Recentemente, finalizei Dragon Age: Inquisition, incluindo todas as DLCs, e o jogo deixou um gancho incrível para sua sequência lançada este mês: The Veilguard. Dando continuidade à história do antecessor, nossa missão é impedir a destruição do Véu, a barreira que separa o mundo físico do Imaterial.
Diferentemente dos títulos anteriores, Veilguard aposta em uma gameplay mais voltada para a ação, deixando de lado o estilo estratégico. O combate é fluido e satisfatório, oferecendo uma boa variedade de habilidades para as diferentes classes. Os companheiros desempenham um papel importante, funcionando como extensões das habilidades do jogador e possibilitando combos que tornam as batalhas contra inimigos mais desafiadores mais estratégicas e divertidas.
A história principal é muito bem desenvolvida, mas há tropeços evidentes nos diálogos, especialmente em missões secundárias e interações com os companheiros. A qualidade da escrita varia de forma alarmante entre os personagens. Enquanto alguns, como
Emmirich, apresentam um desenvolvimento profundo e interessante, outros, como
Taash, decepcionam.
Taash, em particular, parece ter sido escrita de forma apressada e superficial. A tentativa de abordar temas complexos como questões de gênero e a dificuldade de autoaceitação foi mal executada. A personagem é quase inteiramente definida por sua identidade de gênero, com diálogos que raramente exploram outros aspectos de sua personalidade. Esse enfoque exagerado, aliado à falta de contexto e profundidade, fez com que Taash se tornasse mais uma tentativa de inclusão forçada do que uma personagem cativante e memorável. Para temas assim funcionarem em um jogo como Dragon Age, seria necessário um cuidado muito maior no desenvolvimento, permitindo que a complexidade da personagem emergisse gradualmente e se conectasse organicamente com o mundo do jogo e os jogadores.
Esses problemas não se restringem a Taash. Há outros momentos no jogo onde a inclusão parece desajeitada, como em uma missão na qual um inimigo é mencionado com pronomes específicos durante uma situação de alta urgência narrativa. Esse tipo de detalhe, apesar de bem-intencionado, acaba quebrando a imersão e soa deslocado dentro do contexto.
Apesar dessas falhas, consegue ser um bom título para a franquia, embora longe do nível que ela merece. As missões dos companheiros são uma verdadeira montanha-russa: algumas são envolventes e emocionantes, enquanto outras são monótonas e mal elaboradas. No entanto, a campanha principal se destaca como um dos pontos altos, oferecendo momentos épicos que salvam o jogo.
A experiência é complementada por cenas cinematográficas impecáveis, algumas das melhores que já vi em um jogo. As últimas três horas da campanha principal são insanas, rivalizando com momentos icônicos de jogos como The Witcher 3 e
Mass Effect.
Minha nota pessoal reflete os momentos mais marcantes que o jogo me proporcionou:
8.5/10.
Acredito que a nota geral das análises da Steam,
7/10, seja uma nota mais justa ao levar em conta seus problemas e acertos.
The Veilguard é, sem dúvidas, um bom jogo, apesar de não ser o jogo que os fãs mereciam após tantos anos de espera.