital.
Como quase todo game da Ubisoft de mundo aberto, peca pela falta de vida no mapa. Quer dizer, você passará por locais com animais ora correndo, ora voando. Você passará por pequenas cidades ou vilas controladas pelo cartel, com população comum ou não. Mas só isso, não há eventos acontecendo que te fazem parar e observar aquele ecossistema.
Claro, em uma missão de invasão ou resgate, você estudará os inimigos, locais de acesso e afins. Sua observação de resume a isso.
Não é algo totalmente ruim, claro. Afinal, você faz parte de um esquadrão militar e está lá a serviço, então seu objetivo é sua prioridade. Mas o belo mundo criado pela Ubisoft parece um desperdício de oportunidades.
Um jogo militar de mundo aberto com foco na luta contra os narcos era basicamente tudo o que eu queria em um jogo eletrônico. Mas, com o passar de algumas horas iniciais, percebe-se uma fórmula também padrão da Ubisoft: repetição.
Wildlands consiste em um grande chefe, 4 chefes importantes, outros tantos que dão acesso a esses chefes e dezenas de outras celebridades das drogas. E é uma escadinha: para chegar no maior, derrote os menores primeiros. Mas para você derrotar os primários, primeiro você precisa coletar informações de determinada região... E aí fica chato.
Você sempre extrairá ou matará alguém importante. Imediatamente Bowman te passará uma nova visão da Bolívia sem ele, assim, sem transição alguma. Por exemplo: se você capturar o cidadão da cocaína, ela já te liga falando que a produção reduziu, piriri pororó e fica nisso. Os vídeos que normalmente fazem essa ponte da história na pausa do gameplay são acessados se você pedir para acessá-los. Então fica uma lacuna muito grande e irritante entre a ação anterior, o estado atual e como você poderá prosseguir dali em diante. Isto torna o game ainda mais um enorme vazio cujo objetivo seguinte será basicamente repetir tudo, mas com um outro plano de fundo sem muita emoção.
Se as ações fossem ligadas, houvessem mais animações e algo que trabalhasse melhor a história, seria bem diferente e superaria todas as criticas até aqui.
Física dos veículos é padrão Ubisoft.
Desde o lançamento, a réplica da Chevy Suburban anda "quicando" no chão. E é um dos carros mais icônicos da luta americana contra terroristas... Os carros também não possuem peso algum, então nem dá pra você tentar simular uma abordagem bacana com quatro americanos armados pulando do carro.
Os helicópteros se comportam um pouco melhor, e até dá pra fazer algumas graças com eles.
Agora o principal ponto negativo é a Bolívia. Muito bem desenhada com diversas montanhas, áreas planas e afins, mas desenhada de tal modo que mais parece um país da cocaína do que qualquer outra coisa. Toda esquina tem alguém do cartel; toda região tem alguém do cartel. Você sempre cruzará com alguém do cartel armado, você sempre será identificado como um gringo pistoleiro, mesmo num hipotético carro com película G5 de noite.
O cartel tem pick-ups com metralhadora rotatória (?), tem muitos helicópteros (incluindo ataque) e tem até APC.
A Unidad faz um papel legal no game e representa bem a corrupção da coisa. Mas o excesso de poder bélico deles e do próprio cartel tornam as coisas meio viajadas demais no meu ponto de vista. Enquanto o Cartel parece uma unidade militar, a Unidad tem tudo isso e até Cobras no arsenal. Por mais que sejam fáceis de derrotar, começa a quebrar a imersão um pouco. Um pé na realidade que conhecemos ajudaria bem mais.
Por essas e outras que a Bolívia não foi com as caras da Ubisoft.
Sabemos que, sim, há ou pelo havia uma rede enorme de narco tráfico por essas regiões, mas vamos lá, existe vida normal ocultando parte dessa história, também.
Ainda que seja um game problemático, ele é bom. Cumpre seu papel embora pudesse ser muito melhor. Peca sobretudo em detalhes.